Ano: 2019

Leandro Fortes: Batom na Cueca

Gente, ao quebrar o sigilo do celular da mulher de Ronnie Lessa, assassino de Marielle Franco e Anderson Gomes, em janeiro passado, o MP já sabia da planilha onde constava a ida de Élcio Queiroz, o outro assassino, para a casa de Jair Bolsonaro.

É o mesmo MP que desmentiu o porteiro que revelou o fato, em depoimento à Polícia Civil, depois de uma perícia feita em DUAS HORAS E VINTE E CINCO MINUTOS.

Há uma terrível farsa em andamento para salvar a pele de Bolsonaro e dos filhos ligados à milícia carioca.

 

 

*Da página de Leandro Fortes no Facebook

Vídeo: Falando de servidores públicos, Bolsonaro fez referência a lugar de desova de mortos na ditadura militar

Bolsonaro chegou a engasgar com a declaração e ressaltou, entre uma tosse e outra, que pode haver casos de animais marinhos que se contaminaram com óleo. “Obviamente, às vezes fica ali uma tartaruga na mancha de óleo, pra não falar que ninguém fica, né? Um peixe, um golfinho pode ficar. Mas, tudo bem”

Jair Bolsonaro sugeriu que servidores de órgãos federais ambientais se destinem à “ponta da praia”, um local de execução da ditadura militar no Rio de Janeiro.

“Eu tenho ascendência, porque os diretores, o presidente têm mandato, porque se não tivessem, eu cortava a cabeça mesmo. Quem quer atrapalhar o progresso vai atrapalhar na ponta da praia, aqui não”, disse o presidente durante transmissão feita em suas redes sociais.

Bolsonaro falava sobre a dificuldade do dono da Havan, Luciano Hang, conseguir uma licença ambiental para construção de uma loja da rede em Rio Grande (RS).

“Ponta da praia” foi uma gíria usada por militares no tempo da ditadura para se referir a uma base da Marinha na Restinga de Marambaia, no Rio de Janeiro. O local era usado para a execução de presos políticos.

 

 

*Com informações da Época

 

Promotora bolsonarista foi afastada do caso Marielle

Ministério Público defende “liberdade de expressão” de Carmen Eliza, mas afirma que foi aberto processo na Corregedoria para investigar as postagens da promotora que tirou foto com o deputado Rodrigo Amorim, que quebrou placa da vereadora Marielle Franco.

Após a repercussão de que a promotora Carmen Eliza teria se recusado a deixar o caso Marielle e Anderson, o Ministério Público do Rio de Janeiro publicou uma nota informando sobre a saída voluntária da promotora. O MP ainda informou que um processo foi aberto na corregedoria.

Na nota, o MP defende a “liberdade de expressão” da promotora, que tirou foto com o deputado Rodrigo Amorim, que quebrou placa da vereadora Marielle Franco, e fez campanha para Jair Bolsonaro. “Nos últimos dias vem tendo sua imparcialidade questionada no que afeta sua atuação funcional, por exercer sua liberdade de expressão como cidadã”, lamenta o MP.

O órgão ainda informa que os pais de Marielle, Marinete da Silva e Antônio Francisco da Silva, e a viúva de Anderson Gomes, Agatha Arnaus Reis, defenderam a permanência de Carmen Eliza à frente do processo. “No entanto, em razão dos acontecimentos recentes, que avalia terem alcançado seu ambiente familiar e de trabalho, Carmen Eliza optou voluntariamente por não mais atuar no Caso Marielle Franco e Anderson Gomes, pelas razões explicitadas em carta aberta à sociedade”, diz a nota.

O MP ainda informou que a corregedoria vai analisar as postagens de Cármen. “Cumpre informar que, diante da repercussão relativa às postagens da promotora em suas redes sociais, a Corregedoria-Geral do Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro instaurou procedimento para análise”, afirma.

Publicações que denunciam o alinhamento pró-Bolsonaro da promotora foram compartilhadas pelo jornalista do Intercept Brasil, Leandro Demori, na quinta-feira (31). Uma das postagens no Instagram, que é fechado, relata seus sentimentos no dia em que Bolsonaro assumiu a presidência.

“Há anos que não me sinto tão emocionada. Essa posse entra naquela lista de conquistas, como se fosse uma vitória…”, diz um trecho da publicação de Carmen Eliza, no dia 1 de janeiro de 2019. Em outra foto, ela aparece vestindo uma camiseta com o rosto de Bolsonaro estampado, escrito “Bolsonaro presidente”.

 

 

*Com informações da Forum

Moro e Dallagnol estão visitando o prédio da PF onde Lula está preso

O que isso significa?

Ministro inaugurará uma delegacia para investigações de crimes financeiros e de corrupção na Superintendência da Polícia Federal em Curitiba.

O PT criticou a iniciativa do ministro da Justiça, Sérgio Moro, de inaugurar uma delegacia para investigações de crimes financeiros e de corrupção na Superintendência da Polícia Federal, onde está preso o ex-presidente Lula desde abril do ano passado, informa a colunista Mônica Bergamo, da Folha.

A assessoria de Moro também confirmou a presença do procurador Deltan Dallagnol, coordenador da força-tarefa da Lava Jato em Curitiba, no evento, marcado para as 15h desta sexta-feira (1º).

A Delegacia Modelo de Investigação e Análise Financeira integrará a Delegacia de Repressão a Corrupção e Crimes Financeiros da PF no Paraná e começou a ser implantada em fevereiro deste ano.

O PT considera uma provocação a ida do ministro da Justiça, Sergio Moro, a Curitiba nesta sexta-feira (1º) para inaugurar uma delegacia para investigações de crimes financeiros e de corrupção na Superintendência da Polícia Federal. O ex-presidente Lula está preso na sede da PF na capital paranaense.

“Essa visita é uma provocação indecente ao STF [Supremo Tribunal Federal], que está para julgar os crimes que Moro cometeu contra Lula”, afirma a deputada Gleisi Hoffmann, presidente nacional do PT, referindo-se ao julgamento de suspeição de Moro na condução do processo do tríplex de Guarujá (SP).

“[A ida do ministro a Curitiba é uma] tentativa abjeta de desviar o foco dos casos Queiroz e Marielle. Ministro dos factoides no governo das fake news”, segue ela.

“O modelo de combate à corrupção de Sergio Moro é conhecido: perdoou as penas dos verdadeiros corruptos em troca de delações contra seu adversário político”.

A presença do procurador Deltan Dallagnol, coordenador da força-tarefa da Lava Jato em Curitiba, também é esperada no evento, e foi confirmada pela assessoria de Moro. A assessoria do Ministério Público Federal do Paraná não confirma a ida dele.

A cerimônia ocorre às 15h e terá participações do diretor-geral da PF, Maurício Valeixo, e do governador do estado, Ratinho Jr.

 

 

*Com informações do Bahia.Ba

 

Foto da planilha que mostra acesso à casa 58, de Bolsonaro, foi encontrada em celular de assassino de Marielle

Polícia só teve conhecimento da planilha no mês passado, quando conseguiu acessar o celular de Lessa. Imagem foi enviada pela esposa no dia 22 de janeiro, dois dias antes do depoimento que ele prestou com Élcio Queiroz na Delegacia de Homicídios sobre o assassinato.

Uma foto da planilha escrita à mão pelo porteiro que mostra que Elcio Queiroz teria tido acesso ao condomínio Vivendas da Barra por permissão do “Seu Jair”, da casa 58 – de propriedade de Jair Bolsonaro -, foi enviada por Elaine Lessa ao marido, Ronnie Lessa, no dia 22 de janeiro, dois dias antes de Lessa e Queiroz serem ouvidos na Delegacia de Homicídios sobre o assassinato, quando ainda estavam soltos.

Segundo informações da reportagem da Folha de S.Paulo nesta quinta-feira (31), a planilha só se tornou alvo da investigação em outubro, quando peritos conseguiram acessar dados do celular de Lessa e encontraram a foto enviada pela esposa.

O aparelho celular foi apreendido em março, durante a operação que levou Lessa e Queiroz para a prisão, mas estava bloqueado por senhas.

O advogado Fernando Santana, que defende Elaine Lessa, declarou que sua cliente nunca foi questionada sobre a mensagem mencionada pelas promotoras que investigam o caso e negou que ela tenha enviado a foto ao marido.

Gravações
A promotora Simone Sibilio afirmou que a polícia não sabia em março que havia um sistema de gravações entre a portaria e os moradores. “Gravação não é comum. Nem moradores sabiam que existia”.

Em interrogatório na Justiça, no último dia 4, Lessa confirmou ter se encontrado com Élcio em sua casa, o que também motivou o pedido de busca e apreensão. Com base nesses indícios, a polícia realizou a busca e apreensão no dia 5 de outubro, quando a planilha teria sido apreendida.

No dia 7 de outubro, o síndico do condomínio Vivendas da Barra entrega à Polícia Civil arquivos com gravações do interfone da portaria de janeiro a março de 2018. Na mesma data, o porteiro prestou depoimento e afirmou que Élcio foi autorizado a entrar por uma pessoa da casa 58 com a voz do presidente, que se identificou como “Seu Jair”. Dois dias depois, o porteiro confirmou a versão em novo depoimento.

 

 

*Com informações da Forum

Foto: Veja

Dá para um interfone transferir chamada para um celular

O presidente Jair Bolsonaro (PSL) foi citado na investigação sobre a morte da vereadora Marielle Franco (PSOL-RJ) e do motorista Anderson Gomes, segundo reportagem do Jornal Nacional exibida na terça-feira (29). Mas um detalhe do caso vem levantando discussão: a possível capacidade do interfone do presidente se comunicar com o celular da sua residência. O assunto está entre os mais comentados na internet até a tarde desta quarta-feira (30).

Olhando o fato novo apenas pelo viés da tecnologia, existem no mercado soluções que já permitem que interfones funcionem integrados a celulares. Nestes casos, você consegue atender um chamado ou liberar a entrada de alguém mesmo não estando não estando no local.

Como funciona?

Condomínios de prédios e casas podem contratar facilmente empresas que fornecem interfones que se comunicam com o celular. Alguns dispositivos são mais avançados do que os outros, mas em geral são comercializados para dar mais segurança para os moradores.

Com ajuda de sistemas inteligentes, os interfones conseguem ser configurados para redirecionar ligações para números de telefone previamente cadastrados. Uma vez que um chamado é direcionado para uma residência, a solicitação é automaticamente enviada para o seu respectivo morador.

Os dispositivos mais avançados se integram ainda a câmeras de segurança e fechaduras eletrônicas. Nestes casos, o dono da casa consegue visualizar quem está em sua porta pelo próprio celular e abri-la se assim desejar.

Outros modelos mais simples precisam apenas de conexão móvel. O morador recebe uma ligação direta em seu celular quando alguém interfona para a sua residência. É possível liberar o acesso ao local abrindo os portões do condomínio. Tudo depende do modelo de interfone e do serviço contratado.

O UOL apurou que o sistema de interfones oficial usado pelo condomínio Vivendas da Barra foi fornecido pela Intelbras, uma das principais empresas no setor. Há pelo menos dois aparelhos no portfólio da empresa que podem acionar os celulares de moradores quando o interfone de suas casas é acionado.

O mais refinado deles, o modelo IV 7010 HF, tem quatro canais de vídeo, abre portas e portões, além de poder ser conectado a gravadores digitais de vídeo, centrais telefônicas e de alarme. Ele possui a função “Siga-me” que permite encaminhar ao aparelho de celular do dono da casa as chamadas feitas para o interfone.

O IV 7010 HF permite conversar com quem estiver na porta de casa ou liberar a entrada de visitantes. O mais simples deles, o IV 4010 HS, também permite que as solicitações sejam transferidas para o celular.

Como muitos moradores trocaram os seus interfones internos, não é possível saber qual era o modelo usado por Bolsonaro.

Identificação de voz

Segundo o que foi divulgado pela polícia, pelos procuradores e pelo filho do presidente, o vereador Carlos Bolsonaro (PSL-RJ), o condomínio Vivendas da Barra trabalhava com um sistema de gravação de todas as ligações feitas da portaria para os moradores —um recurso mais sofisticado e não encontrado em muitos interfones usados no Brasil. Eram registradas:

  • conversas;
  • números das respectivas casas;
  • horas exatas em que os contatos eram feitos

O vereador do Rio de Janeiro indica ter tido acesso às gravações de voz do dia 14 de março de 2018, quando ocorreram os assassinatos de Marielle e Anderson Gomes. Nas imagens, ele reforça que nenhum contato feito para a residência 58, de Bolsonaro, aparece naquele dia.

Em um segundo vídeo, Carlos mostra que alguém ligou para a casa do pai por volta das 15h e exibe um áudio gravado de um serviço de entregas. A entrada do suspeito aconteceu por volta das 17h.

 

 

*Com informações do Uol

*Foto: El País

 

Os gatos do clã Bolsonaro entraram em curto

Bolsonaro nunca escondeu de ninguém que é o Napoleão das milícias. Pipocam vídeos na internet do sujeito se vangloriando de ser um defensor das práticas criminosas como solução para a violência. imagina isso!

Trafegando por esse mundo, Bolsonaro construiu sua própria teia de gambiarras com milicianos de toda espécie para chegar ao poder. A facada sem sangue e sem cicatriz desferida por Adélio, uma rede criminosa de fake news durante as eleições, denunciada até pelo The Guardian, sem falar do complô entre Moro e Bolsonaro para Lula ser condenado, preso e escanteado da disputa eleitoral de 2018, dando passagem para o príncipe da milícia chegar ao poder para que, de imediato, começasse a pipocar estalos aqui, ali e acolá nos gatos feitos, cheios de fios soltos que, agora, começam a provocar um grande incêndio contra ele.

De cara, um novo escândalo que envolve Queiroz, figura que dispensa qualquer apresentação, e a primeira-dama Michelle, com o famoso depósito em sua conta. Depois, o próprio sumiço de Queiroz tornou-se um outro escândalo. Para piorar, o motorista Queiroz, doente, interna-se num dos hospitais mais caros do país, Albert Einstein, o mesmo em que Bolsonaro ficou encapsulado não participando dos debates das eleições. E, até agora, não se sabe de fato quem pagou a conta da cirurgia de Queiroz, todo o tratamento e as diárias no hospital cinco estrelas.

É nítido que Flávio Bolsonaro seria o foco da imprensa investigativa, porque sabia, como de fato foi descoberto, o esquema barra pesada de enriquecimento ilícito relâmpago, com um multiplicação de aquisição de imóveis em tempo recorde, sem falar dos depósitos em sua conta feitos por laranjas e fantasmas através de Queiroz.

O fato é que um fio começou a encostar no outro na guerra pelo milionário fundo eleitoral do PSL. O tempo fechou e os curtos entre o clã Bolsonaro e a ala bivarista pipocaram na mídia, além de toda a baixaria com insultos trocados entre deputados do PSL.

Para completar, do nada, começam a boiar revelações de Queiroz em áudios absolutamente comprometedores, publicados pelo Globo, não só mostrando os dentes e botando a faca na nuca de Bolsonaro, reclamando que foi abandonado, como revela um dos áudios, Queiroz também se queixa do excesso de proteção com Adélio Bispo, o autor da facada sem sangue e sem corte e o abandono do coringa de Bolsonaro, o enigmático Queiroz. Lembrando que até hoje ninguém teve acesso a Adélio que está completamente isolado.

De acordo com a reportagem, Queiroz nem foi assim tão enigmático em suas mensagens “subliminares”, dizendo claramente que Bolsonaro cercava o seu suposto algoz de cuidados para que nada lhe faltasse e ou acontecesse.

Trocando em miúdos, Queiroz entrega o serviço, Adélio e a facada são uma armação do clã.

Somado a isso, Alexandre Frota, em depoimento na CPI da fake news, derramou um monte de denúncias detalhadas de como opera o gabinete do ódio, comandado por Alan dos Santos de uma mansão em área nobre de Brasília e uma rede de picaretas digitais pagos com dinheiro público. Agora, explode mais um e mais grave escândalo, o que Bolsonaro já sabia pela boca de Witzel, que o porteiro de seu condomínio havia revelado a trama em que ele dá suporte aos milicianos que assassinaram Marielle.

Bolsonaro, o envolvido, imediatamente chama seu Totó, Moro que deu a patinha para receber a ordem do adestrador de juiz corrupto e ladrão que, por sua vez, correu para os ouvidos de Augusto Aras que indicou uma promotora bolsonarista para cuidar do caso, com perícia e tudo, em menos de 24 horas.

A perícia desse caso está sendo considerada a mais rápida da história da humanidade e, lógico, a mais manca e sem pé de apoio, com falhas em vários pontos determinantes para o esclarecimento do caso, que fazem da afirmação da promotora uma gambiarra pior do que as que levaram Bolsonaro ao poder. O que também já entrou em curto e ajuda ainda mais a alastrar o fogo em torno do forte de Bolsonaro.

Pode ser que Bolsonaro saia dessa, mas tudo indica que, à medida em que os curtos vão pipocando e os fios entortando em contorcionismos retóricos, o efeito seja o de apagar o incêndio com gasolina, o que já está ocorrendo.

A história apertou o passo contra Bolsonaro e, como se vê, não dá para esconder esse novelo de fios soltos depois de uma exposição tão descarada à luz do dia e aos olhos de todos.

 

*Carlos Henrique Machado Freitas

 

Leandro Fortes: A Balada do Porteiro

Leandro Fortes: Então, foi assim.

Em 14 de março de 2018, o porteiro do condomínio Vivendas da Barra, simplesmente, enlouqueceu. Decidiu, do nada, fazer anotações aleatórias num livro de registro da portaria para, pela ordem:

1) Inventar que um miliciano, Élcio Queiroz, prestes a assassinar Marielle Franco e Anderson Gomes, teria pedido para ir à casa 58;

2) Inventar que o dono da casa 58, Jair Bolsonaro, teria autorizado a entrada do miliciano;

3) Inventar que reparou, pelas câmeras de segurança, que o miliciano estava indo para a casa de outro miliciano;

4) ) Inventar que o dono da casa 58, avisado do desvio, teria dito que tudo bem, sabia para onde o carro estava indo: a casa 65, do sargento de milícias Ronnie Lessa, o outro assassino, ainda foragido.

Tudo isso em 14 de março, horas antes do duplo assassinato, meses antes de Bolsonaro ser eleito presidente da República. Louco, o porteiro previu que, fazendo essas anotações e, mais tarde, as confirmando em depoimento à Polícia Civil do Rio de Janeiro, seria inevitável a queda do presidente.

Estranhamente, depôs já sabendo que, ao narrar esta história, estava mexendo com milicianos assassinos e com uma família intrinsecamente ligada às milícias, a partir do gabinete de Flávio Bolsonaro, na Assembleia Legislativa do Rio, quando deputado estadual.

Bolsonaro sabia, desde 9 de outubro, por uma inconfidência – criminosa, diga-se de passagem – do governador Wilson Witzel, do depoimento do porteiro e do encaminhamento ao Supremo Tribunal Federal.

Portanto, aquele teatro na madrugada saudita, aquela indignação apoplética, foi encenação pura. Uma cena pateticamente programada.

Além disso, ele, os filhos e a turma de milicianos ligada à família tiveram quase 20 dias para fazer e acontecer com os registros do condomínio e conseguir, da forma vergonhosa que conseguiram, que o Ministério Público decidisse, sem perícia e sem decência, que o porteiro estava mentindo.

Desculpem, só sendo idiota ou muito ingênuo para achar que um porteiro, em 14 de março do ano passado, iria anotar com precisão as placas de carro de um miliciano e, mais tarde, iria denunciá-lo à polícia para caluniar um presidente que ele nem sabia que seria candidato.

 

 

*Publicado originalmente no Brasil 247

Plágio: Bolsonaro copia na íntegra texto sobre economia de correspondente em Genebra

Bolsonaro dá uma de Joice Hasselmann, num flagrante de plágio, sem o menor constrangimento, não respeita a autoria de um texto do correspondente em Genebra, Jamil Chade.

Não bastasse a ligação com milícias, QI deficitário, mentiras, falcatruas, destempero, fascínio por torturadores, ditadores e muito, muito mais, como é sabido por todos, o presidente Jair Bolsonaro agora é um plagiador.

 

 

*Com informações do DCM

Sistema de gravação da portaria do condomínio de Bolsonaro pode ter sido adulterado, mas MP-RJ ignorou

A perícia feita pelo Ministério Público do Rio de Janeiro nas gravações da portaria do condomínio do presidente Jair Bolsonaro não avaliou a possibilidade de algum arquivo ter sido apagado ou renomeado antes de entregue às autoridades, aponta documento apresentado à Justiça.

Foi com base nessa análise que a Promotoria classificou como falsa a menção ao presidente feita pelo porteiro do condomínio Vivendas da Barra. As promotoras envolvidas no caso afirmam que foi o policial militar aposentado Ronnie Lessa, acusado de matar a vereadora Marielle Franco (PSOL), quem autorizou a entrada de Élcio Queiroz, ex-policial militar também envolvido no crime.

Documento entregue à Justiça mostra ainda que as bases da perícia foram feitas à toque de caixa na quarta-feira (30), antes da entrevista coletiva sobre o caso. O Ministério Público não se manifestou sobre as lacunas da perícia.

Reportagem do Jornal Nacional de terça-feira (29) apontou que um porteiro (cujo nome não foi revelado) deu depoimento dizendo que, no dia do assassinato de Marielle, Élcio Queiroz afirmou na portaria do condomínio que iria à casa de Bolsonaro, na época deputado federal.

Pelo depoimento do porteiro apresentado pela emissora, ao interfonar para a casa de Bolsonaro, um homem com a mesma voz do presidente teria atendido e autorizado a entrada. O suspeito, no entanto, teria ido a outra casa dentro do condomínio.

O funcionário relatou ter interfonado uma segunda vez para a casa de Bolsonaro, tendo sido atendido pela mesma pessoa, que afirmou saber que a casa 66 era o real destino do visitante. A planilha manuscrita de controle de entrada de visitantes, apreendida no dia 5 de outubro, registra a entrada de Élcio para a casa 58, do presidente.

Nesta quarta, a promotora Simone Sibilio afirmou que a investigação teve acesso à planilha da portaria do condomínio e às gravações do interfone e que ficou comprovado que a informação dada pelo porteiro não procede.

Segundo a Promotoria, há registro de interfone para a casa 65 (enquanto a casa de Bolsonaro é a de número 58), e a entrada de Élcio foi autorizada pelo morador do imóvel, Ronnie Lessa.

A mídia com a gravação foi entregue à Polícia Civil no dia 7 de outubro pelo síndico do condomínio. Nela constavam arquivos referentes aos mês de janeiro, fevereiro e março.

A entrega ocorreu dois dias depois de policiais terem feito busca e apreensão na portaria do Vivendas da Barra em busca da planilha de controle de entrada de visitantes.

No mesmo dia 7, o porteiro foi ouvido -ele foi reinterrogado dois dias depois, reafirmando o relato inicial, envolvendo Bolsonaro.

O único objetivo da análise nos arquivos entregues pelo síndico foi confirmar se é de Ronnie Lessa a voz que autoriza a entrada do ex-policial militar Élcio Queiroz.

Os peritos usaram como base de comparação o interrogatório do PM aposentado dado à Justiça no caso Marielle no dia 4 de outubro.

Os questionamentos das promotoras aos peritos não incluem perguntas sobre a possibilidade de algum arquivo ter sido apagado ou renomeado. O nome do arquivo é que indica qual casa recebeu a ligação da portaria -o arquivo que apresenta o anúncio de Élcio a Lessa tem o trecho B65, indicando ter como destino a casa 65.

O documento também indica que os técnicos não tiveram acesso ao computador de onde os dados foram retirados.

O presidente da Associação Brasileira de Criminalística, Leandro Cerqueira, afirmou que, sem acesso à máquina em que os arquivos foram gravados, não é possível identificar se um arquivo foi apagado ou renomeado.

“A edição pura e simples, se cortou alguma coisa, dá pra fazer [apenas com a cópia]. O arquivo pode não estar editado, mas pode ter sido trocado. Tem ‘n’ coisas que aí não é a perícia no áudio, é a perícia da informática. Para ver se não foi alterada a data ou qualquer outra coisa nesse sentido, tem que ter acesso ao equipamento original. A perícia vai lá, faz um espelho, e pericia o espelho, para garantir a idoneidade da prova”, afirmou.

A perícia do Ministério Público também foi alvo de críticas da Associação Nacional dos Peritos Criminais Federais.

“É temerário o possível arquivamento de uma notícia de fato sem que tenha havido a solicitação do devido exame pericial oficial. Isso abre espaço para que tome conta do debate uma guerra de versões e opiniões, distantes da materialidade dos fatos”, afirma a nota do presidente da associação, Marcos Camargo.

Os papéis da Justiça apontam ainda que as promotoras do caso só enviaram nesta quarta ao setor técnico as questões a serem respondidas sobre as gravações. O Ministério Público declara ter tido acesso aos arquivos no dia 15 de outubro.

O Ministério Público disse também não ser possível confirmar ainda nem mesmo se a gravação registrada na portaria é do mesmo porteiro que prestou depoimento.

Os autos da Justiça também não fazem menção a arquivos do circuito interno de TV do condomínio, para corroborar a versão de que Élcio entrou apenas uma vez no local naquele dia.

Na entrevista desta quarta, as promotoras julgaram que a perícia realizada é suficiente para considerar falsa a declaração do porteiro, de que o acusado teve a entrada liberada no condomínio por uma pessoa que estava na casa de Bolsonaro.

A Promotoria não citou hipóteses que possam explicar por que houve anotação incorreta do número da casa, bem como os depoimentos do funcionário do condomínio. Disse, apenas, que isso pode ter ocorrido por vários motivos e que eles serão apurados.

“Todas as pessoas que prestam falso testemunho podem ser processadas. […] O porquê do porteiro ter dado esse depoimento será investigado. Se ele mentiu, se equivocou ou esqueceu”, disse Simone Sibilio.

De acordo com o Ministério Público, a planilha de entrada no condomínio não foi apreendida no dia da prisão de Lessa e Queiroz, em março. A promotora Carmen Carvalho afirmou que a polícia não recolheu o material porque não havia registro de entrada para a casa 65.

“A busca era direcionada ao Lessa e não havia entrada para a casa 65 [na planilha]”, disse Carvalho.

Sibilio afirmou que a polícia não sabia em março que havia um sistema de gravações entre a portaria e os moradores.

“Gravação não é comum. Nem moradores sabiam que existia”, disse.

A planilha só se tornou alvo da investigação em outubro quando peritos conseguiram acessar dados do celular de Lessa. O aparelho foi apreendido em março, no dia da prisão, mas estava bloqueado por senhas.

Ao conseguir desbloquear o celular, os investigadores notaram que a mulher de Lessa enviou para o marido, em janeiro, uma foto da planilha de entrada do condomínio, que indicava acesso à casa 58.

O envio foi feito em 22 de janeiro, dois dias antes de Lessa e Queiroz serem ouvidos na Delegacia de Homicídios sobre o assassinato -na ocasião, eles estavam soltos, ainda sob investigação.

Com base nesse indício, a polícia realizou a busca e apreensão dos documentos no dia 5 de outubro.

O Ministério Público não se manifestou sobre as lacunas na perícia dos arquivos entregues pelo condomínio.

 

 

*Com informações do Jornal do Brasil