Dia: 12 de junho de 2019

Globo joga tudo na defesa da Lava Jato, mas pode afundar abraçada a Moro; por Ricardo Kotscho

Ao jogar tudo na defesa da Lava Jato, a Globo dobrou a aposta e agora corre o risco de afundar abraçada ao ex-herói nacional Sergio Moro, que acaba de ser desmascarado.

Na verdade, a Globo está também atuando em causa própria, pois desde o primeiro momento apoiou e bancou a força-tarefa de Curitiba comandada pelo ex-juiz, hoje ministro da Justiça do governo de extrema-direita.

“A Globo é sócia, agente e aliada de Moro e da Lava Jato”, disse o jornalista Glenn Greenwald, autor das denúncias publicadas no site The Intercept, o que não chega a ser uma grande novidade para quem acompanha há cinco anos a operação casada da Lava Jato com jornalistas e donos da mídia amiga.

Em entrevista a Thiago Domenici, da Agência Pública, Greenwald lembrou que “o tempo todo, a grande mídia não estava reportando sobre a Lava Jato, ela estava trabalhando para a Lava Jato”.

Segundo o jornalista, há exceções como a Folha de S. Paulo, e jornalistas independentes.

“Preciso falar que depois de publicar o que publicamos, acho que com uma exceção, que é a Globo, a grande mídia está reportando o material de forma mais ou menos justa, com a gravidade que merece”.

De fato, o restante da mídia já rifou o ex-juiz solenemente, porque sabe que novas denúncias virão nas reportagens do site The Intercept.

Mas só o que já foi divulgado seria suficiente para Moro ser demitido do governo, e Deltan Dallagnol afastado da operação e investigado pelo Ministério Público Federal.

Até o presidente Jair Bolsonaro, que de bobo não tem nada, está se fingindo de morto diante do maior escândalo da história da Justiça brasileira que envolve o seu superministro.

Na terça-feira, o capitão convidou o ministro para passear de lancha e depois o condecorou com uma medalha da Marinha, mas quando foi perguntado sobre os vazamentos das conversas de Moro virou as costas e encerrou a entrevista.

Passadas 72 horas, Bolsonaro continua em obsequioso silêncio sobre o assunto que provocou o maior abalo no seu governo até agora.

Sem em nenhum momento desmentir a veracidade das mensagens trocadas com Dallagnol e outros procuradores, Moro e a Globo continuam insistindo em reduzir o caso a um “vazamento criminoso” de conversas particulares feito por “hackers”, como se não tivessem usado os mesmos métodos durante a Operação Lava Jato.

Greenwald já desmentiu a história dos “hackers”, garante que recebeu as gravações de uma fonte anônima e promete novas revelações sobre as conexões espúrias da Lava Jato com a mídia conservadora.

“Os jornalistas pararam de investigar e questionar a Lava Jato e simplesmente ficaram aplaudindo, apoiando e ajudando”, afirma o jornalista na entrevista à Pública.

No caso da Globo, que só comenta o crime praticado pela fonte de Greenwald, e não mostra interesse no conteúdo das gravações, chega a ser patético o comportamento dos seus profissionais.

É até um desperdício: para que tantos comentaristas globais, se todos repetem sempre a mesma coisa, de acordo com o script da emissora?

O noticiário parece um realejo que toca em todos os telejornais do grupo, tentando distrair a platéia sobre o que realmente interessa nessa história: o modus operandi do crime cometido por agentes públicos para condenar Lula e tirá-lo da disputa presidencial.

Num momento em que a empresa enfrenta dificuldades financeiras e perde bons profissionais para a concorrência, não dá para entender a postura arrogante da Globo, na mesma linha de Moro e Dallagnol.

Para sair dessa encruzilhada, voltar a fazer bom jornalismo, que a Globo sabe fazer, respeitando a verdade factual, com pluralidade de opiniões, talvez ainda seja a melhor estratégia.

Moro, Dallagnol e todos os procuradores da força-tarefa de Curitiba que cuidem das suas próprias defesas.

 

 

Telegram, aplicativo em que Moro e Dallagnol trocaram mensagens privadas, sofre ataque DDOS

Telegram, o aplicativo por onde Sergio Moro, Deltan Dallagnol e demais procuradores da força-tarefa da Lava Jato trocaram mensagens, sofreu um poderoso ataque DDOS. Os usuários do aplicativo nas Américas e também de outros países podem enfrentar problemas de conexão.

“Um DDOS é um ‘ataque de negação de serviço distribuído’: seus servidores recebem GADZILLIONS de solicitações de lixo que os impedem de processar solicitações legítimas. Imagine que um exército de lemingues acabou de pular a fila no McDonald’s na frente de você – e cada um está pedindo uma grande mentira”, diz a empresa em sua conta em inglês na rede social.

“O servidor está ocupado a dizer aos lemingues que eles vieram para o lugar errado – mas há muitos deles que o servidor nem sequer vê você para tentar fazer o seu pedido. Para gerar essas solicitações de lixo, os bandidos usam ‘botnets’ feitos de computadores de usuários desavisados que foram infectados com malware em algum momento no passado. Isso faz um DDoS semelhante ao apocalipse zumbi: um dos lemingues falsos pode ser seu avô”.

Segundo o aplicativo:

“há um lado positivo: todos esses lemmings estão lá apenas para sobrecarregar os servidores com trabalho extra – eles não podem tirar seu BigMac e coca-cola. Seus dados estão seguros”. “No momento, as coisas parecem ter se estabilizado”.

 

Flávio Dino, governador do Maranhão, dá aula a Moro do que é ser juiz

Flavio Dino é governador do Maranhão pelo PSdoB e está no seu segundo mandato. O governador usou suas redes sociais nesta quarta-feira (12) para dizer a Moro o que um juiz não deve fazer.

Dino passou em primeiro lugar no mesmo concurso para juiz prestado também por Sergio Moro, disse:

‘Fui juiz federal por 12 anos e nunca mandei no Ministério Público”

 

Depois do vazamento das mensagens trocadas por Moro e Dallagnol, família de Glenn Greenwald sofre ameaças de morte

O escândalo do vazamento das mensagens trocadas pelo ex-juiz e Ministro da Justiça e Segurança, Sergio Moro e Deltan Dallagnol traz consequências, entre elas, a possível saída de Sergio Moro do Ministério, assim como a desmoralização da justiça brasileira.

Glenn Greenwald do site The Intercept Brasil trouxe à tona a extensa e detalhada matéria sobre a conspiração da Lava Jato mudou a história política do Brasil, tirando Lula da disputa presidencial, através de sua prisão sem provas e que, por consequência prejudicou a eleição de Fernando Haddad ao impedir a entrevista que Lula daria aos jornalistas, Mônica Bergamo e Florestan Fernandes Junior.

A pior das consequências: O marido de Glenn Grennwald, o deputado federal Davi Miranda sofre ameaças de morte.  Numa das mensagens, o autor avisa que irá “explodir a cabeça” de sua mãe e alerta que os assassinos não deixam evidências, como no caso de Marielle Franco, ex-vereadora do Psol que foi assassinada. A Polícia Federal, chefiada por Sergio Moro, pivô do escândalo, já foi acionada para proteger a família de Greenwald.

Assista ao vídeo sobre a matéria:

Absurdo: marido de Glenn Greenwald recebe ameaças de morte

Posted by Brasil 247 on Wednesday, June 12, 2019

 

Vídeo: O fim do culto à Lava Jato

Aquele timbre de voz vibrante, bem característico de Moro, sumiu, apesar de ter uma dicção menos agradável que Dallagnol, porém, a disposição que tinha pra falar sobre Lula, desapareceu, escureceu nesta segunda-feira, depois das bombásticas revelações do site The Intercept Brasil.

Sua voz, praticamente inaudível ao conceder uma coletiva nesta segunda (10). O assunto era Lula, mas, desta vez em posição inversa.

Na ânsia de desqualificar as revelações do Intercept, Moro, longe de desfrutar aquele prestigio de outrora, o sombrio herói perecia sem capa diante da imprensa. A enxurrada de perguntas, não tinha mais aquele aconchego a que Moro estava acostumado no auge como celebridade nos cinco anos de Lava Jato. E foi por conta de uma pergunta “imprópria” que o herói, o Super-Moro deu linha na pipa e saiu em disparada fugindo da imprensa.

O texto muxoxo lido pelo menino amarelo, veiculado, também nesta segunda-feira (10) pelo Jornal Nacional, contrasta com o esfuziante Dallagnol que passou a colecionar convites para palestras sobre moralidade pública no auge da Lava Jato, de tão encantador que ele se anunciava. Desconfio até que ele andou sendo convidado por debutantes para dançar em festas de Cinderelas com o aplauso emocionado da vovó.

Ontem, porém, o príncipe do Ministério Público Federal, incorporou a carapuça de um condenado. Boca seca, semblante sem brilho, voz em tom meia bomba e corpo sem aquela postura ereta de quem vinha a público acusar suas vítimas, numa arena midiática, diante de uma plateia ávida por sangue. Ninguém seria capaz de fazer uma propaganda tão negativa de si próprio e de Moro. Dallagnol se entregou no vídeo. Profundamente abatido, o ególatra, colecionador de afagos de uma classe média delirante, estava inacreditavelmente desfigurado e abatido, como se tivesse visto do outro lado, um Dallagnol nos tempos espetaculosos da Lava Jato, lhe acusando de contraventor.

Assista ao vídeo

 

 

Carlos Henrique Machado é músico, compositor e pesquisador da música brasileira