Mês: novembro 2020

União Europeia quer critério climático no comércio mundial e pressiona governo Bolsonaro

Se depender da Europa, a pressão ambiental sobre as exportações brasileiras vai aumentar. A partir de hoje, líderes das maiores economias mundiais se reúnem para a cúpula do G-20 e, na agenda, estará o esboço de uma arquitetura para o mundo pós-pandemia.

Uma das propostas feitas pela UE (União Europeia) é de que todos os acordos comerciais sejam permeados e condicionados por critérios de compromissos ambientais, de biodiversidade, emissões de gases e climáticos.

Os europeus não querem que isso se limite aos tratados bilaterais. Mas também à própria reforma da OMC (Organização Mundial do Comércio), a partir de 2021, com ideias sobre o estabelecimento até mesmo de impostos climáticos sobre bens que viriam de países onde as leis ambientais não sejam da mesma dimensão. O presidente Jair Bolsonaro também defende uma reforma da OMC, mas não nos mesmos termos de Bruxelas.

A esperança da UE é de que o tema ganhe o apoio de Joe Biden, o presidente eleito americano, que já indicou às capitais europeias que colocará o clima no centro de sua agenda. A volta dos Estados Unidos (EUA) ao Acordo de Paris também está sendo visto como um incentivo para que se pressione países no que se refere às metas de emissões de CO2.

Além disso, o G-20 será liderado por um governo europeu — a Itália — e que já indicou que colocará a questão ambiental como prioridade das negociações durante todo o ano.

Nos bastidores, diplomatas brasileiros confirmam que as propostas europeias no G-20, se tiverem o apoio americano, poderão representar um desafio inédito para o governo em Brasília.

Trump vinha bloqueando agenda ambiental Ao longo dos últimos dois anos, a agenda ambiental só não esteve mais presente na cúpula do G-20 por conta da oposição de Donald Trump diante do tema. A Casa Branca bloqueou negociações que pudessem indicar mais ambição ou qualquer tipo de compromisso. Para o Brasil, a blindagem americana teve um apoio positivo, evitando que o país estivesse ainda mais exposto às críticas internacionais.

Mas, com a cúpula deste fim de semana representando o adeus internacional de Trump, os demais governos já se prepararam para incrementar a pressão sobre o tema.

Antecipando uma crítica, Bolsonaro também usou a reunião dos Brics nesta semana para fazer ameaças veladas aos governos europeus, no que se refere à compra de madeira ilegal. Numa live promovida na noite de quinta-feira, o presidente voltou a criticar a França, argumentando que existem motivos comerciais para que Paris adote uma postura contrária ao Brasil.

A resposta europeia, porém, será mais estrutural e mais ampla que críticas isoladas. Ursula van der Leyen, presidente da Comissão Europeia, deixou claro que o objetivo é o de estabelecer um modelo em que países terão de “desconectar o crescimento de suas economias da exploração de recursos naturais”. Um dos temas principais do governo brasileiro ao se defender das críticas é justamente sobre a necessidade de promover o desenvolvimento e crescimento de sua economia.

 

*Jamil Chade/Uol

Siga-nos no Whastapp: https://chat.whatsapp.com/FDoG2xe9I48B3msJOYudM8

Apoie o Antropofagista com qualquer valor acima de R$ 1,00

Caixa Econômica: Agência 0197
Operação: 013
Poupança: 56322-0
Arlinda Celeste Alves da Silveira
CPF: 450.139.937-68
Agradecemos imensamente a sua contribuição

 

 

Bolsonaro diz que estava certo em matar até aqui quase 170 mil brasileiros com a pandemia

Cínico e sórdido, Bolsonaro disse que o tempo provou que o caminho adotado por ele para lidar com a pandemia era o correto.

Para quem tem fascínio pela morte, para quem tem em sua cabeceira o livro de Brilhante Ustra, ele está certíssimo. Motivo de piada internacional, o ogro verde e amarelo disse que era preciso cuidar da saúde e da economia, só não se sabe o que é mais frágil. Bolsonaro afirma que o tempo está provando que ele estava certo. A economia brasileira ao cacos, quase 170 mil mortos por culpa dele e ainda dá uma declaração dessa ao G20.

Depois de ler a matéria de Jamil Chade, que segue abaixo, pensa-se, como se chegou a isso? Como o Brasil , depois do golpe em Dilma, tem como presidente da República um sujeito que menospreza a morte das pessoas, que comanda o dia do fogo na Amazônia e que defende a derrubada do pantanal para se transformar em pasto, sem falar nas suas cotidianas declarações racistas, homofóbicas e outros absurdos promovidos pelo fascista tropical.

Jamil Chade: Ao G-20, Bolsonaro não cita mortes e diz que estava “certo” sobre pandemia

O “tempo provou” que o caminho adotado pelo Brasil para lidar com a pandemia da covid-19 era o correto. O recado é do presidente Jair Bolsonaro, numa mensagem promocional gravada aos demais líderes do G-20 e que foi difundida nesta manhã pelos organizadores da cúpula que ocorre neste fim de semana. Em sua breve fala, nenhuma mensagem sobre as vítimas da doença e nem sobre sua insistência em promover tratamentos sem comprovação científica e sua atitude de minimizar a violência do vírus.

“Neste ano, enfrentamos desafios sem precedentes na história recente”, disse Bolsonaro. “A cooperação no âmbito do G-20 é essencial para superarmos a pandemia da covid-19 e retomarmos o caminho da recuperação econômica e social”, afirmou.

“Desde o início ressaltamos que era preciso cuidar da saúde e da economia, simultaneamente. O tempo vem provando que estávamos certos”, disse. “Devemos manter o firme compromisso para trabalhar pelo crescimento econômico e a liberdade de nossos povos e a prosperidade do mundo”, completou.

Durante este sábado, Bolsonaro ainda irá fazer um discurso oficial ao grupo que se reúne de forma virtual. O encontro, porém, não será aberto à imprensa.

Em sua declaração final, o G-20 irá insistir que só o controle da pandemia dará espaço para a retomada do crescimento mundial. Mas o grupo também reconhece que é preciso agir para garantir empregos.

“Estamos determinados a continuar a usar todas as ferramentas disponíveis, pelo tempo que for preciso, para proteger a vida, o emprego e a renda das pessoas, apoiando a recuperação da economia global e aprimorando a resiliência do sistema financeiro, enquanto o protegemos de riscos”, diz o rascunho do comunicado.

O posicionamento de Bolsonaro jamais foi questionado pela comunidade internacional no que se refere à necessidade de manter uma atenção especial à renda das famílias. O que foi questionado de sua gestão é a insistência em minimizar o vírus, em promover soluções sem base científica, em promover aglomerações, em se recusar a ouvir as recomendações da OMS e em menosprezar o impacto das mortes.

O Brasil, como resultado, é um dos países com o maior número de casos e de mortes do mundo.

Clima

Mas o G-20 deve ainda focar seu debate sobre a questão climática e como garantir que, num novo modelo de crescimento, medidas para garantir a sustentabilidade sejam implementadas. Bolsonaro não fez nenhuma referência a isso em sua mensagem.

Já Giuseppe Conte, primeiro-ministro da Itália e o presidente do G-20 em 2021, também emitiu uma mensagem na qual ele indica a necessidade de que o “novo normal” a ser criado após a pandemia não pode ser apenas restabelecer o que existia no passado. “Precisamos criar um novo normal melhor”, disse. Conte, ao contrário de Bolsonaro, aponta para a questão climática como um dos centros dessa resposta.

Boris Johnson, primeiro-ministro britânico, também insistiu sobre a questão climática e revelou como seu governo apresentou um pacote para promover uma “revolução industrial verde” na economia. Para ele, o mundo precisa de um “futuro mais verde” e isso só será possível se governos assumirem ações “mais ambiciosas”.

“Peço que os demais líderes façam promessas amplas para derrotar a pandemia e proteger nosso futuro”, disse Johnson.

Pedro Sanchez, presidente do governo espanhol, também defendeu que os líderes do G-20 se unam por um “mundo mais justo e mais verde”.

Siga-nos no Whastapp: https://chat.whatsapp.com/FDoG2xe9I48B3msJOYudM8

Apoie o Antropofagista com qualquer valor acima de R$ 1,00

Caixa Econômica: Agência 0197
Operação: 013
Poupança: 56322-0
Arlinda Celeste Alves da Silveira
CPF: 450.139.937-68
Agradecemos imensamente a sua contribuição

 

Vídeo: Manifestantes ateiam fogo no Carrefour da Pamplona, em São Paulo

Atos de protesto contra o assassinato de João Alberto Silveira Freitas ocorrem em várias cidades do País neste Dia de Zumbi e da Consciência Negra. Numa unidade do Carrefour em São Paulo, manifestantes puseram fogo e destruíram itens à venda.

Manifestantes em São Paulo protestam contra o racismo e a empresa Carrefour, que foi novamente envolvida em um caso de racismo, após dois seguranças da empresa, em Porto Alegre, assassinarem um homem negro na noite de quinta-feira, 19.

O ato em São Paulo iniciou no Masp, na Avenida Paulista, no centro da cidade, e foi até o Carrefour da Pamplona, onde os manifestantes, revoltados com os casos de racismo, atearam fogo no supermercado.

https://twitter.com/J_LIVRES/status/1329906656382160902?s=20

https://twitter.com/Alma_Preta/status/1329905015012683783?s=20

 

*Com informações do 247

Siga-nos no Whastapp: https://chat.whatsapp.com/FDoG2xe9I48B3msJOYudM8

Apoie o Antropofagista com qualquer valor acima de R$ 1,00

Caixa Econômica: Agência 0197
Operação: 013
Poupança: 56322-0
Arlinda Celeste Alves da Silveira
CPF: 450.139.937-68
Agradecemos imensamente a sua contribuição

Vídeo – Consciência Negra: A fala fundamental de Lula escancara a hipocrisia da elite racista

Um pronunciamento fundamental para o povo brasileiro que, embora não pareça, é formado por maioria de negros e pardos, mas que, infelizmente também conta com uma elite preconceituosa, racista e que se acha branca, mesmo sendo fruto de uma bela e extensa miscigenação somente vista num país tão culturalmente rico e diverso, o BRASIL.

Assista à fala de Lula e, abaixo, leia a íntegra do seu discurso.

 

“Minhas amigas e meus amigos,

Hoje, 20 de novembro, é Dia Nacional da Consciência Negra.

Este é um dia que todas as brasileiras e todos os brasileiros têm de celebrar, independentemente de raça e cor. Porque este é um dia que define nosso país. Define o que somos e o que podemos ser.

Nunca me esqueço da viagem que fiz, em abril de 2005, à Ilha de Gorée, na costa do Senegal, um dos locais de onde africanos escravizados eram embarcados à força para as Américas.

Lembro-me da comoção que senti ao entrar nas celas onde homens, mulheres e crianças eram mantidos presos até serem embarcados nos navios negreiros.

Não consegui conter a emoção na Porta do Nunca Mais. Quem passava por aquela porta era lançado nos porões dos navios rumo às Américas. Nunca mais voltaria à África. Perdia definitivamente sua terra, sua família e sua liberdade. Minha emoção foi tanta que, em nome do povo brasileiro, pedi desculpas à África e aos africanos pela escravidão.

No Benim, dizem que os escravos, antes de embarcar, eram obrigados a dar sete voltas em torno da Árvore do Esquecimento, para renunciar à sua identidade e à sua história.

A escravidão começava, assim, pelo esquecimento forçado da condição humana. E o racismo se mantém, em grande parte, pelo esquecimento do processo que nos formou como país.

É por isso, minhas amigas e meus amigos, que este Dia Nacional da Consciência Negra é tão importante. Instituído na data da morte de Zumbi, herói da luta contra a opressão dos colonizadores em Palmares, esse dia lembra o que não pode ser esquecido.

A data de hoje recorda a terrível realidade da escravidão, mas lembra também o exemplo da luta gloriosa do povo negro por sua libertação. Rememora as noites angustiantes nos navios negreiros, mas lembra também o amanhecer corajoso de Zumbi e Dandara em Palmares.

Esse dia nos faz também lembrar que o fim da escravidão, longe de representar a libertação do povo negro, deu início a um longo processo de discriminação e exclusão, que está na raiz das desigualdades raciais e sociais do Brasil de hoje.

Mas esse dia lembra, sobretudo, a incrível resistência do povo negro contra a escravidão e o racismo. Ele homenageia os esquecidos heróis e heroínas da Revolta dos Malês, da Revolta do Engenho de Santana, da Revolta das Carrancas, do Quilombo do Ambrósio, do Quilombo do Jabaquara, da Conjuração Baiana, da Revolta de Manoel Congo e de tantas outras revoltas que mostram que a escravidão não conseguiu aprisionar a alma guerreira das negras e dos negros do Brasil.

Esse dia não deixa esquecer que, em 1890, Ruy Barbosa mandou queimar parte dos arquivos da escravidão brasileira, como se a destruição de documentos pudesse destruir a realidade histórica e apagar a vergonha da escravidão.

Esse dia recorda que o Brasil foi construído também por mãos negras escravizadas e pelo talento de muitos filhos de escravos. O país de Machado de Assis e Lima Barreto. De Maria Firmina, Luís Gama, José do Patrocínio, João Cândido, Carolina de Jesus, Gilberto Gil, Abdias do Nascimento, Conceição Evaristo e Benedita da Silva, Martinho da Vila, todos descendentes de escravos.

O país de intelectuais negros e negras que ajudaram na formação da inteligência nacional e na compreensão da sociedade brasileira, a exemplo de Milton Santos, Joaquim Nabuco, Lélia Gonzáles, Manoel Querino, André Rebouças, Guerreiro Ramos, Beatriz Nascimento, Joel Rufino e Clóvis Moura.

A negritude está em todos nós, independentemente da cor da nossa pele. Somos filhos da África. Existe uma grande e bela África no coração do Brasil.

Durante mais de três séculos, cerca de 12 milhões e 500 mil pessoas foram arrancadas de suas raízes na África, escravizadas e deportadas para as Américas e o Caribe.

Cerca de 1 milhão e 800 mil homens, mulheres e crianças morreram na travessia do Atlântico, feita em condições subumanas. Em média, 14 cadáveres, foram lançados ao mar, todos os dias (todos os dias!) ao longo de 350 anos. Essa é, portanto, uma história de dor e sofrimento. Uma tragédia como nunca se viu antes na história da humanidade.

O Brasil foi o principal destino desse tráfico vergonhoso. Entraram nos portos brasileiros quase 5 milhões de escravos. Entre 1550 e 1850, de cada cem indivíduos entrados no Brasil, 84 eram escravos africanos, e somente 16 eram colonos ou imigrantes portugueses.

Assim, os povos africanos foram bem mais importantes para a formação histórica inicial do Brasil do que muita gente imagina. Somos hoje o segundo país do mundo com maior população negra, atrás apenas da Nigéria, de onde vieram muitos de nossos avós.

Se o Brasil fosse uma árvore, como a Árvore do Esquecimento, veríamos que a escravidão e o racismo estão impregnados em suas raízes históricas.

O Brasil foi o último país a acabar com o tráfico de africanos escravizados e o último abolir a escravidão nas Américas. Vivemos quase 4 séculos de escravismo brutal.

Isso deixou marcas profundas em nossa sociedade. Marcas estruturais que alguns querem negar e esquecer.

O governo genocida atual está totalmente empenhado em negar o papel da escravidão na formação do Brasil, o racismo estrutural que define profundamente nossa sociedade e, sobretudo, a luta da população negra contra sua opressão histórica.

Temos um presidente que afirma que os quilombolas têm de ser pesados em arrobas, como gado, e que esses descendentes dos combatentes contra a escravidão não servem nem para procriar.

Temos um governo que defende as velhas e falsas ideias de que a escravidão não foi tão ruim assim para os negros, de que os povos africanos foram responsáveis pela escravidão e de que não há racismo no Brasil.

Mais da metade da população brasileira é negra. Mas, mesmo sendo maioria, negras e negros ainda se encontrem nos patamares mais cruéis de desigualdade, pobreza e de violência.

No Brasil, a desigualdade e a pobreza têm cor.

De acordo com o IBGE, quase um terço dos negros brasileiros está abaixo da linha da pobreza, ao passo que entre os brancos, esse índice é de cerca de 15%. Na pobreza extrema estão quase 9 % dos negros, enquanto esse número entre os brancos é de menos de 4 %.

Ou seja, meus amigos, as negras e os negros são duas vezes mais pobres que os brancos.

Em nosso país, o desemprego e o subemprego também têm cor.

Em 2018, conforme o IBGE, quase 30% da população negra e parda estava desempregada ou subocupada. Entre os brancos, o mesmo índice era de 18%.

As mulheres negras são as mais penalizadas pelos processos de exclusão social herdados da escravidão. Mesmo com curso superior, elas ganham a metade do que ganham os homens brancos para exercerem a mesma função.

A doença também tem cor. Negras e negros são os que mais adoecem e os que menos têm acesso à saúde.

Eles compõem o público mais exposto ao novo coronavírus, devido à sua condição de pobreza, de desemprego, de trabalho informal, de localização em vilas e favelas sem saneamento básico.

Em nosso país, a violência definitivamente tem cor. Ela se abate ferozmente, como o chicote do pelourinho, na pele negra.

Nos últimos 10 anos, mais de 650 mil pessoas negras foram assassinadas no Brasil. E os negros são quase 80% dos mortos pela polícia.

No Brasil, os negros, especialmente os jovens negros, são vítimas de um genocídio: um jovem negro corre três vezes mais risco de ser assassinado que um jovem branco.

Além disso, de cada três presos, dois são negros.

Minhas amigas e meus amigos,

Para as elites brasileiras conservadoras, as vidas negras não contam. São descartáveis. Servem apenas como mão-de-obra barata para um sistema racista profundamente injusto e desigual.

Essa realidade terrível e vergonhosa do racismo está entranhada nas relações sociais, na vida cotidiana e nas instituições.

O racismo está na forma como enxergamos a sociedade e o mundo. Ele está na crueldade dos preconceitos que impedem que vejamos a humanidade comum no diferente.

Existe um racismo silencioso e cúmplice, que muitas vezes não se expressa em palavras ofensivas e injuriosas, mas que nega oportunidades à imensa maioria do povo brasileiro com base apenas na cor da pele. Esse é, portanto, um racismo corrosivo, que destrói o nosso futuro, porque impede que milhões e milhões de brasileiros realizem plenamente as suas vocações e talentos.

Por isso, o racismo desumaniza a todos nós.

Por isso, precisamos combatê-lo juntos. Essa é uma tarefa de todas e de todos que acreditam e lutam pela democracia e pela justiça social, e não somente dos negros e das negras.

Minhas amigas e meus amigos,

Nos quase dois anos de encarceramento injusto que passei, pude ler muito sobre a escravidão e o racismo no Brasil. Descobri que o racismo sempre foi uma prática das elites brancas brasileiras para subjugar as pessoas negras e manter a dominação econômica, social, política e racial.

Entendi, com as lições do Movimento Negro, que as pessoas brancas têm uma grande responsabilidade no combate ao racismo. Que existem privilégios por ser branco no Brasil e que mesmo a pessoa branca e pobre ainda consegue ser mais protegida do que aquela negra e pobre.

Compreendi quão importantes foram as políticas de ações afirmativas e de igualdade racial implementadas no meu governo e da presidenta Dilma, como a criação do Estatuto da Igualdade Racial, o reconhecimento das terras dos quilombolas e as cotas para o ensino superior e o funcionalismo público, que vêm dando grandes oportunidades para que as negras e os negros do Brasil mostrem sua competência.

Mas, hoje, tenho a certeza de que é necessário fazer muito mais.

Se quisermos ter um futuro de justiça e democracia, precisamos combater e superar o racismo. Não basta não ser racista. Precisamos urgentemente ser antirracistas.

Sem igualdade étnica e racial, assim como sem igualdade de gênero, não há democracia de verdade, não há cidadania efetiva e não haverá desenvolvimento. Com racismo, não há sequer soberania.

Um Brasil racista será sempre pobre, injusto, pequeno e frágil.

Portanto, para se reconstruir e transformar o Brasil, como desejamos, precisamos de uma democracia que se assuma antirracista. Precisamos de uma sociedade antirracista.

Em nome da vida, da vida de todas e todos, precisamos superar o racismo.

Minhas amigas e meus amigos,

Esse Dia Nacional da Consciência Negra serve também para nos lembrar que os negros, na verdade, jamais foram subjugados pela escravidão. Que o povo negro não é o que escravidão e o racismo fazem dele. Que ele é muito maior e mais forte do que isso que as elites deste país tentaram lhe impor ao longo dos séculos.

O grande Nelson Mandela escreveu:

Ninguém nasce odiando outra pessoa pela cor de sua pele, por sua origem ou ainda por sua religião. Para odiar, as pessoas precisam aprender, e se podem aprender a odiar, elas podem aprender a amar.

O racismo é filho do ódio e da intolerância. É também filho do medo ao diferente e do desejo de manter antigos privilégios. Ele vem de um mundo atrasado, triste e sombrio.

Mas se, como disse Mandela, ensinarmos as pessoas a amar, construiremos, todos juntos, um novo mundo democrático, igualitário e bem mais feliz. Um mundo sem racismo e ódio. Um mundo com a coragem de Zumbi e Dandara, pois o ódio é covarde e o amor é valente. Um mundo luminoso de vida para o Brasil.

Esse mundo, minha gente, é possível. E não é só possível. Esse é o mundo necessário para que todos sejam livres. Para que todos sejamos humanos.

É o mundo de que todos, negros e brancos, precisamos.

Amanhecemos transtornados com as cenas brutais de agressão contra João Alberto Freitas, um homem negro, espancado até a morte no Carrefour. O racismo é a origem de todos os abismos desse País. É urgente interrompermos esse ciclo.”

Luiz Inácio Lula da Silva

*PT na Câmara

Siga-nos no Whastapp: https://chat.whatsapp.com/FDoG2xe9I48B3msJOYudM8

Apoie o Antropofagista com qualquer valor acima de R$ 1,00

Caixa Econômica: Agência 0197
Operação: 013
Poupança: 56322-0
Arlinda Celeste Alves da Silveira
CPF: 450.139.937-68
Agradecemos imensamente a sua contribuição

 

Vídeo: Grupo protesta em frente ao Carrefour em Brasília

“Racistas, fascistas não passarão”, gritaram manifestantes que seguravam cartazes pedindo boicote à rede, após um homem negro ser assassinado em uma loja de Porto Alegre.

Depois de saber do assassinato de João Alberto Silveira Freitas por dois seguranças de um Carrefour em Porto Alegre, um grupo de manifestantes se reuniu em frente a um dos supermercados da rede em Brasília para protestar. “Racistas, fascistas não passarão. Abaixo o Carrefour”, gritaram no início da tarde desta sexta-feira (20/11). Nas mãos, as pessoas levavam cruzes de papelão e cartazes pedindo boicote à rede.

Carregando uma faixa com a frase “vidas negras importam”, as pessoas ainda entraram na loja e circularam pelos corredores. No Rio Grande do Sul, internautas marcam protesto semelhante para as 18h desta sexta na loja onde o caso aconteceu. Em Brasília, a deputada Federal Erika Kokay (PT-DF) participou das manifestações e transmitiu ao vivo pelas redes sociais. Veja o registro:

Entenda

Depois de um suposto desentendimento dentro da loja, João Alberto foi espancado até a morte por dois seguranças no estacionamento do supermercado. A esposa da vítima presenciou tudo, mas foi impedida de socorrê-lo, segundo testemunhas. Um dos agressores é policial militar. No fim desta manhã, o governador do Rio Grande do Sul se pronunciou e disse que o caso será rigorosamente apurado. O crime ocorreu na véspera do Dia da Consciência Negra e causou revolta em todo o país.
O que diz o Carrefour

“O Carrefour informa que adotará as medidas cabíveis para responsabilizar os envolvidos neste ato criminoso. Também romperá o contrato com a empresa que responde pelos seguranças que cometeram a agressão. O funcionário que estava no comando da loja no momento do incidente será desligado. Em respeito à vítima, a loja será fechada. Entraremos em contato com a família do senhor João Alberto para dar o suporte necessário. O Carrefour lamenta profundamente o caso. Ao tomar conhecimento deste inexplicável episódio, iniciamos uma rigorosa apuração interna e, imediatamente, tomamos as providências cabíveis para que os responsáveis sejam punidos legalmente. Para nós, nenhum tipo de violência e intolerância é admissível, e não aceitamos que situações como estas aconteçam. Estamos profundamente consternados com tudo que aconteceu e acompanharemos os desdobramentos do caso, oferecendo todo suporte para as autoridades locais.”

O que diz a Brigada Militar

“Imediatamente após ter sido acionada para atendimento de ocorrência em supermercado da Capital, a Brigada Militar foi ao local e prendeu todos os envolvidos, inclusive o PM temporário, cuja conduta fora do horário de trabalho será avaliada com todos os rigores da lei. Cabe destacar ainda que o PM Temporário não estava em serviço policial, uma vez que suas atribuições são restritas, conforme a legislação, à execução de serviços internos, atividades administrativas e videomonitoramento, e, ainda, mediante convênio ou instrumento congênere, guarda externa de estabelecimentos penais e de prédios públicos. A Brigada Militar, como instituição dedicada à proteção e à segurança de toda a sociedade, reafirma seu compromisso com a defesa dos direitos e garantias fundamentais, e seu total repúdio a quaisquer atos de violência, discriminação e racismo, intoleráveis e incompatíveis com a doutrina, missão e valores que a Instituição pratica e exige de seus profissionais em tempo integral.”

 

 

*Com informações do Correio Braziliense

Siga-nos no Whastapp: https://chat.whatsapp.com/FDoG2xe9I48B3msJOYudM8

Apoie o Antropofagista com qualquer valor acima de R$ 1,00

Caixa Econômica: Agência 0197
Operação: 013
Poupança: 56322-0
Arlinda Celeste Alves da Silveira
CPF: 450.139.937-68
Agradecemos imensamente a sua contribuição

2020: o freio de arrumação das urnas

A expressão “freio de arrumação” expressa o momento em que, através de uma freada brusca, o motorista do ônibus dá uma “organizada” na aglomeração interna, desconcentrando passageiros que, de pé, estariam, segundo ele, atrapalhando o bom fluxo interno de entrada e saída do veículo. O objetivo da pisada inesperada no freio é rearrumar o ambiente, mesmo que para isso alguns acabem tomando algum susto.

A expressão me veio à mente ainda durante o dia de ontem, quando andei por algumas ruas do Rio de Janeiro. Mas se instalou em mim principalmente ao final da apuração das eleições municipais deste 15 de novembro de 2020. De dia, não vi (como em 2018) as indefectíveis camisas da CBF que proliferaram naquele ano, nem as bandeiras verde e amarela (que por mais um erro da esquerda nos foi tomada justamente por aqueles que entregaram, entregam e seguem entregando o País a interesses antinacionais, uma contradição em si). De noite, os números reafirmaram meu sentimento de que o eleitorado deu uma “arrumada no ônibus”.

Nosso povo foi às urnas, enfrentou o risco da Covid, as filas e deu recado bastante inverso ao de dois anos atrás. Não estamos acordando com desconhecidos conservadores da laia de witzel no Rio, zema em Minas, eduardo leite no sul, menos ainda com bolsonaros no Palácio do Planalto. Aliás, a grande maioria dos candidatos por ele apoiados na tal lista divulgada no sábado via tweeter não emplacou e onde vai ao segundo turno tem enormes possibilidades de perder, como no Rio.

Em São Paulo, a ida de Boulos ao segundo turno e os 1,84% de Joice Hasselmann na disputa pela prefeitura dão bem a tônica deste novo momento. No Rio, os mais famosos investigados por ligação com milícia não conseguiram se eleger. Sejamos honestos: a perspectiva era termos uma maior presença de milicianos no parlamento, não menor. Claro que o problema está longe de ser resolvido, mas da mesma forma que freio de arrumação não faz de um ônibus lotado um paraíso, os resultados de ontem já tornam a viagem menos insuportável.

A dimensão corrupto-fascista que tomou conta da seara política após o golpe de 2016 sofreu evidente revés. O fato de Carlos Bolsonaro ter tido 35 mil votos a menos que em 2016 (grosso modo, de cada três eleitores de quatro anos atrás, um deixou de votar nele) não é um fato isolado, por mais que ele tenha sido o segundo mais votado no Rio, mas atrás do Professor Tarcísio do PSOL. Os milhões de aficionados por Bolsonaro e seus seguidores eleitos na onda da baixíssima política de 2018 se não desapareceram, minguaram de forma evidente.

A direita está morta? Claro que não. Está mais viva do que nunca, com o MDB, DEM, PP, PSDB e aliados – que o jornalixo hipócrita tenta vender aos incautos como “centro” – seguindo presentes no País todo. A esquerda e seus aliados foram vitoriosos? Claro que não. Mas salta aos olhos que os votos dados aos candidatos do campo progressista para câmaras municipais importantes e que vão com chance de vitória nas cidades com segundo turno para disputar prefeituras (Manuela em Porto Alegre, Boulos em São Paulo, Arraes em Recife, Edmilson em Belém, sem falar em algumas cidades médias como Juiz de Fora) são notáveis e refletem este novo momento.

O fascismo corrupto está morto? Também não, infelizmente. Ao contrário, segue nos esgotos, promovendo ataques cibernéticos (como mostra Patrícia Campos Melo na Folha de hoje, 16/11), tentando desmoralizar a Justiça Eleitoral e já preparando os seus meliantes para tentar (como fez Trump) criar um clima de acusação de fraude para se manter no poder para além de 2022, caso derrotado.

Saibamos retirar das urnas de 2020 a força e a consciência necessárias para mantê-los em suas pocilgas e seguir avançando na construção do País justo pelo qual sempre lutamos.

*Álvaro Nascimento 

* jornalista, Doutor em Saúde Pública pela UERJ.

Siga-nos no Whastapp: https://chat.whatsapp.com/FDoG2xe9I48B3msJOYudM8

Apoie o Antropofagista com qualquer valor acima de R$ 1,00

Caixa Econômica: Agência 0197
Operação: 013
Poupança: 56322-0
Arlinda Celeste Alves da Silveira
CPF: 450.139.937-68
Agradecemos imensamente a sua contribuição

Localizada mãe de Adriano da Nóbrega: cresce a pressão sobre o clã Bolsonaro

VEJA localizou Raimunda Magalhães, mãe de Adriano da Nóbrega, miliciano que liderava um bando de matadores no Rio. Se ela contasse tudo o que sabe…

A silenciosa cidade de Astolfo Dutra, no interior montanhoso de Minas Gerais, guarda um segredo com alto potencial de causar estrondo. Entre seus 13 000 habitantes, consta uma senhora aposentada que teria desembarcado naquelas paragens vinda do Rio de Janeiro atrás de vida mais sossegada. Ali, ela mora com a mãe, que sofre de Alzheimer, e com uma neta cadeirante. Até uns meses atrás, ninguém imaginaria que Dona Vera, como a chamam, é Raimunda Veras Magalhães, 70 anos, envolvida no esquema de “rachadinha” implantado no gabinete de Flávio Bolsonaro, quando o hoje senador era deputado estadual. Pois bem: Dona Vera aparece entre os dezessete recém-denunciados pela bandalha, rol que abrange o filho do próprio presidente.

Ela vem a ser ainda mãe de Adriano da Nóbrega, ex-capitão do Bope acusado de chefiar uma quadrilha de matadores milicianos conhecida como Escritório do Crime, morto em fevereiro deste ano. Por suas ligações mais do que perigosas, a discreta residente de Astolfo Dutra é considerada pelos promotores testemunha-chave da engrenagem que teria irri­ga­do por mais de uma década a conta de funcionários fantasmas, como ela mesma — verba que ia parar em outros bolsos, segundo o Ministério Público do Rio.

Seu paradeiro permaneceu envolto em mistério durante mais de um ano de investigação. O MP chegou a tentar notificar Raimunda batendo à porta de uma filha, que não revelou onde estava a mãe. Os promotores só viriam a saber onde ela havia submergido ao rastrear o celular de Márcia Aguiar, mulher de Fabrício Queiroz, o ex-assessor faz-tudo de Flávio, que orquestrava a rachadinha. Naquele dezembro de 2019, Márcia foi ao encontro de Raimunda, junto com o advogado Luis Gustavo Botto Maia, com o objetivo de engendrar um plano de fuga para a família Queiroz. Também informa o inquérito que Adriano, então foragido, daria uma mãozinha.

VEJA localizou Raimunda. Nervosa, ela primeiro tentou se esconder para depois disparar, aos gritos: “Não tenho nada para dizer. Perdi meu menino e não quero mais papo com ninguém”, esquivou-se. A essa altura, alguns vizinhos definem Dona Vera como “arquivo vivo”. “A gente tem medo que venha alguém aqui, saia metralhando e acabe sobrando para quem estiver por perto”, comenta um deles.

Foi a pedido de Adriano que Raimunda, à época expos­ta nos holofotes da rachadinha, se mudou para o interior mineiro, onde já morava uma parte da família, incluindo duas irmãs, todos de origem cearense. Adriano nunca foi visto naquelas bandas, onde a mãe hoje passeia com trajes simples e gosta de pechinchar. “Ela separa três modelos, escolhe o mais baratinho e ainda chora desconto”, conta uma vendedora, lembrando que Raimunda sempre paga em dinheiro.

Sua aparente penúria contrasta com o patrimônio deixado por Adriano, na casa dos 10 milhões de reais. Expulso do Bope em 2013 por ligação com a contravenção, ele era dono de fazendas, casas, apartamentos, cavalos de raça, empresas, tudo em nome de laranjas. De acordo com uma reportagem de VEJA, Raimunda contribuiu com um depósito para a compra de uma das fazendas, no Tocantins. Ela é sócia ainda de três restaurantes na Zona Norte carioca — em um deles, o filho tinha participação oficialmente. Sua defesa, porém, reforça a imagem da dureza financeira. “A Raimunda ficou desassistida até juridicamente”, ressalta a advogada Manuela, que garante não estar recebendo honorários.

É verdade que dos salários na Assembleia Legislativa não sobrava muita coisa — e isso o inquérito da rachadinha explica. Como funcionária do gabinete de Flávio, entre março de 2016 e novembro de 2018, ela recebeu 252 600 reais, mas repassou 52 700 para Queiroz e sacou em espécie outros 186 500 — valores que somam 94% da remuneração total. A quebra de sigilo bancário de Queiroz revela mais uma, digamos, generosidade de Raimunda para com o amigo: 69 200 reais vieram de dois de seus restaurantes.

O MP afirma, com base no rastreamento de seu celular, que ela não ia ao emprego — era uma “assessora fantasma”. Sua defesa sustenta que isso não procede, já que Raimunda sempre trocava de celular por recomendação do filho. Aliás, foi Adriano, que trabalhou com Queiroz na PM, quem intermediou a nomeação da mãe e de sua ex-­mulher, Danielle Mendonça — que, além de denunciada, estaria com câncer de mama e sofrendo de síndrome do pânico. No início do anos 2000, Adriano chegou a ser instrutor de tiro de Flávio, que lhe deu uma medalha pelos serviços prestados na polícia. É toda essa teia que Dona Vera tenta deixar para trás na pacata Astolfo Dutra.

 

*Da Veja

Siga-nos no Whastapp: https://chat.whatsapp.com/FDoG2xe9I48B3msJOYudM8

Apoie o Antropofagista com qualquer valor acima de R$ 1,00

Caixa Econômica: Agência 0197
Operação: 013
Poupança: 56322-0
Arlinda Celeste Alves da Silveira
CPF: 450.139.937-68
Agradecemos imensamente a sua contribuição

 

Vídeo: O assassinato que aconteceu no Carrefour é fruto de um governo racista

Os que apoiaram a eleição de Bolsonaro estão com as mãos sujas de sangue com a morte de um negro espancado por seguranças do Carrefour em Porto Alegre. As instituições no Brasil carregam uma herança civilizatória que, por sua vez, está entranhada de um racismo estrutural muito difícil de ser combatido. É uma praga herdada por quase quatro séculos de escravidão que hoje se reflete em preconceito e racismo, intensificado com a eleição de Bolsonaro.

Assista:

*Da redação

Siga-nos no Whastapp: https://chat.whatsapp.com/FDoG2xe9I48B3msJOYudM8

Apoie o Antropofagista com qualquer valor acima de R$ 1,00

Caixa Econômica: Agência 0197
Operação: 013
Poupança: 56322-0
Arlinda Celeste Alves da Silveira
CPF: 450.139.937-68
Agradecemos imensamente a sua contribuição

Vídeo: Homem negro é espancado até a morte por seguranças no Carrefour em Porto Alegre

Caso aconteceu na noite de quinta-feira (19), em uma unidade do Carrefour na capital gaúcha; nas redes sociais, grupos articulam protesto nesta sexta, quando é celebrado o Dia da Consciência Negra.

João Alberto Silveira Freitas, de 40 anos, foi brutalmente espancado até a morte por dois seguranças na saída de um supermercado da rede Carrefour, no bairro Passo D’Areia, em Porto Alegre, Rio Grande do Sul. O caso ocorreu na noite desta quinta-feira (19).

Vídeos que circulam em redes sociais mostram ele sendo agarrado pelas costas por um segurança e agredido por outro com diversos socos na cabeça. João Alberto era negro. Os agressores são brancos.

Os seguranças estão presos e vão responder por homicídio por asfixia por dolo eventual. Um deles é policial militar temporário e estava fora do horário de serviço.

A agressão teria ocorrido após Beto, como era conhecido, ter ameaçado uma funcionária enquanto passava as compras pelo caixa. No momento da morte, a mulher dele ainda estava dentro da unidade terminando de pagar as compras.

Uma ambulância do Samu foi chamada ao local e os paramédicos tentaram reanimá-lo, mas o homem não resistiu.

A morte gerou revolta. Nas redes sociais, grupos articulam um protesto para ainda esta sexta-feira, quando é celebrado o Dia da Consciência Negra.

 

*Com informações de O Globo

Siga-nos no Whastapp: https://chat.whatsapp.com/FDoG2xe9I48B3msJOYudM8

Apoie o Antropofagista com qualquer valor acima de R$ 1,00

Caixa Econômica: Agência 0197
Operação: 013
Poupança: 56322-0
Arlinda Celeste Alves da Silveira
CPF: 450.139.937-68
Agradecemos imensamente a sua contribuição

Ricardo Nunes e Luiza Erundina: quem são os vices de Bruno Covas e de Guilherme Boulos

Duas vezes governada por vices dos eleitos pelo PSDB nos últimos anos, São Paulo exige atenção dos eleitores aos candidatos Ricardo Nunes, vice de Covas, e Luiza Erundina, vice de Boulos.

São Paulo – Quando se vota em um candidato ou candidata, mais do que uma pessoa, está se escolhendo um projeto. No caso da prefeitura de São Paulo na eleição deste ano, as propostas de Bruno Covas (PSDB) e Guilherme Boulos (Psol) – e, portanto, os respectivos projetos de cidade – são bem diferentes entre si. Da mesma forma, é preciso avaliar os candidatos a vice nas duas chapas que concorrem ao segundo turno na capital paulista. O vereador Ricardo Nunes (MDB), com Covas, e a deputada federal Luiza Erundina, também do Psol, que compõe a chapa com Boulos.

O atual prefeito Bruno Covas assumiu o posto em abril de 2018, quando João Doria renunciou à administração da cidade para concorrer ao Governo do Estado de São Paulo. Assim, a maior cidade do país não tem um vice-prefeito atualmente. Quando Covas teve de se afastar da prefeitura – o que ocorreu em função de seus problemas de saúde – o presidente da Câmara Municipal assumiu.

Essa situação ilustra a importância de conhecer melhor quem são os vices nas chapas concorrentes. Afinal, eles podem governar a cidade a qualquer momento. Em 2004, José Serra, eleito pelo PSDB, também renunciou para disputar a eleição para governador em abril de 2006. Deixou o cargo de prefeito para seu vice Gilberto Kassab (então filiado ao DEM).

Sobre Ricardo Nunes

Segundo sua página na internet, Ricardo Nunes, 53 anos, é um empreendedor. Aos 18, fundou o jornal de bairro da zona sul de São Paulo, Hora da Ação, mesma época em que se filiou ao então PMDB. Foi eleito vereador pela primeira vez em 2012 e novamente em 2016, tendo cerca de 30 leis de sua autoria aprovadas, “simplificando e tornando a legislação mais aderente à realidade municipal”, como defende.

Preparava-se para concorrer à reeleição para a Câmara quando foi escolhido para entrar na campanha ao lado de Covas – após terem sido cogitados nomes como os da ex-prefeita Marta Suplicy e do apresentador José Luiz Datena. Ambos recusaram.

Ricardo Nunes afirma ter perfil político de “fiscalizador do dinheiro público”. “Oferecer segurança jurídica ao empreendedor, combater a corrupção e incentivar o desenvolvimento também são seus objetivos”, informa. Participou dos atos “verde e amarelo” na Paulista, com camisa da CBF, e se qualifica como defensor da família brasileira. Atua, segundo ele, pela qualificação dos profissionais da educação e pela redução do déficit de vagas nas escolas municipais. Uma CPI da Câmara, a da Sonegação Tributária, foi presidida por Nunes.

O pretendente a vice de Covas declarou ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) patrimônio de R$ 4.836.716. Seus bens incluem terrenos, imóveis, aplicações financeiras. Em 2016, investiu R$ 450 mil na própria campanha para vereador.

Doria e creches

O “apoio” de João Doria, de quem foi vice, e a fragilidade do histórico do atual companheiro de chapa, Ricardo Nunes, são dois incômodos para a campanha de Bruno Covas. O primeiro incômodo vem de 2018, na eleição para governador. Doria perdeu na capital paulista para Márcio França (PSB) por mais de 16 pontos percentuais: foram 58,1% (3,3 milhões de votos dados) para o candidato do PSB contra 41,9% para o tucano Doria (2,4 milhões). A rejeição a Doria ainda é grande: 60% não votariam em um candidato apoiado por ele, de acordo com pesquisa Datafolha de outubro.

Segundo incômodo de Covas: Ricardo Nunes está sendo investigado por suposto superfaturamento no aluguel de creches privadas. Essas creches são conveniadas à prefeitura, de Bruno Covas. Segundo a Promotoria de Justiça do Patrimônio Público e Social de São Paulo, Nunes teria sido favorecido por meio de sua relação com a Sociedade Beneficente Equilíbrio de Interlagos. A Sobei, da qual ele informa ser voluntário, recebe mensalmente da prefeitura R$ 329 mil para pagamentos de aluguéis de creches.

Também por meio das creches conveniadas, a empresa Nikkey, fundada por Ricardo Nunes em 1997, teria recebido R$ 50 mil no ano passado para prestação de serviços de dedetização, sem licitação. A Nikkey tem como sócias a mulher do vereador, Regina Carnovale Nunes, e sua filha Mayara Barbosa Reis Nunes. As oito creches dedetizadas são controladas pela Associação Amigos da Criança e do Adolescente (Acria), cuja presidenta é Eliana Targino, ex-funcionária de Nunes. O vice-presidente da Acria é José Cleanto Martins, pai de uma assessora do vice de Covas. O vereador Ricardo Nunes nega o favorecimento. Segundo ele, os valores cobrados estão abaixo dos de mercado e isso seria “uma forma de ajudar as creches”. Ele também nega que a Acria seja dirigida por aliados.

Confiança e violência

O atual prefeito e candidato à reeleição Bruno Covas tem afirmado, em entrevistas, ter “total confiança” em Ricardo Nunes e argumenta não haver nenhum processo judicial contra seu vice.

Pesa ainda contra Ricardo Nunes um boletim de ocorrência registrado pela esposa em 2011, quando mantinham 12 anos de união estável. Regina Carnovale procurou a 6ª Delegacia da Mulher, em Santo Amaro, zona sul de São Paulo, para denunciar violência doméstica. Ele nega a agressão. Segundo Ricardo Nunes, o boletim de ocorrência de violência doméstica foi feito em um período em que Regina estava “abalada” e teria relatado fatos que não aconteceram. Questionado, Covas disse que seu vice precisa responder às acusações e que “é inaceitável violência contra mulher”.

Na sexta-feira (13), antevéspera do primeiro turno, a chapa do então candidato à prefeitura de São Paulo, Márcio França (PSB), pediu a cassação do registro da chapa de Covas e a inelegibilidade do prefeito e de Nunes, com o argumento de abuso de poder.

A coligação de França acusa Covas de usar a “máquina pública em seu favor para conseguir seu intento eleitoral”, o que configuraria “flagrante quebra da imparcialidade entre os postulantes”. Também acusa o atual prefeito de ser “patrocinado pelos maiores players do mercado” imobiliário, citando a lista de maiores doadores da campanha de Covas.

Na mesma ação, foi pedida ainda abertura de investigação sobre as supostas irregularidades das empresas ligadas a Nunes e que possuem contratos com a prefeitura.

França ficou em terceiro lugar no primeiro turno das eleições para a prefeitura de São Paulo. Até a publicação dessa reportagem, a ação ainda não havia sido analisada pela Justiça Eleitoral.

Sobre Luiza Erundina

Em sua página na internet, Luiza Erundina informa que governou a maior cidade da América Latina entre 1989 e 1992. A ex-prefeita de São Paulo, então pelo Partido dos Trabalhadores (PT), que ajudou a fundar, está atualmente no sexto mandato como deputada federal. Foi vereadora (1983/1986), deputada estadual (1987/1988) e ministra da Secretaria da Administração Federal do governo Itamar Franco. O cargo custou seu rompimento com o PT, que se concretizaria em 1997. Erundina passou pelo PSB antes de ingressar no Psol.

Sua atuação, informa, é dedicada à defesa da classe trabalhadora, das minorias e dos excluídos. Seu maior empenho, avisa, é pela justiça social e igualdade de direitos. “Nos mandatos que exerceu, foram apresentados mais de 80 projetos em defesa da Mulher, das Gestantes, das Crianças e Adolescentes, da Cultura e dos Direitos Humanos. Dentre as proposições, nove já viraram leis, além de uma emenda à Constituição”, detalha. A atual legislatura de Erundina inclui a coordenação da Frente Parlamentar pela Liberdade de Expressão e o Direito à Comunicação.

O patrimônio declarado pela vice de Boulos ao TSE soma R$ 1.470.815 divididos em um carro, dois apartamentos residenciais e alguns investimentos.

“Erundiva” e “Erundimóvel”

Se uma busca rápida nas redes sociais sob o nome de Ricardo Nunes leva à citação de investigações e violência doméstica, no caso de Erundina permite encontrar menções à força da senhora que, com mais de 80 anos, não abandona a luta à qual se dedicou por toda a vida. Formada em Serviço Social e mestre em Ciências Sociais, Luiza Erundina assumiu seu primeiro cargo público em 1958. Foi secretária de Educação de Campina Grande, na Paraíba, sua terra natal. Perseguida pela ditadura, em 1971 vem para a cidade de São Paulo, que administraria quase 20 anos depois., E o fez ao lado de nomes de peso como Paulo Freire, que foi seu secretário de Educação; Marilena Chauí, na Secretaria de Cultura; e Dalmo Dallari, na pasta de Negócios Jurídicos, para citar alguns.

Octogenária, ex-prefeita, deputada, sincera, feminista e amiga. Essa é a descrição da página Erundiva, no Facebook. O perfil, com 7 mil seguidores, acumula memes e chamados para as causas que defende a Erundina real. Inclusive a campanha deste ano, ao lado de Guilherme Boulos. Integrante do grupo de risco para o contágio pela covid-19, ela foi às ruas no chamado Erundimóvel. A picape, adaptada com placas de acrílico na caçamba, é uma referência ao “papamóvel” criado para o papa João Paulo II nos anos 1980.

No próximo 30 de novembro, a ex-prefeita completa 86 anos. E, apesar da extensa trajetória política, esse tem sido um dos principais questionamentos à vice de Guilherme Boulos: sua idade.

“Velhice não é doença”

Em entrevista à revista Marie Claire, a deputada federal Luiza Erundina foi enfática: “a velhice não impede o sonho”. Questionada sobre os comentários de que passou da hora de se aposentar, Erundina disse que está vivendo seu tempo, sua saúde e sua inteligência. “Estou fazendo mal para alguém? Não estou. E quero que mulheres com a minha idade também se sintam assim, que sejam contagiadas pela minha vivência e vontade de seguir trabalhando. E, para aqueles que se sentem incomodados, desejo que tenham a sorte de chegar aonde cheguei com a energia e convicção que tenho. Sabe, se você perde seu projeto de vida, tudo perde o sentido. E meu projeto de vida não termina no meu tempo. Meu projeto é sonhar com outro futuro”, disse.

A ex-prefeita disse, ainda, que não quer só mudar São Paulo e o Brasil. Quer mudar o mundo. “O meu sonho, de uma sociedade socialista, fraterna e igualitária, infelizmente não vai acontecer no meu tempo. Mas se eu não fizer minha parte, esse modelo de sociedade não vai acontecer nunca. Velhice não é doença, não é defeito, não impede o sonho. Portanto, o sonho que me move, em relação às transformações que a sociedade precisa, não envelheceu.”

 

*Da Rede Brasil Atual

Siga-nos no Whastapp: https://chat.whatsapp.com/FDoG2xe9I48B3msJOYudM8

Apoie o Antropofagista com qualquer valor acima de R$ 1,00

Caixa Econômica: Agência 0197
Operação: 013
Poupança: 56322-0
Arlinda Celeste Alves da Silveira
CPF: 450.139.937-68
Agradecemos imensamente a sua contribuição