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No Brasil das maravilhas de Paulo Guedes não cabe Bolsonaro e nem o Brasil

Gás de cozinha sobe cinco vezes a inflação do ano, o botijão chega a custar R$ 135,00.

Isso mesmo que você lê, a alta é mais de cinco vezes a inflação acumulada no período. O salto do preço do gás foi de R$ 75,29 no final de 2020 chegando a custar R$ 135,00.

Paulo Guedes tem uma explicação na ponta da língua, que é não jogar fora a água do banho junto com o bebê. Ou seja, jogue fora Bolsonaro, mas deixe a água do neoliberalismo na bacia e todos os problemas estarão resolvidos. Isso mesmo, Guedes jogou Bolsonaro aos leões para justificar a hecatombe econômica.

Digo mais, fez isso duas vezes no mesmo dia, uma, no encontro com Fux para quem estava de joelhos pedindo pelo amor de Deus para que o STF libere o beiço que o governo quer dar nas precatórias e, a outra, na Jovem Pan.

Lógico que, repetindo a mesma receita de Dória, basta privatizar a Petrobras em fatias, o que, segundo os dois gênios provocaria uma competição contra o monopólio estatal e a fatura estaria encerrada.

Mas como Guedes tem uma língua grande que adora chicotear a própria bunda, no momento seguinte de sua inenarrável entrevista à claque dos Pingos nos Is, da Jovem Pan, entusiasmadíssima com a fala do gabola que está mergulhando o país num caos, Guedes explicou o porquê da hiperinflação dos alimentos no que faz o feijão chegar a R$ 12,00 e o osso a R$13,49 o quilo, na promoção.

Guedes, nesse tocante, como diria Bolsonaro, soltou essa pérola, “no mundo todo há uma inflação dos alimentos”. Isso, no país que mais produz alimentos no planeta.

O problema é que Guedes não conseguiu juntar um fio com outro. Se a inflação do petróleo é por conta do monopólio e da valorização do dólar perante o real, ele sintetiza, a culpa é de Bolsonaro e suas cagadas políticas, como ele já havia dito no encontro que teve com Fux, em que praticamente desdiz na frente o que disse sobre o monopólio da Petrobras quando “explicou” que o país que tem a maior oferta de alimentos do mundo, sofre uma inflação maior do que os países mais remotos que não produzem um único grão de arroz.

Ou seja, o sujeito não tem a mínima ideia, do ponto de vista econômico e político, do bode que está em sua sala, porque ele não sabe aonde começa o rabo do bicho e aonde termina o focinho.

Em bom português, quer dizer, estamos todos ferrados nas mãos de um governo de corruptos e aventureiros, de especuladores e agiotas, de pistoleiros e milicianos. E como diz o filósofo Pazuello, ponto.

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Por Carlos Henrique Machado

Compositor, bandolinista e pesquisador da música brasileira

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