Ano: 2020

Vídeo: Manifestação macabra vai às ruas de Curitiba orar por Bolsonaro e pela morte de médicos, doentes e idosos

Carreata macabra encheu uma avenida de Curitiba (PR), para apoiar e orar por Bolsonaro.

Juntos, manifestantes que pediam o fim do isolamento social, mostraram todo o desprezo humano pelas pessoas que estão no grupo de risco como idosos, pessoas com comorbidades e todos os profissionais da saúde que estão na linha de frente contra o coronavírus.

Os manifestantes, alguns com crianças no colo, saíram de seus carros e fizeram orações no meio da avenida, contrariando orientações da Organização Mundial de Saúde

Ou seja, oraram para que Bolsonaro viva e que milhares de brasileiros morram em nome do lucro de seus negócios.

Isso não tem nada a ver com política ou direito de manifestação.

Trata-se de uma ação orquestrada por empresários em prol da morte de quem discorda que o mercado seja mais importante do que a vida das pessoas.

Isso é crime e corre o risco de uma reação popular violenta sem que se tenha noção da consequência contra quem vai para as ruas pelo assassinato dos outros.

A conferir.

 

*Carlos Henrique Machado Freitas

Vídeo: Mainardi diz que Bolsonaro é um abjeto, desavergonhado e mostra quanto custa tocar para maluco dançar

Antes de qualquer coisa, é preciso deixar bem claro que Bolsonaro representa a falência absoluta da direita brasileira. Ele chegou ao poder porque todas as outras opções que a direita tinha faliram. Certamente, Mainardi, assim como tantos tucanos, sonhou com Alckmin, Aécio e até mesmo desenterrar FHC de sua tumba. O problema é que o PSDB entrou num buraco sem a menor chance de saída.

Bolsonaro, um psicopata que todos sabiam quem era, como pensava, como agia e com todos os diagnósticos de um maníaco, transformou-se na opção antipetista, ou seja, a mídia em peso fez sua opção sem medir as consequências do que estava colocando no poder, mas o conhecido “tudo, menos o PT” que promoveu o golpe em Dilma, a condenação e prisão de Lula, não queria ouvir falar numa outra derrota para o PT. Seria a quinta consecutiva.

Se hoje o bolsonarismo é uma  xepa do aecismo surtado, porque é daí que brotou esse monte de celerado que toma veneno em praça pública para tentar matar o PT, ele tem raízes no ódio construído e lapidado durante anos por uma direita que jamais aceitou ser derrotada quatro vezes pelo Partido dos Trabalhadores e ter um presidente como Lula com a maior aprovação da história.

Isso, sem falar que Dilma, até onde pôde governar, em 2014, último ano do seu primeiro mandato, o Brasil viveu o pleno emprego com salário mínimo tendo o maior poder de compra da história.

A campanha de ódio não destruiu o PT e sim quem promoveu a campanha. E Bolsonaro nada mais é do que essa aquarela de ódio pintada com a pata, um político chulé saído do baixo clero que ceifou a cinturinha envernizada dos tucanos, prometendo fazer do Brasil um estadozinho, como queria o mercado e, agora, vendo-se inviabilizado por uma série de fatores que se somam à pandemia, promove uma verdadeira molecagem com o país indo para a TV e também nas ruas convocar o povo para um suicídio coletivo em nome do lucro dos ricos.

Mainardi, que vive na Itália, sabe mais do que ninguém o que o coronavírus é capaz de produzir em termos de tragédia humana e fala sob essa carga de emoção que, certamente, está lhe apavorando, já que está em um país que é o epicentro da pandemia. E pelo jeito, ele, assim como muita gente da direita, não imaginava que Bolsonaro, eleito com o apoio dele, chegaria à insanidade que chegou.

A fala de Mainardi não deixa de ser simbólica porque ela representa uma direita que fica cada dia mais inviabilizada por ter apostado no ódio contra o PT, mas principalmente contra os pobres, tendo como resposta esse vulcão de estupidez assassina chamado Bolsonaro.

Isso nos obriga a dizer a velha máxima, “quem pariu Mateus, que o embale”.

 

*Carlos Henrique Machado Freitas

Nassif – O reino da estupidez: em Goiás, Bolsonaro explicita intenção de contaminar todo o país

O improvável governador de Minas Gerais, Romeu Zema, provavelmente o mais despreparado governador que jamais apareceu na história do Brasil, saiu do encontro com Bolsonaro falando da necessidade de desbloquear as cidades para que o vírus pudesse passear. Parecia um novo erro verbal, mas o restante da declaração confirmou o inusitado da conclamação.

Agora, na visita ao hospital de campanha de Goiás, uma repórter da CNN ouviu Bolsonaro afirmar para o governador Ronaldo Caiado que todo mundo precisaria ser contaminado. A resposta de Caiado foi passar para Bolsonaro álcool gel para que esterilizasse as mãos. Na tenda, Bolsonaro tirou a máscara, contra todas as recomendações do Ministério da Saúde.

Essa é a estratégia, agora explícita de Bolsonaro. Ouvindo seus especialistas, dentre os quais o impublicável Osmar Terra, Bolsonaro se convenceu que, estando toda a população contaminada, os mortos serão enterrados e os vivos terão a vacina natural, decorrente dos anticorpos desenvolvidos.

 

*Do GGN

Vídeos: Carreata de bolsonaristas para a Paulista, barra ambulâncias e chama Dória de comunista

Apoiadores de Jair Bolsonaro participaram de uma carreata pelas ruas da cidade de São Paulo na tarde deste sábado, 11, para protestar contra as medidas de isolamento social adotadas pelo governador João Doria contra o avanço da pandemia de coronavírus.

Com bandeiras do Brasil, e algumas dos Estados Unidos, os bolsonaristas pararam o trânsito na avenida Paulista, atrapalhando inclusive o tráfego de ambulâncias.

De dentro dos seus carros os manifestantes, vários deles usando máscaras cirúrgicas, imitavam armas com as mãos, gritavam “fora Doria” e bordões contra o comunismo como “nossa bandeira jamais será vermelha”.

Confira os vídeos:

https://twitter.com/torturra/status/1249083266570780674?s=20

 

 

*Com informações do 247

 

Cientistas italianos dizem que vacina contra coronavírus mostra bons resultados

De acordo com cientistas italianos, os primeiros resultados dos testes pré-clínicos de cinco vacinas candidatas contra o novo coronavírus “foram muito positivos”.

Laboratórios de diversos países correm contra o tempo para tentar encontrar uma vacina que possa conter a pandemia do novo coronavírus. Cientistas italianos afirmam ter tido bons resultados nas primeiras fases de testes.

“Os primeiros resultados dos testes pré-clínicos de cinco vacinas candidatas contra o novo coronavírus, realizados na Itália pela empresa Takis Biotech, foram muito positivos”, disse o CEO da empresa, Luigi Aurisicchio, à agência Ansa.

“Após o primeiro experimento e com uma única dose, encontramos uma forte produção de anticorpos contra o vírus. Os primeiros resultados em modelos pré-clínicos demonstram a forte imunogenicidade”, acrescentou.

Segundo ele, os resultados mais definitivos devem ser divulgados em maio, e os testes em humanos provavelmente começarão em setembro.

 

 

*Com informações do 247

Coronavírus: Brasil supera 20 mil casos, com 1.084 mortes

De acordo com informações das secretarias estaduais de Saúde, o Brasil ultrapassou os 20 mil casos do novo coronavírus. Até 13h45 deste sábado (11), 20.173 casos confirmados foram registrados no país, com 1.084 mortes.

Dados de alguns estados apontam o seguinte cenário: Pernambuco tem 72 mortes e 816 casos confirmados. O Ceará registrou 1.582 casos do coronavírus. Em Minas, o número de casos confirmados avançou de 698 para 750. Em Mato Grosso do Sul, subiu de 97 para 100.

São Paulo

O estado de São Paulo atingiu 540 mortes por coronavírus, segundo balanço do Ministério da Saúde. São 44 a mais do que o registrado no boletim desta quinta (9). Mais da metade das mais de mil mortes pela doença no país são de São Paulo.

Os casos confirmados no estado chegaram a 8.216 pessoas, 736 a mais do que o balanço do dia anterior, que contabilizou 7.480 confirmações.

As secretarias estaduais de Saúde divulgaram, até as 13h45 deste sábado (11), 20.173 casos confirmados do novo coronavírus (Sars-Cov-2) no Brasil, com 1.084 mortes pela Covid-19. A informação é do Portal G1.

Pernambuco tem 72 mortes e 816 casos confirmados do novo coronavírus. O Ceará registrou, ao todo, 1.582 casos de Covid-19.

O Espírito Santo registrou a nona morte pela doença. Trata-se de um homem de 82 anos, morador da Serra, com comorbidade, e que estava internado no Hospital Jayme Santos Neves.

O Amapá confirmou a terceira morte em decorrência da Covid-19, um homem de 57 anos.

 

 

*Com informações do Portal G1

Vídeo: em Goiás, Bolsonaro volta a provocar aglomerações. Sua meta é matar mais de 100 mil

Em visita à obra de um hospital de campanha em Águas Lindas de Goiás,  município a 57 km de Brasília, Bolsonaro voltou a confrontar recomendações das autoridades de saúde e provocou aglomerações de apoiadores, além de cumprimentá-los e sem usar máscara.

O maníaco do Palácio do Planalto chegou ao local de helicóptero, mas, assim que desceu da aeronave, Bolsonaro subiu em um barranco e foi até um grupo de pessoas que se amontoavam em um cordão de isolamento.

Após a visita, voltou em outros focos de aglomeração e retirou sua máscara para cumprimentar a população e espalhar o vírus, desta vez, em Goiás.

Enquanto não ultrapassar a marca de 100 mil mortes, Bolsonaro não vai parar de disseminar o vírus pelo Brasil.

Assista:

 

*Da redação

Como as Forças Armadas, que são parte do governo, explicam Bolsonaro, o maníaco que saiu da escola militar

Quando se fala que Bolsonaro é um maníaco, um psicopata, fala-se algo que está em consonância com o laudo do próprio exército no período de sua expulsão.

Até aí, está tudo certo. As Forças Armadas começam a se enrolar nessa história na hora de explicar o que tantos militares da alta patente, da reserva e da ativa, estão fazendo nesse governo.

Não há a menor dúvida de que, pelo seu comportamento, como disse a economista Laura Carvalho, ” a morte dos pobres (e são os que mais vão morrer) vai cair no colo de Bolsonaro” e, consequentemente, das Forças Armadas, mesmo que a mídia, de tempos em tempos, insista em dizer que os militares não são parte desse governo.

E convenhamos, algo extremamente difícil de explicar, como a mídia chegou a esse cálculo político, até porque generais da ativa sabem que o coronavírus vai atingir em cheio as tropas, já que a maioria dos soldados mora em comunidades pobres, vindos de famílias pobres e, portanto, serão mais atingidas pela doença.

Beira à esquizofrenia o silêncio das Forças Armadas diante do comportamento genocida de Bolsonaro, inclusive depois de um manifesto da própria instituição em apoio ao isolamento social.

É certo que essa culpa não pode ser jogada somente nas costas dos militares, Bolsonaro não chegou ao poder de improviso, teve apoio maciço das classes dominantes, as mesmas que trouxeram o vírus para o Brasil e que foram também atingidas primeiro, mas que, no final das contas, na soma total dos casos, serão infinitamente menos atingidas do que as classes menos favorecidas da população.

É a herança civilizatória da escravidão, como bem disse Milton santos, vigente nos tempos atuais, é que determinará a grosso modo quem vai morrer e quem vai viver.

Bolsonaro fez de tudo para chantagear os pobres para que eles voltassem ao trabalho pelo lucro dos ricos que sustentam o seu governo inútil ao país, mas extremamente benéfico aos banqueiros, à agiotagem que, certamente, estão bem guardados dentro de um abrigo mais blindado e seguro do que os cofres dos seus bancos, enquanto Bolsonaro manobrou e, agora, vai às ruas exigir que os pobres voltem a trabalhar para o grande capital, porque o show dos milhões tem que continuar. E faz isso atropelando, como presidente da República, toda a orientação de órgãos sanitários nacionais e internacionais.

Bolsonaro, com esse comportamento, está provocando um genocídio, em primeiro lugar dos profissionais da saúde que estão na linha de frente no campo de batalha dentro dos hospitais contra um vírus perigosíssimo por ser extremamente contagioso.

Em seguida, os que sofrerão mais com essa irresponsabilidade serão os garis, que carregam o lixo das casas, inclusive das casas de pessoas infectadas, muitas vezes sem saber que estão.

Depois, vêm os profissionais que não podem deixar de trabalhar como os de serviços essenciais, como supermercados, farmácias, bancos, corpo de bombeiros, policiais civis e militares, exército, marinha, entre outros. Ou seja, Bolsonaro é inimigo desses milhões brasileiros que estão mais expostos à contaminação pelo coronavírus.

E pelo seu comportamento de psicopata, o maníaco do Planalto, que já usou todos os subterfúgios para negar a existência e gravidade da pandemia, classificando-a como gripezinha, resfriadinho e, mais à frente, bancando o médico com o receituário da cloroquina, convocando manifestações de comerciantes contra o isolamento e, agora, indo para as ruas promover aglomerações e a consequente disseminação do coronavírus. Isso, sem falar do pior, a sua postura tem levado milhões de brasileiros a seguirem seu comportamento, porque, na verdade, Bolsonaro pretende na próxima semana transformar o país em uma bomba biológica que, inevitavelmente, levará o sistema de saúde ao colapso.

E quem pensa que, depois disso, ele vai parar, não tem ideia de como se comporta um psicopata.

Diante desse caos, as Forças Armadas sairão com a imagem ainda mais deteriorada porque Bolsonaro soube explorar bem a sua imagem de militar, mesmo sendo político há trinta anos e, principalmente porque muitos militares da reserva e da ativa, encantados com o canto sereia e abraçados com o monstro, estão levando as Forças Armadas para o centro da tragédia nacional.

 

*Carlos Henrique Machado Freitas

 

Zona Norte é o novo epicentro de Covid-19 na Cidade do Rio

Do total de 142 bairros atingidos pelo coronavírus na capital fluminense, 83 estão na região.

A Zona Norte do Rio é o novo epicentro da Covid-19 na capital fluminense. Dos 142 bairros atingidos, 83 estão na região (o equivalente a 58%). Como se não bastasse, a região também é a que concentra o maior número de óbitos causados pela doença. Um levantamento feito por O DIA com base nos dados da prefeitura (até o dia 10 de abril), aponta que 40% das mortes aconteceram na região. No total da cidade, até ontem, tinham sido registradas 92 mortes. Anteriormente, esse posto no ranking era ocupado pela Zona Sul, que agora contabiliza 31% das mortes, mas mantém o bairro de Copacabana no topo do obituário, com sete vidas perdidas para o novo coronavírus.

Muitos casos ainda são investigados, o que pode tornar os números ainda mais elevados. O cenário na Zona Norte ainda é bastante dividido. Há quem respeite o isolamento social, mas ainda são muitos os que insistem em sair às ruas sem necessidade. No caso da Tijuca, bairro que lidera a lista da região com seis mortes, a taxa de letalidade – que é quando se divide o número de mortes pelo número de infectados naquela mesma localidade -, é de 10,2%.

Já em Bonsucesso, segundo colocado em número de mortos (2) na Zona Norte, existem 10 casos confirmados da doença. Ou seja, a taxa de letalidade, também considerada elevada, é de 20%. Contudo, esse índice é ainda pior em outros bairros, como Vila Valqueire (66,7%) e Vidigal (40%).

Segundo Raphael Rangel, biomédico virologista do Centro Universitário IBMR, a mudança no epicentro se justifica pelo próprio deslocamento das pessoas. “Muitos que trabalham na Barra (primeiro epicentro) e moram na Zona Sul. Por outro lado, muitos que trabalham Zona Sul moram na Zona Norte. Esse trânsito acaba disseminando o vírus entre as regiões. Por isso, o isolamento social é a melhor forma de combater a doença”, explica.

Ao todo, 57 bairros já têm registro de mortes pelo novo coronavírus. Desses, 27 estão situados na Zona Norte (47%). Todos carregam um fator em comum: os idosos são os que mais morrem, correspondendo a 73% dos óbitos na capital.

Casos dispararam

O número de vítimas fatais do novo coronavírus na cidade do Rio de Janeiro disparou. Bastaram apenas cinco dias para que o volume de mortes causadas pela Covid-19 mais que dobrasse. Até o último dia 5, a Secretaria Municipal de Saúde havia registrado 42 óbitos.

Agora, esse número já chega a 92 vítimas fatais da pandemia. Em média, a capital fluminense registra quatro mortes por Covid-19, diariamente. A maioria dessas mortes atinge os homens, com um total de 56,5%. Já as mulheres representam 38% (o total não dá 100% porque alguns pacientes, ao darem entrada no sistema de saúde, não se identificam por gênero). A média de idade entre os mortos é de 68,2 anos.

Estado contabiliza vinte e cinco novas mortes

De acordo com o boletim atualizado da Secretaria de Estado de Saúde, ontem, o município de São Gonçalo, na Região Metropolitana, registrou mais um óbito por covid-19. A vítima, uma idosa de 83 anos, moradora do bairro Amendoeira, faleceu esta semana em uma unidade hospitalar. Ao todo, São Gonçalo contabiliza 55 casos confirmados e 4 óbitos.

Tanguá e Maricá, na mesma região, também registram uma nova morte, cada. O mesmo aconteceu em Bom Jesus de Itabapoana, no Noroeste, e em Mangaratiba, no Litoral Sul. A SES também contabilizou outros dez óbitos na capital fluminense, sete em Duque de Caxias e um em Nova Iguaçu, ambos na Baixada Fluminense. A cidade de Volta Redonda, no Sul do estado, contabilizou duas novas mortes, com um total de 7 mortes.

Agora, o total de mortos em todo o estado é de 147 óbitos. Além desses, outras 101 mortes estão em investigação. Já o número de casos confirmados é de 2.464. Ainda de acordo com a SES, 54 municípios já registram pelo menos um caso da doença.

 

 

*Com informações de O Dia

 

Laura Carvalho: Morte de pobres por coronavírus ‘cairá no colo do governo Bolsonaro’

Economista Laura Carvalho alerta para riscos de quebrar isolamento e os efeitos severos para periferias: “idosos são vulneráveis, mas recorte de raça e social é grande”

O coronavírus afetará drasticamente os mais pobres pela falta de recursos, de acesso à saúde e maior incidência de doenças agravadas pelo vírus. A conclusão vem de um estudo feito pela Universidade de São Paulo em parceria com o Levy Economics Institute e a Escola de Medicina de Harvard Medical School, dos Estados Unidos.

Uma das autoras do estudo, a doutora em economia e professora da USP Laura Carvalho, autora do livro “Valsa Brasileira: Do boom ao caos econômico” (Todavia, 2018), detalha os motivos que colocam as populações periféricas e pobres em maior vulnerabilidade. Para ela, é preciso que o governo aja.

“As mesmas populações que saírem de casa para preservar a renda neste momento, os mesmos descontentes pela perda de renda, serão as mais sujeitas aos efeitos devastadores da pandemia do ponto de vista da saúde pública”, explica. “E isso certamente cairá no colo do governo Bolsonaro”.

“Bolsonaro quer sempre tratar o grupo de idosos como mais vulneráveis, que existe o risco que a doença provoca, mas o recorte de raça e social é grande. Há efeitos desproporcionais e deixarão o país muito mais desigual”, pondera a economista.

Para Laura, medidas como a renda mínima já deveriam estar sendo pensadas como forma de proteção social muito antes dessa crise. “E agora é preciso pensar de que maneira podem ficar no pós-pandemia”, avalia.

Confira entrevista:

Ponte – O estudo alerta para o maior perigo aos mais pobres. Quais as causas?

Laura Carvalho – Tem três dimensões que geram esse efeito desproporcional: as razões que fazem as pessoas mais pobres terem contaminação, como o transporte, o número de pessoas que dividem dormitórios na mesma moradia, a impossibilidade de parar de trabalhar, ter que sair do isolamento pelo baixo nível de renda; a segunda é o acesso à saúde. Ainda temos no Brasil um sistema público, mas o número de leitos por 10 mil habitantes é cinco vezes menor no SUS [Sistema Único de Saúde] do que no sistema privado. O caso tenderá a ser tratado de forma pior dada a desigualdade de acesso à saúde; a terceira é, na verdade, a que eu exploro no estudo: a presença maior de doenças crônicas associadas aos casos graves, algo já documentado, como os casos de diabetes, e que observamos de fato no Brasil.

Ponte – Como prevenir que a mortalidade atinja pessoas da “base da pirâmide social”, como dito no estudo?

Laura Carvalho – Cada um dos fatores tem medidas para minimizar. Pelo lado da renda, se existe a impossibilidade de isolamento, já tem medidas sendo tomadas, precisa desenhar medidas urgentes que atinjam camadas e possibilitem preservação de renda imediatamente para evitar o fim do isolamento. As medidas pelo lado do acesso à moradia, pela alta densidade e desigualdade, são necessárias políticas públicas que reduzam essas desigualdades. E, do lado do acesso à saúde, para além da destinação de mais recursos ao SUS, a realocação na pandemia de leitos da rede privada para o sistema público para tentar reduzir a deficiência.

Ponte – As ações tomadas até o momento pelo governo federal voltadas para a renda, como R$ 600 e R$ 1,2 mil para trabalhadores informais, são suficientes para diminuir este risco?

Laura Carvalho – Dizer que é suficiente é complicado. Precisamos considerar a perda de renda muito alta nesse primeiro momento da pandemia, de isolamento, sobretudo para quem está ligado a serviços. É uma iniciativa que já aumentou bastante o valor ao que era proposto e que, em uma família que tem mãe solteira ou dois adultos, por exemplo, chega a um salário mínimo, algo bastante relevante considerando o grau de vulnerabilidade. O problema é que essas medidas não impedem que outros trabalhadores sejam obrigado a irem aos trabalhos. Tem os casos dos que não perderam seus empregos, não querem perder e ainda estão tendo que trabalhar mesmo fora dos setores considerados essenciais. Teriam que ter medidas restritivas maiores, em mais setores, que de fato proibissem a exigência de trabalhadores mais vulneráveis [comparecerem aos seus postos de trabalho] e medidas para preservação de empregos. Não de as empresas tomarem o dinheiro e forçar demissão. Reduzir o risco é o grande desafio.

Ponte – O presidente Jair Bolsonaro e alguns empresários, como Roberto Justus e o Junior Durski, sugerem um isolamento social mais brando para não prejudicar tanto a economia. O que você acha disso?

Laura Carvalho – Isso na verdade é um falso dilema. Não há no debate econômico algum economista que considere o fim do isolamento um ponto que possa trazer recuperação da economia mais rapidamente. As pessoas continuam inseguras, dado os riscos para essa massa de trabalhadores mais vulneráveis economicamente que a pesquisa aponta ser mais vulnerável nos casos mais graves. A crise de saúde pública que seria desencadeada com a retirada das medidas restritivas trariam enorme prejuízo social, de saúde e econômico. Tem vulnerabilidade econômica e tem a vulnerabilidade à contaminação e severidade dos casos.

Ponte – Qual o grande problema dessa questão?

Laura Carvalho – O problema maior é justamente a população mais vulnerável economicamente é a mais propensa a sair do isolamento e as mesmas que estão com mais riscos de óbito. Tragédia seria opor a morte econômica à morte física, o que não pode ocorrer. Para isso, realmente precisa não só melhorar rapidamente as perspectivas de acesso à saúde, os hospitais de campanha, as alocações de leitos, que considero fundamental, como também garantir medidas que estejam vigorando e preservar a renda. Tem um problema de timming: a demora no pagamento tem um impacto, precipita a saída do isolamento.

Ponte – É uma questão voltada mais para a política do que para a economia?

Laura Carvalho – Sim. É uma tentativa do governo Bolsonaro de explorar, diante da crise econômica que virá com isolamento e que virá em todos os países, e tentar transferir a responsabilidade da crise para os governadores e imprensa em geral, que mais estão defendendo a política de isolamento. Com isso, conforme a pandemia evoluir e colocar a população mais vulnerável em risco, se isso for gerando um número de óbitos e o colapso do sistema de saúde desproporcional tal qual estamos prevendo. As mesmas populações que saírem de casa para preservar a renda neste momento, os mesmos descontentes pela perda de renda, serão as mais sujeitas aos efeitos devastadores da pandemia do ponto de vista da saúde pública. E isso certamente cairá no colo do governo Bolsonaro.

Ponte – Há um risco de a pandemia atingir principalmente os negros, como ocorre hoje nos EUA?

Laura Carvalho – Sim. Aqui no Brasil a gente também tem uma associação alta de desigualdade de renda e desigualdades raciais. Assim como nos Estado Unidos, as populações mais vulneráveis do ponto de vista do acesso à saúde e riscos de contaminação que tinha mencionado anteriormente e da incidência de doenças que favorece a Covid-19, tem recorte racial muito claro. Tende a vermos isso. Trabalhando os números para tentar identificar melhor os efeitos, o problema é que na PNS (Pesquisa Nacional de Saúde, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) há uma subnotificação entre os mais pobres e os negros, pardos e indígenas, por exemplo de doenças crônicas. Dentro dessa população há uma proporção bem relevante das pessoas que nunca foram ao médico, não é possível identificar uma incidência maior ou não.

Ponte – Nesse caso, haveria o risco de algo semelhante a um genocídio?

Laura Carvalho – Considerando que há uma medida intencional, declarações, estímulos partindo do presidente para a população sair de casa, o número de óbitos pode ser muito maior e o efeito da pandemia maior nas pessoas pobres e negras, podemos, sim, falar em genocídio. Uma política genocida, ainda, claro, com efeitos indiretos. Na prática, Bolsonaro quer sempre tratar o grupo de idosos como mais vulneráveis, que existe o risco que a doença provoca, mas o recorte de raça e social é grande. Há efeitos desproporcionais e deixarão o país muito mais desigual.

Ponte – Até quando a ajuda emergencial aos mais pobres deve ser mantida?

Laura Carvalho – Sou a favor de que se aproveite a oportunidade para se pensar em um mecanismo mais amplo de proteção social permanente. Há um recorde de informalidade no mercado de trabalho, temos um mundo com o trabalho sendo transformando em todos os países e tendo relações trabalhistas cada vez mais instáveis, o que coloca a população em situação de vulnerabilidade muito maior. Medidas como a renda mínima já deveriam estar sendo pensadas como forma de proteção social muito antes dessa crise e de que maneira podem ficar no pós-pandemia.

Ponte – Há estudos apontando que o isolamento social diminuiu entre a última semana de março e os primeiros dias de abril. Esse processo de afrouxamento, neste momento, deve favorecer ou prejudicar a retomada da economia?

Laura Carvalho – Certamente não favorece. Claro que o isolamento tem um impacto de recessão imediata, na medida em que nem quer que a população saia para consumir. É preciso manter a renda no que é essencial para permitir que se compre o que realmente é essencial. É possível esperar, caso seja bem sucedido em conter a progressão dessa epidemia e evitar o colapso saúde, se reverter a curva e, dessa forma, a recuperação pode ser razoavelmente rápida. Para que isso aconteça, é preciso medidas da preservação de renda e preservação dos setores envolvidos, que as empresas não fechem, que o trabalhadores não percam seus vínculos. Caso seja possível, a recuperação tende a ser mais rápida se tomar esse tipo de medida. Nada garante que a economia vai se recuperar, na verdade. Falamos de recuperação em V, de mais rápida, em U, mais moderada, ou L, quando a economia está estagnada e não retorna ao nível anterior. A crise de saúde pública com número enorme de mortos, não controle da pandemia, deixa a população em tal grau de insegurança que leva à recuperação em tipo L, a pior. Claro, a recuperação vai depender da agenda que o governo adotar no pós-pandemia. Se fizer isolamento e retomar a agenda com austeridade mais drástica, como defendem, pode prejudicar a velocidade de a economia retomar.

Ponte – Para o período pós-pandemia, o que os gestores econômicos devem fazer? Faz sentido voltar a implementar teto de gastos e mais austeridade, já que a dívida pública estará muito maior?

Laura Carvalho – No pós-crise as pessoas estarão mais endividadas, será difícil retomar o consumo e suas atividades. Será um mundo com mais desigualdade. Os efeitos são muito distintos nas classes sociais, o que agravará ainda mais a concentração de renda e riqueza, mais dívida pública, e mais desigualdade. Se resolver a dívida pública forçando a política de mais austeridade, mais agressivas, mais cortes para serviços públicos e proteção social, sem investimento, vai tender a levar a gente para um quadro bastante dramático de estagnação mais grave do que vivemos em 2017. A outra alternativa é desenhar medidas que permitam esse controle da dívida pública pelo lado da geração de receita, medidas de tributação da renda e patrimônio dos mais ricos, a maneira mais interessante de dividir a conta da pandemia.

 

*Arthur Stabile/Ponte