O diretor-geral da OMS (Organização Mundial da Saúde), Tedros Gebreyesus, qualificou como “muito preocupante” o salto no número de novas infecções da covid-19 e mortes no Brasil. Em sua coletiva de imprensa em Genebra, ele ainda disse que o país terá de ser “muito sério” diante da nova situação e destacou como os novos casos dobraram em menos de um mês.
Abandonando uma postura que se transformou em sua marca de evitar falar de países diretamente, Tedros fez questão de lançar seu alerta sobre a situação brasileira.
Tedros lembrou como, em seu momento mais crítico, o Brasil registrou 319 mil novos casos por semana. O número, segundo ele, foi um recorde. “A boa notícia é que o número estava em queda até a semana de 2 de novembro, quando 114 mil casos foram registrados no Brasil”, disse. “Foi um terço do que foi registrado quando atingiu o seu climax”, destacou.
Mas, segundo ele, os números voltaram a crescer de forma importante e, na semana de 26 de novembro, a taxa chegou a 218 mil casos por semana. “Os números mais uma vez dobraram”, alertou, insistindo que o período de expansão representou menos de um mês.
Ele também deixa claro sua preocupação em relação ao número de mortes. De acordo com ele, foram 2.538 mortes na semana do dia 2 de novembro. Agora, chega a 3.876 na semana do dia 26 de novembro. “Esse é um aumento significativo”, disse.
“O Brasil terá de ser muito, muito sério”, insistiu. Ele admite que existem diferentes regionais e que a transmissão local precisa ser considerada. “Mas, de forma agregada, é muito preocupante”, completou.
Instantes depois, ao responder uma pergunta sobre a situação mexicana e o fato de o presidente local não usar máscaras, Tedros voltou a lançar um alerta a todos os líderes que adotam tal postura. “Queremos que líderes sejam modelos”, pediu.
Agir rapidamente
Um dia depois das eleições municipais, a cidade de São Paulo vai passar para a fase amarela do Plano SP, reduzindo os horários de funcionamento do comércio e de serviços.
Mike Ryan, diretor de operações da OMS, também alertou que o momento para países como o Brasil era de “agir rapidamente” para frear a nova expansão. Segundo ele, a atenção deve ser concentrada em regiões e que cada local deve ser avaliado de uma forma diferenciada.
Ryan diz ser irrelevante como governos irão qualificar esse período e não entra o debate se o Brasil e outros vivem uma segunda onda ou apenas um novo salto de casos. “Se chama segunda onda ou aumento, o fato é que o número cresce”, alertou.
Para ele, as autoridades devem agir para apoiar o sistema de saúde. Na sexta-feira, ele já tinha alertado sobre o risco de um segundo golpe contra a saúde pública no Brasil e insistiu que governos estaduais e o Palácio do Planalto precisariam agir de forma coordenada desta vez.
*Jamil Chade/Uol
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