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Mensalão: Pizzolato revela a verdade por trás de um julgamento histórico

O julgamento do chamado “Mensalão”, um dos episódios mais marcantes da história recente do Brasil, ainda suscita debates, desconfianças e controvérsias. O caso, que foi televisionado por cinco meses, transformou-se em um verdadeiro espetáculo midiático. De acordo com Henrique Pizzolato, um dos réus mais emblemáticos do processo, o julgamento não apenas seguiu uma narrativa preconcebida, mas foi pautado por “mentiras e meias verdades”, como ele revelou durante uma entrevista concedida ao programa Conversas com Hildegard Angel..

No decorrer da entrevista, Pizzolato reitera como sua vida pessoal e profissional foi completamente devastada em consequência de uma condenação que, segundo ele, foi fundamentada em uma sucessão de distorções e acusações infundadas. “Fui acusado de desviar dinheiro público do Banco do Brasil para financiar a compra de votos de parlamentares, mas nunca foi apresentada uma única prova material dessa acusação”, afirma o ex-diretor do Banco do Brasil.

O Papel da Mídia e o “Julgamento-Show”

Uma das maiores críticas feitas por Pizzolato durante a conversa foi sobre a espetacularização do julgamento. “Foi uma novela, um show midiático com direito a capas pretas, encenações e orquestrações”, comenta ele, destacando o caráter quase teatral do julgamento, que teve ares de reality show. Essa dramatização, segundo Pizzolato, serviu para manipular a opinião pública e selar o destino de figuras-chave do Partido dos Trabalhadores (PT), como José Dirceu e José Genoino, além de outros réus.

Durante a entrevista, Hildegard Angel enfatiza que o julgamento do Mensalão representou uma “caça às bruxas” política e ideológica, reminiscente dos processos inquisitórios da Idade Média. Pizzolato acrescenta que ele e outros réus foram perseguidos de forma implacável pela imprensa e por setores do Judiciário, que, de acordo com ele, tinham como objetivo maior enfraquecer o governo do presidente Lula e destruir a reputação do PT.

A Teoria do “Mentirão”

A falta de provas concretas e a ausência de registros bancários que comprovassem o desvio de recursos públicos são alguns dos pontos que Pizzolato mais destacou durante a entrevista. “Eles sabiam que eu era inocente. No entanto, já haviam decidido quem seriam os condenados antes mesmo de qualquer investigação profunda”, ressalta. Segundo Pizzolato, a teoria de uma “sofisticada organização criminosa”, promovida pelo então ministro do STF, Joaquim Barbosa, era essencialmente fictícia e serviu para construir uma narrativa conveniente para interesses políticos.

Pizzolato conta que, mesmo com auditorias independentes, tanto do Banco do Brasil quanto da Visanet, que não encontraram qualquer desvio de recursos, o processo seguiu adiante. “Foi um julgamento montado para condenar. Criaram uma fantasia, e eu era necessário para eles poderem dizer que havia dinheiro público envolvido”, reflete ele.

As Consequências Pessoais e Profissionais

A vida de Henrique Pizzolato e de sua família nunca mais foi a mesma após o início do processo. Ele relata as humilhações, perseguições e o isolamento que sofreu, comparando sua experiência a uma tortura moderna: “A tortura hoje não começa pelo corpo, como na ditadura militar; ela começa pela alma, com linchamentos públicos, julgamentos midiáticos e a destruição da reputação”, desabafa.

O ex-diretor do Banco do Brasil relata que, até hoje, enfrenta dificuldades financeiras e profissionais. Com seus bens bloqueados e seu nome manchado, ele afirma que sua vida foi irremediavelmente comprometida pelo “Mentirão”, como ele chama o julgamento do Mensalão.

Documentário e Rede de Apoio

Um ponto relevante levantado na entrevista foi o lançamento de um documentário dirigido por Silvio Tendler, que contará a versão de Pizzolato sobre os fatos. O filme busca lançar luz sobre o que ele considera um dos maiores erros judiciais da história do Brasil, explorando as entranhas do processo do Mensalão.

Além disso, Pizzolato mencionou a criação da “Rede Lawfare Nunca Mais”, uma iniciativa para unir vítimas de perseguições judiciais injustas no Brasil e em outros países da América Latina. “Transformamos o sofrimento em uma luz de esperança”, afirma ele. A rede conta com o apoio de figuras proeminentes, como o Nobel da Paz, Adolfo Pérez Esquivel, e já tem adeptos em países como Argentina, Chile, Bolívia e México.

Reflexão e Conclusão

A entrevista com Hildegard Angel expôs uma versão dos fatos que contrasta com a narrativa oficial propagada pela grande mídia na época. Pizzolato e outros réus do mensalão continuam a lutar pela revisão de suas condenações e pelo reconhecimento dos erros cometidos. No entanto, o impacto do julgamento sobre suas vidas e sobre o cenário político brasileiro é inegável.

Ao final da conversa, Pizzolato deixa uma reflexão que ecoa em meio às acusações: “Quem não foi vítima de lawfare, provavelmente será um dia”. O caso do Mensalão, embora encerrado juridicamente, permanece vivo no debate público, agora com novas nuances e questionamentos, que podem reabrir as feridas de um dos momentos mais polarizadores da história brasileira recente.

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Gabinete de transição revela o Brasil destroçado que o governo Bolsonaro escondia

Com a transição de governo começa vir à tona a realidade sobre o descalabro das finanças nacionais, a devastação da institucionalidade governamental e o desmonte avançado de instrumentos fundamentais de gestão de políticas públicas.

As informações e dados acessados pelas equipes do gabinete de transição não só confirmam a desgraceira que já se conhecia sobre a herança deixada pelo governo militar presidido por Bolsonaro, como mostram que em várias áreas a situação é muito mais grave do que se suspeitava.O gabinete de transição recebeu do Tribunal de Contas da União [TCU] documentos com diagnósticos e subsídios sobre esta realidade. Estes trabalhos estão disponíveis no site do gabinete de transição.O TCU “apontou 29 áreas que representam um alto risco para a Administração Pública federal devido à vulnerabilidade a fraude, desperdício, abuso de autoridade, má gestão ou necessidade de mudanças profundas para que os objetivos das políticas públicas sejam cumpridos”.

O relatório menciona “problemas crônicos e de grande impacto” em praticamente todas as áreas de governo. É um cenário devastador.

O Tribunal cita problemas como pagamento de auxílio federal a pessoas indevidas [como a 79 mil militares e a empresários bolsonaristas]; demora na concessão de benefícios pelo INSS, causa do estoque de cinco milhões de pessoas com benefícios atrasados; falhas na governança fiscal; ineficiência na execução de políticas públicas; prejuízos para a redução das desigualdades sociais e regionais; falta de confiabilidade e de segurança de dados e dos sistemas federais; problemas na gestão de obras paralisadas, falha na fiscalização e no combate ao desmatamento ilegal etc.

O processo de transição de governo tem antecipado a revelação de aspectos escondidos pela política de sigilo, opacidade e falta de transparência do governo Bolsonaro.

Além de casos de negligência e incompetência, há também várias denúncias de improbidade, corrupção e ilicitudes. A partir de 1º de janeiro, com a quebra daqueles sigilos decretados ilegalmente, os órgãos de fiscalização e controle terão condições de apurar e identificar responsáveis.

Os militares estão legando aos brasileiros um país arruinado e destroçado, que precisará ser inteiramente reconstruído, num esforço de muitos anos. Era uma tragédia anunciada.

O saldo da intromissão indevida e inconstitucional dos militares na política – tal como ocorreu na ditadura e agora, no atual governo – é desastroso para o país: arrocho salarial, carestia, miséria, fome, descontrole, violência, aumento das desigualdades, incompetência e destruição.

A semelhança do desastre atual com aquele da ditadura [1964/1985] não é casual, é repetição previsível.

É uma repetição histórica que acontece ao mesmo tempo como farsa e tragédia em um país sujeitado à tutela militar e habituado a contemporizações, conciliações por cima e anistias.

*Jeferson Miola/247

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