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Vídeos: Multidão tenta barrar chegada de israelenses e judeus em aeroporto na Rússia

Distúrbios levaram a Autoridade de Aviação Civil da Rússia a fechar o aeroporto temporariamente, até 6 de novembro.

Dezenas de manifestantes invadiram, neste domingo, o aeroporto de Makhachkala, capital da república russa do Daguestão, de maioria muçulmana, após o anúncio de que um avião procedente de Tel Aviv, em Israel, estava chegando. Os distúrbios levaram a Autoridade de Aviação Civil da Rússia fechar o aeroporto temporariamente, até 6 de novembro.

“Após a invasão de indivíduos não identificados na área de tráfego, decidiu-se fechar temporariamente o aeroporto para pousos e decolagens”, informou a entidade, acrescentando que forças de segurança foram enviadas para o local.

As autoridades do Daguestão pediram aos manifestantes para porem fim às suas “ações ilegais” e, à noite (tarde no Brasil), informaram que as forças de segurança tinham retomado o “controle” da situação.

Segundo os veículos de comunicação Izvetsia e RT, a multidão ocupou o teto do terminal e invadiu a pista do aeroporto nesta cidade do Cáucaso. Vídeos no Telegram mostram dezenas de pessoas forçando a entrada do aeroporto e tentando controlar os veículos que deixavam o local.

O governo israelense expressou preocupação e informou que está trabalhando para garantir a segurança dos cidadãos israelenses e judeus na área. A Rússia, por sua vez, abriu uma investigação criminal e prometeu deter os manifestantes, segundo o jornal israelense Hareetz.

“Todos os habitantes do Daguestão têm empatia com o sofrimento das vítimas pelas ações de pessoas e políticos injustos e rezam pela paz na Palestina. Mas o que aconteceu no nosso aeroporto é ultrajante e deveria receber a avaliação apropriada das autoridades policiais”, disse Sergei Melikov, governador da república, no Telegram. “Isso será feito.”

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Medo da intolerância insuflado pela guerra atinge judeus e muçulmanos no Brasil

Sentimento em meio ao conflito Israel-Hamas vira tema de discussão e de preocupação em sinagogas e mesquitas.

Em dias tão divisionistas, um mesmo sentimento uniu mesquitas e sinagogas: medo. A guerra entre Israel e Hamas avivou ondas de intolerância contra judeus e muçulmanos, como se a identidade religiosa automaticamente tornasse alguém cúmplice de crimes cometidos por um irmão de fé.

Uma sinagoga em Berlim foi alvo de coquetéis molotov na quarta (18). O Conselho Central de Judeus na Alemanha reagiu lembrando do “dia de fúria” convocado por Hizbullah e aliados contra a comunidade judaica. Mais do que uma frase solta, seria “um terror psicológico que leva a ataques concretos”.

Algumas casas da cidade já tinham sido pichadas com estrelas de Davi, ação que emula a opressão antissemita durante o nazismo.

Enquanto isso, a foto de Wadea Al-Fayoume com um chapéu purpurinado onde se lê “happy birthday” circulava pelo mundo. Era seu aniversário de 6 anos. Dias depois, o proprietário da casa que a família de origem palestina alugava esfaqueou o menino. No funeral, um tio disse que suas últimas palavras foram: “Mãe, eu estou bem”.

São amostras brutais de uma violência que apavora judeus e muçulmanos, nutrindo a desumanização do outro lado e dando corda para um ciclo de repulsa mútua, segundo a Folha.

O pânico tem contaminado também o Brasil. Na esteira da chacina em Israel, o rabino Rogério Cukierman, da CIP (Congregação Israelita Paulista), falou a uma audiência judaica sobre as cenas inimagináveis “de violência e sadismo” que inviabilizaram o que era para ser “uma das datas mais felizes do ano”, a festividade do Simchat Torá.

A tia nonagenária de um dos sócios da CIP, que lhe pedia para levar uma cachaça do Brasil para que fizesse caipirinhas no kibutz onde vivia, foi uma das vítimas do Hamas. Muitos judeus brasileiros conheciam alguém assassinado no dia 7 e têm amigos morando em Israel. São corriqueiras as conversas de vídeo interrompidas por sirenes do outro lado, alertas para um possível ataque de mísseis.

Abrir o celular é um show de horrores. Grupos de WhatsApp se enxameiam com publicações antissemitas pinçados das redes sociais. Um deles: “É cada judeu existindo que me faz pensar onde foi que Hitler errou”.

O mesmo preconceito, com sinais trocados, incita a islamofobia mundo afora, e muçulmanos no Brasil não são poupados dessa retórica intolerante.

Líderes dizem que judeus ganham muito mais espaço na mídia para denunciar, inclusive, o antissemitismo que sofrem. Isso sem falar em círculos em que a defesa de Israel se confunde com a imagem de um Islã bárbaro. Fenômeno gêmeo ao que se espraiou depois do 11 de setembro de 2001 nos EUA.