Medicamento anunciado por Marcos Pontes é mais nocivo e menos eficaz

O princípio ativo nitazoxanida seria pior do que a cloroquina, porque necessita maiores doses que poderiam ser nocivas ao paciente.

O medicamento que será testado em pacientes com Covid-19 no Brasil é menos efetivo e mais tóxico do que a cloroquina, também já alertada por especialistas por seus efeitos colaterais nocivos à saúde.

Trata-se do remédio que o ministro da Ciência e Tecnologia, Marcos Pontes, anunciou que será testado nos próximos dias e que o ex-ministro da Saúde, Luiz Mandetta, revelou o nome: o vermífugo Annita. A composição deste medicamento é o princípio ativo nitazoxanida, que segundo coluna de Monica Bergamo, desta sexta (17), é pior que a cloroquina.

A coluna usou como base um estudo já realizado por cientistas e virologistas de Wuhan, a cidade chinesa que teve início a pandemia. Foram testados sete medicamentos em laboratório e comparados seus efeitos. A cloroquina, apesar de ter efeitos colaterais, foi considerada a menos tóxica e mais efetiva para tratar o Covid-19.

Também foram testados outros medicamentos, como o Remdesivir, utilizado para combater o Ebola, que também obteve resultados positivos em laboratório. Entretanto, a nitazoxanida, que é o composto principal do antiviral Annita, apenas apresentou bons resultados no combate ao vírus quando foram aplicadas doses muito altas, e que se mostraram tóxicas.

Ainda, conforme relatou o próprio ex-ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, estas pesquisa foram realizadas em laboratório e in vitro, o que se diferencia da eficácia no corpo humano. Diversos medicamentos já apresentaram bons resultados in vitro e nenhum quando aplicados em pacientes.

Entretanto, Marcos Pontes, o ministro de Bolsonaro, que não confirmou que se trata do antiviral Annita, já anunciou que os testes terão início e que houve 94% de eficácia em exames preliminares.

Ainda, o fato de o ministro não querer revelar o nome, justificando para que não haja uma “corrida” às farmácias sem a comprovação da eficácia do medicamento, foi criticado pela comunidade científica.

“Qualquer pesquisa precisa dizer que medicamento será testado, em que doses, em quantos pacientes, e por quem será conduzida. Não existe pesquisa secreta em nenhum lugar do mundo”, criticou o membro do Comitê Comunitário de Acompanhamento de Pesquisas em Tuberculose, Ezio Távora.

 

 

*Com informações do GGN