Mês: abril 2023

Aumenta a pressão no TSE para julgar Bolsonaro até o fim de abril

Entre ministros do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), cresce a pressão para que o plenário julgue o quanto antes a primeira ação contra o ex-presidente Jair Bolsonaro. O tribunal divulgou nesta terça-feira (11) a pauta de julgamentos de abril sem a inclusão do processo. Ainda assim, integrantes do TSE acreditam na possibilidade de inclusão do caso até o fim do mês, segundo Carolina Brigido, Uol.

A pauta foi divulgada apenas com processos encaminhados pelos gabinetes à presidência do tribunal. A expectativa é que o ministro Benedito Gonçalves, relator das 16 ações contra Bolsonaro, encaminhe uma delas ao presidente da Corte, Alexandre de Moraes, até o dia 25. Com isso, Moraes poderá incluir o caso na pauta.

Das 16 ações, deve ser julgada primeiro a que acusa Bolsonaro de abuso de poder e uso indevido dos meios de comunicação na reunião com embaixadores em que fez ataques ao sistema eleitoral brasileiro, em julho do ano passado. Em caráter reservado, ministros do TSE apostam na condenação do ex-presidente. Se isso acontecer, a pena será a proibição de se candidatar por oito anos.

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Bolsonaro perde de lavada no TSE em recurso contra Alexandre de Moraes

Às vésperas do julgamento da primeira ação que pode declará-lo inelegível pelos próximos oito anos, o ex-presidente Jair Bolsonaro foi derrotado em seu primeiro teste no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) desde que retornou ao Brasil – uma decisão do plenário virtual sobre um recurso do ex-presidente contra o ministro Alexandre de Moraes, que comanda a Corte, diz Malu Gaspar, O Globo.

Por 7 a 0, os ministros foram unânimes em recusar o pedido de Bolsonaro. Até mesmo Kassio Nunes Marques, indicado por Bolsonaro para o cargo, foi contra o recurso do ex-presidente. Por ser alvo do pedido do ex-ocupante do Palácio do Planalto, Alexandre de Moraes se declarou impedido.

Os advogados de Bolsonaro queriam que o TSE declarasse Moraes suspeito para julgá-lo em um processo que o investiga por abuso de poder político ao usar os palácios do Planalto e da Alvorada para fazer lives durante o período eleitoral.

O julgamento de agora é o recurso contra a decisão tomada por Ricardo Lewandowski em setembro do ano passado, quando o ministro negou o pedido.

O pedido pela suspeição de Moraes foi motivado por um gesto do ministro associado à degola numa sessão do tribunal ocorrida em 27 de setembro de 2022.

A cena foi flagrada pelas câmeras da TV Justiça e, posteriormente, reproduzida por aliados do então presidente. O vereador Carlos Bolsonaro (PL-RJ) postou a imagem em suas redes sociais, com a pergunta: “O que será que o Ministro Alexandre de Moraes quis dizer com esse gesto?”

O próprio Moraes nunca veio a público esclarecer o sentido do gesto, tampouco se manifestou a respeito do recurso de Bolsonaro.

Na época em que o caso ocorreu, o GLOBO apurou que o ministro se dirigiu em tom de brincadeira a um assessor que estava no plenário do TSE, usando o gesto para reclamar da demora do funcionário para passar uma informação.

No vídeo, é possível ver que o presidente do TSE, ao fazer o gesto, olha para a frente do plenário, no espaço onde está localizada a plateia — onde ficam servidores, advogados e pessoas que vão assistir aos julgamentos.

Naquele julgamento, por 4 a 3, com o voto de desempate de Alexandre de Moraes, o TSE manteve a proibição a Bolsonaro para a realização de lives de cunho eleitoral nos palácio da Alvorada e do Planalto, ao concluir que o uso do espaço geraria desequilíbrio de poder em relação aos demais candidatos.

Para a defesa de Bolsonaro, o gesto de Moraes, num julgamento em que o ministro deu o voto de desempate contra os interesses do então candidato à reeleição, “indicou uma conduta que reflete uma ausência de imparcialidade” e “é apto a revelar comportamento processual legalmente inadmissívevel.

Lewandowski, porém, negou a liminar, alegando que a acusação era “destituída de fundamentação jurídica”. O ex-presidente recorreu, mas acaba de ter o recurso negado pelo plenário do TSE.

Embora a decisão desta segunda-feira seja relacionada a uma questão lateral, sem relação direta com as principais ações que Bolsonaro enfrenta no TSE, o resultado pode ser interpretado como um termômetro do humor do tribunal em relação a ele.

Mesmo Nunes Marques, considerado por aliados um voto potencialmente favorável ao ex-presidente no julgamento que deve ocorrer no final de abril — sobre a reunião que ele fez com embaixadores para lançar suspeitas contra as urnas eletrônicas — , votou contra ele desta vez.

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Goianas que tiveram etiquetas das malas trocadas são liberadas da cadeia na Alemanha

Jeanne Cristina Paolini Pinho e Katyna Baía estavam presas há um mês na Alemanha e governo brasileiro intermediou libertação, .

O Ministério das Relações Exteriores do Brasil informou que as duas brasileiras que estavam presas há um mês em Frankfurt, na Alemanha, acusadas de tráfico internacional de drogas, foram libertadas nesta terça-feira (11/4). Uma investigação da Polícia Federal mostrou que as goianas Jeanne Cristina Paolini Pinho e Katyna Baía tiveram as malas trocadas por criminosos em uma área restrita do Aeroporto Internacional de São Paulo, em Guarulhos, e não sabiam de nada.

A advogada das goianas na Alemanha, Chayane Kuss, havia informado nesta terça que o Ministério Público da Alemanha já havia autorizado a libertação.

“O Ministério das Relações Exteriores recebeu com satisfação a informação de que as cidadãs brasileiras foram liberadas hoje”, diz nota divulgada pelo Itamaraty.

“Ao longo do último mês, o Consulado-Geral do Brasil em Frankfurt realizou visitas consulares, em diferentes ocasiões, às nacionais no presídio, além de ter conduzido gestões junto às autoridades carcerárias e judiciárias locais para acompanhar o trâmite legal. Intermediou, ainda, contatos com familiares e advogados das brasileiras. Representante daquela repartição consular recebeu hoje, no aeroporto de Frankfurt, familiares das brasileiras e os acompanhou ao presídio para o momento da soltura”, completa o texto.

Familiares das goianas haviam embarcado para Frankfurt na segunda-feira (10/4), com o objetivo de dar suporte e acolhimento a Kátyna e Jeanne. A irmã de Kátyna, Lorena Baía, a mãe de Jeanne e a advogada Luna Provázio seguiram para a Europa com bagagens de mão. Segundo elas, a viagem tem o apoio da Polícia Federal e da embaixada brasileira na Alemanha.

De acordo com a advogada das goianas, elas vinham relatando dificuldades na penitenciária feminina onde estavam detidas em Frankfurt, no país europeu. Luna Provásio disse que Jeanne Paollini e Kátyna Baía falavam em angústia e saudade da família.

Conforme a advogada, as duas relatavam solidão, já que estavam em celas minúsculas e separadas e ainda muito frio, pois a penitenciária não fornece roupas adequadas e elas tiveram todos os bens pessoais apreendidos.

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Mais um ataque: Estudante de 13 anos esfaqueia três colegas de escola pública de Goiás

Um aluno de 13 anos entrou hoje de manhã em uma escola em Santa Tereza de Goiás, na região norte do estado, e esfaqueou três colegas, segundo o Agenda do Poder.

O adolescente foi contido por funcionários. Em seguida, foi apreendido pela Polícia Militar.

As vítimas não tiveram ferimentos graves. Elas foram socorridas e estão em estado regular.

As informações foram confirmadas pela Secretaria de Segurança Pública de Goiás.

“As forças policiais de Goiás (…) estão com máxima atenção e trabalham nas redes atrás de pessoas que possam praticar ou fomentar esse tipo de atentado”, afirmou a Secretaria de Segurança Pública de Goiás.

Ontem, a delegacia de repressão a crimes cibernéticos do estado cumpriu mandado de busca e apreensão na casa de um adolescente de 14 anos que fazia apologia a massacres em escolas.

Hou quatro ataques a escolas nos últimos 15 dias.

As aulas na escola estadual Thomazia Montoro, em São Paulo, foram retomadas ontem, duas semanas após o assassinato da professora Elisabeth Tenreiro, morta a facadas por um estudante de 13 anos.

Um adolescente feriu ontem uma professora e dois adolescentes com uma faca. O ataque ocorreu em uma escola particular em Manaus, capital do Amazonas.

Quatro crianças foram mortas e outras cinco se feriram em um ataque ocorrido numa creche em Blumenau (SC).

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Luis Nassif: As tolices ditas sobre os 100 dias do governo Lula

A grande discussão é analisar o conjunto de políticas públicas e seu impacto sobre o cidadão e deixar o opinionismo de lado.

Em princípio, há dois públicos distintos no país. Um deles, o público supostamente bem-informado, consumidor da primeira divisão da mídia – jornais, rádio, TV e sites. O outro, o público terraplanista, usuário de WhatsApp e redes sociais.

Há uma diferença fundamental de tratamento entre ambos, para que o primeiro grupo não mergulhe na rede de desinformação do segundo: o tratamento jornalístico mais aprofundado. Mas o que se vê, na maioria dos casos, é o grande veículo emulando todos os truques caça-likes do segundo.

As diversas análises sobre os 100 dias do governo Lula demonstram uma superficialidade exasperante.

Uma das críticas está no fato de Lula frequentemente referir-se ao período Bolsonaro. Um comentarista da Globonews definiu como “olhar para trás” e “fomentar a polarização”.

Na Folha, um editorial diz que Bolsonaro, se contivesse seus arroubos, seria um bom contraponto ao Lulismo. Ele, o homem responsável por centenas de milhares de mortes, pelo desmonte do Estado brasileiro, pelo estímulo à criminalidade.

Ora, o maior trunfo de Lula é, justamente, o contraponto ao bolsonarismo. Seu maior feito foi ter livrado o país de um segundo governo Bolsonaro, que seria fatal para a democracia brasileira. Qualquer político minimamente esperto trataria de utilizar esse argumento em todas as oportunidades. É o que poderá segurar as manobras golpistas que inevitavelmente ressurgirão, caso Lula resolva avançar em reformas que atinjam os bilionários.

A segunda crítica imbecilizada é a de que, com apenas 100 dias de gestão, o governo Lula só tenha apresentado projetos, e não obras feitas. É inacreditável a falta de percepção sobre os tempos de maturação de projetos.

A terceira crítica, é que Lula não apresentou nenhuma cara nova, limitando-se a retomar ideias antigas, como o Bolsa Família. É uma visão de marketing cretina. É o mesmo que afirmar que a Globo está no passado, porque utiliza o mesmo nome desde os anos 30. Retomar o Bolsa Família em 100 dias é um feito. O BF é reconhecido, internacionalmente, como um dos programas sociais mais bem sucedidos. Mas esse pessoal, que confunde programas de governo, construção de Estado, com campanha publicitária, que exige uma “marca” de governo, trata a política com a mesma superficialidade de um publicitário de campanha eleitoral.

É evidente que o governo tem cara. Todas as manifestações, até agora, foram no sentido de colocar novamente o cidadão comum nas políticas públicas. A grande discussão é analisar cada uma das políticas, para saber se cumprem com as promessas de campanha.

Por exemplo, ontem falou-se em modificar as vinculações orçamentárias para Educação e Saúde, uma das maiores conquistas da Constituinte. Dias atrás, o Secretário de Tesouro afirmou taxativamente que haveria uma desvinculação, para se enquadrar nas regras do arcabouço fiscal.

As vinculações foram essenciais para impedir o desmonte das políticas sociais essenciais. As declarações do Secretário do Tesouro me levaram de volta ao pós-Constituinte, quando economistas como Antônio Delfim Netto e outros, diziam que o país não caberia na nova Constituição. Ou seja, tentando enquadrar uma Constituinte eleita na política econômica, e não providenciando uma política econômica à altura dos desafios da Constituinte.

Ainda há muitas dúvidas se e como Lula irá cumprir com suas promessas de campanha. Mas a grande discussão é analisar o conjunto de políticas públicas e seu impacto sobre o cidadão. E deixar de lado esse opinionismo típico de quem não tem o que opinar.

*GGN

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Caso Tacla Duran: Decisão de Lewandowski complica Moro e Dallagnol

Prestes a se aposentar do Supremo Tribunal Federal (STF) e dar lugar a um nome que será indicado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o ministro Ricardo Lewandowski tomou nesta segunda-feira (10) uma decisão – provavelmente sua última no cargo – que deve complicar a vida do senador Sergio Moro (UB-PR) e do deputado federal Deltan Dallagnol (Podemos-PR), segundo a Forum.

Responsável pela investigação contra Moro e Dallagnol a partir das denúncias de extorsão feitas pelo advogado Rodrigo Tacla Duran, que trabalhou para a construtora Odebrecht à época da operação Lava Jato, Lewandowski recebeu a manifestação que havia pedido da Procuradoria-Geral da República (PGR) sobre o caso e decidiu manter a denúncia tramitando no STF, e não na Justiça comum.

A deliberação do ministro contraria o argumento de Moro de que seu caso deveria ser julgado pela Justiça comum, já que o próprio STF tem um entendimento que exclui a possibilidade de foro privilegiado quando os supostos crimes forem cometidos antes do mandato parlamentar.

“Segundo afirma a Procuradoria-Geral da República, ‘[a] cronologia dos fatos expostos nesta manifestação aponta para eventual interferência de Sergio Moro no julgamento dos processos envolvendo a Operação Lava Jato – inclusive os processos envolvendo Rodrigo Tacla Duran -, mesmo após sua exoneração do cargo de Juiz de Direito, mas também passando por atos praticados na condição de Ministro de Estado da Justiça, bem ainda a notícia de suposta interferência do Senador da República Sérgio Moro, na condição de ex-Juiz titular da 13ª Vara Federal de Curitiba na prática de atos decisórios nos autos da Ação Penal no 5019961-43.2017.4.04.7000/PR”, escreveu Lewandowski em seu despacho.

“Assim, verifico que, ao menos nesta fase inicial, a competência para a supervisão e apuração dos fatos noticiados no presente expediente é do Supremo Tribunal Federal, a teor do art. 102, I, b, da Constituição da República”, prosseguiu.

O ministro ainda enviou os autos para a PGR solicitando “exame mais detalhado dos fatos e eventual pedido de instauração de inquérito”.

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Violência nas escolas: Dino exige respostas de plataformas de redes sociais e cita possibilidade de investigação policial

Até o momento Ministério da Justiça e Segurança Pública pediu derrubada de 511 contas com conteúdos suspeitos no Twitter.

Segundo O Globo, o ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, exigiu que empresas de redes sociais tenham canais abertos para atender a solicitação de autoridades no sentido de excluir conteúdos que incitem a violência. Segundo Dino, a pasta vai notificar as plataformas e caso os pedidos não sejam cumpridos, um inquérito será aberto para investigá-las.

A ação faz parte de um conjunto de iniciativas anunciadas pelo governo na última semana para tentar reduzir a recorrência desses casos. Participaram da reunião as empresas Meta, TikTok, YouTube, Twitter, Google, Kawai e WhatsApp.

– Estamos fazendo esse monitoramento e enviando às plataformas. Estamos vendo que alguns têm atendido e outros não – afirmou Dino. – Estamos exigindo que essas empresas de tecnologia tenham canais abertos, velozes de atendimento dessas solicitações ou notificações oriundas das autoridades policiais.

A pasta vai notificar as plataformas ainda nesta semana para que atendam às exigências das autoridades. Dino criticou a postura das plataformas. Segundo o ministro as empresas precisam ter gestos concretos no sentido de coibir publicação de conteúdos indevidos nas plataformas.

– Se essa notificação não for atendida, vamos tomas providências policiais e judiciais contra as plataformas – afirmou.

O ministro criticou a passividade das empresas para contribuir com o monitoramento do que é publicado nas plataformas, ele pediu que as empresas tenham uma moderação ativa dos conteúdos. Ele cobrou que as plataformas não tenham apenas uma moderação “reativa” a partir da provocação de autoridades, mas que façam monitoramento espontâneo.

– (As empresas) ajudarão de um jeito ou de outro. Ou ajudarão na autorregulação ou ajudarão porque serão obrigadas a ajudar – disse Dino.

O Ministério da Justiça também vai cobrar que as empresas revisem suas políticas de algoritmo e de suspensão de contas para coibir a circulação de conteúdos violentos.

– A secretária Estela (Aranha, da coordenação de Direitos Digitais) tem se dedicado a entrar nesses perfis, porque é dever dela e o que tem acontecido com ela? Tem recebido a recomendação de seguir perfis violentos. A empresa não sabe disso? Impossível, porque se a empresa sabe meus hábitos de consumo, sabe recomendar alternativas de lazer e gastronomia para nós – criticou. – Sabe! Mas acaba monetizando a violência. É isso que está em questão: modelo de negócio. Este tempo do Brasil acabou, no sentido de que haveria liberação de qualquer coisa em nome de uma falácia, de uma fraude, de uma falcatrua, de usar liberdade de expressão como escudo para crime.

– Esses adolescentes são algozes, mas são vítimas também. É preciso que quem tem responsabilidade, e essas empresas que lucram bilhões têm responsabilidade, também se engaje. Houve um momento nessa reunião que uma das empresas veio alegar termos de uso. Deixei claro que os termos de uso não se sobrepõem à Constituição, à lei, e não são maiores que a vida das crianças e adolescentes brasileiras – defendeu.

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Pesquisa confirma prejuízos de memória em infectados por covid-19

Agência Brasil – Pesquisadores da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UniRio) descobriram que a proteína Spike do SARS-CoV-2, quando injetada no cérebro de camundongos, induz alterações de memória. Essas mudanças ocorrem de forma tardia, em torno de 20 a 30 dias após a infecção, tal como acontece com seres humanos infectados pelo vírus da covid-19.

“Imita bem o que acontece na doença. Quando isso ocorre, a gente está na frente de um bom modelo experimental”, disse nesta segunda-feira (10) à Agência Brasil a neurocientista Claudia Figueiredo, da Faculdade de Farmácia da UFRJ, uma das líderes da pesquisa. O artigo foi publicado no periódico internacional Cell Report.

Pesquisas clínicas com pacientes que tiveram covid-19 mostraram que, depois que passa a fase aguda da doença, eles têm um prejuízo da memória que aparece meses depois. Segundo Claudia Figueiredo, o experimento mostrou que não era necessário ter o vírus replicado nos camundongos, mas bastava a proteína estar disponível no cérebro para causar prejuízo de memória.

“A gente avançou na caracterização do mecanismo. E isso é superimportante porque, quando a gente descobre o mecanismo, abre portas para fazer terapias mais direcionadas”. Para a avaliação da função de memória dos camundongos, os pesquisadores usaram diferentes estratégias comportamentais, incluindo testes de reconhecimento de padrões e do labirinto aquático.

Bloqueio

Ao mesmo tempo, os 25 pesquisadores das duas instituições identificaram moléculas que, quando estão inibidas, não há esse prejuízo de memória. Para bloquear as moléculas que causavam as perdas de memória, foram usados animais geneticamente modificados que tinham deleção, ou remoção, de uma proteína.

“Nós vimos que animais que tinham uma deleção nessa via não desenvolviam o prejuízo de memória. Foi usado então um inibidor dessa via e viu-se que, quando se inibe a via, a proteína Spike não exerce essa patogênese sobre a memória, através dessa proteína. Essa descoberta pode ser um caminho para a prevenção desse prejuízo de memória”, explicou Claudia.

A neurocientista informou que já existem medicamentos no mercado, usados para tratar artrite reumatoide, que poderiam ser testados em pacientes com covid-19 ou que já tiveram a doença, para ver se é possível prevenir essa perda de memória. “Pode ser uma situação de reposicionar fármaco”, apontou. Ela advertiu, no entanto, que para que esses medicamentos sejam usados em seres humanos, é preciso que se realizem ensaios clínicos nos pacientes.

Testes clínicos

A ideia, a partir de agora, é que outros grupos de cientistas que trabalham com pesquisa clínica se dediquem a testar essas ferramentas, para que fiquem disponíveis para os pacientes, uma vez que os fármacos disponíveis no mercado para outras doenças já passaram pela fase de avaliação de toxicidade.

“Deve ser testado em pacientes que tiveram covid e têm maior chance de desenvolver prejuízo de memória ou em pessoas que têm fatores de risco para desenvolverem essas perdas de memória”. Segundo Claudia Figueiredo, é importante que os testes sejam feitos logo depois de o paciente ter covid-19, como maneira de prevenir. “Não dá para esperar o prejuízo de memória se instalar”, ressaltou.

O estudo foi financiado pela Fundação Carlos Chagas Filho de Amparo à Pesquisa do Rio de Janeiro (Faperj) e pelo Instituto D’Or de Pesquisa e Ensino.

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Ataque em escola de Manaus deixa três pessoas feridas

Aluno do 7º ano do ensino fundamental feriu duas colegas e uma professora.

Um aluno do 7º ano do ensino fundamental do colégio particular Adventista, da zona Sul de Manaus, feriu ao menos três pessoas em um ataque escolar nesta segunda-feira (10), informa o portal local A Crítica, publicado pelo 247.

Segundo relatos de estudantes que testemunharam a cena, o agressor chegou na sala de aula e disse “cheguei, querida”. Então, puxou uma faca e começou a desferir golpes contra uma de suas colegas. Ele também feriu outra aluna e uma professora – as agressões apenas teriam cessado pois outros alunos intervieram na situação, de acordo com um relato de um estudante ouvido pelo portal Amazonas Atual.

A ocorrência mobilizou a Polícia Militar, o Corpo de Bombeiros, o Samu e o Conselho Tutelar, que se dirigiram ao local. Um bombeiro afirmou que as três pessoas foram feridas apenas com escoriações.

Este é o terceiro ataque em escolas no Brasil apenas em 2023. Uma creche de Blumenau (SC) e uma escola estadual de São Paulo também foram alvos de atentados no último mês, ambos deixando vítimas fatais.

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O governo faz cem dias. A imprensa errou no período muito mais do que Lula

Reinaldo Azevedo*

O governo faz cem dias hoje. É bom ou é mau? Mais acertou do que errou ou o contrário? É verdade que lhe falta uma marca? É claro que os que me leem aqui no UOL ou me acompanham em “O É da Coisa” (BandNews FM), na Folha, no Podcast “Reconversa” e nas redes conhecem as respostas secas e objetivas para tais indagações. Mas quero aqui fazer um percurso com vocês. E começo lembrando que inexiste no empíreo uma ordem perfeita, de que a terrena seja um espelho deformado. Não há, no mundo das ideias, um governo arquetípico — que sirva de modelo, de padrão, de paradigma — para governos terrenos. Logo, dizer se uma gestão é boa ou má remete a uma questão de valores, critérios e desejos. A resposta não revela apenas algo do governo. Também diz muito do respondente: quer o quê?; gosta de quê?; dá importância a quê? A avaliação que mais vai contar, daqui a quatro anos, será a do povo, é claro! A mais influente nos cem dias é a da imprensa. E esta errou no seu ofício, na média e com as exceções de sempre, bem mais do que Lula no dele. Vamos lá.

O que é, para esse tal Reinaldo Azevedo, um bom governo? Respondo:
1 – fortalece o estado democrático e de direito, com especial atenção aos direitos humanos;
2 – busca fazer com que a democracia caiba na economia, para não descambar para o populismo, e com que a economia caiba na democracia, para dar resposta à obscena desigualdade que há no Brasil;
3 – olha também para o futuro, não se deixando consumir apenas pelas urgências da hora.

Fossem os cem dias um retrato antecipado do que serão os quatro anos, e eu não teria receio de afirmar: teremos um governo excelente. Mas vocês também sabem que não dou, assim, tanta atenção a esse negócio. No Brasil, poucas coisas mudam tanto quanto o passado, não é mesmo? Onde estão as vozes do Apocalipse que previram em novembro um déficit primário, neste ano, de R$ 260 bilhões? Hoje, projeta-se algo em torno de R$ 100 bilhões. E não que tenha havido algum formidável “fato novo”. O que se fez foi previsão errada mesmo. Porque vertida pelo fel da ideologia, do preconceito e de interesses contrariados fantasiados de apego à racionalidade.

MARCA DOS CEM DIAS
Os analistas, críticos, cronistas e opinadores fazem seus balanços. Também faço o meu. Com uma diferença em relação a alguns enfezados: exponho os meus critérios. Sei lá que diabo buscam com a tal “marca”. Li um texto, de involuntário apelo cômico, segundo o qual a de Bolsonaro foi, por exemplo, a privatização. É sério? Qual? Aquela da Eletrobras? Escrevi a respeito. “E a reforma da Previdência?” Goste-se dela ou não, foi herança do governo Temer. A ascensão do bolsonarismo atrasou a sua aprovação em quase um ano.

Esse governo apresentou uma proposta de “arcabouço fiscal” que, aprovado como está — e noto que críticos precipitados começam a se dar conta dos quilômetros de bobagens que escreveram —, entregará previsibilidade ao país, substituindo o teto de gastos, que já havia caducado há muito. Como a expectativa, e apontei isto aqui, era de que viria uma proposta vertendo keynesianismo ou desenvolvimentismo a cada vírgula — e observo que não estou demonizando tais palavras —, foi difícil fazer o cérebro abandonar o preconceito e pegar no tranco. “Onde está o corte de gasto?” De quais gastos? A imprensa tem de dizer, santo Deus! Até adolescente de Enem está obrigado a apresentar resposta para o problema que aponta. Mais: o corte que alguns querem fazer, seja qual for, passará pelo Congresso?

Se querem a uma “nova marca” em cem dias, podem me dizer por que o marco fiscal não serve? O que há de errado numa proposta que faz a despesa crescer necessariamente menos do que a receita e que, adicionalmente, mesmo que as vacas da arrecadação deem muito leite, impõe um teto para a expansão do gasto, mas também estabelece um piso para evitar o sucateamento dos aparelhos públicos em caso de dias ruins?

Anotem porque tem a sua graça: alguns medalhões do liberalismo e do conservadorismo estão sendo convocados para opinar sobre a proposta. E, ora vejam, estão gostando. Afinal, muitos deles têm lá suas convicções e ideologia, mas também têm uma biografia. A 5ª Série do Liberalismo Enfezado ficou pendurada na brocha.

Querem saber? Uma imprensa realmente responsável deveria, a esta altura, fazer a defesa do texto, tentando protegê-lo de interferências do Congresso que venham a desfigura-lo. Mas quê… A 5ª série queria fazer barulho.

1 – DEMOCRACIA, ESTADO DE DIREITO E DIREITOS HUMANOS
Um bom governo, segundo os critérios deste escriba, fortalece a democracia, o estado de direito, com ênfase especial nos direitos humanos. Estou nessa profissão há 37 anos. Numa mirada de décadas, acho verdadeiramente

assustador que, num balanço de cem dias, se dê tão pouca importância à forma como o governo enfrentou uma tentativa de golpe de Estado, com evidente infiltração nas Forças Armadas e nas Polícias — com o destaque conhecido da PM do Distrito Federal.

Poucos, ocupando a cadeira presidencial, teriam resistido à tentação de convocar as Forças Armadas para uma operação de Garantia da Lei e da Ordem (GLO) — e não faltou quem aconselhasse o presidente a fazê-lo —, hipótese, então, em que o governo se tornaria, doravante, uma espécie de refém daquelas que não moveram um coturno para evitar a ocupação ilegal de áreas de segurança do Exército país afora, muito especialmente em Brasília. Lula sentiu o cheiro da desestabilização de seu governo e da tentativa de transformá-lo em boneco de mamulengo de obscuras vontades fardadas. E comandou a resistência civilista à ação golpista, em parceria com o Judiciário e com o Legislativo. Venceu os golpistas e trocou o comando do Exército. Em vez de se intimidar, fez valer a autoridade que lhe é conferia pela democracia e pela Constituição.

Observem: essa questão desapareceu dos tais “balanços”. Se, numa mirada de décadas, posso me assustar que a imprensa dê tão pouco destaque a essa questão, olhando a sua trajetória da Lava Jato para cá, bastante contaminada por correntes de pressão das redes, não há surpresa nenhuma. Ela se deixou contaminar, e não é pouco, pela confusão promovida pela extrema-direita entre crime e liberdade de expressão.

O novo governo assumiu, e fomos confrontados com o horror na Terra Yanomami. Por ação e omissão, promovia-se em Roraima o extermínio de um povo. E a indústria da morte e da destruição estava em curso em área que nem está “sub judice”. Não há pendengas de natureza legal sobre a reserva. Tratava-se apenas da expressão mais escandalosa e maligna do modo como as populações mais vulneráveis foram tratadas no governo de Jair Bolsonaro. Lula reestruturou a Esplanada também para que o governo para que indígenas, mulheres, negros, cultura, diversidade sexual e os excluídos de maneira geral tenham voz em ministérios. Lembro trecho do discurso de Silvio Almeida (Direitos Humanos) no dia da sua posse: “Por isso, permitam-me, como um primeiro ato, como ministro, dizer o óbvio, que, no entanto, foi negado nos últimos quatro anos. Trabalhadores e trabalhadoras do Brasil, vocês existem e são valiosos para nós. Mulheres do Brasil, vocês existem e são valiosas para nós. Homens e mulheres pretos e pretas do Brasil, vocês existem e são pessoas valiosas para nós. Povos indígenas deste país, vocês existem e são valiosos para nós. Pessoas lésbicas, gays, bissexuais, transsexuais, travestis, intersexo e não-binárias, vocês existem e são valiosas para nós.”

Um governo que enfrentou e venceu o golpe; que interveio para pôr fim ao genocídio yanomami; que resolveu enfrentar a tara armamentista do bolsonarismo; que ousa dar voz a quem não tem, sem temer a indústria de difamação nas redes sociais, bem, meus caros, esse governo existe e é valioso para o Brasil.

2 – DEMOCRACIA E ECONOMIA
O secretário-executivo do Ministério da Economia, Gabriel Galípolo, foi criticado por muitos dia desses porque afirmou, ao defender o texto do arcabouço fiscal, que “a democracia deve caber na regra econômica”. Não vejo nada de errado na frase. Até porque, convenham, invertam-se os termos, e dá na mesma: também a regra econômica tem de caber na democracia, o que, por exemplo, não aconteceu durante o governo Bolsonaro. Jair Bolsonaro se aproveitou do seu particularíssimo entendimento com o Congresso e enfiou goela abaixo do Supremo duas PECs inconstitucionais — a dos benefícios sociais e a dos combustíveis — para tentar ganhar a eleição. O mixuruca superávit primário de Paulo Guedes custou a paralisia da máquina pública. O Orçamento que esses dois gigantes enviaram ao Congresso para 2023 previa R$ 34 milhões para o Minha Casa Minha Vida, cortava R$ 16 bilhões da Saúde e R$ 12 da Educação, reduzia Ciência e Tecnologia à miséria, entre outras delicadezas.

Sim, “a democracia tem de caber na regra econômica” porque é evidente que o atendimento às múltiplas carências do país sem olhar para as contas produz o efeito contrário ao pretendido. Mas isso não implica, por si, menos democracia. Também supõe que mudem regras, métricas, procedimentos, alocação de recursos. Não é isso o que propõe o novo arcabouço fiscal?

Pergunto: o então apenas presidente eleito não estava fazendo a “economia caber na democracia” quando propôs a PEC da Transição, numa articulação muito bem-sucedida com o Congresso, recebendo a crítica unânime da imprensa — que abrigou opiniões divergentes, mas sempre minoritárias —, o que classifico de mais um erro histórico?

Erro da imprensa, não do petista, que fique claro!

Nesses cem dias, não se está fazendo “a economia caber na democracia” — com evidente acento social — quando se refundam (esse é o verbo correto) o Minha Casa Minha Vida, o Bolsa Família, o Mais Médicos, o Programa de Aquisição de Alimentos? Acho absurda, escandalosa mesmo, a avaliação de que tais programas são velharias, mera reciclagem de antiguidades, um verdadeiro museu de novidades. Tal opinião desperta em mim o que chamo de “fascínio às avessas”, que é a estupefação. Quantos milhões de pessoas são atendidas eles? Qual foi o custo social da sua desestruturação (Bolsa Família), destruição (Minha Casa Minha Vida) ou abandono (Mais Médicos)? São programas com cheiro. De povo.

Naquela minha mirada de 37 anos de profissão, é surpreendente que a tese da velharia seja quase um consenso na grande imprensa. Olhando a trajetória dos anos recentes, infelizmente, nada há de surpreendente. Entendo que esses programas não devem ser nem velhos nem novos, mas permanentes. Parte da destruição do atendimento aos vulneráveis ajudou a fazer aquele superávit primário pilantra e mixuruca que tanto orgulho deu a Paulo Guedes.

Um governo que buscou, antes mesmo de tomar posse, fazer com que a democracia coubesse na economia, e a economia, na democracia é valioso para o Brasil.

3 – O FUTURO, ALÉM DA URGÊNCIA DA HORA
O presidente já conversou com 27 chefes de Estado em três meses, embarca amanhã para a China e vai participar da reunião do G7, o que já aconteceu entre 2004 e 2009, em dois primeiros mandatos. O Brasil volta a ser um ator importante no cenário mundial. Como esquecer o vácuo que se abriu em torno de Bolsonaro quando foi à reunião do G20, na Itália, em 2021. Transcrevo trecho da reportagem de Jamil Chade, neste UOL:
“Cada um deles [chefes de estado], ao entrar no local e antes da cúpula oficial começar, encontrava rapidamente um velho amigo, um aliado ou um parceiro comercial. Quando o brasileiro chegou, não teve opção: cruzou o salão e foi diretamente para uma mesa onde garçons serviam um café. Nesse trajeto, não foi cumprimentado por ninguém, não parou para apertos de mão. Com um dos garçons, puxou conversa: “Todo mundo italiano aí?”. Sem graça, o senhor que servia apenas fez um gesto positivo com a cabeça. Bolsonaro não desistia e falou de suas origens italianas. Mas não conseguia atrair a atenção dos garçons. Começou então a fazer uma piada com a final entre Brasil e Itália, na Copa de 1970. Ninguém entendeu.”

Lula continua a ser uma sensação no mundo, gostem ou não do que diz. De certo modo, Bolsonaro colaborou porque a vitória sobre a arruaça qualificou ainda mais o currículo do petista.

Há mais: a questão ambiental volta a ser prioridade. Nos cem dias, é um acerto e tanto. Tudo indica que isso servirá, vamos ver, para atrair investimentos que vão gerar emprego e renda. O país sai da condição de pária e volta a ser um dos principais interlocutores na questão da emergência climática. Não se trata apenas de coibir o desmatamento — e esse “apenas” quer dizer que não se resume a isso: o meio ambiente também é uma oportunidade de negócio e um compromisso com um novo desenvolvimento. “Ah, ainda não aconteceu…” Mas são cem dias apenas, certo?

ERROS
“Ah, então não há erros nesses cem dias, Reinaldo?” Aqui e ali, percebi mais erros de condução do que de fundamento. Eu definitivamente, não considero que Roberto Campos Neto é dotado da infalibilidade papal, por exemplo. Ou que a paridade de preços dos combustíveis aplicada pela Petrobras seja cláusula pétrea. Ou que se trata de um pecado mortal discutir taxa de juros mais baixas do BNDES — depende da atividade, não é? É ou não um banco de fomento? Trecho da Lei das Estatais tem de ser mesmo mudado porque inconstitucional. As críticas aos decretos sobre o marco do saneamento são mera escandalização do nada. Voltarei a esses pontos, marcados por crispação exagerada no noticiário, em outro texto. Este já vai longe.

Com todas as vênias aos que pensam de modo diferente, insisto: fossem os cem dias um prenúncio dos quatro anos, Lula se reelegeria ou elegeria alguém com os pés nas costas, seja por aquilo que já fez — e que terá desdobramentos — seja por aquilo que já encetou e que terá consequências. A imprensa, na média, errou e erra bastante:
– erra quando ignora, em seu balanço, a vitória sobre o golpe e suas consequências;
– erra quando ignora que o arcabouço fiscal já é marca dos cem dias;
– erra quando ignora a retomada da política de direitos humanos e de proteção aos vulneráveis;
– erra quando ignora que a reestruturação de programas sociais dá a necessária dimensão social à democracia;
– erra quando ignora a reinserção do Brasil no mundo.

Errou quando atacou a PEC da Transição e erra absurdamente quando busca estabelecer falsas simetrias entre petismo e bolsonarismo. Mas também isso é matéria para outro texto.

Afinal, essa imprensa, com todas as suas diferenças, quer o quê?, gosta de quê?, dá importância a quê?

Já disse o quero, do que gosto e a que dou importância.

*Uol

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