Ano: 2020

Olavo de Carvalho humilha Regina Duarte ao dizer que foi ele quem a indicou e cobra publicamente submissão ao seu senhor

É perceptível o nível de precariedade da atual gestão da cultura no governo federal quando um sujeito como Olavo de Carvalho se transforma num tutor da pasta, mais que isso, cobrando reparação pública de Regina Duarte sobre outros indicados seus na pasta da secretaria, como se vê aqui escrito pelo próprio Olavo em seu facebook sobre ela:

“Pode ser só uma fofoca da Veja e do Anta, mas, se a Regina Duarte quer mesmo se livrar de indicados do Olavo de Carvalho, a pessoa principal que ela teria de botar para fora do Ministério seria ela mesma. Ao cogitar do seu nome para o posto, a primeira opinião que o sr. presidente da República quis ouvir a respeito foi a minha.
Ela decerto não me deve gratidão nenhuma por isso, mas me deve — e estou cobrando em público — uma confirmação ou desmentido desse zunzum.”

Ou seja, temos uma secretária de cultura submetida a um tribunal de segurança de sujeito desqualificado que ainda cobra dela a manutenção de seus indicados, possivelmente sob pena de tirá-la na hora que quiser.

Essa é mais uma tragédia do Brasil atual. A pasta da cultura brasileira, que deveria ser uma coisa tão séria por se tratar da própria identidade do povo, capturada por um charlatão que confessa publicamente seus interesses ocultos nos destinos da pasta, extorquindo, segundo ele, a sua indicada, a secretária Regina Duarte.

Se isso não é uma desmoralização pública, eu não sei o que é. O fato é que, se Regina Duarte não der uma resposta, também pública, a esse acinte autoritário de um demente com arroubos fascistas, ela assumirá o papel de marionete do que existe de mais podre num governo que é a própria expressão da putrefação.

 

*Carlos Henrique Machado Freitas

Vídeo: Chefe da Força Nacional, marido de Zambelli e braço direito de Moro, fez discurso elogiando o motim dos milicianos

O diretor da Força Nacional, Antônio Aginaldo de Oliveira, chamou os policiais militares amotinados no Ceará de “gigantes” e “corajosos” por terem paralisado por aumento salarial e melhores condições de trabalho. A Constituição Federal, no entanto, proíbe esses profissionais de fazerem greve. Coronel da PM no Ceará, Oliveira se casou no mês passado com a deputada federal Carla Zambelli (PSL-SP), uma das parlamentares mais próximas ao presidente Jair Bolsonaro. O ministro da Justiça Sergio Moro, inclusive, foi um dos padrinhos da cerimônia, em que chegou a discursar e fez elogios à “coragem para protestar” de Zambelli.

 

A declaração de Oliveira foi feita durante a assembleia no 18º Batalhão da PM, em Fortaleza, na noite do último domingo, na qual os policiais votaram pelo fim do motim. A categoria aceitou a proposta definida por uma comissão especial com integrantes dos três poderes do Ceará, além de representantes da própria PM.

— Encerrando essa paralisação hoje, podem ter certeza, os senhores vão sair daqui do tamanho do Brasil. Já são grandes, já são corajosos. É muita coragem fazer o que os senhores estão fazendo. Não é para todo mundo. Os covardes nunca tentam, os fracos ficam pelo meio do caminho. Só os fortes conseguem atingir os seus objetivos. E vocês estão atingindo seus objetivos. Vocês movimentaram toda uma comissão de Poderes constituídos do estado cearense e do estado brasileiro, do governo federal. Os senhores se agigantaram de uma forma que não tem tamanho, que é do tamanho do Brasil, disse o coronel.

Assista:

 

 

*Com informações do Globo

Guedes e Moro foram de vacas sagradas do governo Bolsonaro a super ministros do caos

Até dias atrás a mídia contemporizava todos os atos de Bolsonaro e não escondia de ninguém que, se o governo Bolsonaro era uma tragédia, o mister da principal obra de arte de seu governo, Paulo Guedes, a vaca sagrada 01, era uma santidade, uma celebridade para 10 em cada 10 neoliberais do país.

Já Moro, a vaca sagrada 02, sua blindagem já denunciava que tinha que ser tratada com as melhores rações e melaço pela mídia por se tratar de uma carta na manga pra lá de marcada que ela guardava para a disputa presidencial em 2022.

Guedes, depois não de seu ataque baixo às empregadas domésticas, perdeu completamente a credibilidade por conta do pibinho e da disparada do dólar.

A questão que repercutiu sobre as empregadas domésticas foram duas, seu preconceito foi o que menos importou para a elite, apesar de fingir que foi, porque mostrou que, se ele tinha alguma coisa de técnico, como a própria mídia exaltava, era de um técnico de time de botequim, aquela figuraça que era um patrimônio do copo sujo. Então, o fogazão é meio técnico, meio patrono e não é coisa nenhuma, está ali apenas para compor a atmosfera do racha com os parceiros de copo. Isso é Paulo Guedes, o Chicago Boy que tem a cabeça lá na era de Pinochet, que também foi inspiradora para muitos economistas brasileiros da ditadura, daí Figueiredo entregar o governo a Sarney com um hiperinflação e uma dívida externa impagável.

Dia desses, ouvi Guedes falando mal dos militares, por serem, segundo ele, protecionistas, quando, na verdade, começa em Figueiredo o sucateamento das estatais, segue a passos largos com Sarney para que Collor desse início às privatizações criminosas e FHC seguisse com a obra magnífica de Fernando Collor de Mello, o caçador de marajás que só caçou a poupança do povo.

A verdade é que as duas pastas são certamente os dois maiores engodos do governo Bolsonaro. Moro, ao contrário do que diz, fez a violência aumentar, sem falar que ele não trabalha para o governo e nem para o país, mas para a milícia e a família Bolsonaro como um verdadeiro capanga de milícia. O episódio do Ceará foi a gota d’água para a mídia jogar a tolha e abandonar Moro.

E hoje, para piorar, Lula recebe da prefeita de Paris a maior honraria da Capital Cultural da Europa, a de Cidadão Honorário de Paris. De pronto é reconhecido como perseguido político no Brasil, justamente pelo, hoje, desmoralizado capanga da milícia.

De resto, sua pasta é mais ridiculamente fantasiosa do que o ridículo filme “Polícia Federal – A Lei é Para Todos”, protagonizado pelo antilulista tardio, Ary Fontoura e outros bobocas da Globo querendo pegar carona na moromania.

O fato é que, esses dois embusteiros, Guedes e Moro, se eram os principais alicerces do governo inepto de Bolsonaro, agora, nem isso Bolsonaro tem. A estética oficial do governo diante da opinião pública e da própria mídia é aquilo que Chico Buarque, como sempre assertivo, cravou, “O Brasil é governado por loucos”.

 

*Carlos Henrique Machado Freitas

Após Bolsonaro mandar embora médicos cubanos, mortes de bebês indígenas crescem 12% em 2019

Após atingir níveis historicamente baixos em um período que coincidiu com a execução do Programa Mais Médicos, a mortalidade de bebês indígenas voltou a subir em 2019 — depois da saída de médicos cubanos que atuavam pelo programa — e retornou aos patamares anteriores à iniciativa.

Dados do Ministério da Saúde obtidos pela BBC News Brasil com base na Lei de Acesso à Informação mostram que, entre janeiro e setembro de 2019 — último mês com estatísticas disponíveis —, morreram 530 bebês indígenas com até um ano de idade, alta de 12% em relação ao mesmo período de 2018.

Indígenas e especialistas no setor citam entre as causas para o aumento o fim do convênio entre o Mais Médicos e o governo de Cuba, no fim de 2018, e mudanças na gestão da saúde indígena no governo Jair Bolsonaro.

Logo no mês seguinte ao fim do convênio com Cuba, em janeiro de 2019, houve 77 mortes de bebês indígenas — o índice mais alto para um único mês desde pelo menos 2010, quando se inicia a série de dados obtida pela BBC News Brasil.

Os 301 cubanos contratados pelo programa respondiam por 55,4% dos postos de médico na saúde indígena. Desde a saída do grupo, o governo repôs a maioria das vagas com médicos brasileiros, mas muitos líderes comunitários dizem que houve uma piora nos serviços.

A principal causa das mortes dos bebês em 2019 foram algumas afecções originadas no período perinatal (24,5%), doenças do aparelho respiratório (22,6%) e algumas doenças infecciosas e parasitárias (11,3%). O índice de mortes de bebês indígenas em 2019 foi o maior desde 2012, quando houve 545 casos entre janeiro e setembro.

O Mais Médicos teve início no ano seguinte, em 2013. Entre 2014 e 2018, o indicador caiu para uma média de 470 mortes por ano.

Para calcular o índice de mortalidade infantil entre indígenas em 2019, seria necessário considerar o total de bebês nascidos no período — número ainda não disponível. Em 2016, o Ministério da Saúde lançou um programa para tentar reduzir esse índice em 20% até 2019. Naquele ano, havia 31,28 mortes de bebês indígenas por mil nascidos vivos — mais do que o dobro da média nacional (13,8). A maioria das mortes (65%) era causada por doenças e causas evitáveis.

Regiões mais afetadas

O atendimento das comunidades nativas é uma atribuição da Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai), subordinada ao Ministério da Saúde. A secretaria gere 35 Distritos Sanitários Especiais Indígenas (DSEIs), responsáveis pelos cuidados de cerca de 765.600 indígenas em todo o país.

Entre 2018 e 2019, houve aumento na mortalidade de bebês em 18 desses distritos, e em cinco deles o índice mais do que dobrou. Os distritos com mais mortes de bebês foram Yanomami (97), Alto Rio Solimões (54) e Xavante (47).

A maior variação ocorreu no DSEI Bahia. Entre janeiro e setembro de 2019, 11 bebês indígenas com até um ano morreram na região, número quase quatro vezes maior do que o registrado no mesmo período de 2018 (3).

Sérgio Bute, indígena do povo pataxó hã-hã-hãe que preside o Conselho Distrital de Saúde Indígena (Condisi) da Bahia, atribiu as mortes à saída dos cubanos e a problemas no transporte de pacientes e equipes de saúde. Ele diz à BBC News Brasil que a saída dos profissionais — 20 médicos cubanos atuavam no distrito — foi “um desastre grande”.

“Eles (cubanos) não faziam objeção, não criavam nenhuma dificuldade para ir na aldeia, conviver com a realidade. Com a saída deles, sentimos esse impacto”, afirma.

Desde o término do convênio, o governo promoveu três chamamentos para substituir os médicos cubanos por brasileiros. Bute diz que 17 dos 20 postos foram preenchidos e que o atendimento hoje está “melhorzinho”.

Mas ele afirma que vários médicos brasileiros evitam visitar as aldeias e não criam laços com as comunidades, o que prejudica a qualidade do serviço. A BBC News Brasil ouviu queixas semelhantes entre vários indígenas que participaram de um encontro de membros de 45 etnias na Terra Indígena Capoto Jarina, em Mato Grosso, em janeiro.

“Temos médicos brasileiros excelentes, mas também temos aqueles que aparecem no serviço uma vez por semana e vivem apresentando atestado”, diz Paulo Tupiniquim, coordenador-executivo da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib) e membro do conselho de saúde do DSEI Minas Gerais e Espírito Santo.

“É uma postura completamente diferente da dos cubanos. Com eles não tinha tempo ruim: podia estar chovendo ou fazendo sol, eles tinham essa preocupação de levar o atendimento, de manter o contato com a população”, afirma.

Tupiniquim diz que os dados de mortes de bebês indígenas em 2019 “nos deixam horrorizados”. Ele afirma que “a saúde indígena sempre teve suas deficiências, mas, em 2019, com a mudança de gestão, a situação ficou pior em todos os aspectos”.

Em 12 de fevereiro, após vários protestos de indígenas, o Ministério da Saúde afastou a chefe da Sesai, a fisioterapeuta Silvia Waiãpi, e a substituiu por Robson Santos da Silva, que ocupava um cargo de diretor na secretaria. As manifestações também protestavam contra os planos do governo de municipalizar a saúde indígena — anunciados no começo de 2019 pelo ministro da Saúde, Luís Henrique Mandetta, mas depois descartada.

Questionado pela BBC News Brasil sobre a alta nas mortes de bebês indígenas no último ano, o ministério enviou uma nota na qual diz que os óbitos de 2018 e 2019 ainda estão sob apuração e que é precipitado compara-los.

Participação de Cuba no Mais Médicos

O convênio com Cuba teve um papel central no programa Mais Médicos, lançado pelo governo Dilma Rousseff em 2013 para levar profissionais a áreas desassistidas, principalmente em periferias urbanas, cidades do interior e comunidades indígenas.

Antes do fim da parceria, em 2018, os cubanos respondiam por 51,6% dos 16.150 médicos do programa. Cuba encerrou o vínculo quando Bolsonaro, então presidente eleito, fez uma uma série de críticas ao governo cubano e à participação do país caribenho no Mais Médicos.

Bolsonaro dizia que os médicos cubanos trabalhavam em regime de escravidão, pois tinham de deixar as famílias para viajar ao Brasil e porque 70% de seus salários ficavam com o governo cubano. Ele questionava ainda a qualificação dos médicos cubanos, que eram dispensados de revalidar seus diplomas no Brasil para participar do programa. Durante a campanha eleitoral, Bolsonaro afirmou que passaria a exigir a revalidação para “expulsar” os cubanos do país.


A dispensa da revalidação também era criticada por associações médicas brasileiras, que cobravam o governo a rever a regra. Em 2017, porém, o Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu que a prática é legal.

Ao comunicar o término da parceria, o governo de Cuba criticou Bolsonaro por questionar “a dignidade, o profissionalismo e o altruísmo dos colaboradores cubanos que, com o apoio das suas famílias, prestam serviços atualmente em 67 países”. A prestação de serviços de saúde é uma das principais fontes de receita de Cuba, que tem a maior relação de médicos por habitantes do mundo, segundo o Banco Mundial.

Com o fim do acordo, o país caribenho convocou seus médicos a deixar o Brasil entre 25 de novembro e 25 de dezembro de 2018. Parte do grupo, no entanto, permaneceu no país na esperança de ser recontratada.

Substituição de médicos cubanos

Logo após o fim da parceria, ainda no governo Michel Temer, o Ministério da Saúde lançou um edital para tentar substituir os cubanos por médicos brasileiros. Boa parte das vagas foi preenchida, mas muitos selecionados desistiram. Desde então, houve outros dois chamamentos.

Sempre houve dificuldades para alocar médicos em comunidades indígenas. Em várias delas, os profissionais costumam ter de passar semanas nas aldeias, com acesso limitado a bens materiais.

Em dezembro, Bolsonaro assinou uma lei substituindo o Mais Médicos pelo programa Médicos pelo Brasil. A lei permite a readmissão de parte dos médicos cubanos que permaneceram no Brasil após o fim do convênio. O governo deve detalhar como se dará a readmissão nas próximas semanas.

Em nota à BBC News Brasil, o Ministério da Saúde diz que há hoje 343 médicos atuando pelo Mais Médicos e 30 vagas desocupadas em 16 distritos indígenas.

“Além destes profissionais, outros 111 médicos atuam na saúde indígena por meio das entidades conveniadas. Assim, não há impacto significativo no atendimento por ausência de médicos, uma vez que o atendimento à população indígena é multiprofissional, ou seja, uma equipe de saúde continua visitando periodicamente os pacientes”, diz o comunicado.

Especialistas avaliam, porém, que a presença de médicos nas equipes pode fazer a diferença nos casos em que os quadros não sejam óbvios ou os pacientes já estejam em situação vulnerável, caso de bebês desnutridos. Nessas situações, afirmam que diagnosticar e tratar os doentes rapidamente pode impedir complicações que os levem à morte.

Problemas de gestão

Indígenas e servidores do Ministério da Saúde ouvidos pela BBC News Brasil citaram ainda, entre as causas para o aumento nas mortes de bebês indígenas em 2019, mudanças ocorridas na Sesai após a posse de Bolsonaro.

Servidores da Sesai que não quiseram ser identificados disseram que a secretaria afastou vários técnicos experientes que eram considerados próximos da gestão anterior. Uma das pessoas exoneradas era a principal responsável pelas ações contra a mortalidade infantil, a nutricionista Janini Selva Ginani. Também foram substituidos os principais gestores dos DSEIs, que, por sua vez, afastaram muitos profissionais de saúde que atuavam nas comunidades.

Segundo servidores, as mudanças teriam provocado uma ruptura nas atividades e alijado pessoas cruciais para a continuidade dos trabalhos. A situação teria se agravado no início do ano quando empresas conveniadas que prestam serviços de saúde nos DSEIs anunciaram não ter recebido pagamentos do Ministério da Saúde e interromperam atividades.

Já o Ministério da Saúde diz que “não houve suspensão de pagamento às entidades conveniadas”. “Cabe ressaltar que os DSEIs têm repasses mensais garantidos para pagar contratações nos três primeiros meses, após esse período, os repasses passam a ser garantidos de forma trimestral. Contudo, as entidades possuem saldos para honrar os pagamentos de seus profissionais que atuam nos DSEIs, não havendo prejuízo ou interrupção nos serviços”, diz uma nota do órgão.

Em diferentes partes do país, porém, houve protestos em que funcionários das conveniadas cobraram o pagamento de salários atrasados. O impasse durou vários meses. O mês de maio, durante o imbróglio, registrou o maior número de mortes de indígenas de todas as idades em todo o ano: 305, número 15% maior que a média mensal de mortes até setembro (264,7).

Transporte suspenso

No DSEI Bahia, onde houve o maior aumento no índice de mortes de bebês, 148 motoristas contratados para transportar pacientes indígenas e equipes de saúde deixaram de trabalhar em março de 2019, após a Sesai encerrar o contrato que regia o serviço. O grupo não retomou as atividades até hoje.

O presidente do Conselho Distrital de Saúde da Bahia, Sérgio Bute, diz que a função tem sido exercida de forma improvisada por 19 servidores públicos. Sem motoristas suficientes, diz ele, muitos pacientes deixaram de ser levados ao hospital, e as visitas de equipes de saúde às aldeias ficaram menos frequentes.

“Isso tem contribuído com a questão da mortalidade”, afirma. Ele diz que houve casos em que moradores dirigiram as picapes da Sesai para que pacientes pudessem ser atendidos na cidade.

O Ministério da Saúde afirma que o contrato foi encerrado ao fim de seu período de vigência. “O processo de licitação, seguindo recomendação do Ministério Público Federal, está em andamento. Enquanto isso, o DSEI Bahia disponibilizou servidores para realizar tal função em caráter temporário. Além disso, foi autorizada a contratação emergencial de motoristas e garantido o recurso para que o DSEI possa manter o atendimento adequado até a finalização da licitação para a contratação regular do serviço”, diz a nota oficial.
Direito de imagem Ministério da Saúde

Impactos do Mais Médicos na saúde indígena

Os dados obtidos pela BBC News Brasil apontam para uma melhora expressiva após a implantação do Mais Médicos, embora os indicadores continuassem abaixo da média da população brasileira. De 2007 a 2013, segundo uma reportagem publicada em 2014 pela BBC News Brasil com dados do Ministério da Saúde, 40% de todas as mortes indígenas no país eram de crianças com até quatro anos. Desde 2015, o índice caiu para menos de 30% e fechou 2019 em 28%. A média brasileira é de cerca de 4,5%.

Outros indicadores tiveram uma variação menor na época do Mais Médicos, como o percentual de mortes de indígenas por doenças infecciosas e parasitárias, consideradas evitáveis. O índice passou de 8,2%, em 2013, para 7,2%, em 2018, ante uma média nacional de 4,5%.

Especialistas atribuem as melhoras não só aos Mais Médicos, mas também ao aumento nos atendimentos realizados pelas Equipes Multidisciplinares de Saúde Indígena. Encarregados da atenção primária, os grupos são compostos por outras categorias profissionais, entre as quais enfermeiros, nutricionistas e agentes indígenas de saúde e de saneamento.

Segundo um relatório da Sesai divulgado no início de 2019, a média de atendimentos realizados por essas equipes passou de 1,56 atendimento por habitante, em 2014, para 6,32, em 2017.

Professor de Medicina da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e especialista em saúde indígena, Douglas Rodrigues diz que, quando bem estruturada, a atenção primária é capaz de resolver até 85% dos problemas de saúde de uma comunidade. Em 2019, porém, com a saída dos cubanos e a redução no número de outros profissionais, Rodrigues afirma que o setor sofreu um “apagão”.

Para o professor, além de repor as equipes, é preciso investir na formação dos agentes indígenas de saúde e de saneamento. Segundo ele, embora a ampliação do número de profissionais na saúde indígena na última década tenha sido benéfica, esse aumento relegou os agentes indígenas ao segundo plano.

“Os agentes passaram a se dedicar a funções secundárias, como entregar remédios, quando a ideia é que eles façam a ponte entre as equipes e a comunidade e que tenham um papel central nas ações de prevenção e de promoção de saúde”, diz Rodrigues. Uma das principais atribuições dos agentes, segundo o médico, é promover uma alimentação de qualidade nas comunidades — fator que influencia vários indicadores de saúde.

Rodrigues afirma que, após um período de grandes avanços na saúde indígena, os dados se estabilizaram. Para ele, a continuidade da melhora depende, em parte, de uma melhor articulação entre o SUS (Sistema Único de Saúde) e os serviços de saúde indígena. Rodrigues afirma que também há margem para ações pontuais que reduzam os altos índices de mortes por causas evitáveis, como resfriados que viram pneumomia.

Um exemplo seria a distribuição de inaladores nas aldeias. “Há várias tecnologias simples que podemos incorporar e que poderiam nos ajudar muito”, afirma.

 

*João Fellet/BBC News Brasil

Moro enrubesce a falta de vergonha com declarações sobre greve de PMs no CE

Sergio Moro, ministro da Justiça: seu autoritarismo se torna a cada dia mais evidentemente balofo. E, tudo indica, ele acha que já nem mais precisa disfarçar. Busca o eleitorado do seu chefe.

A greve dos policiais militares revelou, sem chance para leitura alternativa, a natureza politicamente pusilânime de Sergio Moro. Ele faz corar até a falta de vergonha. O ministro recorreu ao Twitter para publicar esta pérola:

“Recebo com satisfação a notícia sobre o fim da greve dos policiais no Ceará. O Gov Federal esteve presente, desde o início, e fez tudo o que era possível dentro dos limites legais e do respeito à autonomia do Estado. Prevaleceu o bom senso, sem radicalismos. Parabéns a todos.”

Como? Quase 200 homicídios no período do motim, dois tiros disparados contra um senador, fardados armados e amotinados, e o ministro dá “parabéns a todos”, incluindo os grevistas?

Prevaleceu a firmeza do governador Camilo Santana. O ministro só se manifestou sobre o caráter da greve neste sábado. Afirmou que ela era ilegal, mas que “o policial não pode ser tratado de maneira nenhuma como um criminoso”.

Segundo a Constituição e a lei, que o ministro deveria respeitar, o grevista é criminoso, sim! Quando se amotina, aterroriza a população e depreda patrimônio, pior.

Sabem como é… Estamos diante de um valente que fala firme com roqueiros e mole com fardados amotinados.

Só para lembrar: a greve já estava em declínio quando Moro foi ao Ceará. Ao chegar com a sua conversa mole em favor do entendimento — COM BANDIDOS AMOTINADOS, REITERO —, o movimento recrudesceu.

O doutor manda um recado a outras PMs que eventualmente queiram botar fogo no parquinho: podem seguir adiante. Moro, o extremista de direita, o Mussolini de Maringá, não expressará um só muxoxo de reprovação, pregará o entendimento e depois dará parabéns a todos.

Já os roqueiros, desenhistas e chargistas que se cuidem.

Com essa turma, ele é de uma coragem fabulosa.

 

*Reinaldo Azevedo/Uol

Até quando mídia fará de conta que militares da ativa e reserva não fazem parte de um governo ligado à milícia?

Não existe meio miliciano e o governo Bolsonaro acabou de provar isso em sua participação no Ceará, apoiando o motim de PMs mascarados, armados, ameaçando a sociedade, policiais civis e produzindo um banho de sangue com mais de 200 mortos por desobedecerem à Constituição.

Lógico que isso está custando muito caro a Moro, muito mais do que ele imagina.

A mídia era sua segunda pele, e ele, não só acaba de perder, como agora ela se volta contra ele, tal o descarado apoio de Moro ao motim criminoso dos milicianos no Ceará.

São fatos muito explícitos com mais de 200 corpos e muito sangue espalhados pelo chão.

Não foi uma proteção a Flávio, uma pressão ao porteiro ou a um festival de Punk ou mesmo uma declaração de naturalização de um cheque de Queiroz que foi parar na conta da primeira-dama Michelle Bolsonaro.

O que se viu no Ceará com o apoio obsequioso de quem até ontem era herói absoluto na mídia, compara-se ao Talibã.

Isso, aos olhos de um sujeito como o deputado Major Olímpio. Imagina!

Assim, Moro não deu outra opção para a mídia amiga, senão dar a ela a própria cabeça para ser degolado em nome de uma causa pessoal que o liquidou.

Por outro lado, a mídia não tem como ficar no meio do caminho diante de um evento tão gritante como esse em que, não só Moro, mas Bolsonaro e filhos apoiaram explicitamente os milicianos do Ceará, como os mais de 100 militares do governo Bolsonaro se calaram diante de mais esse flagrante apoio ao crime organizado que age dentro do Estado brasileiro com a cobertura do Presidente e seu Ministro da Justiça e Segurança Pública.

A mídia vai fingir que não está vendo as Forças Armadas fazerem de conta que não veem muitos militares de alta patente da ativa e reserva participando de um governo com pacto com a milícia?

Todos esses fatos que envolvem a família Bolsonaro com Adriano da Nóbrega, Queiroz, Ronnie Lessa, vizinho do presidente e, agora, o apoio ao motim do Ceará, não são suficientes para a mídia cobrar das Forças Armadas um posicionamento sobre a participação de tantos militares nesse governo? Esta é uma pergunta que se impõe, sobretudo depois que a mídia chegou à conclusão de que Moro foi conivente com o motim, assim como o Presidente da República e seus filhos, principalmente Eduardo Bolsonaro.

Ou isso virou o novo normal que a mídia industrial tanto critica?

 

*Carlos Henrique Machado Freitas

Vídeo: Acabou a paciência: Morador joga lama em Crivella

Crivella é atingido por barro após dizer que população mora em área de risco para gastar menos com xixi e cocô.

No mesmo dia em que quatro pessoas morreram por conta das chuvas, prefeito disse neste domingo (1) que cariocas escolhem viver em áreas de risco.

O prefeito do Rio de Janeiro, Marcelo Crivella (PRB), foi atingido por um pedaço de barro durante entrevista no Realengo, zona oeste do Rio, nesta segunda-feira (2). Ele foi ao local verificar os estragos provocados pelas fortes chuvas que atingiram a cidade neste domingo (1).

Ataque ao prefeito vem após o prefeito dizer que cariocas gostam de morar perto de áreas de risco para “se verem livres dos esgotos” e gastarem “menos tubos para colocar cocô e xixi’”.

A declaração de Crivella foi feita durante uma reunião no Centro de Operações Rio, transmitida ao vivo nas redes sociais. O prefeito também afirmou que os cariocas escolhem viver em áreas de talvegues, caminhos por onde passam as águas das chuvas, considerados de risco.

“Todas as encostas lá são perigosas, mas aonde descem as águas, predominantemente chamado talvegues, e as pessoas gostam de morar ali perto porque gastam menos tubo para colocar cocô e xixi e ficar livre daquilo, essas áreas são muito perigosas”, disse Crivella.

 

 

*Com informações da Forum

O preço da covardia: Moro perde a blindagem e passa a ser criticado pela mídia

Foi preciso Moro escancarar sua subserviência à milícia para que o verniz  de herói tomasse uma chuva ácida vinda da mídia que o inventou.

Moro, em última análise, foi reduzido a um covarde por ter miado como um gato, como bem disse Elio Gaspari, quando teve que enfrentar o motim da milícia do Ceará.

Na verdade, Moro apoiou os milicianos, seguindo como gado o caminho de boi feito por Bolsonaro e Eduardo, que declararam abertamente apoio à reivindicação e insubordinação de mascarados que aterrorizaram a população, atacando, inclusive, policiais civis e produzindo um saldo de mais de 200 mortes em decorrência do motim.

Basta aparecer a imagem de Moro em qualquer situação, seja nos jornais, TVs, seja em redes sociais, que a legenda já vem pronta, covarde, capanga da milícia, jagunço do clã Bolsonaro. É daí para baixo.

É uma coleção de adjetivos que, certamente, Moro nunca sonhou que receberia no lugar das glórias, antes, recebidas quando, à margem da lei, mas com proteção da Globo e de outras mídias, ele se lambuzava.

Lula definiu muito bem como Moro construiu seu castelo de areia que, agora, desaba de uma só vez.

Lula: ‘Moro visitou todas as redações para dizer que a Operação Mãos Limpas dele só ia dar certo se a imprensa condenasse as pessoas antes, porque depois que a imprensa condena fica muito fácil qualquer um dar a sentença (com base na pressão negativa da opinião pública)’

Pois bem, essa mesma imprensa a qual Lula se refere, volta-se contra a criatura criada por ela, mostrando a fragilidade de um sujeito inventado com o único propósito de derrubar Dilma e condenar e prender Lula para satisfazer o desejo da burguesia e eleger Bolsonaro e se autoeleger Ministro da Justiça e da Segurança Pública.

O refluxo demorou, mas veio amargo e queimando.

 

*Carlos Henrique Machado Freitas

 

Articulador do partido criado por Bolsonaro tem dívida de R$ 8 milhões em impostos com a União

Acabou a mamata!

Apontado como principal operador político da Aliança pelo Brasil de Jair Bolsonaro, o advogado Luís Felipe Belmonte dos Santos, possui débitos de impostos junto à União que somam R$ 8 milhões.

A maior parte da dívida (R$ 6,9 milhões) consta no nome do advogado que também é empresário – R$ 1 milhão está registrado como cobrança para o escritório.

Luís Felipe Belmonte dos Santos foi, até recentemente, filiado ao PSDB, atuou como advogado do empresário Luiz Estevão, que cumpre uma pena de 26 anos por fraudes na construção do Tribunal Regional do Trabalho (TRT) de São Paulo.

Luís Felipe Belmonte é suplente do senador Izalci (PSDB-DF) e declarou à Justiça Eleitoral patrimônio superior a R$ 65 milhões nas últimas eleições, tendo injetado R$ 1,48 milhão na campanha do tucano. Ao todo, foi o segundo maior doador do pleito, tendo aplicado R$ 3,95 milhões.

A mulher do empresário, a deputada federal Paula Belmonte (Cidadania-DF), também aparece como devedora de R$ 2,4 milhões em impostos não pagos à União. Esse é o mesmo valor que a parlamentar declarou ter investido em sua campanha para a Câmara em 2018. A defesa da deputada diz que é uma cobrança indevida e que não reconhece o débito.

 

*Da redação

Vídeo: Contra o ódio bolsonarista, O Brasil vai de Drauzio Varella

A televisão, de forma geral, há muito perdeu sua capacidade de cumprir uma programação que abarque o sentimento nacional. Com isso, o programa de Drauzio Varella, no Fantástico do último domingo, com a rotina de 700 mulheres trans presas em presídios masculinos, tocou profundamente as pessoas e as redes sociais refletiram isso.

A atitude humana de uma figura como Drauzio Varella, tratando com tanto afeto e respeito humano as entrevistadas, mostrando seus dramas sem apelos emocionais, trouxe dois dados fundamentais, a sociedade brasileira como um todo é muito maior do que o julgamento que fazem dela.

Mas algo nesse programa, que tanto emocionou as pessoas, diz muito mais.

A adesão ao discurso do ódio homofóbico disseminado por Bolsonaro e seus acéfalos profissionais não encontra verdadeiramente eco na sociedade.

E é nesse ponto que precisamos focar a nossa atenção e não confundir barulho preconceituoso com um sentimento coletivo.

A produção do discurso de ódio de Bolsonaro é uma coisa, passou a vida como um subpolítico que viveu de restos do baixo clero, adulando policiais, militares e milicianos, em muitos casos, como sabemos, isso acaba se confundindo pela própria relação estreita que sempre tiveram. No entanto, o Bolsonaro candidato e, agora, presidente, não atua mais como aquele idiota psicopata, movido por um caldo de rancor, complexo de inferioridade e muita frustração pessoal e não perguntem por que, mas isso está explícito na personalidade do ogro.

O Bolsonaro de agora nada tem a ver com aquele. Seu personagem atual é profissional, lógico, dentro do limite intelectual do sujeito que, como sabemos, tem a elasticidade de um concreto.

Mas ele segue à risca uma cartilha só que diz ser conservadora, mas de conservadora nada tem. É uma cartilha de oportunistas eleitorais que trabalha com o senso comum de uma parcela restrita e muito bem definida da sociedade, onde se misturam religiosos, homofóbicos, reacionários, misóginos e etc. Mas são pessoas que, normalmente, no cotidiano são malvistas, por serem incapacitadas de viver em civilização, pouco importando a sua condição social.

O ódio dessa gente é uma entidade psicológica, pois ela vive viu nesse discurso a oportunidade de por pra fora o orgulho de ser o que é, sobretudo quando se une ao bando ou ao gado, como queiram. Aí a histeria coletiva fala mais alto e ganha um diapasão para dar a impressão de grandeza.

Mas como se observa hoje nas redes sociais, os milhares de elogios que o programa do Fantástico com Drauzio Varella recebeu, percebemos que, no conjunto da obra, o Brasil, na verdade, defende-se do ódio bolsonarista com o coração de Drauzio Varella.