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EUA aplicam o mais duro golpe contra a Ucrânia desde o início da guerra

EUA cortam compartilhamento de inteligência com a Ucrânia.
A decisão do governo dos Estados Unidos de interromper o fornecimento de informações estratégicas para a Ucrânia representa um duro golpe para as forças de Kyiv, que dependiam desse suporte para planejar ataques contra alvos militares russos.

A medida ocorre após a suspensão da ajuda militar dos EUA à Ucrânia, anunciada na segunda-feira pela administração Trump, e reflete um agravamento na relação entre Washington e o presidente ucraniano Volodymyr Zelenskyy.

Três fontes familiarizadas com a decisão confirmaram que os canais de inteligência entre os dois países foram congelados. Além disso, o governo dos EUA proibiu oficialmente que seus aliados compartilhem informações sigilosas com a Ucrânia. Entretanto, segundo dois funcionários do alto escalão, países com agentes operando no território ucraniano ainda podem fornecer dados limitados. No entanto, essa cooperação não incluirá informações de alto valor estratégico ou dados em tempo real necessários para ataques de precisão contra alvos móveis russos.

A tensão entre os governos de Trump e Zelenskyy se intensificou após um embate ocorrido no Salão Oval. Apesar das tentativas recentes de reaproximação, o presidente ucraniano demonstrou sinais de recuo e afirmou estar disposto a negociar um acordo com Washington. Na terça-feira, ele declarou publicamente que o encontro foi “lamentável” e que a Ucrânia “está pronta para ir à mesa de negociações o quanto antes”. Em uma carta enviada ao governo dos EUA, Zelenskyy afirmou estar disposto a assinar um acordo que permitiria aos norte-americanos explorar os recursos naturais do país.

No discurso do Estado da União, também na terça-feira, Trump, que já chegou a chamar Zelenskyy de “ditador”, disse que valorizava as declarações do líder ucraniano. No dia seguinte, o conselheiro de segurança nacional dos EUA, Mike Waltz, indicou que a suspensão da ajuda militar poderia ser revertida.

“Se conseguirmos avançar nessas negociações e implementar medidas de confiança, o presidente pode reconsiderar a suspensão”, disse Waltz à Fox News.

A inteligência dos EUA tem sido crucial para a Ucrânia desde o início do conflito, ajudando na identificação de alvos estratégicos e na defesa contra ataques aéreos russos. O suporte inclui informações sobre movimentações de tropas inimigas, captadas por satélites, e alertas antecipados sobre o lançamento de mísseis e drones contra cidades e infraestrutura energética do país.

A suspensão desse apoio pode impactar diretamente as operações militares ucranianas. Mykhailo Samus, especialista em defesa, explicou que o acesso a imagens de satélite dos EUA permitia que Kyiv monitorasse deslocamentos de tropas russas em tempo real. Segundo o analista Pavlo Narozhny, a inteligência norte-americana também foi fundamental para ataques de precisão contra alvos estratégicos russos.

“Golpear fábricas ou refinarias, conseguimos fazer sozinhos”, afirmou Narozhny. “Mas atingir centros de comando, eliminar generais e destruir infraestruturas militares russas foi algo que, muito provavelmente, contou com a ajuda da inteligência dos EUA.”

Um porta-voz da inteligência militar ucraniana evitou comentar o impacto da decisão dos EUA, mas afirmou que Kyiv já trabalha em um “plano B” para continuar suas operações sem esse suporte.

Por Christopher Miller, Lucy Fisher, Henry Foy e Fabrice Deprez
Jornalistas especializados em segurança internacional e política externa

*Fonte: Financial Times/Cafezinho

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Estados Unidos suspendem ajuda militar à Ucrânia

Rússia elogia decisão enquanto UE reforça apoio a Kyiv. Os Estados Unidos suspenderam o envio de ajuda militar à Ucrânia, aumentando a pressão sobre o presidente Volodymyr Zelenskyy para que faça concessões em um possível acordo de paz com a Rússia. A decisão marca uma mudança radical na política externa americana, que vinha garantindo apoio […]

Rússia elogia decisão enquanto UE reforça apoio a Kyiv.

Os Estados Unidos suspenderam o envio de ajuda militar à Ucrânia, aumentando a pressão sobre o presidente Volodymyr Zelenskyy para que faça concessões em um possível acordo de paz com a Rússia. A decisão marca uma mudança radical na política externa americana, que vinha garantindo apoio militar contínuo a Kyiv desde a invasão russa há três anos.

A suspensão ocorre em meio a tensões crescentes entre Trump e Zelenskyy. Na última sexta-feira, os dois líderes tiveram um confronto na Casa Branca, onde Trump criticou a postura da Ucrânia na busca por um acordo.

“O presidente deixou claro que está focado na paz. Precisamos que nossos parceiros também se comprometam com esse objetivo. Estamos pausando e revisando nossa ajuda para garantir que ela contribua para uma solução”, declarou um funcionário do governo americano.

Efeitos no campo de batalha e resposta internacional
A Ucrânia depende fortemente do apoio militar dos EUA, que fornece grande parte dos sistemas de defesa aérea, mísseis de longo alcance e suporte logístico. A suspensão da ajuda pode afetar a capacidade de Kyiv de resistir aos ataques russos, especialmente em relação à defesa contra drones e mísseis.

A decisão de Trump intensificou os esforços da União Europeia para reforçar o apoio militar à Ucrânia. A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, anunciou um pacote emergencial de 150 bilhões de euros em empréstimos para a compra de armas e equipamentos para Kyiv. “Esse mecanismo ajudará os Estados-membros a unir forças e adquirir equipamentos militares de forma mais eficiente, aumentando substancialmente o apoio à Ucrânia”, afirmou.

A suspensão também acelerou mudanças na política do Banco Europeu de Investimentos (BEI), que agora permitirá investimentos em infraestrutura militar, como bases e helicópteros.

Rússia vê movimento como avanço para a paz
O Kremlin elogiou a decisão de Trump, afirmando que a interrupção da ajuda pode levar a Ucrânia a aceitar negociações de paz. “Isso pode ser a melhor contribuição para a paz”, declarou Dmitry Peskov, porta-voz do presidente Vladimir Putin. Moscou também espera que os EUA reduzam as sanções econômicas impostas à Rússia.

Pressão sobre os aliados europeus
A suspensão da ajuda americana adiciona pressão sobre os aliados da Ucrânia. A França criticou duramente a decisão, afirmando que a medida “apenas fortalece o agressor”, referindo-se à Rússia. O Reino Unido adotou um tom mais cauteloso, dizendo que ainda está comprometido com a segurança e a estabilidade na Ucrânia.

Zelenskyy, por sua vez, classificou a decisão como um golpe para Kyiv. Oleksandr Merezhko, chefe do Comitê de Relações Exteriores do Parlamento Ucraniano, afirmou que cortar a ajuda militar era “inacreditável”.

O Instituto para o Estudo da Guerra, em Washington, alertou que a decisão pode prejudicar a posição estratégica da Ucrânia, permitindo que a Rússia avance militarmente e reduza o apoio europeu a Kyiv.

*Fonte: Financial Times (FT)/Cafezinho