Dia: 6 de maio de 2023

Quem vai delatar Bolsonaro?

Celso Rocha de Barros*

Com o caso da falsificação do registro de vacina, os escândalos de Jair Bolsonaro começam a andar como andavam os escândalos em governos menos blindados. Agora é ver quem vai delatar.

Em outros governos, a coisa começava com uma denúncia, pela imprensa ou pelas autoridades. A denúncia gerava desdobramentos políticos, como CPIs, quedas de ministros, inquéritos, delações premiadas, mobilizações da opinião pública e até pedidos de impeachment.

A turma do Jair chegou ao poder pisando nas ruínas do sistema político, destroçado pela Lava Jato. Aprenderam a lição: os partidos tradicionais haviam tolerado democracia demais, liberdade de imprensa demais, investigações demais, autonomia institucional demais, transparência demais.

Os bolsonaristas estavam decididos a não repetir o erro: blindaram-se com os militares, fizeram guerra à imprensa e ao STF, aparelharam o Ministério Público e a Polícia Federal, compraram o Congresso com o orçamento secreto. Suas relações suspeitas preferenciais foram com países árabes que só não são menos transparentes que a Coreia do Norte. Tudo isso com um toque de gênio: o apoio de Sergio Moro, a face pública da Lava Jato.

Com essa proteção, os bolsonaristas conseguiram evitar que as denúncias virassem CPIs, ações da PGR, processos de impeachment. Assim, o ouro dos pastores no MEC, a fraude na compra de vacinas, o próprio orçamento secreto, todos logo saíram do noticiário e foram morrer nas colunas de opinião, inclusive nesta.

Se o mesmo tivesse acontecido com o mensalão, ele teria sido só uma história sobre fraude nos Correios. Se o mesmo tivesse acontecido na Lava Jato, ela teria sido só uma história sobre lavagem de dinheiro usando postos de gasolina.

Agora Jair não é mais presidente, o golpe de 8 de janeiro deu errado e muita gente tem passado bolsonarista para limpar com gestos de independência.

A denúncia de falsificação de registro de vacinação não está com cara de que vai morrer no berço. Pelo contrário: já começou a se desdobrar. Entre as provas colhidas pela polícia está um áudio do ex-major Ailton Barros para o ajudante de ordens de Bolsonaro, Mauro Cid, em que propôs um golpe de Estado em dezembro de 2022.

Se as coisas voltarem a funcionar como antes, vamos assistir a uma progressão de prisões, confiscos de celulares, novas provas, novas denúncias, até que alguém faça delação premiada. Aí acaba para Bolsonaro.

Por enquanto, os dois principais candidatos a delator são Mauro Cid e o ex-ministro da Justiça Anderson Torres. Ambos devem pegar cadeia longa, cadeia dura, se continuarem protegendo Bolsonaro.

E a questão começa a se impor: por que fariam esse sacrifício? O golpe deu errado. Jair ficará inelegível. Os políticos que pretendem sucedê-lo, como Tarcísio de Freitas e Romeu Zema, vão gastar capital político tentando tirar Anderson Torres ou Mauro Cid da cadeia? Os militares vão se meter nisso?

É sempre possível, porque tem gente aí que pode ter rabo preso na história do golpe. Mas os delatores em potencial não parecem confiantes.

Os bolsonaristas cometeram crimes de maneira tosca, de maneira mal disfarçada, porque contavam com o golpe. Contavam que não sobraria Estado de Direito para investigá-los. Semana passada ficou claro que sobrou mais do que eles esperavam. Veremos se será suficiente.

*Folha

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Filho de Mourão é denunciado por ir trabalhar no Banco do Brasil totalmente alcoolizado

Nomeado durante o governo de Jair Bolsonaro (PL) para o cargo de gerente-executivo do Banco do Brasil, Antonio Hamilton Rossell Mourão, filho do ex-vice-presidente e atual senador, general Hamilton Mourão (Republicanos-RS), foi denunciado por um colega por trabalhar sob o efeito de bebidas alcoólicas, diz a Forum.

A denúncia foi apresentada à Ouvidoria do banco em janeiro de 2023 e destaca que Mourão e mais dois chefes do setor frequentemente chegavam para trabalhar no período da tarde “totalmente alcoolizados”, o que provocava constrangimento aos demais funcionários, de acordo com informações do Metrópoles.

Ainda conforme a denúncia, os funcionários se sentiam coagidos a não revelar o fato aos superiores do banco durante o governo Bolsonaro. O receio era de prováveis represálias por envolver o filho do então vice-presidente.

Banco do Brasil confirma as denúncias

A Ouvidoria do Banco do Brasil, apesar da demora, confirmou o recebimento da denúncia e informou que os funcionários acusados foram contatados por seus superiores.

Todos foram informados sobre a existência da denúncia e ouvidos sobre os fatos. Além disso, receberam orientações a respeito dos comportamentos esperados pela instituição.

O Banco do Brasil divulgou uma declaração sobre o caso, em que somente disse que abre processos internos com base em provas que justifiquem as medidas adotadas e que não divulga informações sobre o tratamento dado às denúncias, a fim de preservar a imagem dos funcionários envolvidos.

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Vídeo: Lula, na Inglaterra, faz uma bela defesa Julian Assange; o jornalista criador do WikiLeaks está preso em Londres desde 2019

Após ser perguntado por uma jornalista sobre Julian Assange, preso político que está na Inglaterra sob ameaça de extradição aos EUA, onde pode ser condenado por vazar documentos secretos, Lula diz que “é uma vergonha que um jornalista que denunciou as falcatruas de um Estado contra os outros esteja preso” (veja vídeo abaixo).

Assange, fundador da WikiLeaks, vazou documentos secretos dos EUA, mostrando dados sobre o ataque aéreo a Bagdá em 12 de julho de 2007, os registros de guerra do Afeganistão e do Iraque e o CableGate (vazamento de telegramas diplomáticos do país, iniciado em novembro de 2010)

Tais documentos revelavam excessos dos EUA durante os mencionados conflitos armados. No ataque aéreo a Bagdá, por exemplo, doze homens foram mortos, incluindo dois funcionários da agência de notícias Reuters, e duas crianças ficaram seriamente feridas. Já os telegramas do CableGate traziam, inclusive, críticas a líderes políticos brasileiros e pedido de vigilânia sobre alguns deles, por parte de políticos estadunidenses, visando vantagens estratégicas sobre o país.

“É uma vergonha que o Assange, um jornalista que denunciou falcatruas de um Estado contra outro, esteja preso e a gente não faça nada para libertá-lo. Acho que é preciso um movimento da imprensa mundial em defesa da liberdade dele, mas também da liberdade para denunciar as coisas”, afirmou o presidente Lula.

*Com Agenda do Poder 

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Marina Silva é internada em São Paulo com covid-19

A ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, foi internada hoje com quadro de covid no Incor (Instituto do Coração), em São Paulo.

O quadro não é grave e ela deve ter alta ainda hoje, informou sua equipe. O Incor também confirmou que o estado de saúde dela é estável.

Diagnóstico é de infecção respiratória por coronavírus. O hospital diz haver quadro pulmonar simples, sem pneumonia viral.

Ministra pede que contatos recentes façam teste em caso de sintomas. Ela publicou uma nota nas redes sociais informando que está recebendo “adequado tratamento médico e os sintomas apresentados estão sob controle”.

Comunicado da ministra Marina Silva

Comunicado da ministra Marina Silva

Informo que testei positivo para COVID-19. Estou recebendo o adequado atendimento médico e os sintomas apresentados estão sob controle.

A todas e todos que tiveram contato comigo nos últimos dias, em especial nos casos de aparecerem…

— Marina Silva (@MarinaSilva) May 6, 2023

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Diversidade: 30% dos participantes do Conselhão são negros

Luana Génot, Adriana Barbosa, René Silva e José Vicente opinam sobre o espaço criado no governo para discussão de ideias.

Miriam Leitão*

“Em 2018, éramos quatro ou seis negros”, relata o fundador e reitor da Universidade Zumbi dos Palmares, José Vicente, sobre a composição do Conselhão em seu último ano de funcionamento, no governo Temer. Na posse do Conselho de Desenvolvimento Econômico Social Sustentável (CDESS) na quinta-feira, a presidência anunciou que dos 247 membros, 30% são negros.

Entre os setores representados estão movimentos sociais, setor financeiro, empresarial, agronegócio e fintechs. O governo federal vai criar grupos temáticos de trabalho que tratarão de discussões específicas de diversas área, que vão do meio ambiente, educação e combate à fome. Uma plataforma online foi desenvolvida para encontros virtuais e votações. Além do reitor Vicente, o blog conversou com alguns integrantes que participaram ontem da posse. Veja o que eles falaram:

“Foi um ambiente de muito otimismo e esperança. O presidente deu as linhas gerais, pediu ajuda, disse que ele quer ouvir e construir consensos. E precisa de auxílio para encaminhar projetos, sobretudo, no Congresso. Todos ali que se manifestaram expressaram o desejo bastante genuíno de superar as divergências, construir a harmonia e ajudar a solucionar os grandes gargalos do país. Houve um grande avanço: agora são 30% de negros. No último conselho, em 2018, éramos quatro ou seis negros.”

— Reitor José Vicente, fundador e reitor da Universidade Zumbi dos Palmares

Fiquei muito emocionada com o convite e esperançosa pela participação popular da sociedade civil junto ao governo que tem trazido pautas importantes, sobretudo no campo da transição para a economia verde com o foco na energia renovável. Sem falar que é um conselho diverso. O conselho terá grupos de trabalho divididos por eixos e os membros poderão fazer contribuições de forma mais assertiva nos temas que lhes cabem: devo ficar no eixo combate às desigualdades ou meio ambiente e desenvolvimento sustentável.

— Adriana Barbosa, idealizadora do evento Feira Preta e CEO do Preta Hub”

Me juntei com muita honra e alegria porque de fato existe um exercício me parece ser mais intencional em relação a representatividade. Obviamente ainda é necessária inserções de outras tantas identidade dentro desse contexto, mais pessoas com deficiência, mais pessoas da comunidade LGBTQIA+. Acredito que a possibilidade de poder aproveitar esse núcleo para estabelecer novos programas que visem a aceleração do desenvolvimento do Brasil em várias frentes, a partir inclusive de múltiplos olhares mais inclusivos que antes já ajude. Costumo dizer que a inclusão não é só um retrato bonito, mas ela é também a possibilidade de adicionar perspectivas de olhares que eram antes sub-representados e portanto as políticas públicas não chegavam às pessoas que não estavam ali sentadas à mesa.

Cerimônia com forte discurso

Compõe também o conselho a influenciadora financeira Nath Finanças, a cientista da computação Nina da Hora; a ativista do Morro do Alemão pelo direito à habitação popular, Camila Moradia, entre outros.

Na abertura de cerimônia, a filósofa Sueli Carneiro salientou que sobre as desigualdades raciais no país :

“Falo sobretudo porque os diferentes Índices de Desenvolvimento Humano encontrados para brancos e negros no Brasil refletem a coexistência, num mesmo território, de dois países apartados racialmente, sendo o IDH das pessoas brancas compatível com o de países desenvolvidos como a Bélgica, e o IDH dos negros brasileiros abaixo dos de países em desenvolvimento”, disse ela, que continuou:

“Então, senhor presidente, no país de onde eu venho, jovens estão expostos ao genocídio pela ação ou omissão do Estado; no país de onde eu venho, mulheres negras apresentam crescimento exponencial de casos de feminicídio, no país de onde eu venho, a fome voltou a golpear a dignidade das pessoas, e no país onde eu venho, balas perdidas só encontram corpos de crianças negras privadas do direito de frequentar a escola pela violência cotidiana”.

*O Globo

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Lenio Streck a Dallagnol, vítima de fake news: “Sentiu como é ruim?”

Na última sexta-feira (5), o jurista Lenio Streck usou as redes sociais para alfinetar o deputado federal Deltan Dallagnol (Podemos-PR), que foi vítima de uma fake news sobre o projeto de lei que prevê igualdade salarial homens e mulheres que exercem a mesma função.

O parlamentar votou contra o Projeto de Lei 1085/23, enviado ao Congresso Nacional em março pelo governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). No entanto, circula pela web que Dallagnol justificou seu voto contrário pela Bíblia, dizendo que o intuito da proposta “não é de Deus”.

O jurista compartilhou em sua conta no Twitter um print da fake news sobre o parlamentar e escreveu: “Dallagnol defende liberdade total. Faz fake News. Agora é vítima de uma delas. Vejam o perigo”.

“Tão perfeita que milhares acreditaram. Até eu. Por que? Bem, ninguém se surpreendeu. VERDADE: ele votou contra as mulheres. MAS não justificou pela Bíblia. Mas sentiu como é ruim? bingo”, completou o jurista.

Veja

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Parlamentares reiteram ao STF que acolha notícia-crime contra fala transfóbica de Nikolas Ferreira

A bancada do PSOL na Câmara, capitaneada pela deputada Erika Hilton, reiterou ao STF seu pedido para que seja acolhida a notícia-crime protocolada contra Nikolas Ferreira após discurso transfóbico em plenário. O grupo quer que o Judiciário tome providências, incluindo a manifestação da PGR sobre as novas informações juntadas ao processo, segundo Lauro Jardim, O Globo.

Relator do caso, André Mendonça encaminhou no mês passado os autos para a PGR analisar se há indício de delito. Augusto Aras pode pedir autorização à Corte para investigar o caso.

Na nova petição, os advogados argumentam que Nikolas tem usado “seu discurso criminoso para promover sua imagem junto às redes sociais” e ganhou milhares de seguidores após o episódio. Segundo eles, a situação ultrapassa por completo os limites da atividade parlamentar.

Diz o documento:

“Nikolas Ferreira, além de manter atividade criminosa constante de disseminar notícias falsas, transfobia e incitação à transfobia por todas as suas redes sociais, ainda está intencionalmente obtendo vantagem com a prática delituosa”.

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Bolsonaro abandona aliados à própria sorte para tentar se salvar

Florestan Fernandes Jr*

Numa página de frases feitas, encontro essa pérola: “Amigo é aquele que sabe tudo a seu respeito e, mesmo assim, ainda gosta de você”. É exatamente isso que Bolsonaro espera do seu prezado amigo, tenente-coronel do Exército Mauro Cid. Que não abra o bico sobre a falsificação do certificado de vacina da covid dele e de sua filha, e mais, assuma integralmente a culpa pelo crime.

Mauro Cid faz parte do seleto grupo de amigos que tombou no campo de batalha em defesa dos crimes do “Godfather” tupiniquim. O ajudante de ordens de Bolsonaro, que cometeu crime comum, está preso numa cela especial no quartel do Exército. Mesmo à distância, faz companhia a outros outrora fiéis amigos de Bolsonaro: Roberto Jefferson, Daniel Silveira e Anderson Torres.

Esses três últimos sentem na carne e na alma o abandono do “amigo e ex-comandante e chefe da Nação” que caminha pelo campo de batalha passando por cima dos corpos de soldados abandonados em combate, pelos interesses de Bolsonaro e sua família. Nega qualquer culpa nos malfeitos perpetrados antes, durante e após o seu governo. Desde as joias de diamantes presenteadas pelo monarca da Arábia Saudita, passando pelos atos golpistas de 8 de janeiro, até a falsificação de registro de vacinação da Covid.

Todos os “amigos” que amargam o abandono do “mito” nos presídios do país, demostram abatimento moral e físico. Preso há quase sete meses numa cela de Bangu 8, no Rio de Janeiro, Jefferson já teria perdido 15 quilos. O ex-presidente de honra do PTB l, tem como companheiro no xilindró o ex-deputado bolsonarista, Daniel Silveira, que em 2022 foi condenado a oito anos e nove meses de prisão e teve ontem (4/05) uma derrota no STF, que suspendeu o perdão de seus crimes concedido pelo ex-presidente Jair Bolsonaro.

Diferente de Jefferson, que ocupa uma cela de 36 metros quadrados, Silveira divide a alcova com outros cinco detentos. Já o ex-ministro da Justiça, Anderson Torres, pivô de uma operação para impedir o comparecimento às urnas de um eleitorado preferencialmente de Lula no Nordeste, e en cuja casa foi encontrada uma minuta de plano golpista, está há quatro meses preso numa cela em um batalhão da PM de Brasília. Nesse período de prisão, Torres, segundo seus advogados, entrou em depressão e já teria perdido 12 quilos. Para preservar a saúde do preso, o ministro Alexandre de Moraes determinou a transferência de Torres para um hospital penitenciário. Mas, rapidamente, o comado da PM do Distrito Federal declarou que não seria necessária a transferência, já que o ex-ministro tem recebido atendimento adequado.

Os quatro Bolsonaristas estão no corredor da delação. Será que falarão? Será que esclarecerão a todos nós as entranhas das muitas ações golpistas perpetradas pelos detratores da democracia? A depender da hombridade de Bolsonaro, certamente o farão. O ex-presidente, que se diz tão atento aos textos sagrados, tão terrivelmente cristão, esquece de uma das máximas do cristianismo, que é o zelo pelos seus, esquece o texto bíblico que diz que quem não cuida dos seus, nega a fé e é pior do que o descrente. Trazendo para o nosso contexto, a justa paga do abandono, é a delação! E que ela venha! Ao bem da verdade e da democracia.

*247

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‘Rachadinha’ e Carlos Bolsonaro: peça-chave em esquema que repassou R$ 647 mil, mas vende quentinhas e acumula dívidas

Segundo o MP-RJ, que apura se vereador se beneficiou dos desvios, ex-servidora fez 219 transferências para o chefe de gabinete do filho do ex-presidente.

A ex-servidora Juciara da Conceição Raimundo da Cunha é considerada pelo Ministério Público do Rio de Janeiro (MP-RJ) uma das principais peças no suposto esquema de rachadinha no gabinete do vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos). Lotada por 11 anos e cinco meses na Câmara do Rio, entre agosto de 2007 e janeiro de 2019, Juciara é a segunda ex-funcionária que mais fez transferências ao chefe do gabinete de Carlos, Jorge Luiz Fernandes, conhecido como Jorge Sapão. Os saques ocorreram entre 2009 e 2018, segundo O Globo.

Ex-moradora de uma comunidade pobre cercada por barricadas do tráfico em Cordovil, na Zona Norte do Rio, Juciara só não fez mais transferências do que a mulher de Jorge, Regina Célia Sobral Fernandes, responsável pelo envio de R$ 814 mil em 304 lançamentos. Postagens nas redes sociais mostram que Regina e Juciara mantêm relação de proximidade.

Hoje, Juciara aparece como proprietária de uma empresa de fornecimento de quentinhas: a Jucilegal. O comércio está registrado no mesmo endereço da residência de Jorge Sapão e Regina Célia, em um condomínio na Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio.

Ao longo dos anos em que trabalhou com o filho do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) com salário de R$ 10 mil mensais, Juciara participou de um esquema de repasse sistemático de dinheiro. Ao todo, segundo o MP, ela fez 219 transações bancárias para o chefe de gabinete, totalizando R$ 647 mil, e 28 transferências para Regina, o equivalente a R$ 40 mil. Em algumas ocasiões, o casal mandou dinheiro de volta para Juciara: Regina enviou 11 créditos (R$ 17 mil); Jorge, 71 (R$ 110 mil).

Vida simples e dívidas

Os dados foram levantados pelo Laboratório de Tecnologia de Combate à Corrupção e à Lavagem de Dinheiro do Ministério Público do Rio (MP-RJ), a pedido da 3ª Promotoria de Justiça de Investigação Penal Especializada, na investigação sobre suspeita de rachadinha no gabinete de Carlos na Câmara Municipal.

Apesar do bom salário e da alta movimentação em sua conta, a ex-servidora vivia até 2021, segundo vizinhos, em uma casa de tijolo aparente que divide espaço com uma oficina mecânica em Cordovil. Ela também acumula dívidas de R$ 15,4 mil.

Atualmente, supostamente, ela estaria ganhando a vida vendendo quentinhas. Em setembro de 2021, Juciara registrou a Jucilegal. Na Receita Federal, ela cadastrou o “fornecimento de alimentos preparados preponderantemente para consumo domiciliar” como atividade principal do microempreendimento.

A empreitada, no entanto, não é citada em suas redes sociais nem tem perfil próprio. O endereço da sede é o apartamento de Jorge Sapão, na praia da Barra. O GLOBO esteve no local. O funcionário do condomínio responsável pela portaria afirmou não conhecer Juciara e disse que se tratava de um “engano”. O número de telefone fixo que consta na Receita Federal não existe.

Apesar de ter trabalhado por quase 12 anos no gabinete de Carlos Bolsonaro, Juciara não segue o ex-chefe nas redes sociais tampouco é seguida por ele. Em seus perfis, não faz menção alguma à política. Apenas foi marcada em publicação com conteúdo antipetista. Para os investigadores, uma das hipóteses cogitadas é que Juciara tenha trabalhado para Jorge e Regina. Em sua carteira de trabalho, no entanto, há o registro de apenas um emprego, o da Câmara do Rio. Ela também declarou a autoridades brasileiras ter ensino superior completo, mas não há especificação de qual seria sua formação.

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