Vinte anos depois de sua 1ª vitória, petista enfrentou disputa truculenta, marcada por fake news, redes sociais e violência.
Em 664 dias, Lula recuperou seus direitos políticos, arranjou um vice, enfrentou a campanha mais turbulenta de sua vida, armou ampla aliança eleitoral, casou-se, passou por cirurgia e volta agora ao Planalto, duas décadas depois de sua primeira vitória.
Manhã de segunda-feira, 3 de outubro. Na primeira reunião política do segundo turno eleitoral, Luiz Inácio Lula da Silva (PT) prevê uma vitória apertada contra o presidente Jair Bolsonaro (PL).
“Vamos ganhar por uma pequena margem, como se fosse comendo aquela gordurinha da picanha”, brinca o petista, na tentativa de aplacar a ansiedade no núcleo da campanha.
Concorrendo pela sexta vez à Presidência da República, Lula repetia ali o tom motivacional da noite anterior, quando políticos, artistas e familiares acompanhavam, apreensivos diante de um telão, a divulgação do resultado das urnas.
Lula terminou o primeiro turno com 48,43% dos votos válidos, ante 43,20% de Bolsonaro. O petista precisaria de mais 1,8 milhão de votos para liquidar a fatura já no dia 2 de outubro.
Frustrada a pretensão de vitória no primeiro turno, o petista circulou entre os convidados acomodados em um auditório improvisado em hotel do centro de São Paulo. As pulseiras, distribuídas pela coordenação da campanha para controle de acesso ao candidato, eram reluzentes naquela noite, denunciando um desejo da comemoração que não aconteceu.
Antes de seguir para um breve discurso sobre um carro de som na avenida Paulista, Lula os tranquilizou. “Nós ganhamos [o primeiro turno]. Vamos vencer.”
Um amigo lembra-se de ter ouvido essas palavras 20 anos antes, quando Lula obteve 46,44% dos votos, indo ao segundo turno contra o tucano José Serra (23,2%). Também naquela noite, 6 de outubro 2002, Lula se esforçou para acalmar aliados mais angustiados. Era sua quarta disputa presidencial, a primeira que venceu.
As semelhanças com 2002 não vão muito além. Para amigos, Lula percorreu uma trajetória bem mais acidentada em 2022 do que há duas décadas. Diante da truculência bolsonarista nas redes e nas ruas, ele chegou a classificar como “um luxo” a histórica troca de “caneladas” com os tucanos.
*Com Folha
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