Ano: 2021

Breno Altman entrevista Dilma Roussef: Por que o golpe de 2016 foi vitorioso?

A ex-presidente Dilma Rousseff (PT) foi a entrevistada desta terça-feira (31/08) de Breno Altman no programa 20 Minutos. A conversa marcou os cinco anos do impeachment da então presidente: em 30 de agosto de 2016, o Senado aprovava o impedimento da mandatária e ela deixava o cargo definitivamente.

Na entrevista, Altman e Rousseff fizeram um balanço sobre o que aconteceu nos últimos cinco anos, desde que Michel Temer (MDB) assumiu a presidência de maneira definitiva. A pergunta que norteou a conversa é: por que o golpe de 2016 foi vitorioso?

Rousseff foi eleita em 2010 para um primeiro mandato, sendo reeleita em 2014. Natural de Minas Gerais, fez carreira política no Rio Grande do Sul até ser convidada pelo então presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva para assumir o Ministério de Minas e Energia, onde ficou até 2005. Assumiu, então, a Casa Civil do governo, cargo que ocupou até se desincompatibilizar para concorrer à Presidência da República.

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Zé Trovão desobedece STF, participa de live e desafia PF a prendê-lo

Conhecido como Zé Trovão, Marcos Antônio Pereira Gomes participou de transmissão de vídeo e fez nova incitação.

Alvo de investigação da Procuradoria-Geral da República (PGR) por suspeita de organizar atos antidemocráticos para o dia 7 de setembro, o caminhoneiro Marcos Antônio Pereira Gomes, conhecido como Zé Trovão, descumpriu ordem do Supremo Tribunal Federal (STF) e voltou a participar de transmissão em redes sociais para incitar a realização de atos violentos com fechamento de estradas para pressionar o Senado a aceitar pedido de impeachment contra ministros do Supremo.

A decisão do ministro Alexandre de Moraes que autorizou busca e apreensão contra o caminhoneiro também havia bloqueado suas redes sociais e proibido que ele aparecesse em redes sociais de terceiros. “Bloqueio e não participação em suas e em quaisquer redes sociais”, escreveu o ministro. Também o proibiu de se comunicar com outros manifestantes.

Zé Trovão, entretanto, participou, na noite do último domingo, de uma transmissão ao vivo no YouTube realizada pelo blogueiro Oswaldo Eustáquio, que também foi alvo de outra investigação da PGR sobre atos antidemocráticos.

Na transmissão, Zé Trovão afirma que irá participar das manifestações no 7 de setembro, embora não cite o lugar aonde irá, e confirma sua atuação para organizar os atos. O plano que ele descreve é que os caminhoneiros irão paralisar as atividades e bloquear estradas a partir das 6h da manhã do dia 7 de setembro.

— Em algum canto do Brasil eu vou aparecer. Talvez seja na (Avenida) Paulista, talvez seja em Brasília, talvez seja em Santa Catarina, no Rio Grande do Sul, Rio Grande do Norte, não sei — afirmou.

A decisão do STF cita expressamente que ele está proibido de participar de manifestações em Brasília. Zé Trovão chega a desafiar a Polícia Federal a prendê-lo nas manifestações.

— Se prepara meu amigo, porque se quiserem me prender no dia 7 de setembro, vão me prender no meio do povo.

*Com informações de O Globo

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Vídeo: Bolsonaro pipocou e golpe flopou

Logo depois dos manifestos da Fiesp, Febraban e agronegócio desautorizando Bolsonaro a partir de uma aventura suicida, eu quis ouvir a voz do genocida pela boca de Augusto Nunes, e não falha, este, incorporando o próprio Bolsonaro, já que o programa que ele comanda, o Pingo nos Is, a Secom-2, fez o que já se imaginava, botou panos quentes depois de ajudar tanto a inflamar os ânimos para que o gado invadisse o STF.

Augusto Nunes, ontem, parecia uma seda falando que o “povo” deveria ir às ruas criticar o STF, mas sem violência, num claro recado às milícias armadas anunciadas nas redes pelos bolsonaristas.

Bolsonaro nunca esteve tão isolado como agora. A ordem é tentar se sustentar no poder até 2022, vendendo-se como um candidato ainda viável para representar a direita. Meio tarde para o chefe de um governo absolutamente falido querer mostrar sinal de vida.

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Planalto fez duas reuniões oficiais com organizadores do 7 de Setembro

Investigados por organizar manifestações antidemocráticas para o dia 7 de setembro, apoiadores do presidente Jair Bolsonaro tiveram duas reuniões no Palácio do Planalto na semana anterior à operação da Polícia Federal que mirou, entre outros nomes, o cantor Sérgio Reis e o deputado Otoni de Paula (PSC-RJ).

As audiências ocorreram na Secretaria Especial de Articulação Social, que funciona no quarto andar do Planalto e é subordinada à Secretaria de Governo, hoje comandada pela ministra Flávia Arruda (PL-DF). Ambos os encontros estão registrados na agenda oficial da secretária de Articulação Social, Gabriele Araújo, nos dias 10 e 11 de agosto.

Responsável pelo caso, a PGR (Procuradoria-Geral da República) apura se o governo participou do planejamento dos atos, que vinham sendo convocados por meio de ataques a autoridades e incitações ao fechamento do STF (Supremo Tribunal Federal) e do Congresso, além de ameaças de paralisação do país com uma greve de caminhoneiros.

A primeira dessas reuniões, no dia 10, aparece na agenda de Araújo com a pauta “Movimento Brasil Verde e Amarelo”. Trata-se de um grupo formado por sindicatos e associações rurais que convocou, no final de maio, uma manifestação em apoio a Bolsonaro em Brasília. Entre as bandeiras do ato estava a proposta do voto impresso, rejeitada pela Câmara em agosto.

Na ocasião, a secretária recebeu Antonio Galvan, presidente da Aprosoja Brasil (Associação Brasileira dos Produtores de Soja) e um dos investigados no Supremo. No último dia 23, após ser alvo de buscas e apreensões, Galvan foi depor à PF em Sinop (MT) acompanhado de um grupo de ruralistas, que chegaram ao local em um comboio de tratores.

Galvan confirmou ao UOL que o tema do encontro foi o Movimento Brasil Verde e Amarelo, mas não explicou qual seria a participação do governo no assunto. “Fui fazer uma visita de cortesia lá para ela [a secretária Gabriele Araújo]. Que a gente já conhecia, [a gente] falou que ia passar uma hora para bater um papo com ela”, afirmou.

A agenda registra que o encontro também teve as presenças da advogada Paula Boaventura, esposa de Galvan, e de Fabrício Rosa, diretor-executivo da Aprosoja. Rosa afirmou que não participou da conversa e que a entidade ruralista não tinha relação com a pauta.

*Com informações do Uol

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Coaf aponta que movimentação financeira de Ricardo Barros é ‘incompatível’ com o patrimônio

Líder do governo fez transações em valor equivalente a 94% de seu patrimônio líquido em um mês; ele nega irregularidade.

Líder do governo na Câmara dos Deputados, Ricardo Barros (PP-PR) teve “movimentação financeira incompatível com o patrimônio, a atividade econômica ou a ocupação profissional e a capacidade financeira”. É o que aponta relatório enviado pelo Conselho de Controle de Atividades Financeiras (COAF) à CPI da Covid e obtido pelo GLOBO.

O levantamento também aponta que Barros movimentou recursos com familiares ou “estreitos colaboradores” sem que fossem justificados por eventos econômicos e destaca, ainda, “movimentação por meio de saques, os quais dificultam identificar os beneficiários finais dos recursos”. Procurado, o parlamentar negou qualquer irregularidade e disse que suas operações estão “dentro da normalidade”.

O órgão do Banco Central, que busca combater a lavagem de dinheiro, apontou que Barros movimentou R$ 169.849,97 acima da capacidade declarada. Entre primeiro de março de 2021 até 31 de março de 2021, transferências de Ricardo Barros somaram R$ 418 mil. O valor chamou a atenção por representar 94% do que o deputado diz ter como patrimônio líquido declarado: R$ 446 mil.

*Com informações de O Globo

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Implosão do Poder Executivo já começou

O sistema político brasileiro tende a um colapso profundo e rápido. O principal motivo para isso é a implosão do Poder Executivo, que já começou.

A analogia que vem à mente é o chamado derretimento do núcleo, que acontece nos acidentes em usinas nucleares. Consiste em um processo, quase sempre resultante de erros humanos, de superaquecimento do reator, que conduz à liberação de material radioativo no meio ambiente e coloca em risco todas as formas de vida.

No plano institucional, estamos no limiar de um fenômeno desse tipo. O perigo é real.

No desgoverno caótico do capitão Bolsonaro, o Poder Executivo está parando de funcionar ou não funciona mais. Ele não é apenas o pior presidente de todos os tempos, mas também o que menos trabalha, menos se dedica às suas obrigações. Faz tempo que sua agenda é subordinada a uma única obsessão: a busca da reeleição.

Não é a primeira vez que, no Brasil moderno, temos um chefe de governo que não sabe ou não consegue governar. Em função de seus erros, Collor perdeu condições de governabilidade com pouco mais de dois anos de mandato. Dilma sofreu um golpe, no início do segundo, que impediu que governasse. Quanto a Sarney, Itamar e Temer, os três não receberam mandatos próprios e assumiram o governo por impedimento dos titulares, o que sempre limitou sua autoridade.

O caso do capitão é pior. Nos anteriores, o sistema político conseguiu compensar, pelo menos em parte, a ausência da capacidade governativa pessoal do presidente. Em alguns casos, com sua colaboração: Sarney se apegou à “liturgia do cargo”, Collor tentou um ministério de “notáveis”; Itamar logo promoveu a transição para um novo governo. Sem sua ação, as crises que enfrentaram teriam sido piores.

Bolsonaro não tem as qualidades de seus antecessores e seu governo é feito com gente sem preparo e respeitabilidade. É impossível esperar dele um gesto de honra e grandeza. Sua equipe é de última categoria. Estão há dois anos e meio à frente do Executivo e não conseguiram fazer qualquer coisa em benefício da maioria.

Bolsonaro é o rosto de um governo responsável por uma catástrofe sanitária, com centenas de milhares de mortes evitáveis. É causador de uma crise na economia que produziu 15 milhões de desempregados, 6 milhões de desalentados e 33 milhões de pessoas subutilizadas. É culpado por um imenso retrocesso nas políticas ambientais, justo quando o mundo afunda em uma crise climática que pode ser terminal. Sob seu comando, a educação foi desorganizada, jogando fora décadas de avanços e se transformou em séria ameaça ao futuro

E ele só quer saber de como se manter no poder, custe o que custar.

*Marcos Coimbra/247

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Vídeo: Governo Bolsonaro caiu de podre, só falta removê-lo

Que o governo Bolsonaro já caiu de podre, todos sabem, só falta a remoção dos restos. Agora, é só decidir como tirá-lo do ambiente político que ele, logicamente com a ajuda dos iguais, deixou pra lá de tóxico.

Fiesp, Febraban e agronegócio já se manifestaram contra ele. Bolsonaro, desde o primeiro dia do seu governo, vem dinamitando as suas pontes. Mas, na verdade, todos os que ainda o cercam estão num processo galopante de autodestruição. E não tem volta, mesmo que os ratos abandonem o navio náufrago, não dá mais, u enorme estrago já foi feito.

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Como remover Bolsonaro rapidamente e evitar um impeachment paraguaio

A crise do governo Bolsonaro, apesar de terminal, não irá transcorrer suavemente no que diz respeito às regras do jogo democrático. A perda do apoio da classe média com alta escolaridade em 2020, das corporações estatais ao longo de 2021 e do mercado financeiro nas últimas semanas expressa tanto uma mudança de posição em relação à disputa política no Brasil quanto o fracasso da patética aliança entre liberais e a corporação militar. Nem o vasto programa de benefícios corporativos parece, neste momento, capaz de estancar a crise do bolsonarismo, que apelou para a única ideia constante no seu vocabulário político: a ameaça do golpe militar ou da desestabilização das instituições democráticas.

O colapso da aliança militar-liberal (um termo surreal que descreve o atual governo em decomposição acelerada) coloca, de um lado, aqueles que querem o fim rápido do governo e, de outro, aqueles que se assustam em ter de avalizar um programa de ameaças à democracia que ainda assim não parece ser capaz de sustentar o governo do capitão presidente. Assistimos, desde 2016, uma tentativa de cooptação dos membros das chamadas carreiras de elite do estado, aí incluídos o Ministério Público Federal (MPF), a Advocacia Geral da União (AGU) e corporações de segurança, além da alta oficialidade das Forças Armadas. Todos esses grupos foram beneficiados com fortes aumentos reais de salário desde 2016 e alguns desses aumentos foram exponenciados depois de 2019, como foi o caso da Polícia Militar e dos bombeiros do Distrito Federal no ano passado, com impacto em diversas outras polícias militares.

Ainda assim, com exceção de alguns setores da AGU e das Forças Armadas, tudo indica que as benesses financeiras não foram suficientes para cooptar setores que necessitam da existência de um estado estruturado capaz de realizar políticas públicas para alcançarem os objetivos da carreira. Até mesmo entre as Forças Armadas foi possível ver, no patético desfile de setores da marinha em frente ao Palácio do Planalto em 10 de agosto, um nível inédito de degradação dos equipamentos. Isso sugere que uma política de benesses corporativas tem o seu limite na degradação estatal, mesmo entre esses setores. Assim, resta a Bolsonaro apelar ou tentar mobilizar alguns setores das Forças Armadas e das Polícias Militares, aqueles que topam apostar na quebra da hierarquia e no caos.

É importante analisar o último setor significativo da sociedade brasileira que parece estar, neste momento, retirando seu apoio ao bolsonarismo: o mercado financeiro. Ainda impressiona o fato de as forças do mercado terem apostado todas as suas fichas em um presidente que não gera qualquer nível de previsibilidade aos atores econômicos. Pelo contrário, Paulo Guedes e sua liderança sobre setores lúmpen empresariado nacional parecem cada vez mais frágeis. Os resultados da política de Guedes são bem conhecidos: a volta da inflação, a explosão do preço da gasolina e do gás de cozinha, políticas erráticas no Congresso Nacional, como a reforma tributária que ali tramita. Agora que o mercado financeiro se retira da aliança bolsonarista, ele o faz com uma pressa inédita. O mercado não teve pressa enquanto uma parte substancial do estado brasileiro estava sendo desmontado, ou nos 196 dias nos quais morreram mais de mil pessoas de Covid no país, mas ele tem pressa de se livrar de Bolsonaro e essa pressa influencia o sistema político. De minha parte, acho que o Brasil deve ter pressa em se livrar de Bolsonaro, porque ele planeja o enfrentamento total com as instituições democráticas.

Jair Bolsonaro nunca foi um democrata e quando ele fala de democracia nos lembra uma concepção pessoal de instituições do antigo regime francês. Ele reitera essa concepção quando diz, eu sou a constituição, ou no famoso mote,  meu exército. Desde o início da pandemia, Bolsonaro radicalizou o seu discurso antidemocracia. Ao longo dos primeiros noventa dias da crise sanitária, nos sete eventos seguidos realizados pelo capitão em público e sem máscara, ele subiu o tom e passou a falar em intervenção militar. Nada, porém, se compara ao destempero das ameaças proferidas contra as eleições de 2022 e, agora, às ameaças de fechamento do Supremo Tribunal Federal (STF) ou ao pedido de impedimento do ministro Alexandre de Moraes. Tudo indica que a continuidade de Bolsonaro na presidência ameaçará o processo eleitoral do ano que vem e até mesmo a democracia no país, uma vez que o capitão fareja a sua derrota e pretende criar o caos político antes de sair. Daí a necessidade de examinar as formas de remoção do presidente e sua rapidez.

O Brasil possui três formas constitucionais de remover o presidente: a cassação da chapa pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o indiciamento do presidente por crime comum pelo STF a partir da autorização de dois terços da Câmara e o impeachment presidencial. Cada uma delas tem uma velocidade própria e está ligada a um tipo específico de ritual. No caso do impeachment, como se sabe, o processo brasileiro é o mais unipessoal entre os sistemas presidencialistas e só evolui se o presidente da Câmara estiver de acordo. Arthur Lira, em função da nomeação de cargos e troca de favores com o governo Bolsonaro, não tem propensão a colocar um processo de impeachment em movimento.

Mas vale a pena prestar atenção aos detalhes. Muitos analistas afirmam, erroneamente, que o centrão é um grupo cujo apoio está à venda. Essa é uma interpretação equivocada. O centrão nunca se vende, ele apenas se aluga com tendência a rompimento antecipado de contrato. Assim, não podemos excluir a possibilidade do centrão desembarcar do governo Bolsonaro e que o impedimento do presidente avance pela via legislativa, ainda que tal possibilidade pareça improvável.

As duas outras vias disponíveis são judiciais, uma envolve o TSE e a outra envolve o STF. No caso do TSE, o instituto da cassação do mandato tem prosperado desde a última década, na mesma medida em que a judicialização da política avançou no país. Essa via envolve a possibilidade da cassação da chapa com remoção tanto do presidente como do vice. Vale a pena observar que essa é uma via frágil e tardia. Frágil porque é quase impossível remover um presidente que acabou de ser eleito, a não ser que as evidências de fraude sejam abundantes. Sobra uma segunda possibilidade: a de remoção dos eleitos por quebra de preceitos legais durante o processo eleitoral. Essa é uma via longa que apenas se viabiliza quando ela se conecta com uma forte impopularidade do eleito, uma vez que é quase impossível remover um presidente eleito por tecnicalidades no processo eleitoral. O TSE, durante a eleição de 2018, aceitou quatro processos contra a Coligação Brasil acima de tudo, Deus acima de todos, que foram associados, mas que até hoje não foram julgados no mérito. Tudo indica que esses processos avançam apenas quando ocorre a presença de forte deslegitimação política do eleito, apesar de até hoje nenhum presidente ter sido removido por esse método. Assim, apesar de essa ser a via mais rápida de remoção do presidente, suas características a tornam improvável e politicamente problemática

Por fim, temos um último instrumento de afastamento do presidente por crime comum, hipótese tratada pelo artigo 86 da Constituição de 1988. Já na sua abertura, esse artigo requer a autorização da Câmara dos Deputados com maioria qualificada de 2/3 dos seus integrantes, mas não requer a concordância do presidente da Câmara. A Constituição determina que ele coloque o pedido de processo por crime comum em votação. Caso a Câmara aceite o pedido, o presidente estará suspenso do exercício do seu mandato por 180 dias. Vale a pena acrescentar que essa pode ser uma forma rápida de remoção do presidente que combina a legitimidade de dois poderes, o judiciário e o legislativo. As investigações do ministro Alexandre Moraes sobre fake news e atos antidemocráticos caminharam rapidamente e é possível torná-las um foco de remoção do presidente. Não bastasse isso, se os indícios de prevaricação na compra de vacinas apontados na Comissão Parlamentar de Inquérito se confirmarem na investigação da Polícia Federal, há um segundo caminho para apresentação de denúncia à Câmara. Ambas funcionariam no provável caso de tentativa presidencial de instaurar o caos no sistema político e nas ruas.

O caminho de impedimento de Bolsonaro por crime comum evita o que denomino de impeachment Paraguaio, uma via expressa de interdição do presidente quase sem direito de defesa. Vale lembrar que o impeachment de Fernando Lugo foi aberto no dia 15 de junho de 2012 e votado no dia 22 de junho, sete dias depois e com apenas quatro votos a favor do presidente. O Brasil não pode seguir essa via e tampouco pode esperar. Assim, a realização de procedimentos criminais no STF parece ser a via que melhor oferece a alternativa de uma remoção rápida. Ela tem a vantagem adicional de uma legitimação via câmara já que o impeachment nunca perde suas características políticas.

No Brasil atual, há ainda caminhos possíveis para um impedimento de Bolsonaro. Abrir mão de tomar esses caminhos abre espaço para duas ameaças que pairam sobre o sistema democrático: a deslegitimação do processo eleitoral de 2022, que pode ter consequências dramáticas, e o caos que as formas de mobilização de corporações com pouco controle hierárquico como as polícias militares pode provocar. Um impeachment com bases legais bem estabelecidas terá custos menores do que uma eventual interrupção de mandato às pressas em situação de perda total de apoio pelo presidente, e decisivamente menores do que o caos que Jair Bolsonaro se prepara para instaurar no país.

*Leonardo Avritzer/Uol

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Depois da Fiesp e Febraban, agronegócio publica nota criticando “aventuras radicais” de Bolsonaro

Setor publica manifesto mais enfático do que texto da Fiesp, que culminou em racha na Febraban.

No mesmo dia do impasse em relação à divulgação de manifesto do setor empresarial, capitaneado pela Fiesp e que gerou um racha na Febraban – com o anúncio da saída de Caixa e Banco do Brasil da associação – entidades do setor agroindustrial divulgaram nota mais enfática em defesa da democracia.

Assinam o texto entidades como a Associação Brasileira do Agronegócio (Abag), Associação Brasileira dos Produtores de Óleo de Palma (Abrapalma), Associação Brasileira dos Industriais de Óleos Vegetais (Abiove), Associação Brasileira das Indústrias de Tecnologia em Nutrição Vegetal (Abisolo), CropLife Brasil, Indústria Brasileira de Árvores (Ibá), Sindicato Nacional da Indústria de Produtos apra a Defesa Vegetal (Sindiveg).

Leia a íntegra da nota do agronegócio:

“As entidades associativas abaixo assinadas tornam pública sua preocupação com os atuais desafios à harmonia político-institucional e, como consequência, à estabilidade econômica e social em nosso país. Somos responsáveis pela geração de milhões de empregos, por forte participação na balança comercial e como base arrecadatória expressiva de tributos públicos. Assim, em nome de nossos setores, cumprimos o dever de nos juntar a muitas outras vozes responsáveis, em chamamento a que nossas lideranças se mostrem à altura do Brasil e de sua história agora prestes a celebrar o bicentenário da Independência.

A Constituição de 1988 definiu o Estado Democrático de Direito no âmbito do qual escolhemos viver e construir o Brasil com que sonhamos. Mais de três décadas de trajetória democrática, não sem percalços ou frustrações, porém também repleta de conquistas e avanços dos quais podemos nos orgulhar. Mais de três décadas de liberdade e pluralismo, com alternância de poder em eleições legítimas e frequentes.

O desenvolvimento econômico e social do Brasil, para ser efetivo e sustentável, requer paz e tranquilidade, condições indispensáveis para seguir avançando na caminhada civilizatória de uma nacionalidade fraterna e solidária, que reconhece a maioria sem ignorar as minorias, que acolhe e fomenta a diversidade, que viceja no confronto respeitoso entre ideias que se antepõem, sem qualquer tipo de violência entre pessoas ou grupos. Acima de tudo, uma sociedade que não mais tolere a miséria e a desigualdade que tanto nos envergonham.

As amplas cadeias produtivas e setores econômicos que representamos precisam de estabilidade, de segurança jurídica, de harmonia, enfim, para poder trabalhar. Em uma palavra, é de liberdade que precisamos — para empreender, gerar e compartilhar riqueza, para contratar e comercializar, no Brasil e no exterior. É o Estado Democrático de Direito que nos assegura essa liberdade empreendedora essencial numa economia capitalista, o que é o inverso de aventuras radicais, greves e paralisações ilegais, de qualquer politização ou partidarização nociva que, Ionge de resolver nossos problemas, certamente os agravará.

Somos uma das maiores economias do planeta, um dos países mais importantes do mundo, sob qualquer aspecto, e não nos podemos apresentar à comunidade das Nações como uma sociedade permanentemente tensionada em crises intermináveis ou em risco de retrocessos e rupturas institucionais. O Brasil é muito maior e melhor do que a imagem que temos projetado ao mundo. Isto está nos custando caro e levará tempo para reverter.

A moderna agroindústria brasileira tem história de sucesso reconhecida mundo afora, como resultado da inovação e da sustentabilidade que nos tornaram potência agroambiental global. Somos força do progresso, do avanço, da estabilidade indispensável e não de crises evitáveis. Seguiremos contribuindo para a construção de um futuro de prosperidade e dinamismo para o Brasil, como temos feito ao longo dos últimos anos. O Brasil pode contar com nosso trabalho sério e comprovadamente frutífero.”

*Com informações de O Globo

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Não há inocentes: todos sabiam que Bolsonaro era a última via depois do golpe

O que chama atenção no manifesto da Fiesp e Febraban é uma suposta preocupação com os destinos da nação a partir da tragédia que vivem as camadas mais pobres da população.

Por que Bolsonaro se preocuparia com a saúde do povo se ele permaneceu dentro do Congresso durante 28 anos tratando os pobres como resto, como quem deveria ser tolhido de qualquer sopro de cidadania?

Ninguém tinha qualquer dúvida de que Bolsonaro apelaria para os golpes mais baixos na sua relação com a maior parte da população brasileira, que é pobre, para alcançar seus objetivos e segregar, num exercício diário de exclusão, a imensa maior parte.

Bolsonaro foi escolhido pela elite através do modelo econômico de Temer que teve continuidade com Paulo Guedes e, consequentemente, a crise que se iniciou com Temer se agravou durante esses três anos de regime fascista. Daí o tempo de apodrecimento dos dois é o mesmo. Temer ficou pouco mais de 2 anos e o resultado de sua gestão foi repudiado nas pesquisas de opinião.

Quando tentou colocar a cabeça pra fora e dizer que seria candidato em 2018, a própria oligarquia cortou-lhe as manguinhas. A justificativa era a de que sua relação com o povo brasileiro azedaria cada vez mais porque ele não havia sido eleito, portanto, somaria contra o projeto de buscar alguém que respaldasse os interesses da classe dominante.

Como se sabe, a situação chegou a tal ponto que o PSDB, partido que liderou o golpe em Dilma, a partir de Aécio e FHC, foi dizimado e, com a ajuda de um outro tucano, Sergio Moro, o discurso de Bolsonaro saiu consagrado nas urnas para a alegria, mesmo desconfiada, da Fiesp e da Febraban.

Por isso esse discurso sobre os chamados três poderes, que privilegia a carta magna, sendo respaldado pelos barões do PIB e do rentismo nacional não soa exatamente estranho, mas apenas contraditório, sobretudo quando fala das mazelas, que são absolutas, que essa política perversa de Guedes produziu e que produz numerosos e crescentes pobres e miseráveis.

O fato é que, mesmo as classes médias, agora atingidas pela crise do ajustamento neoliberal, também começam a despertar para a hecatombe, já que a escassez e as carências que chegam às casas dos cidadãos médios, por obra da realidade, acabam dando a cada um a consciência de sua posição nesse latifúndio.

Trocando em miúdos, o Brasil está num beco sem saída. Bolsonaro não tem pernas para continuar. Guedes, de Midas, para a classe dominante, transformou-se em dedo podre e não tem mais como se fabricar interpretações de uma crise nacional que ninguém sabe exatamente que rumo terá com essa formação que aí está, sem credibilidade política, dependendo dos discursos ornamentais de um idiota como Bolsonaro que, ainda hoje, em uma de suas lives, vendeu um Brasil que só habita na sua cabeça e na de Guedes.

Por isso, Fiesp e Febraban, em outras palavras, disseram que não aceitarão golpe de Bolsonaro porque sabem seu governo já caiu de podre.

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