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Gonzalo Vecina: ‘Todos os que morrerem a partir de maio têm o endereço de quem os matou: o Planalto’

O médico sanitarista afirma que o Brasil terminaria a vacinação em maio se tivesse adquirido os imunizantes no ano passado.

Se o Brasil tivesse comprado vacinas ofertadas já no ano passado, terminaria a imunização contra a Covid-19 em meados de maio deste ano, afirmou Gonzalo Vecina, médico sanitarista e fundador da Agência Nacional de Vigilância Sanitária.

Com o atraso na vacinação, a cobertura pode ser concluída somente em novembro, o que tende a gerar mais mortes em uma eventual 3ª onda da pandemia, apontou o especialista.

Para Vecina, o governo federal é diretamente responsável pelos óbitos por Covid-19 que ocorram a partir deste mês. Ele cita o caso do município de Serrana, no estado de São Paulo, que demonstrou controle da mortalidade por coronavírus após a vacinação.

Todos os brasileiros que morrerem a partir de maio têm o endereço de quem os matou: mora no Palácio do Planalto”, afirmou Vecina em entrevista ao programa Direto da Redação, no canal de CartaCapital no YouTube. “Se as vacinas tivessem sido compradas e aplicadas, em meados de maio nós teríamos derrubado a mortalidade.

Até o Brasil alcançar a cobertura vacinal, ele estima aumento de 350 mil a 400 mil mortos por Covid-19.

“Dos 450 [mil] que nós já temos, uma parte é devida ao não-isolamento social, ao uso inadequado desses medicamentos que estão aí. Isso é uma hipótese. A partir de agora, todas as mortes que ocorrerem são devidas a quem não comprou a vacina. Tem nome e endereço. E a população brasileira precisa ter consciência disso.”

Para ele, o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, está se revelando um “bagre ensaboado”, em uma tentativa de fazer bom serviço na pasta, mas ao mesmo tempo se submetendo ao presidente Jair Bolsonaro. A opção por sediar a Copa América e a decisão de afastar a infectologista Luana Araújo do Ministério da Saúde, por exemplo, são evidências de que “nada melhorou”.

“Tudo piorou. Essa é uma característica desse governo: eles sabem piorar todos os dias.”

Cobertura vacinal não é um problema de agora

Vecina criticou também as políticas de austeridade fiscal adotadas desde o governo de Michel Temer (MDB), como a Emenda Constitucional 95, que instituiu o teto de gastos.

O médico afirmou que a cobertura vacinal vem caindo no Brasil desde 2016, contra doenças como pólio, sarampo e tuberculose, por falta de campanhas de vacinação. Também diz que houve paralisação no atendimento de pacientes com enfermidades mais complexas, como o câncer, devido à ausência de investimentos.

O Sistema Único de Saúde sofre reflexos até na atenção primária, diz o sanitarista, devido a um processo de desfinanciamento que vem desde “a PEC do Fim do Mundo”, como era conhecida a Emenda Constitucional 95.

Não existe país que resista à paralisia de gastos públicos por 20 anos numa população desse tamanho. Como é que pode ser chamado o conjunto de governantes que tomam uma decisão tão estapafúrdia? Foram idiotas, é o mínimo que posso dizer”, declarou o médico. “O SUS está sendo desmontado a céu aberto, e nós estamos concordando com isso.”

*Carta Capital

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