O mito do mito está aí para quem quiser ver. Bolsonaro, além de não ter a mínima ideia de como se governa o país, assim como nunca produziu nada como deputado, depois do segundo ano no poder, escancara seu fracasso retumbante.
Não que haja novidade nisso, um presidente da República que tentou fundar um partido sem conseguir 2% das assinaturas necessárias, com ajuda de igrejas e tudo mais, já evidenciava com todas as cores que Bolsonaro é a maior mentira política da história do Brasil. Isso, sem falar na rejeição de quem se elegeu na calda do fascismo bolsonarista, como Dória, Witzel e outros troços do mesmo naipe.
Agora, chega a notícia desse desastre eleitoral a partir de um pente fino, nunca se viu um fenômeno tão negativo quanto esse em apenas dois anos de governo. A tendência é Bolsonaro, com esse fracasso, ficar cada vez mais isolado.
Folha – Em apenas 3 das 26 cidades, candidatos a prefeito alinhados ao presidente Jair Bolsonaro aparecem à frente, segundo pesquisas.
Candidatos apoiados ou que tentam se associar ao presidente Jair Bolsonaro (sem partido) têm enfrentado grandes dificuldades na disputa às prefeituras das capitais, o que indica, até o momento, uma perda de força da onda antipolítica que marcou as eleições de 2018.
O principal receio que levou Bolsonaro a hesitar em apoiar candidaturas às eleições municipais deste ano, o de ligar o seu nome a fracassos eleitorais, corre o risco de se tornar realidade, mostram as mais recentes pesquisas.
Em um primeiro momento resistente a entrar na disputa no primeiro turno, o presidente cedeu à pressão de aliados e anunciou apoios. Os nomes escolhidos por ele, no entanto, assim como outros que, mesmo sem o apoio, tentam colar suas imagens à de Bolsonaro, enfrentam adversidades eleitorais.
Nomes que encampam um discurso antipolítica, vários deles alinhados a Bolsonaro, têm amargado as últimas colocações em pesquisas do Datafolha e do Ibope, a maior parte delas lideradas por nomes já conhecidos do mundo político.
Os principais candidatos associados ao bolsonarismo em São Paulo, no Rio de Janeiro e em Belo Horizonte enfrentam dificuldades. Na capital paulista, Celso Russomanno (Republicanos) tem perdido fôlego e já aparece numericamente atrás de Bruno Covas (PSDB).
No Rio de Janeiro, o prefeito Marcelo Crivella (Republicanos) está em disputa com outros dois candidatos para não ficar de fora do segundo turno. Luiz Lima (PSL), outro bolsonarista, está em situação ainda pior.
Eleito na onda antipolítica de 2018, o governador do Rio Wilson Witzel (PSC) está afastado do cargo e não tem candidato —Glória Heloiza, que disputa pelo partido de Witzel, renega o ex-juiz. Lidera a corrida carioca o ex-prefeito e ex-deputado Eduardo Paes (DEM).
Na capital mineira, Bruno Engler (PRTB) está embolado com outros nanicos nos últimos lugares da disputa, em larga distância do favorito, o prefeito Alexandre Kalil (PSD), que tem 60%, de acordo com o Datafolha.
Candidato do governador Romeu Zema (Novo), outro que surfou na onda de 2018, Rodrigo Paiva (Novo) tem 1% das intenções de voto, numericamente pior do que Engler.
Na maior parte das capitais, a situação mais comum é a de bolsonaristas embolados nas últimas colocações.
Em São Luís, por exemplo, Silvio Antonio (PRTB) convocou aliados para o aeroporto a fim de recepcionar Bolsonaro, que visitou o Maranhão na última quinta-feira (29). Depois, postou em suas redes sociais uma foto no meio da multidão, cumprimentando o presidente, com a seguinte inscrição:
“Na recepção do presidente em São Luís no aeroporto Cunha Machado. Aconteceu o encontro entre Silvio Antonio e o presidente. @jairmessiasbolsonaro afirmou: ‘Eu Voto em você’. Silvio Antonio responde: ‘Obrigado, presidente.’”
Silvio Antonio não foi citado por nenhum dos entrevistados na última pesquisa Ibope. Procurado por meio de sua assessoria, ele não se manifestou.
No total, apenas três bolsonaristas aparecem nas primeiras colocações nas 26 capitais estaduais, o que inclui São Paulo e Fortaleza.
Na capital cearense, apesar de liderar a disputa, Capitão Wagner (PROS) tem escondido sua vinculação com o presidente. A outra é Cuiabá, mas lá Abílio Júnior (Podemos) se esforça para tentar colar sua imagem à de Bolsonaro.
Mesmo com o cenário desfavorável, o núcleo ideológico do Palácio do Planalto tem insistido na necessidade de o presidente apoiar em público, pelo menos, nomes nas grandes capita is, na tentativa de garantir palanques fortes para sua campanha à reeleição em 2022.
Em sentido contrário, integrantes da cúpula militar já defendem uma retirada estratégica, evitando que derrotas regionais desgastem a imagem do presidente e enfraqueçam o governo federal.
Bolsonaro, contudo, não pretende seguir o conselho neste momento. Em conversa recente, disse que irá intensificar sua participação nas próximas duas semanas, na tentativa de estimular um movimento de virada.
O presidente vinha apenas insinuando quem eram seus candidatos, sem citar nomes. Na sua live semanal da última quinta-feira, citou nomes e números de alguns vereadores e de cinco prefeitos.
Deixou de fora Capitão Wagner, mas fez propaganda para seus apoiados em Manaus, Belo Horizonte, Santos, São Paulo e, ainda que timidamente, Rio de Janeiro.
Ao falar da disputa na capital fluminense, Bolsonaro disse que o nome que apoia “dá polêmica” e encerrou afirmando que “se você não quiser votar nele, fique tranquilo, tá certo, não vamos criar polêmica, não vamos brigar entre nós por causa disso daí, porque eu respeito os seus candidatos também”.
No dia seguinte, recebeu Crivella no Palácio da Alvorada e gravou vídeo com ele. Após a gravação, porém, voltou a falar sem empolgação do prefeito.
“Se você não quer votar no Crivella, não vamos brigar por causa disso. Você pode encontrar virtude em outros candidatos, respeito, mas eu botei na balança, entre todos os candidatos ali, o que seria melhor para o Rio de Janeiro.”
Nos últimos dias, Bolsonaro passou a usar a falta de recursos para viajar como argumento para não se envolver mais nas campanhas pelo país.
“Eu não posso me empenhar mais porque, para eu ir fazer campanha lá, eu tinha que pegar um avião de carreira. Não tenho recursos para isso, levar uns 30 seguranças ou contratar uns cem lá porque a minha cabeça está valendo alguma coisa no mercado”, disse a apoiadores nesta sexta-feira (30).
Em São Paulo, na semana passada, o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, e o chefe da Secom (Secretaria Especial de Comunicação Social), Fabio Wajngarten, participaram de agenda de Russomanno.
Mesmo com o enfraquecimento do candidato, Bolsonaro deve ampliar a sua presença na campanha do aliado. Ele fará novas gravações nesta semana com Russomanno, repetindo a frase: “Agora chegou a nossa vez”.
“Acho que vai ter segundo turno no Rio, como em São Paulo. A gente vai ganhar nos dois municípios”, disse Bolsonaro na sexta.
O presidente quer evitar a reeleição de Covas, candidato do governador de São Paulo, João Doria (PSDB), provável adversário na campanha nacional de 2022.
O marqueteiro de Russomanno, Elsinho Mouco, disse à Folha acreditar que a presença de Bolsonaro tem um efeito diferente em São Paulo na comparação com outras capitais e que pode ajudar a consolidar Russomanno no segundo turno.
“Em outras capitais, os candidatos não têm a mesma força eleitoral do Russomanno. Ele entrou nessa campanha com 1 em cada 4 eleitores paulistanos. É um bom aliado para o presidente lá na frente”, afirmou Mouco.
No mês passado, Bolsonaro também anunciou seu apoio ao candidato Coronel Menezes (Patriota), em Manaus, e a Ivan Sartori (PSD), em Santos (SP).
Os dois candidatos, no entanto, não aparecem entre os favoritos nas pesquisas eleitorais e não têm conseguido crescer mesmo com o apoio do presidente.
Candidatos apoiados por Bolsonaro ou que se apresentam como alinhados ao presidente patinam nas capitais
São Paulo
Celso Russomanno (Republicanos)
Perdeu sete pontos percentuais após início da propaganda no rádio e na TV e ficou, pela primeira vez, numericamente atrás do tucano Bruno Covas
Rio de Janeiro
Marcelo Crivella (Republicanos) e Luiz Lima (PSL)
Prefeito está empatado com outros candidatos na segunda posição. Candidato do PSL tem 4% das intenções de voto e está no pelotão de baixo da disputa
Belo Horizonte
Bruno Engler (PRTB)
Candidato tem 3% das intenções de voto na cidade em que o favorito, disparado, é o atual prefeito, Alexandre Kalil (PSD), que tem 60%
Vitória
Capitão Assumção (Patriota)
Candidato que mais busca se vincular a Bolsonaro, aparece com apenas 6% das intenções de voto
Porto Alegre
Valter Nagelstein (PSD) e Gustavo Paim (PP)
Candidatos tentam obter o voto de eleitores bolsonaristas, mas estão nas últimas colocações das pesquisas
Florianópolis
Hélio Barros (Patriota) e Alexander Brasil (PRTB)
Ambos marcaram 1% na última pesquisa do Ibope e estão empatados em último lugar, com outros candidatos
Curitiba
Fernando Francischini (PSL) e Marisa Lobo (Avante)
Os dois disputam o eleitorado bolsonarista. Francischini aparece empatado com outros candidatos em segundo lugar, com 8% das intenções de voto, todos bem distantes do líder, Rafael Greca (DEM), com 46%. Marisa teve apenas 1% das intenções de voto
Palmas
Barison (Republicanos)
Com 3% das intenções de voto, está embolado no pelotão dos últimos colocados
Cuiabá
Abílio Júnior (Podemos), Roberto França (Patriota)
Abílio Júnior aparece numericamente em primeiro, com 26% das intenções de voto. Com 19%, França está numericamente na terceira posição, mas ambos estão empatados tecnicamente pela margem de erro da pesquisa Ibope
Campo Grande
Promotor Harfouche (Avante)
Aparece numericamente com 11% de intenções de voto, na segunda colocação, mas bem distante do prefeito Marquinhos Trad (PSD), com 41%, candidato à reeleição
Goiânia
Gustavo Gayer (DC), Samuel Almeida (Pros), Major Araújo (PSL)
Todos estão embolados nas últimas colocações
Salvador
Cezar Leite (PRTB)
Em empate técnico, nas últimas posições
Aracaju
Rodrigo Valadares (PTB), Almeida Lima (PRTB), Goerlize (DEM), Lucio Flavio (Avante) e Paulo Marcio (DC)
Apesar da profusão de candidatos simpáticos ou que usam o nome de Bolsonaro, a quase totalidade está no pelotão dos últimos colocados. O que aparece mais bem posicionado é Rodrigo Valadares, com 15% das intenções de voto, em terceiro na disputa
Maceió
Josan Leite (Patriota)
Tem 2% das intenções de voto, embolado no pelotão de nanicos na disputa
João Pessoa
Wallber Virgolino (Patriota)
Candidato tem 10% das intenções de voto, embolado em empate técnico com outros quatro concorrentes. O líder é Cicero Lucena (PP), com 21%.
Recife
Coronel Feitosa (PSC) e Carlos (PSL)
Estão embolado nas últimas posições, com 2% e 1% das intenções de voto, respectivamente, de acordo com a última pesquisa do Datafolha
Teresina
Major Diego Melo (Patriota)
Tem 2% das intenções de voto, ocupando uma das últimas colocações
Fortaleza
Capitão Wagner (Pros)
Candidato lidera pesquisas, mas não tem, até agora, usado relação com Bolsonaro na campanha
Natal
Coronel Helio (PRTB), Delegado Leocádio (PSL) e Coronel Azevedo (PSC)
Leocádio tem 7% das intenções de voto, bem atrás do líder, o prefeito Álvaro Dias (PSDB), que tem 44%. Os outros dois tem apenas 2% das intenções de voto, cada um
São Luís
Silvio Antonio (PRTB)
Na capital do estado governado pelo oposicionista Flávio Dino (PC do B), candidato sequer foi citado pelos entrevistados na última pesquisa do Ibope
Rio Branco
Roberto Duarte (MDB)
O candidato, que disse no início de outubro ter o apoio do presidente, aparece em sondagem eleitoral atrás da atual prefeita, Socorro Neri (PSB), e empatado tecnicamente com o ex-secretário estadual Tião Bocalom (PP), que se desfiliou recentemente do PSL, ex-partido de Bolsonaro
Porto Velho
Sargento Eyder Brasil (PSL)
O candidato afinado ao discurso do presidente obteve só 1% das intenções de voto na última pesquisa Ibope. A disputa é liderada com folga pelo atual prefeito, Hildon Chaves (PSDB).
Macapá
Cirillo Fernandes (PRTB), Patrícia Ferraz (Podemos) e Pastor Guaracy (PSL)
Os três candidatos afinados ao governo federal estão bem atrás nas intenções de voto em relação ao empresário Josiel Alcolumbre (DEM), irmão do presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM)
Manaus
Coronel Menezes (Patriota)
Na última pesquisa Ibope, o candidato apoiado por Bolsonaro apareceu com 5% das intenções de voto. O favorito na capital é Amazonino Mendes, do Podemos, que já foi governador do Amazonas
Belém
Delegado Eguchi (Patriota) e Vavá Martins (Republicanos)
Os dois candidatos afinados ao presidente apareceram, na última pesquisa Ibope, empatados com 7%. A disputa é liderada por um candidato de oposição a Bolsonaro: o deputado federal Edmilson Rodrigues, do PSOL
Boa Vista
Antonio Nicoletti (PSL), Ottaci Nascimento (Solidariedade)
Nicoletti tenta se associar a Bolsonaro, mas o clã já deu declarações públicas negando o apoio. Ele aparece em terceiro lugar na última pesquisa Ibope, ficando atrás do atual vice-prefeito Arthur Henrique (MDB) e de Otaci, também simpático a Bolsonaro.Shéridan (PSDB), do PSDB, tem como aliado o ex-vice-líder do governo no Senado Chico Rodrigues (DEM)
*Fontes: Datafolha e Ibope
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