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Vídeo: Cuba denuncia carro da embaixada dos EUA em operação da polícia boliviana que prendeu médicos cubanos em La Paz

Bruno Rodríguez Parrilla, autor do tweet abaixo, é o ministro de Relações Exteriores de Cuba.

No mundo inteiro, por onde passam, os médicos cubanos deixam rastro de gratidão, humanidade e saudade gigantes.

Afinal, eles atuam onde frequentemente os profissionais locais não querem ir por distância, falta de estrutura, riscos, entre outras razões.

“Nós não oferecemos o que temos de sobra. Nós compartilhamos o que temos”, dizem com orgulho.

Com toda a razão.

Não é da boca para fora. Nem para inglês ver. Faz parte da cultura médica de Cuba.

As distantes comunidades indígenas e ribeirinhas do Norte e Nordeste do Brasil são testemunhas disso.

Antes do advento do Programa Mais Médicos, em 2013, os seus habitantes nunca tinham visto um médico na vida.

Assim como as periferias das grandes capitais brasileiras, que padecem cronicamente da falta de médicos, pois os nossos fogem por receio da violência.

Não é só.

Sempre que há grandes desastres, lá estão como voluntários os profissionais de saúde cubanos.

É o que aconteceu em janeiro de 2010, quando um terremoto devastou o Haiti.

Ou quando, em 2014, houve na África Ocidental (principalmente em Serra Leoa, Guiné e Libéria) o pior surto do vírus Ebola na história.

Em outubro daquele ano, o governo cubano enviou 165 médicos e enfermeiros para Serra Leoa e 91, para Libéria e Guiné.

Àquela altura (de março a outubro de 2014), o Ebola já havia matado na África Ocidental mais de 4.500 pessoas, entre as quais de 200 trabalhadores da saúde.

Mesmo sabendo dos riscos, eles foram solidariamente prestar ajuda humanitária ao povo africano.

Por tudo isso, os ataques injustos e desonestos aos médicos cubanos nos causam profunda indignação.

No Brasil, em 2018, assistimos à agudização dessa selvageria contra quem atende realmente com respeito, dignidade, ética e competência o povo.

Jair Bolsonaro, na campanha e após eleito presidente, desferiu reiteradas grosserias e ameaças contra os médicos cubanos.

Em 14 de novembro de 2018, até por questões de segurança física dos seus profissionais, o Ministério da Saúde Pública de Cuba decidiu interromper sua participação no Programa Mais Médicos e retirar os 8.500 médicos que aqui estavam.

Exatamente um ano depois os médicos cubanos são alvo dos golpistas na Bolívia, por coincidência apoiados por Bolsonaro.

Nas redes sociais, campanhas difamatórias fomentam o ódio e a violência contra os profissionais cubanos.

Chegam a dizer que eles participam, organizam e estão envolvidos nos protestos na Bolívia.

Nas últimas horas diferentes autoridades do governo golpista têm apresentado discurso semelhante ao das redes sociais.

Nesse contexto, pelo menos seis médicos cubanos foram presos desde quarta-feira, 13 de novembro.

A prisão mais recente foi a da chefe da Brigada Médica Cubana na Bolívia, dra. Yoandra Muro Valle, nessa quinta-feira, 14 de novembro, em La Paz. Detido junto, o responsável pela logística da Brigada, Alfonso Pérez.

Além de negar enfaticamente a participação dos colaboradores cubanos, Eugenio Martínez Enriquez, diretor geral da América Latina e Caribe do Ministério de Relações Exteriores de Cuba, denunciou as prisões arbitrárias.

(…) nesses momentos em que estamos falando, a coordenadora da Brigada Médica Cubana na Bolívia, companheira Yoandra Muro Valle, foi detida injustamente, juntamente com a Logística da Brigada, camarada Jacinto Alfonso Pérez.

As autoridades da Interpol Bolívia foram à casa do chefe da brigada médica cubana e, sem qualquer motivo, sem justificativa legal ou real, a detiveram no momento em que estamos conversando.

Curiosamente, um carro da Embaixada dos Estados Unidos cujo registro confirma que também está estacionado nas proximidades da casa.

Estamos denunciando esta situação agora.

As autoridades bolivianas ainda não nos deram uma resposta, e isso está acontecendo no momento em que estamos conversando, mas a Embaixada de Cuba está envolvida no esclarecimento dessa situação.

Esses incidentes estão ocorrendo nas últimas horas.

Isso aconteceu ontem [quarta-feira] em Santa Cruz, quando um coronel da Interpol em frente às câmeras de televisão foi às casas de colaboradores cubanos naquela cidade sob o pretexto de responder a uma queixa dos vizinhos de que havia armas.

Em frente às câmeras de televisão e sem ordem judicial, eles entraram em uma das casas, revistaram o que quiseram, verificaram os pertences de cada um dos colaboradores, inclusive das companheiras que ali estavam.

Eles não encontraram nada e assim mesmo disseram isso diante das câmeras de televisão aos que assistiam este espetáculo contra os colaboradores cubanos.

No twitter, o ministro de Relações Exteriores de Cuba, Bruno Rodríguez Parrilla, Bruno Rodríguez P@BrunoRguezP

Vehículo de la Embajada de #EEUU placa 28-CD-17 participa en operativo de policía de #Bolivia detuvo médicos cubanos en Ave Enrique Herzog, Achumany, Zona Sur, La Paz (veja no topo)

QUATRO PRESOS QUANDO VOLTAVAM PARA CASA COM DINHEIRO PARA PAGAR ALUGUEL

Na quarta-feira, em 13 de novembro, quatro membros da Brigada Médica em El Alto foram presos pela polícia quando voltavam para casa com dinheiro retirado de um banco para pagar os serviços básicos e o aluguel dos 107 membros da Brigada Médica nessa região.

Em nota publicada no Granma, o Ministério das Relações Exteriores de Cuba denunciou as quatro prisões e exigiu a libertação imediata deles:

(…) A prisão veio sob a presunção caluniosa de que o dinheiro era dedicado ao financiamento dos protestos.

Os representantes da polícia e do Ministério Público visitaram a sede da Brigada Médica em El Alto e La Paz e confirmaram, a partir de documentos, folhas de pagamento e dados bancários, que a quantia em dinheiro coincidia com a quantia extraída regularmente todos os meses.

Os quatro colaboradores presos são:

Amparo Lourdes García Buchaca, Licenciada em Eletromedicina. Em Cuba, ela trabalhou no Centro Provincial de Eletromedicina na província de Cienfuegos antes de iniciar a missão na Bolívia, em março deste ano.

Idalberto Delgado Baró, Licenciado em Economia pelo município especial Isla de la Juventud, que trabalhou no Centro Municipal de Eletromedicina da Isla de la Juventud até que ingressou na missão na Bolívia, em março passado.

Ramón Emilio Álvarez Cepero, especialista em Cuidados Intensivos e Endocrinologia, que trabalhou em Cuba no Hospital Geral Gustavo Aldereguía, na província de Cienfuegos, até o início de sua missão na Bolívia, em julho de 2017.

Alexander Torres Enriquez, especialista em Medicina Geral Integral que trabalhou em Cuba na Policlínica Carlos Verdugo, na província de Matanzas, quando saiu para completar uma missão, em 3 de fevereiro de 2019.

Os quatro colaboradores cubanos têm uma trajetória reconhecida de acordo com seu perfil ocupacional e, tal como os demais que prestam uma missão na Bolívia, aderem estrita e rigorosamente ao trabalho humanitário e cooperativo que os motivou a viajar para o país sob acordos intergovernamentais.

APELO ÀS AUTORIDADES BOLIVIANAS PARA QUE PAREM ESTÍMULO À VIOLÊNCIA

Na mesma nota, o Ministério das Relações Exteriores exige a libertação imediata dos quatro profissionais de saúde cubanos detidos na Bolívia sob acusações difamatórias.

Também exige que as autoridades bolivianas garantam a integridade física de cada um dos colaboradores cubanos, que “deram sua contribuição solidária à saúde daquele povo irmão”:

O ministério das Relações Exteriores rejeita as falsas acusações de que esses companheiros incentivam ou financiam protestos baseados em mentiras deliberadas e sem fundamento.

O Ministério das Relações Exteriores exige que os colaboradores detidos sejam libertados imediatamente e que as autoridades bolivianas garantam a integridade física de cada um dos colaboradores cubanos, de acordo com as responsabilidades adquiridas pelo Estado boliviano com a segurança e a proteção dos funcionários correspondentes aos acordos intergovernamentais assinados.

O Ministério das Relações Exteriores apela às autoridades bolivianas para que interrompam a exacerbação de expressões irresponsáveis anticubanas e odiosas, difamações e instigações à violência contra cooperadores cubanos, que deram sua contribuição solidária à saúde daquele povo irmão boliviano.

Os milhões de bolivianos que receberam a atenção altruísta das centenas de médicos cubanos sabem perfeitamente que as mentiras não podem esconder a contribuição meritória e o nobre propósito de nossos profissionais de saúde.

Por volta das 22h (horário de Cuba), o ministro da Saúde Pública de Cuba informou pelo twitter que “ a chefe da Brigada Médica Cubana na Bolívia, Dra. Yoandra Muro Valle, depois de ter sido submetida a injustificada detenção e interrogatória por parte da polícia, regressou à sede da coordenação cubana.

 

 

*Conceição Lemes/Viomundo