A rejeição da PEC da Blindagem pelo Senado de forma unânime azedou o amigo-secreto na festinha de final de ano dos partidos do centrão e da direita bolsonarista. Agora, vai ter senador ganhando par de meias de deputado vingativo.
Senadores surgiram como adultos na sala para consertar a molecagem de deputados, que tentaram botar no texto constitucional uma proteção a parlamentares que cometessem crimes, mas a verdade é que o apoio ao texto tinha o suporte de muitos deles. Era matéria pacificada dentro de muitos partidos políticos.
O que aconteceu é que tinha manifestações no meio do caminho, no meio do caminho tinham manifestações.
Deputados reclamam a jornalistas que o presidente do Senado Davi Alcolumbre não cumpriu o combinado com o presidente da Câmara Hugo Motta sobre a blindagem. Mesmo que isso seja verdade, a tradução para o português desse muxoxo é: o Alcolumbre é traidor porque não quis promover um suicídio político coletivo do Senado.
A Câmara dos Deputados e suas lideranças, acostumadas a ver a rua coalhada de manifestantes de extrema direita vestidos de amarelo-CBF, esqueceu que op campo democrático poderia reagir diante da proposta mais picareta (e olha que a concorrência é forte) que passou por lá nos últimos anos.
Com base nisso, votou e aprovou de forma irresponsável uma medida que, dias depois, foi rejeitada por centenas de milhares de pessoas nas ruas e outras milhões nas redes sociais. E, mesmo depois da comoção popular, queriam que os senadores matassem no peito.
Não há acordo que resista à percepção de que o apoio a uma matéria pode render a não-reeleição no ano que vem, lembrando que, em 2026, dois terços do Senado serão colocados em disputa. Senador é cargo majoritário, depende do voto de todo estado e não de um grupo específico. Para entender a pressão, nem os senadores do PL, partido que, na Câmara votou em peso pela blindagem, tiveram coragem de aprovar a matéria. Rejeitaram e ficaram pianinhos.
Em suma, deputados queriam que não apenas Alcolumbre fosse burro, como também burro fossem os demais senadores.
Não satisfeitos com a primeira bobagem, a Câmara de Deputados agora se prepara para colocar em votação o PL da Anistia a Jair Bolsonaro e outros golpistas. Se o texto não vier suficientemente descarado das mãos do relator, Paulinho da Força, fantasiado de Dosimetria, o campo bolsonarista quer fazer mudanças para beneficiar o ex-presidente no próprio plenário.
E já ameaça o Senado caso não chancele o que aprovarem, ignorando que as mesmas manifestações de rua que criticaram a blindagem também atacaram a anistia. Sim, há deputados que são lemingues.
Não só isso: há gente na Câmara dos Deputados usando como chantagem a votação da isenção do imposto de renda de quem ganha até R$ 5 mil, e, principalmente, a compensação através da cobrança sobre o super-ricos. Afirmam que a votacão da medida que ajuda a classe trabalhadora depende de passar pano para golpista.
Não é o fundo do poço, porque aprendemos no Brasil que, no fundo do poço, tem sempre um alçapão. Mas a Câmara deveria tentar se reconectar ao resto do país. Ano que vem tem eleição, né? Fica a dica.
*Leonardo Sakamoto/Uol
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