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Nomeação de pastor para cuidar de índios isolados pode gerar um genocídio, diz especialista

A Fundação Nacional do Índio (Funai) confirmou, nesta quarta-feira (5), a nomeação do ex-missionário evangélico Ricardo Lopes Dias para o cargo de coordenador-geral de proteção a índios isolados e de recente contato.

Atualmente a Funai contabiliza 107 registros da presença de índios isolados em toda a Amazônia Legal.

Ricardo Lopes Dias foi ligado à Missão Novas Tribos do Brasil (MNTB), entidade conhecida por seu trabalho de evangelização de indígenas, prática criticada por antropólogos e indigenistas.

Em entrevista à Sputnik Brasil, Antonio Eduardo Oliveira, secretário-geral do Cimi (Conselho Indigenista Missionário), explicou que o tratamento do governo brasileiro desde a Constituição de 88 às comunidades indígenas isoladas era o de proteção, ao invés da aproximação.

Ou seja, segundo explicou Antonio Eduardo Oliveira, não se buscava o contato com indígenas isolados.

Segundo o indigenista, a nomeação de Ricardo Lopes Dias vai na contramão dessa filosofia.

“A nomeação do referido funcionário ou pastor vem ao encontro desse desejo do governo de descaracterizar essas frentes de proteção e voltar a uma dinâmica do período da ditadura de atração, de contato, desses povos, o que significa um verdadeiro genocídio porque esses povos são muito sensíveis a qualquer possibilidade de contato”, afirmou Oliveira.

Antonio Eduardo Oliveira atribui a hipótese de mudança na filosofia de proteção aos indígenas isolados ao fato de Ricardo Lopes Dias ter trabalhado na MNTB.

“Eles não têm resistência física para o contato com o não-índio. Então isso vai significar um genocídio para esses povos, porque o referido pastor ele já vem desse tipo de atuação, ele faz parte de uma igreja evangélica que tem esse tipo de filosofia de trabalho, de atrair esses povos para o convívio para a sociedade”, disse.

Antonio Eduardo Oliveira disse que a nomeação de Ricardo Lopes Dias pode vir acompanhada de outras ações que ameaçam a vida de comunidades indígenas.

“Não é só a nomeação do pastor, mas são várias ações que poderão a vir no sentido de interferir na continuidade ou no projeto de vida desses povos”, completou.

 

 

*Com informações do Sputnik

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