inquérito sobre a tentativa de golpe de Estado em janeiro de 2023 está sendo concluído pela Polícia Federal (PF) nesta quinta-feira (21), com dezenas de indiciados, incluindo figuras centrais do cenário político e militar do país. De acordo com informações da jornalista Miriam Leitão, publicadas no jornal O Globo, a lista de indiciados inclui o ex-presidente Jair Bolsonaro, os generais Augusto Heleno e Walter Braga Netto, o delegado Alexandre Ramagem e possivelmente o presidente do PL, Valdemar Costa Neto.
Uma fonte próxima à investigação afirmou à jornalista que “ninguém ficará impune”. O extenso relatório final, com cerca de 700 páginas, detalha as conexões e responsabilidades dos envolvidos e está agora sob análise do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), que decidirá se o documento permanecerá ou não sob sigilo.
General Ramos fora da lista
Apesar de sua proximidade com o ex-presidente e do papel estratégico que desempenhou no governo durante três anos e meio, o general Luiz Eduardo Ramos não foi incluído na lista de indiciamentos. Fontes próximas à apuração indicam que não foram encontrados “elementos suficientes” para responsabilizá-lo, o que teria sido uma decisão pautada por “excesso de rigor” na análise dos fatos.
Ramos, que mantém uma relação de amizade pessoal com Bolsonaro, continua sendo figura de interesse no âmbito político, mas sua ausência entre os indiciados reflete os critérios cuidadosos aplicados pela Polícia Federal para evitar qualquer acusação sem base sólida.
Alexandre Ramagem e investigações paralelas
Enquanto é apontado no inquérito do golpe, o delegado Alexandre Ramagem também segue como figura central de outro caso: a investigação da chamada “Abin Paralela”, um esquema que teria envolvido o uso indevido da Agência Brasileira de Inteligência para fins pessoais e políticos. A sobreposição de investigações coloca Ramagem no centro de um emaranhado de acusações graves que, se comprovadas, poderão aprofundar as consequências jurídicas para ele.
Decisão sobre sigilo será determinante
O relatório da PF, que detalha o andamento das investigações e as evidências reunidas contra os indiciados, é aguardado com grande expectativa. Caso Alexandre de Moraes decida pela abertura do documento, novos detalhes sobre o planejamento e execução das ações golpistas podem vir à tona, lançando luz sobre a complexidade do esquema.
Contexto e próximos passos
A conclusão do inquérito representa um marco no esforço de responsabilização por uma das crises institucionais mais graves da história recente do Brasil. A investigação reforça a postura de enfrentamento das ameaças à democracia e sinaliza a determinação das instituições em evitar retrocessos no Estado de Direito.
Se as denúncias forem aceitas, os indiciados poderão enfrentar acusações que incluem crimes como tentativa de golpe de Estado, formação de organização criminosa e outros delitos previstos na legislação penal brasileira. A sociedade aguarda desdobramentos, enquanto o país busca superar os impactos dessa turbulenta página de sua história.