Ano: 2023

Ataque a Israel reconfigura a política na região

Pano de fundo são as conversações para a normalização de relações entre o país e a Arábia Saudita.

O ataque do Hamas a Israel traz um abalo sísmico na política do Oriente Médio. No curto prazo, a população israelense deverá se unir em torno do premiê Binyamin Netanyahu para dar uma resposta ao grupo terrorista (“rally’round the flag”). Mas essa é uma tarefa extremamente complexa tanto do ponto de vista militar como político.

Os israelenses não podem simplesmente despejar toneladas de bombas sobre Gaza, como fariam em condições normais. O Hamas capturou mais de uma centena de reféns e os espalhou pela área.

Netanyahu também precisa ser cuidadoso para não alienar o incomum apoio político que Israel conseguiu angariar. Uma incursão terrestre é provável, mas não sem muitas baixas entre os israelenses. Cenários mais tenebrosos incluem uma escalada, com o envolvimento militar do Hizbullah e eventualmente até do Irã.

Mais à frente, Netanyahu será cobrado por seus erros. Os serviços de inteligência fracassaram espetacularmente. Quando algo parecido aconteceu, 50 anos atrás, na Guerra do Yom Kippur, o governo de Golda Meir caiu poucos meses depois. Foi o começo do fim da hegemonia dos trabalhistas. Não é impossível que os israelenses se deem conta de que a estratégia da direita de apenas administrar o conflito com os palestinos não é sustentável, levando à eleição de uma administração que volte a discutir seriamente a paz, não com o Hamas, é claro, mas com outros grupos palestinos.

O pano de fundo geopolítico são as conversações para a normalização de relações entre Israel e Arábia Saudita. Por ora, elas ficam congeladas, como queriam o Hamas e o Irã. Dependendo do que acontecer nas próximas semanas e meses, podem colapsar inteiramente ou até acabar sendo fortalecidas, o que favoreceria uma solução negociada para o surgimento de um Estado palestino.

Gostaria de acreditar na segunda possibilidade, mas ninguém jamais perdeu dinheiro por apostar contra a paz no Oriente Médio.

*Hélio Schwartsman/Folha

Hamas ameaça transmitir a execução de reféns israelenses se bombardeios em Gaza continuarem

Porta-voz do grupo extremista, Abu Obeida, disse responsabiliza Israel pela decisão de matar os cativos.

O Hamas, que lançou uma ofensiva-relâmpago contra Israel no sábado, ameaçou nesta segunda-feira matar reféns caso o Estado judeu continue com os bombardeiros contra a Faixa de Gaza. O grupo extremista armado acrescentou que pretende transmitir as execuções, diz O Globo.

“Qualquer ataque a civis inocentes sem aviso prévio será enfrentada infelizmente com a execução de um dos reféns sob nossa custódia, e seremos forçados a transmitir esta execução”, disse Abu Obeida, porta-voz do Hamas.

“Lamentamos esta decisão, mas consideramos que o inimigo sionista (Israel) e a sua liderança tem responsabilidade por isto”, afirmou Obeida, de acordo com a rede de televisão Al Jazeera.

Conflito armado
Dezenas de pessoas desaparecidas podem ter sido capturadas em Israel por integrantes do Hamas no último fim de semana. Agora, de acordo com a mídia local, as vítimas estão sendo mantidas em diferentes locais da Faixa de Gaza, e o governo israelense tem se mobilizado para estabelecer o número exato de reféns.

Porta-voz internacional do exército, Richard Hecht disse à CNN que “dezenas” de pessoas foram capturadas. Ele ressaltou que a situação era “complexa”, e que “civis, crianças e avós” estavam entre os desaparecidos. Além dos israelenses, porém, pessoas de outras nacionalidades também estão entre os sequestrados.

— O vídeo parece muito ruim, mas ainda tenho esperança. Espero que ela ainda esteja viva em algum lugar. Não temos mais nada pelo que esperar. Estamos tentando acreditar — destacou Ricarda, que também divulgou um vídeo nas redes sociais para apelar por informações sobre Shani.

Israel convoca 300 mil reservistas em preparação para invadir Gaza

Em guerra com o Hamas, grupo extremista islâmico armado, o governo israelense orientou palestinos a fugirem de suas casas na região.

Israel anunciou nesta segunda-feira, 9, que convocou 300 mil reservistas nas últimas 48 horas para reagir a um ataque do Hamas, grupo extremista islâmico que invadiu o país no sábado 7. O número sem precedentes em sua história, em paralelo a uma mensagem a palestinos na Faixa de Gaza para deixarem seus lares, indica que o exército israelense está se preparando para invadir o território controlado pelos militantes.

Israel foi atacado por homens armados a partir da Faixa de Gaza e bombardeado no sábado com mais de 5 mil foguetes pelo Hamas. Em uma mensagem de vídeo, o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, declarou “guerra” contra o grupo extremista e anunciou uma contraofensiva.

“Convoquei os chefes do sistema de segurança e ordenei a evacuação das comunidades que foram infiltradas por terroristas. Isso está sendo feito agora”, disse Netanyahu. “O inimigo pagará um preço sem precedentes. (…) Estamos em guerra e vamos vencer.”

O porta-voz militar Daniel Hagari também afirmou que o país está se preparando para responder aos ataques na mesma medida.

“Nós nunca convocamos tantos reservistas, em uma escala como essa”, disse ele.

Além disso, o governo israelense informou que orientou moradores de algumas regiões no norte e leste da Faixa de Gaza a deixarem suas casas. Alguns palestinos afirmaram que receberam telefonemas e mensagens de oficiais de segurança dizendo que a área deveria ficar livre para uma operação dos militares de Israel, sinalizando que pode haver uma invasão do território palestino no futuro próximo.

Segundo o Ministério da Defesa israelense, o ataque do Hamas deixou ao menos 700 mortos. Já o Ministério da Saúde palestino contabiliza mais de 400 mortos entre palestinos.

As mensagens de texto do exército de Israel pedindo uma retirada de algumas áreas de Gaza levantaram preocupações, porque a área não conta com abrigos antiaéreos oficiais. Em muitas partes do território sequer há serviços de telefonia ou internet, porque a companhia de telecomunicações palestina foi atingida por um ataque israelense.

Depois de sábado, Hamas reivindicou a autoria dos ataques, a maior ofensiva do grupo palestino a Israel nos últimos anos. Homens armados invadiram o país pela Faixa de Gaza, em meio a ataques aéreos com foguetes. Israel retaliou com bombardeios massivos em cidades de Gaza.

Muhammad Deif, líder do Hamas, afirmou em uma mensagem gravada que o grupo decidiu lançar uma “operação” para “acabar com a última ocupação da Terra”.

“Se você tem uma arma, pegue-a. Esta é a hora para usá-la”, disse Deif.

O porta-voz das Forças de Defesa de Israel, o tenente-coronel Richard Hecht, afirmou que militantes palestinos invadiram pelo menos sete comunidades e bases armadas israelenses. Em resposta, segundo o militar, o país está atacando “vários locais que pertencem ao grupo terrorista Hamas na Faixa de Gaza”. Ele pediu que civis que moram perto do lugar deixem suas casas e se encaminhem para abrigos.

Nesta segunda-feira, o Ministério da Defesa de Israel afirmou que não há mais conflitos ativos dentro do país, e que retomou todas as áreas invadidas pelo Hamas. A pasta também declarou um “cerco total” ao redor da Faixa de Gaza, com cortes de eletricidade, alimentos e água potável.

Bolsa de Israel perde mais de R$ 80 bilhões após ataques do Hamas

Setor financeiro liderou as perdas em mercado de Tel Aviv; dólar subiu cerca de 3% contra moeda israelense desde início do conflito.

A bolsa de Israel perdeu 63 bilhões de novos shekels israelenses no primeiro pregão após os ataques terroristas do Hamas. A quantia é equivalente a cerca de US$ 16 bilhões e a R$ 82 bilhões. A perda de valor de mercado das empresas listadas na bolsa de Tel Aviv foi registrada no domingo, 8. um dia após a ofensiva ao território israelense, segundo a Exame.

O funcionamento do mercado local vai de domingo a quinta-feira, devido ao sábado ser considerado dia sagrado no judaísmo, o Shabat. O principal índice da bolsa de Tel Aviv, o TA 35, caiu 6,47% no domingo. O índice, nesta segunda, sobe perto de 1%, recuperando parte das perdas do dia anterior.

O setor financeiro foi o que mais se desvalorizou em Israel. As perdas foram lideradas pelo Banco Hapolim, que perdeu 4,5 bilhões de shekels (R$ 5,9 bilhões) em valor de mercado. Os bancos Leumi e Mizrahi Tefahot tiveram respectivas depreciações de 4,2 bilhões e 3,1 bilhões de shekels (R$ 5,5 bilhões e R$ 4,11 bilhões).

O mercado de Israel
Cerca de 541 ações estão listadas na bolsa de Tel Aviv. A quantidade supera as 374 empresas listadas na B3. Apesar do número relativamente alto de companhias com capital aberto em Israel, a soma do valor é bem inferior à da bolsa brasileira.

No fim do último pregão, as empresas da bolsa de Tel Aviv valiam juntas 951,3 bilhões de shekels (R$ 1,24 trilhão), enquanto o valor de mercado das empresas da B3 terminou a última sessão em R$ 4,2 trilhões.

Desvalorização da moeda e alta do dólar
A queda do valor de mercado da bolsa israelense é seguida da desvalorização da moeda local. O dólar, que sobe no mundo inteiro em meio à aversão ao risco, chega ao segundo de apreciação contra o novo shekel nesta segunda-feira. A valorização dólar acumulada em dois dias é de 2,99% contra o shekel. Em Israel, o dólar é cotado a 3,9537 shekels.

 

Bolsonaro admite fracasso em BH e explica dando tiro no pé

Ao contrário do gado premiado, que recebe uma boa subvenção para inventar, nas redes, um Bolsonaro que nunca existiu, o “mito”, de boca própria. admitiu o fracasso da manifestação pró-ele, com o uso da questão do aborto que, aliás, Bolsonaro, como deputado, defendeu com unhas e dentes e, segundo consta, queria que o 04 fosse abortado.

Mas aqui ninguém quer emboscar o monstro, ele se enforca sozinho. E o lerdo dos miolos prestou esse serviço na hora de justificar que sequer a metade do gado que eles previam, foi pastar.

Ou seja, o troço foi um fiasco, e o ponto culminante foi o fogo da inspiração do animal que, de cabeça quente, trouxe a solução do caso com as mãos no peito e sapecou: “o que mudou os paninhos que levaram o evento ao fracasso, foi o amaldiçoado 8 de janeiro.” Ou seja, essa fala falsificada foi percebida até por aquela turma que come espinafre de boi e associa aquele pacote terrorista ao próprio maldito.

Se Bolsonaro quis jogar polvilho, ele acabou jogando areia,  declarando derrota do motor que move sua máquina de propaganda fascista e, de lambuja, confessou que estava por trás da porta soprando que, sinistramente, os bolsonaristas produziram no 8 de janeiro contra as três sedes do poder.

Sim, Bolsonaro confessa que foi um líder dos terroristas em todas as suas formas. Por isso, sua declaração é irretocável, hostil ao próprio, mas soberba na sua onipotência.

PF investiga relato de Cid de que Braga Netto atuou como elo entre Bolsonaro e acampamento golpista

Ex-ministro da Defesa não se manifestou; antes, afirmou que suas idas ao Palácio da Alvorada após derrota no segundo turno se deram devido à infecção na perna do ex-presidente.

A Polícia Federal investiga se o general da reserva Walter Braga Netto, ex-ministro da Defesa e candidato a vice na chapa de Jair Bolsonaro no ano passado, atuou como elo entre o ex-presidente e integrantes dos acampamentos montados em frente aos quartéis do Exército que pediam intervenção militar após a vitória do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A apuração tem como base o depoimento do ex-ajudante de ordens Mauro Cid, que fechou um acordo de delação premiada com a PF homologado pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), segundo O Globo.

Procurado, Braga Netto afirmou, por meio de sua assessoria de imprensa, que desconhece o teor da delação e não pode se manifestar sobre processo sigiloso.

De acordo com o relato de Cid à PF, Braga Netto costumava atualizar Bolsonaro sobre o andamento das manifestações golpistas e fazia um elo entre o ex-presidente e integrantes dos acampamentos antidemocráticos.

Reportagem do site Metrópoles, publicada em novembro do ano passado, exibiu fotos de pessoas que estavam acampadas em frente ao Quartel General do Exército, em Brasília, frequentando a casa onde funcionou o comitê de campanha da chapa Bolsonaro-Braga Netto. Na ocasião, o ex-ministro da Defesa dava expediente no local.

 

‘Foi a maior derrota da carreira de Netanyahu’, diz especialista da Crisis Group sobre impacto da guerra em Israel

Para Joost Hiltermann do Crisis Group, conflito pode transbordar para outros países do Oriente Médio dependendo do que acontecer em Gaza, Cisjordânia e Jerusalém Oriental, sagrada para muçulmanos e cristãos.

Ninguém estava preparado” para o que aconteceu na manhã de sábado em Israel, quando o grupo extremista armado Hamas lançou um ataque-surpresa terrorista sem precedentes por terra, céu e mar, disse ao GLOBO Joost Hiltermann, diretor do programa de Oriente Médio do Crisis Group e especialista no tema. Para ele, o resultado desta escalada do conflito entre judeus e palestinos é igualmente difícil de mensurar: “dependendo do que acontecer em Gaza, Cisjordânia e Jerusalém Oriental, sagrada para muçulmanos e cristãos”, outros atores regionais podem se envolver no conflito, transformando a disputa territorial em uma guerra mais ampla no Oriente Médio, avalia.

O especialista também destaca os impactos do confronto para a política interna de Israel:

— Se a guerra se limitar a Israel e ao Hamas, Israel vencerá militarmente. Mas do ponto de vista político e psicológico, o Hamas já venceu — afirma. — O primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu sofreu a maior derrota de sua carreira.

Joost Hiltermann, diretor do programa de Oriente Médio do Crisis Group — Foto: Acervo pessoal

O que explica a falha de segurança de Israel nos ataques do Hamas?

É preciso perguntar às autoridades israelenses sobre isso e ver o que elas dizem, o resto é especulação. Mas minha impressão é que a inteligência israelense tem se concentrado na fronteira norte e na ameaça do Hezbollah e do Irã. E isso não significa que eles não estejam de olho no Hamas nem suspeitem das ligações entre o Hamas e o Irã. Mas, na minha opinião, eles fizeram uma avaliação errada de que o Hamas não tinha capacidade de travar uma guerra de grandes proporções neste momento, porque ainda estava se recuperando dos últimos confrontos. Eles também não achavam que o Hamas consideraria esse o momento certo pelo mesmo motivo. E digo isso em retrospecto, porque também fiquei surpreso com o fato de que esse era o melhor momento. Ninguém estava preparado.

  • O Hamas atacou por terra, céu e mar. Como tiveram acesso a todos esses equipamentos sem serem notados?

Foi um ataque multifacetado muito bem planejado e bem coordenado, realizado em motocicletas, caminhonetes e algumas asas-delta, que não são tão difíceis de conseguir. São todos equipamentos muito pequenos que podem ser facilmente usados com os foguetes, muitos deles feitos em casa. E o Hamas vem construindo esse arsenal há muito tempo, embora seja um arsenal pouco sofisticado. Mas esse é o ponto. É um povo que está sendo oprimido há muito tempo e está desesperado. Eles irão recorrer a todos os meios para encontrar uma forma de lutar por sua liberdade, inclusive motocicletas. No entanto, é preciso dizer que são meios muito imorais atacar, matar e sequestrar civis.

Qual é a gravidade do que está acontecendo neste momento? Podemos falar de uma nova guerra de Yom Kippur?

O único paradoxo com a guerra do Yom Kippur é o elemento surpresa, mas, fora isso, é muito diferente, porque no Yom Kippur eram os exércitos sírio e egípcio que cruzavam o território ocupado por Israel. Hoje, estamos falando de atores palestinos não estatais. O Hamas entrou em Israel a partir do território ocupado e conquistaram alguns tanques, capturaram algumas estruturas, mas foi um ataque baseado no uso de asas-delta, motocicletas e caminhonetes, totalmente diferente do que aconteceu no Yom Kippur.

A recente conexão entre Israel e a Arábia Saudita pode ter desencadeado esse ataque? Quais razões podem estar por trás do momento escolhido pelo Hamas?

Não creio que exista um gatilho único e, certamente, essas conversas não foram um gatilho, porque elas já estavam acontecendo há algum tempo. O Hamas citou a violência em Jerusalém, nas prisões palestinas, que tiveram sérios problemas nas últimas semanas, e também os protestos violentos em Gaza, na fronteira com Israel. Portanto, pode-se dizer que esses foram os gatilhos, embora as tensões não tenham sido tão diferentes de outras que ocorreram no passado. Parece ter sido muito mais a percepção de que Israel estava vulnerável naquele momento e que o Hamas já estava planejando um ataque há meses.

O Irã já declarou apoio à Palestina e o Hezbollah disparou mísseis em “solidariedade” ao Hamas… Qual é a chance de esse novo conflito entre Israel e Palestina se espalhar pelo Oriente Médio?

Depende do que Israel fizer em Gaza e do que acontecer na Cisjordânia e em Jerusalém Oriental, sagrada para muçulmanos e cristãos. Isso pode determinar se outros atores se envolverão no conflito, como o Hezbollah ou o Irã. No momento, não parece que isso vá acontecer, mas quem sabe? Às vezes, os conflitos acontecem porque os atores são arrastados, não porque eles realmente querem.

Correspondente em Tel Aviv: ‘Um foguete do Hamas caiu a uma quadra de onde estou dormindo’, relata Paola de Orte
Os EUA declararam apoio incondicional a Israel. Existe algum risco de que isso possa ser o início de um conflito global?

Não imediatamente. Os Estados Unidos estão brigando com a China pela Palestina, mas a Rússia não vai se envolver, porque está muito ocupada na Ucrânia. Então não parece que haja risco de um conflito global, embora possa haver uma escalada precoce além de Israel e Gaza. Espero que não aconteça, mas é possível.

Netanyahu prometeu destruir todos os locais onde o Hamas está presente. Estamos prestes a ver um banho de sangue?

Netanyahu prometeu destruir os locais onde há equipamento do Hamas, mas o problema é que são áreas povoadas por civis. Não posso prever nada nesse sentido, sob o risco de facilmente estar errado. Mas se Israel lançar uma invasão terrestre em Gaza é seguro dizer que haverá muitas baixas.

Existe um lado certo e um lado errado nessa história?

Há dois modos de analisar esta questão. Um deles é o da guerra, porque existe uma lei internacional para isso e ambos os lados violaram essa lei atacando civis e usando poder de fogo desproporcional. Não estou falando apenas de ontem, mas do passado. Mas há também a dimensão da ocupação militar isralenese de outro povo no território desse outro povo. E isso, inerentemente, causa mais conflitos. É isso que precisa ser resolvido, esperamos que por meio de negociações.

Em termos de política interna, Netanyahu sai mais forte ou mais fraco desse conflito?

Eventualmente, se essa guerra se limitar a Israel e ao Hamas, Israel vencerá militarmente. Mas, do ponto de vista político e psicológico, o Hamas já venceu. E por causa da falha de inteligência e do fracasso do Exército israelense em responder rapidamente, esse governo de direita do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu já perdeu sua moral. É muito difícil de ver, porque no momento eles estão no meio de um conflito externo, então ninguém vai dizer nada para derrubá-los. Mas, quando a luta terminar, acho que o acerto de contas virá e eles vão se arrepender. Não sei se isso significa que o governo cairá ou apenas que algumas pessoas serão demitidas, mas, com certeza, Netanyahu sofreu a maior derrota de sua carreira.

Oficial: Israel anuncia que está transformando a Palestina num campo de concentração, sem água, sem gás, sem Luz, sem comida

O anúncio oficial do ministro da Defesa de Israel não deixa margem para escapismos funestos sobre o que é o Estado terrorista de Israel, sob o comando dos sionistas. Como se pode ler abaixo, Israel é comandado há décadas pelo ódio em estado puro.

Por isso, não há surpresa no conteúdo da fala oficial de Israel, ao contrário, todos sabem disso e há muito tempo. A diferença é que o Estado agora assume oficialmente que é praticante de atividades nazifascistas, com castigos físicos contra uma população civil desarmada de 2,3 milhões de pessoas na Faixa de Gaza, em que milhares são crianças, incluindo bebês, mulheres, incluindo  grávidas, e idosos, incluindo doentes.

Diz o ministro da Defesa de Israel, Yoav Gallant:

“Estamos impondo um cerco total à Gaza (…) nem eletricidade, nem comida, nem água, nem gás, tudo bloqueado”, disse Gallant em um vídeo, referindo-se à população desse território palestino, habitado por 2,3 milhões de pessoas.

Ou seja, não dá para diluir com retóricas um ato tão monstruoso quanto esse. Na verdade, Israel deixa claro que sempre se nutriu dessa prática, mostrando que os sionistas digerem facilmente essa que é a essência do Estado terrorista de Israel.

Essa informação dada pelo alto comando de Israel, contendo um aroma de sangue e iniquidade no ar da Palestina, é idêntico aos massacres históricos da humanidade que alimentaram o apetite dos piores carrascos da história da humanidade.

Vídeo: Abandonada por doadores, Gaza vive colapso social, fome e corte de energia

Jamil Chade*

Os ataques iniciados pelo Hamas contra a Israel abrem um período de incertezas e crise humanitária para a própria população no território palestino. Nas últimas horas, as autoridades israelenses cortaram o abastecimento de energia elétrica para a região, deixando milhares de pessoas sem luz.

Desde ontem, as agências da ONU responsáveis por atender a região foram obrigadas a suspender a distribuição de alimentos, de água e mesmo a coleta de lixo. De acordo com dados oficiais divulgados pela entidade, mais de 40 escolas foram fechadas, enquanto pelo menos 20 mil pessoas buscaram abrigo em instalações da agência da ONU.

Faltam ainda recursos. Para o ano de 2023, a entidade havia solicitado ajuda de US$ 344 milhões da comunidade internacional para socorrer os palestinos. Mas recebeu menos de 20% do que foi solicitado, num sinal de que muitos dos doadores abandonaram a população de Gaza.

Sob o bloqueio de Israel há 16 anos, Gaza já vivia uma situação humanitária considerada como crítica e a pobreza e a fome dominavam seus 2 milhões de habitantes. Neste período, quatro conflitos atingiram a região. De um lado, grupos palestinos acusavam Israel de transformar Gaza em uma prisão a céu aberto. De outro, acusavam o Hamas de usar o sofrimento dos civis para justificar seus objetivos políticos.

Agora, o temor na diplomacia internacional é de que a a população local seja a principal vítima da guerra entre o Hamas e Israel.

Condenando os atos do Hamas, o coordenador da ONU para o Processo de Paz no Oriente Médio, Tor Wennesland, deixou claro que a ameaça paira sobre a população civil. “Esse é um precipício perigoso e apelo para que todos deem um passo para longe do abismo”, disse.

Segundo a ONU, as taxas de pobreza na comunidade de refugiados palestinos, que constituem a maioria da população de Gaza, estão em torno de 81,5%.

O PIB per capita de Gaza – de cerca de US$ 1 mil por ano – é atualmente quatro vezes menor do que o dos países vizinhos ou mesmo o da Cisjordânia. “Essa terrível situação foi agravada por repetidos ciclos de hostilidades, tensões e violência exacerbadas, instabilidade política e a pandemia da COVID-19”, afirmam as agências humanitárias da ONU.

“Juntos, esses fatores desestabilizaram a vida de indivíduos e comunidades e aumentaram ainda mais as dificuldades que eles estão enfrentando. Tendo testemunhado mortes, ferimentos e danos ou perda de propriedade causados por quatro grandes rodadas de violência nos últimos 16 anos, muitos habitantes de Gaza – especialmente crianças – apresentam sinais de trauma”, destaca.

Antes mesmo dos ataques deste sábado, a ONU alertava que Gaza estava em “suporte de vida”, com 80% da população dependente de assistência humanitária.

Três em cada quatro habitantes de Gaza dependem de assistência alimentar emergencial e, apesar desse apoio, a taxa de insegurança alimentar grave aumentava.

A taxa de desemprego em 2021 foi de 47%, sendo que a taxa geral de desemprego entre os jovens foi de 64%.

1,1 milhão de refugiados palestino recebem assistência alimentar da UNRWA – a agência da ONU para os refugiados palestinos, em comparação com apenas 80.000 em 2000. Esse é um aumento de 1.324%.

Entre 2007 e 2022, 292 dos poços de água em Gaza, usados para consumo doméstico e para plantações, foram danificados ou destruídos pelas forças de segurança israelenses. Oitenta e um por cento da água extraída dos aquíferos de Gaza não atende à qualidade da água da OMS.

“A população de Gaza esgotou todos os seus mecanismos financeiros de enfrentamento e a ajuda humanitária é sua principal salvação, mas não é uma solução de longo prazo”, avaliava a entidade.

Antes da mais recente crise, foi determinado que uma solução viável e sustentável só seria possível com o fim do bloqueio e a abertura de oportunidades que estabelecerão as bases para o desenvolvimento econômico futuro.

*Uol

Cai o mito sionista de que Israel é imbatível, inalcançável

Como em qualquer conflito, o mundo é bombardeado com várias versões fantasiosas.

Os expectadores, repimpados de lorotas sionistas, sempre compraram o cozidão de que Israel era uma muralha intransponível, sobretudo se comparado às Forças militares da Palestina, que sempre foram engolidas com casca e tudo pelos salteadores do Estado terrorista de Israel, que ocupou a Palestina de forma colonialista e violenta há mais de sete décadas, tratando os palestinos como trapos humanos, pés rapados de bolso vazio.

Agora, os israelenses estão engolindo a seco a mentira que os sionistas lhes venderam e passam a ver que uma coisa, é uma coisa, outra coisa, é outra coisa.

Lógico que a desculpa do Estado terrorista de Israel é que foram pegos no contrapé, porque estavam distraídos, daí o tombo da imagem de invencível.

Na verdade, essa era a principal muleta utilizada pelos sionistas para seguir oprimindo toda a população palestina durante décadas.

De uma hora para outra, aparece um grupo de resistência, formado por gente peituda e com ação bem planejada, do lado da Palestina e a coisa, imediatamente, muda de figura. O encanto do tudo pode, vendido pelos sionistas, cai por terra para a realidade concreta dos israelenses.

Não há fogo a se comemorar de nenhum dos lados, porque significa muitas mortes, nem que venha de um polido comentário que justifique tal resultado sangrento, mas isso não nos tira os pés do chão, obrigando-nos a fazer a pergunta derradeira, como Israel e Palestina chegaram a isso?

Certamente, a justificativa sionista de que Israel aguentaria fogo de qualquer tamanho, deu bolor e, com ela, mil atitudes dos israelenses  que, depois de ver o país levar um fumo militar espesso, inverterão um pouco a lógica de quem vivia plenamente a paz e, agora, começa a viver o pânico dos palestinos com o terror do inimigo.

Israel nunca mais será o mesmo.