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Redução no ritmo de vacinação de crianças de 5 a 11 anos é ação ‘proposital’ do governo Bolsonaro

Vacinação infantil dá sinais de estagnação no Brasil. Faltam doses, mas também há hesitação por conta das mentiras disseminadas pelo presidente e movimentos antivacina, aponta sanitarista.

Fundamental para proteger a vida das crianças e frear a disseminação do coronavírus, a vacinação infantil está estagnada no Brasil. Em nota técnica, divulgada na última quarta-feira (16), a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) mostra que apenas 21% das crianças de 5 a 11 anos tomaram ao menos uma dose do imunizante contra a covid-19. Um cenário preocupante, segundo a entidade, sobretudo porque as aulas voltaram em formato majoritariamente presencial em todo o país, informa a Rede Brasil Atual.

Além disso, em janeiro, houve o maior pico de internações de crianças infectadas pelo vírus desde o início da pandemia. Um levantamento do jornal Folha de S. Paulo com base em dados do Ministério da Saúde identificou um aumento de 686%. O número de crianças menores de 12 anos hospitalizadas com complicações da covid saltou de 284, em dezembro, para 2.232 no mês passado. O que é diretamente atribuído à falta de imunização dessa população pediátrica.

Médica sanitarista, pesquisadora da Fiocruz e presidenta do Centro Brasileiro de Estudos de Saúde (Cebes), Lucia Souto destaca que a importância da vacinação é “incontestável”. “Estamos assistindo no mundo inteiro ao impacto positivo da vacina de uma forma indiscutível para o controle da pandemia”. Em entrevista a Rodrigo Gomes, do Jornal Brasil Atual, a especialista atribuiu a lentidão a uma “ação proposital” do governo de Jair Bolsonaro que, com seu ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, vem atuando para “impor uma série de barreiras e sabotar o processo de vacinação infantil”.

Governo sabota vacinação

“O tempo inteiro o governo federal cria confusão na sociedade brasileira no sentido de impor barreiras burocráticas que não são necessárias à vacina. Ela (vacina) tem comprovada sua segurança e eficácia pelos centros de saúde do mundo inteiro e pela própria Anvisa. Então não há porquê o Ministério da Saúde ficar colocando esse tipo de dificuldade para a população brasileira. Esse é um dos componentes. Outro, associado também a essa forma de sabotar o processo de vacinação das crianças, é a restrição da distribuição das vacinas. Em vários momentos, no Rio de Janeiro, por exemplo, foi interrompido o processo por falta de doses”, critica Lucia Souto.

A imunização infantil foi retomada nesta segunda (21) no município do Rio de Janeiro pela secretaria de Saúde. A pasta disse que recebeu um novo lote de imunizantes da Pfizer, com as doses pediátricas. Até o momento, cerca de 338,3 mil crianças receberam a primeira dose. A população infantil total na cidade é estimada em 560,2 mil.

A presidenta do Cebes aposta que à medida que seja regularizada a distribuição, o processo fluirá a despeito da falta de informações do governo federal. “Porque uma coisa ficou comprovada em todo esse processo duro que estamos enfrentando para o controle da pandemia em nosso país: a sociedade brasileira aderiu massivamente ao processo de vacinação. O Brasil tem um trabalho exemplar com relação a adesão da sociedade que pouco deu ouvidos a essas argumentações antivacinas”.

Vacinas são seguras

O país já conta cerca de 1.500 mortes causadas pela covid-19 nas crianças e mais de 2.400 casos da Síndrome Inflamatória Multissistêmica Pediátrica (SIM-P), um problema grave que necessita de internação e pode ser letal. O diretor-presidente da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), Antonio Barra Torres, registrou em audiência no Senado, na semana passada, que não houve nenhum caso de morte por vacinação depois de quatro milhões de crianças vacinadas no Brasil e de 9 milhões de doses aplicadas nos Estados Unidos.

O que comprova que as crianças correm maior risco de adoecerem gravemente e morrerem contaminadas pela covid-19 do que por qualquer vacina, conclui Lucia Souto. “Os familiares têm que se sensibilizar exatamente com esse tipo de fato. Nós temos o fato de que as doses de vacina já estão sendo aplicadas a nível global e não há casos de mortes. Elas são seguras, efetivas e são uma forma das famílias protegerem a vida de seus filhos”.

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Por Celeste Silveira

Produtora cultural

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