Ano: 2023

O “campo minado” que Cid deixou para Bolsonaro

Mauro Cid está no centro de investigações que cercam Bolsonaro, como o caso das joias e o da falsificação de comprovantes de vacina.

O tenente-coronel do Exército Mauro Cesar Barbosa Cid, ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), fechou um acordo de delação premiada com a Polícia Federal (PF). O militar entrou na mira dos policiais em uma apuração sobre fraude na vacinação para a Covid-19 e, hoje, é visto como o maior trunfo dos investigadores para se descobrir tudo o que se passava no entorno do então chefe do Executivo, diz o Metrópoles.

Depois do acordo fechado com a PF, o Ministério Público Federal (MPF) deve se manifestar sobre as condições para o trato ser firmado.

Desvio ilegal de joias, tentativa de golpe de Estado, grampo em altas autoridades da República e até, eventualmente, corrupção e participação dos filhos de Bolsonaro em irregularidades: tudo pode sair da boca de Cid, cuja função oficial era a de, exatamente, assessorar o ex-presidente e dialogar com interlocutores. Bolsonaro, dizem fontes, não teria, em boa parte do tempo, espaço para atender telefonemas e ver mensagens – não pagaria, inclusive, as próprias contas bancárias. Cid centralizava tudo.

O Metrópoles apurou que o ex-ajudante de ordens esteve no gabinete do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), na quarta (6/9), para uma audiência sobre a delação. Nas últimas semanas, o militar prestou cerca de 26 horas de depoimento sobre casos que envolvem o ex-presidente Bolsonaro e que estão sob o guarda-chuva do magistrado.

Cid chegou ao gabinete do ministro com uma proposta de delação premiada. O advogado do militar, Cezar Bitencourt, também teria participado da audiência. A aceitação da proposta de delação pela PF foi antecipada pela Globo News e confirmada pelo Metrópoles nesta quinta-feira (7/9). Agora, cabe a Moraes analisar o caso.

Fontes que acompanham a investigação disseram ao Metrópoles que a expectativa é a de que, com tamanha proximidade com o ex-presidente e por sua boa formação acadêmica, Cid tenha a capacidade de explorar eventos com profundidade e apresentar provas com detalhamento.

Não se sabe, por exemplo, se os policiais se debruçaram sobre a participação dos filhos de Bolsonaro em possíveis negociatas. Cid servia como um anteparo do então presidente. E, segundo fontes, todo tipo de informação e apelo chegava ao ex-ajudante de ordens. Inclusive, eventualmente, contatos de empresários interessados em participar do governo e até militares com ambições golpistas.

Até agora, entre bolsonaristas, é incerto o peso da apreensão dos celulares do advogado Frederick Wassef no caso. No geral, há um “pânico”. Wassef é conhecido por ser falastrão. Gosta de aumentar suas próprias ações e importância. O choque de versões entre o que Cid delatar e o que estiver escrito nas mensagens do advogado pode municiar os investigadores.

O ex-ajudante de ordens pode desmentir versões e implicar o ex-chefe. O que se sabe até agora é que havia, no núcleo próximo de Bolsonaro, quase uma disputa por quem seria o maior “resolvedor de problemas”. Wassef adorava disputar o título, e mergulhou, dizem fontes, na tentativa de corrigir problemas no caso das joias. Acontece que, assim como no caso de Fabrício Queiroz, amigo da família e denunciado por promotores fluminenses por operar um esquema de lavagem de dinheiro para Flávio Bolsonaro, Wassef acabou flagrado fazendo, supostamente, coisa errada.

Cid chegou ao gabinete do ministro com uma proposta de delação premiada. O advogado do militar, Cezar Bitencourt, também teria participado da audiência. A aceitação da proposta de delação pela PF foi antecipada pela Globo News e confirmada pelo Metrópoles nesta quinta-feira (7/9). Agora, cabe a Moraes analisar o caso.

Fontes que acompanham a investigação disseram ao Metrópoles que a expectativa é a de que, com tamanha proximidade com o ex-presidente e por sua boa formação acadêmica, Cid tenha a capacidade de explorar eventos com profundidade e apresentar provas com detalhamento.

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Investigação do TCU é próxima bomba a cair no colo de Bolsonaro

Técnicos do tribunal mapearam os presentes recebidos pelo ex-presidente e descobriram muita coisa fora do lugar, diz o Radar Veja.

Uma investigação sigilosa concluída no TCU promete dar novos contornos ao escândalo dos presentes da Presidência na gestão de Jair Bolsonaro. Os técnicos do tribunal descobriram que 111 presentes foram desviados ilegalmente do patrimônio da União.

Em quatro anos, Bolsonaro recebeu 9.158 presentes, sendo 295 ofertados ao Brasil por autoridades estrangeiras. Levou 240 para casa e só deixou 55 no acervo da União.

Nessa lista de 240 presentes de chefes de Estado que Bolsonaro levou para casa, pelo menos 17 eram de “elevado
valor comercial” e muitos (os tais 111 objetos), “sem natureza personalíssima”, eram claramente de caráter público.

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Bolsonaro e auxiliares estão no escuro sobre delação de Mauro Cid

Polícia Federal aceitou proposta de acordo de delação premiada feita pelo tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro.

O ex-presidente Jair Bolsonaro e seus auxiliares mais próximos dizem, nos bastidores, estarem no escuro sobre a proposta de delação premiada feita pelo tenente-coronel Mauro Cid, diz, Igor Gadelha, Metrópoles.

Conforme o blog da jornalista Andreia Sadi revelou e o Metrópoles confirmou, a Polícia Federal aceitou um acordo de delação com o ex-ajudante de ordens de Bolsonaro.

Ainda não foi divulgado, porém, sobre que temas Cid estaria disposto a falar. O militar é investigado em uma série de temas, entre eles, os casos das joias e da falsificação de cartões de vacinação contra a Covid-19.

Nos bastidores, Bolsonaro e auxiliares dizem não saber detalhes. A principal suspeita de bolsonaristas é de que a delação do militar estaria relacionada ao inquérito sobre a falsificação dos certificados de vacina.

Ao longo da tarde de quinta-feira (7/9), aliados e auxiliares do ex-presidente da República tentaram insistentemente contato com a defesa e com diferentes familiares de Mauro Cid, mas não tiveram retorno.

Apesar de admitirem não terem informações concretas sobre a delação, Bolsonaro e seus auxiliares combinaram de reforçar o discurso publicamente de que “não há o que Cid delatar”.

 

Cid vai ao STF e confirma desejo de delatar; Moraes analisará acordo

O Radar confirmou com fontes da Polícia Federal e do STF o desejo do ex-auxiliar de Jair Bolsonaro e o avanço das conversas.

Preso desde maio, Mauro Cid esteve no STF nesta quarta-feira para confirmar a um juiz do gabinete do ministro Alexandre de Moraes que, sim, decidiu fazer um acordo com a Polícia Federal para confessar tudo que fez, viu e ouviu no período em que foi auxiliar de Jair Bolsonaro e negociou joias e presentes de valor da Presidência da República como se fosse um mercador, diz a Veja.

O procedimento é padrão nesse tipo de caso. O candidato a delator precisa deixar registrado que não está sendo coagido a seguir o rumo da delação. É o que fez Cid nesta quarta.

O Radar confirmou com fontes da Polícia Federal e do STF o desejo de Cid e o avanço das conversas — já com depoimentos colhidos –, revelado mais cedo pela GloboNews.

Os termos do acordo, com os benefícios que serão ofertados a Cid, caso ele consiga apresentar fatos e provas de corroboração dos crimes que delata, são mantidos em sigilo.

Não está claro se Cid apresentou um roteiro novo de crimes, os famosos “anexos”, ou se decidiu colaborar para fornecer provas de corroboração dos crimes já investigados pela PF.

Vídeo – Lula: quem planta, colhe

O modo de imprimir um fato, a partir de uma frase popular, conduz, como a luz de um farol, um claro recado.

Lula, que passou os últimos anos sendo desprezado, jogado na fogueira do ódio e levando bicada dos urubus da mídia, numa única frase, fez um strike, mas certamente tendo como principal alvo essas duas figuras, Moro e Bolsonaro, que armaram a maior fraude eleitoral em 2018, agora, encontra-se na bacia das almas, na porta da cadeia.

É difícil saber quem está pior na fita. Os dois maiores patifes da história do Brasil estão diante de uma condenação engatilhada. Moro, que não há dúvidas, amargará o mesmo destino de Dallagnol e Bolsonaro, perdendo o mandato e se tornando inelegível, deve ser conduzido à cadeia pelos seus inúmeros crimes, junto com seu comparsa, que está na marca do pênalti.

Tudo isso está no âmago da frase de Lula, quem planta, colhe, não que ele não goste de jabuticaba, do contrário, não plantaria, mas depois de participar do desfile de 7 de setembro, em Brasília, absolutamente pacífico e ordeiro, como relatou Santos Cruz, que esteve misturado à população, enterrando assim os 7 de setembro de ódio, Lula produziu um vídeo para deixar uma mensagem curta e grossa para aqueles que plantam vento e colhem tempestade, tempestade perfeita que Moro e Bolsonaro estão enfrentando.

Essa foi a equação da frase que Lula proferiu com toda propriedade.

Polícia Federal fecha acordo com Mauro Cid para delação premiada

Mauro Cid é investigado em uma série de operações da Polícia Federal, entre elas, a que apura venda ilegal de joias da Presidência da República.

A Polícia Federal aceitou o acordo de delação premiada oferecido pela defesa de Mauro Cid, tenente-coronel do Exército e ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). A informação foi divulgada pela Globo News e confirmada pelo Metrópoles nesta quinta-feira (7/9).

O militar é investigado em uma série de operações da Polícia Federal. Entre elas, a que apura a venda ilegal de joias e outros objetos do acervo da Presidência da República durante a gestão do então presidente Jair Bolsonaro (PL).

A expectativa de que Cid faça uma delação se intensificou após o advogado Cezar Roberto Bitencourt assumir a defesa do militar, em agosto.

Agora, após a confirmação da PF, cabe ao Ministério Público Federal (MPF) e ao Supremo Tribunal Federal (STF) darem o aval e analisarem as condições para que o acordo seja firmado.

A reportagem do Metrópoles procurou a defesa de Mauro Cid para tratar sobre o assunto, mas não obteve retorno até a publicação deste texto. O espaço segue aberto.

Em nota, a Polícia Federal afirmou que não se manifestará sobre o assunto, “considerando o sigilo das investigações e o bom andamento dos trabalhos de polícia judiciária”.

O ex-ajudante de ordens está preso, suspeito de envolvimento em um esquema de fraude nos cartões de vacinação de familiares e do ex-presidente.

Creme de Michelle, iPhone do 04 e camisa do Flamengo: anotações de Cid detalham serviços pessoais para o clã Bolsonaro

Ex-ajudante de ordens listou compras feitas para Michelle e filhos do ex-presidente.

Anotações feitas no bloco de notas do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, indicam que o militar não prestava serviços apenas para o presidente da República, mas também para outros integrantes da família. Arquivos armazenados na nuvem do celular do militar, aos quais o GLOBO teve acesso, incluem apontamentos feitos sobre compras de itens pessoais que seriam para a então primeira-dama Michelle Bolsonaro, sobre um celular para Jair Renan e referentes a uma credencial do deputado Eduardo Bolsonaro, ambos filhos do ex-presidente, segundo O Globo.

Segundo a lei que disciplina a atividade da Ajudância de Ordens, o militar designado ao posto tem como função auxiliar direta e imediatamente ao presidente no assuntos de “natureza pessoal”, incluindo suporte aos familiares.

Entre as anotações feitas por Cid em seu celular, constam, por exemplo, registros sobre tarefas a serem realizadas durante viagens presidenciais. Em uma delas, para Dallas, nos Estados Unidos, Cid escreveu que precisava comprar “cremes de cabelo para PD” e cita uma “encomenda, que não chegou a tempo, de uma máquina anti-calvície”. A sigla PD costuma ser utilizada por funcionários da Presidência como referência a “primeira-dama”. No caso, a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro.

Na mesma anotação, mas dessa vez sobre uma viagem para a China, Cid destacou a necessidade de comprar um suporte de celular “para PD” e também uma camisa do Flamengo. Em outubro de 2019, primeiro ano do governo Bolsonaro, o então presidente visitou a China e se encontrou com Xi Jinping, presidente do país. No encontro, Bolsonaro presenteou o líder chinês com uma camiseta do Flamengo.

Há outra referência, na anotação, a “camisa do Flamengo na China”, acompanhada do registro “Nióbio no Japão”. O nióbio é um material utilizado na indústria e bastante encontrado no solo do Norte do Brasil.

Durante viagem ao Japão, em 2019, Bolsonaro comprou bijuterias feitas de nióbio e que, segundo ele, custavam mais de R$ 5 mil. O então presidente chegou a mostrar os produtos em suas redes sociais como argumento a favor da utilização em larga escala do nióbio.

Os registros feitos por Cid também citam outros integrantes da família Bolsonaro. Em uma mesma anotação, constam os registros “iPhone Renan nos EUA” e “Dep Eduardo perdeu credencial Davos”, citando dois filhos do presidente: Jair Renan e o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP).

Dias Toffoli joga a pá de cal na Lava-Jato e encurrala Sérgio Moro

Nada fora da lei. Justiça se faz com justiça.

A Lava-Jato já foi dada como morta muitas vezes. Começou a definhar com o impeachment da presidente Dilma Rousseff (PT) e a posse em 31 de agosto de 2016 de Michel Temer (MDB), seu vice.

No seu primeiro governo, Dilma demitiu seis ministros acusados de corrupção e fortaleceu as investigações da Lava-Jato. Então, o sistema político entrou em pânico. Era preciso “deter a sangria”.

Bolsonaro se elegeu pegando carona no combate à corrupção com a ajuda de Sérgio Moro, que despiu a toga e assumiu o Ministério da Justiça. Foi quando a Lava-Jato de fato começou a morrer.

Ela baixou à sepultura com a decisão do Supremo Tribunal Federal de anular a condenação de Lula e declarar Moro um juiz parcial que conduziu a Lava-Jato menos como juiz e mais como político.

A pá de cal foi jogada, ontem, pelo ministro Dias Toffoli que considerou “imprestáveis” todas as provas obtidas pela Lava-Jato mediante o acordo de leniência com a empreiteira Odebrecht.

Para Toffoli, os investigadores da Lava-Jato “desrespeitaram o devido processo legal, descumpriram decisões judiciais superiores e agiram com parcialidade e fora de sua esfera de competência”.

Algo parecido aconteceu com a operação “Castelo de Areia”, de 2009, que investigou crimes financeiros praticados por executivos ligados à construtora Camargo Corrêa e acabou anulada.

Políticos foram acusados de receber propina para facilitar negócios da construtora. Alguns deles: José Roberto Arruda, Temer, Sérgio Cabral, Antonio Palocci e Valdemar Costa Neto.

Anular a Lava-Jato não significa que não houve roubo, significa que ela serviu a um projeto político: o de condenar e manter Lula preso para que ele não disputasse as eleições de 2018.

Foi talvez o “maior erro judiciário da história”, segundo Toffoli. Agentes da Lava-Jato, como Moro e o ex-procurador da República Deltan Dallagnol, poderão doravante ser punidos pelo que fizeram.

Órfãos da Lava-Jato começam a se perguntar:

Como é que fica? Faz de conta que Marcelo Odebrecht não confessou os crimes que cometeu e que resultaram em prisões? Absolve todo mundo?”

A resposta é simples, embora insatisfatória para eles: a apuração de crimes deve levar em conta antes de tudo o estrito cumprimento da lei. Nada fora da lei. Justiça se faz com justiça.

Estarrecidos, órfãos da Lava-Jato também partem para cima de Lula como se ele agora, só por ter sido eleito presidente pela terceira vez, acumulasse os Poderes Executivo e Judiciário:

“Por mais que Lula diga que quer reconciliar o país, não parece ser esse seu estado de espírito.”

Uma coisa nada tem a ver com a outra. Presidente da República não dita sentenças de tribunais. Por saber disso, Bolsonaro, aspirante a ditador, tentou lacrar a Justiça – sem sucesso.

Bolsonaro, Moro e Dallagnol estão do mesmo lado do balcão como suspeitos de crimes; Bolsonaro, inelegível, com medo de ser preso; Moro, ameaçado de perder o mandato de senador.

Vez por outra, aqui se faz e aqui se paga.

*Blog do Noblat

Decisão de Toffoli abre caminho para anulação de outros acordos da ‘lava jato’

Conjur – Caiu como uma bomba na comunidade jurídica a decisão do ministro Dias Toffoli, do Supremo Tribunal Federal, que considerou imprestáveis todas as provas oriundas do acordo de leniência da Odebrecht. Essa decisão, desta quarta-feira (6/9), tem potencial para afetar a maior parte dos acordos fechados pela “lava jato”.

Definida pelo jurista Lenio Streck como “um passo definitivo para enterrarmos esse período de estado de exceção hermenêutico”, a decisão do ministro do STF ainda determinou que as instituições envolvidas no acordo investiguem, tanto administrativamente quanto nas searas cível e criminal, os principais atores das negociações, para passar a limpo quaisquer ilegalidades.

Segundo advogados ouvidos pela revista eletrônica Consultor Jurídico, ao apontar as falhas no acordo, como violação aos tratados internacionais e à cadeia de custódia da prova, a decisão abre caminho para que os mesmos fundamentos sejam aplicados a outros acordos de leniência que foram fruto das táticas de intimidação e chantagem do Ministério Público Federal contra agentes públicos e empresas brasileiras.

A principal frente aberta nesse sentido, atualmente, é a ADPF 1.051, relatada pelo ministro André Mendonça e submetida ao rito abreviado, em que um grupo de partidos aponta as ilegalidades dos acordos. Na última movimentação do processo, o relator estendeu o prazo para prestação de informações de todos os órgãos que participaram de leniências: o MPF, a Controladoria-Geral da União, a Advocacia-Geral da União, o Ministério da Justiça e Segurança Pública e o Tribunal de Contas da União.

Streck lembra que, desde seus primeiros pareceres em casos da “lava jato”, em 2015, vem apontando uma série de ilegalidades, “em especial em relação às provas via Canadá (ainda nos tempos do doleiro Alberto Youssef) e depois da Suíça, quando provas entraram no Brasil em pen drives e foram usadas no caso da Odebrecht”, além de outras nulidades.

“Com essa decisão, o ministro Toffoli dá um passo definitivo para enterrarmos esse período de estado de exceção hermenêutico e estado de coisas inconstitucional. Atentem-se para os prazos que o ministro deu. Corretíssima decisão”, opinou o jurista, destacando o limite de dez dias para que a Polícia Federal, o MPF e a 13ª Vara Federal de Curitiba obedeçam às determinações do Supremo, sob pena de responsabilização pelo crime de desobediência, previsto no artigo 330 do Código Penal.

Repercussão de peso
O criminalista Alberto Toron, considerando que a decisão de Toffoli foi “mais do que acertada”, destaca a importância do reconhecimento da fragilidade probatória do acordo da Odebrecht. “A invalidade dessas provas decorre da incerteza quanto à veracidade das informações que constam nessas plataformas, de modo que, sem certeza da cadeia de custódia, não é possível aceitá-las.”

O professor de Direito Processual Penal do IDP Luís Henrique Machado, por sua vez, aponta que também foram desrespeitados outros critérios técnicos de cooperação jurídica internacional. “Aspectos objetivos foram violados em relação ao acordo de leniência, dentre eles a inobservância dos critérios estabelecidos pela cooperação jurídica internacional, bem como a quebra da cadeia de custódia. A decisão é tecnicamente impecável.”

O criminalista Eduardo Carnelós aponta um terceiro impacto importante da decisão, que é a garantia de acesso às conversas interceptadas na operação spoofing, pois, com isso, “as vítimas das condutas ilegais praticadas pelas autoridades que conceberam e conduziram a ‘lava jato’ poderão, ao ter conhecimento das conversas que lhes digam respeito, exercer na plenitude seu direito à defesa”.

Para ele, no entanto, o efeito mais abrangente é a declaração de que são inadmissíveis as violações ao devido processo legal na persecução penal. “A decisão agora proferida declara a nulidade de todos os elementos resultantes do acordo da Odebrecht, impondo seu reconhecimento em todas as ações penais ou civis baseados nele. Isso é de enorme relevância, pois evitará que juízes decidam de forma contraditória sobre o mesmo assunto.”

“Em suma, a decisão do ministro Toffoli será reconhecida como um marco histórico para a proteção das garantias inscritas na Constituição”, avalia.

Para o advogado e professor Georges Abboud, o principal paradigma da decisão é seu efeito erga omnes e a determinação de que todo e qualquer feito, judicial ou administrativo, que tenha se baseado nessas provas deve ser reavaliado, justamente para sopesar se os processos foram baseados exclusivamente em provas ilegais ou, se não, qual a extensão de contaminação destes elementos em relação às outras provas utilizadas.

Ele lembra que o STF tem uma tradição de proibir a utilização de provas reconhecidamente ilícitas em prejuízo dos réus, acusados ou investigados. “No caso do acordo de leniência da Odebrecht essa vinculação erga omnes implica o reconhecimento do Estado como um ente divisível apenas em suas funções e atribuições, mas que é uno enquanto centro de poder”, aponta.

Dessa forma, o ponto mais importante da decisão de Toffoli seria o reconhecimento dos limites da atuação dos órgãos de persecução estatal, como o MPF, a Polícia Federal e o próprio Poder Judiciário. “Em última instância, reconheceu-se a utilização reiteradamente política do direito por agentes de diversos ramos do Estado, de forma estrutural, que conduziu a uma violação sistemática de direitos fundamentais, que é precisamente a definição de Estado de Coisas Inconstitucional, ainda que a expressão não tenha sido utilizada.”

Em resumo, a conclusão se aproxima do ponto levantado pelo criminalista Pierpaolo Bottini, para quem foi importante o Supremo ter reconhecido que “qualquer ato coordenado por qualquer autoridade pública deve seguir a letra da lei. Não pode haver espaços para arbitrariedades, seja qual for a intenção.”

Pedro Estevam Serrano concorda com Bottini, e destaca que o decurso da compensação pelos abusos da “lava jato” agora está nas mãos das próprias instituições envolvidas, que devem promover investigações internas. “Creio que a decisão é a demonstração cabal da inconstitucionalidade abusiva das leniências e delações feitas na ‘lava jato’, bem como da fraude na produção das chamadas provas. Cabe agora à União promover a responsabilização de todos os agentes públicos que causaram os abusos pelos danos ocasionados ao patrimônio da União.”

Abboud conclui que o resultado dessas investigações internas poderá levar a um entendimento mais amplo que permita a reavaliação também de outros acordos. “Ao cabo, a decisão permitirá, em meu entender, diagnósticos estruturalmente mais complexos da atuação ilícita do Estado, e conduzirá, inevitavelmente, ao estabelecimento de parâmetros a partir dos quais outros acordos de leniência possam ser revistos ou anulados.”

 

Vídeos – Melhor manchete do dia, Sensacionalista: Craque da rodada, Lenio Streck

A história é um processo contínuo do que se fez no passado com o objetivo utilitário de nortear o futuro.

A manchete do Sensacionalista em destaque e os vídeos com Lenio Streck tratorando Deltan Dallagnol, ao vivo e a cores, na GloboNews, deveriam ser matérias obrigatórias por lei em toda a rede de ensino desse país para que, desde cedo, fosse permitido aos alunos maior independência de juízo sobre fatos decisivos da história brasileira.

Sim, porque o que nós vimos até então na Lava Jato foi escrito pelo punho interesseiro da grande mídia. Ou seja, um punho alheio à própria história sobre o fato.

Nesse caso, não se sabe o que é pior, se a manipulação dos fatos lavajatistas pela grande mídia, ou o silêncio dela diante dos crimes praticados pela horda curitibana.

Seja como for, aquele cinema novelesco da Globo, cheio de super heróis do combate à corrupção, não passou de parte de uma armação intitulada Lava Jato, como disse o ministro do STF, Dias Toffoli.

Diria mais, foi uma armação midiática, cinematográfica para embotar os olhos do expectador e fazê-lo trocar o fato pela ação.

Seguem abaixo dois vídeos com trechos que deveriam receber um memorial público para os futuros historiadores terem uma esclarecedora e verdadeira pintura do que de fato foi essa quadrilha chamada república de Curitiba, sintetizada pela fantástica manchete do Sensacionalista, na imagem em destaque aqui no blog.

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