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Alemanha ataca “show” de Trump; Europa detecta risco de violência nos EUA

O tom desafiador de Donald Trump em sua última declaração à imprensa e as acusações falsas de corrupção e fraude na apuração de votos levam governos estrangeiros a temer pela eclosão da violência nos EUA.

“Os Estados Unidos são mais do que um show de um homem só”, disse o ministro alemão das Relações Exteriores, Heiko Maas, abandonando a tradição de não se envolver em assuntos domésticos eleitorais dos EUA.”

“Aqueles que continuam a acrescentar combustível ao fogo na situação atual estão agindo de forma irresponsável”, denunciou. Para ele, “os perdedores decentes são mais importantes para o funcionamento da democracia do que os vencedores brilhantes”.

Um dia antes, o Ministério da Defesa da Alemanha já havia alertado para o risco de uma “crise constitucional” e uma situação “explosiva”.

Membros do corpo diplomático europeu indicaram ainda que foram alertados por serviços de inteligência sobre o risco de violência. A informação também chegou ao Itamaraty, em Brasília.

O tom incendiário ainda foi promovido pelo ex-conselheiro de Trump, Steve Bannon. O Twitter suspendeu permanentemente sua conta depois que Bannon afirmou que Anthony Fauci deveria ser decapitado. Num vídeo, ele ainda repetiu a narrativa de Trump de que ele venceu a eleição, algo que os números oficiais negam.

Mediadores que estiveram em contato com a família de Trump na Casa Branca nos últimos dias acreditam que o risco de violência é ainda real, ainda que a dimensão possa ser bem menor do que havia sido previsto.

Na esperança de evitar uma crise constitucional e social, negociadores que tradicionalmente foram enviados para buscar acordos de paz com governos estrangeiros estiveram focados em evitar que seu próprio país entrasse em colapso.

Uma missão internacional de observadores também constatou o risco de que o comportamento de Trump ameace o processo. O grupo de mais de 100 especialistas foi enviado pela OSCE para acompanhar o pleito nos EUA e considerou o comportamento do presidente de “abuso de poder”.

“Os ingredientes para a agitação social estão presentes”

Antes mesmo da eleição, entidades já tinham feito alertas de que um cenário de violência poderia ocorrer. O International Crisis Group, por exemplo, indicou que “os ingredientes para a agitação estão presentes”.

“O eleitorado é polarizado, ambos os lados enquadram os riscos como existenciais, os atores violentos podem interromper o processo e é possível uma contestação prolongada. A retórica muitas vezes incendiária do Presidente Donald Trump sugere que ele irá mais provavelmente aumentar do que acalmar as tensões”, indicou o grupo, dias antes da votação.

“Além das implicações para qualquer americano apanhado pela agitação, a eleição será um prenúncio de que suas instituições podem guiar os EUA com segurança através de um período de mudanças sócio-políticas. Caso contrário, o país mais poderoso do mundo poderá enfrentar um período de instabilidade crescente e uma credibilidade cada vez menor no exterior”, alertou.

Para o grupo, a história americana e a situação atual precisam ser levadas em conta. “Os Estados Unidos tem visto escravidão, guerra civil, linchamentos, conflitos trabalhistas e a limpeza étnica dos povos indígenas. As feridas desses legados nunca sararam completamente. O país está inundado de armas de fogo, tem níveis de homicídios por armas inigualáveis por qualquer outro país de alta renda e é o lar de um movimento de supremacia branca que, como discutido abaixo, está crescendo em virulência”, alertou.

“A injustiça racial, a desigualdade econômica e a brutalidade policial são fontes crônicas de tensão, que periodicamente se transformam em manifestações pacíficas em larga escala e, às vezes, em tumultos civis”, disse.

Já o Instituto Brookings apontou que o FBI e as empresas de mídia social estão “todos em alerta, tentando identificar indivíduos potencialmente violentos”.

Segundo a análise, se a violência for limitada, a aplicação da lei pode impedi-la de se transformar numa bola de neve. “A maior incerteza, infelizmente, é o próprio Presidente dos Estados Unidos. Ele tem o poder de aliviar a ameaça ou de exacerbar a polarização”, previa o grupo, dias antes do pleito.

 

*Jamil Chade/Uol

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Por Celeste Silveira

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