Ano: 2024

Morte de líder do Hezbollah acirra conflito e põe Israel em alerta

Em mais um episódio da escalada nas tensões no Líbano, ataque de Israel à cúpula do Hezbollah matou principal líder da organização.

A crise no Líbano escalou entre a noite de sexta-feira (27/9) e o início deste sábado (28/9). Um ataque massivo do Exército israelense atingiu uma base do Hezbollah em Beirute e matou os principais líderes da organização, entre eles o chefe do grupo, Hassan Nasrallah.

Após o episódio, a preocupação em torno de um acirramento da violência no Oriente Médio cresceu. Mesmo com a perda de seu principal nome, o Hezbollah prometeu continuar a guerra contra Israel “em apoio a Gaza e à Palestina, e em defesa do Líbano”.

Israel, por sua vez, não deu trégua. Após bombardear a base do grupo xiita, militares voltaram a lançar ataques aéreos na região de Dahieh, em Beirute. Segundo o Exército, a operação matou Hassan Khalil Yassin, que integrava o núcleo de inteligência do Hezbollah, diz o Metrópo9les.

Ainda neste sábado, sirenes de alerta soaram em Tel Aviv. O governo israelense informou que tratava-se de um míssil lançado do Iêmen, que foi interceptado.

Em uma mensagem divulgada pelo seu porta-voz, o secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres demonstrou preocupação com o acirramento do conflito. “O secretário-geral está profundamente preocupado com a dramática escalada dos acontecimentos em Beirute nas últimas 24 horas”, diz o comunicado.

“Este ciclo de violência deve parar agora, e todos os lados devem recuar do abismo. O povo do Líbano, o povo de Israel, assim como a região mais ampla, não podem se dar ao luxo de uma guerra total”, disse.

Israel afirma que ‘desmantelou’ comando do Hezbollah, mas vai continuar a atacar o Líbano

Porta-voz das Forças de Defesa de Israel disse que o país deve promover novos ataques no Líbano para atingir estruturas do Hezbollah mesmo em bairros super habitados

O Exército de Israel afirmou neste sábado (28) que “desmantelou” o grupo extremista Hezbollah, ao “eliminar” grande parte de seus comandantes em um ataque realizado em Beirute, no Líbano. O ataque que ocorreu neste sábado (28), além de Sayyed Hassan Nasrallah, que liderava o Hezbollah desde 1992 e teve sua morte confirmada pela organização na manhã de hoje, Israel declarou que também “eliminou” outros líderes importantes do grupo, embora ainda não tenha fornecido uma lista detalhada dos nomes ou cargos dos demais alvos atingidos na operação.

Este ataque, considerado um dos mais significativos contra o Hezbollah, intensifica ainda mais a tensão na região, já que o grupo tem sido um dos principais adversários de Israel, com o apoio do Irã e envolvimento em conflitos no Oriente Médio por décadas.

Veja a lista de mortes divulgadas por Israel:

  • Ibrahim Muhammad Qahbisi, chefe do Comando de Mísseis e Foguetes;
  • Ibrahim Aqil, chefe de Operações e comandante da Força Radwan;
  • Fuad Shukr, comandante militar de mais alta patente na organização e chefe da unidade estratégica da organização;
  • Ali Karki, comandante do Hezbollah da fronteira sul do Líbano, que faz divisa com Israel;
  • Wissam al-Tawil, comandante da Força Radwan.
  • Abu Hassan Samir, chefe da unidade de Treinamento da Foça Radwan;
  • Muhammad Hussein Srour, comandante do Comando Aerial;
  • Sami Taleb Abdullah, comandante da unidade Nasser;
  • Mohammed Nasser, comandante da unidade Aziz.

De acordo com o serviço de inteligência do Exército israelense, o Hezbollah tem ainda um outro líder do mais alto comando que está vivo, Abu Ali Rida, que é comandante da unidade Bader.

Um porta-voz das Forças de Defesa de Israel disse que o país deve promover novos ataques no Líbano para atingir estruturas do Hezbollah mesmo em bairros habitados.

Israel vem atacando o Líbano mais intensamente há uma semana, que já deixaram mais de 700 mortos e provocaram o mais êxodo do país desde a guerra de 2006, também entre Israel e Hezbollah.

O Exército de Israel informou que enviou duas brigadas para o norte de Israel e está acionando três batalhões da reserva para uma possível incursão terrestre no Líbano. Por enquanto, porém, essa incursão não foi confirmada.

Apesar das mortes e dos milhares de desabrigados, o Ministro da Defesa de Israel, Yoav Gallant, disse, neste sábado, que a guerra não é contra o povo libanês.

“Ele (Nasrallah) foi o assassino de milhares de israelenses e cidadãos estrangeiros. Ele era uma ameaça imediata às vidas de milhares de israelenses e outros cidadãos”, declarou o ministro. “Ao povo do Líbano, eu digo: Nossa guerra não é com vocês. É hora de mudar”.

Os conflitos no Oriente Médio começaram em 7 de outubro do ano passado, quando o Hamas, da Faixa de Gaza, atacou uma festa rave em Israel e outros pontos do país, deixando mais de 1.200 mortos e sequestrando centenas de israelenses.

Israel passou a atacar a Faixa de Gaza na sequência, alegando que o alvo eram integrantes do Hamas. No entanto, os ataques que ocorrem desde então devastaram a região da e deixaram mais de 40 mil palestinos mortos, a grande maioria de civis.

Em apoio ao Hamas, o Hezbollah também começou a atacar Israel ainda no ano passado. O conflito entre o exército israelense e o grupo libanês permanece desde então, mas se intensificou na semana passada, após explosões em série de pagers e walkie-talkies de membros do Hezbollah, que acusam Israel pelo ataque.

Milei leva metade da Argentina à pobreza

PIB em retração, explosão da pobreza, indigência e fome. Os resultados da política de extrema direita de Javier Milei.

O número de argentinos vivendo abaixo da linha da pobreza explodiu no primeiro semestre deste ano. A política neoliberal de austeridade do presidente Javier Milei levou 15,7 milhões de pessoas para o patamar abaixo da linha da pobreza. Os reflexos da política de extrema direita foram divulgados ontem (27) pelo Instituto Nacional de Estatísticas e Censos do país (Indec). O estudo, que abrange 31 aglomerados urbanos, aponta que mais da metade das pessoas (52,9%) estão em situação de pobreza. Isso significa também que 4,3 milhões de famílias, ou 42,5% delas, estão em situação de insegurança.

Javier Milei completou 10 meses de mandato. Agora, ele enfrenta os resultados de sua política. Uma Argentina assolada por uma grave crise econômica e social. O país sofre com altos índices de endividamento, câmbio desvalorizado, reservas internacionais escassas e uma inflação alarmante de 236%.

Durante os primeiros seis meses do governo Milei, 3,4 milhões de pessoas caíram na faixa da pobreza, um aumento de 11,2% em relação ao segundo semestre de 2023, quando 12,3 milhões de pessoas (41,7% da população) estavam nessa condição.

Milei e indigência
Para classificar quem está abaixo da linha da pobreza, o Indec calcula o rendimento das famílias e o acesso a necessidades básicas. Isso inclui alimentos, vestuário, transporte, educação e saúde. Além do aumento da pobreza, a pesquisa aponta que 5,4 milhões de pessoas (18,1% da população) estão em situação de indigência, ou seja, sem acesso a uma cesta de alimentos suficiente para suprir as necessidades diárias de energia e proteína. No segundo semestre de 2023, esse número era de 3,5 milhões (11,9%).

Quando se observam as famílias, 1,4 milhão delas foram consideradas indigentes (13,6%) no primeiro semestre deste ano, comparadas às 870 mil registradas no fim de 2023 (8,7%). A alta nos preços continua sendo um dos maiores desafios para os argentinos. No primeiro semestre, a inflação acumulada no país foi de 79,8%, gerando ceticismo nas ruas quanto à relação entre o índice geral e o custo da cesta de produtos consumidos pela população, especialmente a mais vulnerável.

Recessão e desemprego
O agravamento da crise social está ligado à recessão econômica. No primeiro trimestre de 2024, o Produto Interno Bruto (PIB) argentino recuou 5,1%, seguido de uma queda de 1,7% no segundo trimestre. Esse cenário recessivo tem contribuído para o aumento do desemprego, especialmente no setor privado, que demitiu cerca de 177 mil funcionários entre novembro de 2023 e abril de 2024, segundo um relatório do Centro de Estudos de Política Econômica (Cepa).

Hezbollah confirma morte de Hassan Nasrallah, líder do grupo

Líder do Hezbollah foi atingido por ataque com mísseis em Beirute na sexta-feira (27)

O Hezbollah do Líbano confirmou neste sábado (28) que o seu líder Sayyed Hassan Nasrallah foi morto e prometeu continuar a batalha contra Israel.

A morte ocorreu durante um ataque aéreo massivo de Israel no que disse ser a “sede central” do Hezbollah no sul de Beirute na sexta-feira (27).O grupo disse que Nasrallah foi morto após um “traiçoeiro ataque aéreo sionista nos subúrbios do sul”.

O chefe do exército de Israel, Herzi Halevi, disse que o ataque foi realizado “após um longo período de preparação” e “no momento certo, de forma muito contundente”. Halevi também alertou que este não era o fim da “caixa de ferramentas” de Israel e que há “mais ferramentas no futuro”.

As FDI continuaram a atacar edifícios de Beirute na sexta-feira, alegando que foram usados ​​pelo Hezbollah como centros de comando e locais de produção e armazenamento de armas. Pelo menos seis pessoas morreram e 91 ficaram feridas nos ataques de Israel em Beirute, disse o Ministério da Saúde libanês, acrescentando que a contagem de vítimas “não era definitiva”.

Nasrallah transformou o Hezbollah numa das forças paramilitares mais poderosas do Oriente Médio. Filho de um dono de mercearia e de sua esposa, nasceu em Beirute, em agosto de 1960, ele passou o início da adolescência sob a sombra da guerra civil do Líbano, segundo a CNN.

Quando Israel invadiu o Líbano em 1982, em resposta aos ataques da Organização de Libertação da Palestina, Nasrallah reuniu um grupo de combatentes para resistir à ocupação – que evoluiria para o Hezbollah. O grupo já estava se recuperando depois que as explosões atingiram pagers e walkie-talkies de propriedade de membros do Hezbollah.

Resposta do Irã: O Líder Supremo do Irã, Ali Khamenei, enviou uma mensagem de segurança ao Hezbollah, dizendo que “todas as forças de resistência regionais” estão ao lado do grupo. Na sua primeira mensagem desde que os militares israelenses reivindicaram o assassinato de Nasrallah, Khamenei disse que Israel era “demasiado pequeno para causar danos significativos” ao grupo libanês. O destino da região, disse ele, “será determinado pelas forças de resistência, no topo das quais está um Hezbollah vitorioso”.

Israel continuou a atacar o Líbano neste sábado (28), com Beirute novamente como alvo. Os ataques aéreos israelenses atingiram vários locais no leste e no sul do Líbano, informou a Agência Nacional de Notícias Libanesa (NNA). As áreas atingidas incluem cidades de Baalbek, no leste, e Nabatiyeh, no sul, disse a NNA, acrescentando que um número não especificado de pessoas foi morta nos ataques.

Num comunicado na manhã deste sábado, os militares israelenses disseram que conduziram “ataques extensos” nas últimas duas horas na área de Beqaa e no sul do Líbano, alegando que tinham como alvo lançadores do Hezbollah, instalações de armazenamento de armas e locais de infraestrutura.

Marçal e a corrosão da democracia

Para atrair a atenção, ampliar as visualizações, os engajamentos e clicks nas plataformas digitais, vale tudo.

O candidato goiano à prefeitura de São Paulo, Pablo Marçal, maneja como poucos aquilo que o cientista político Herbert A. Simon, Prêmio Nobel em 1978, chamava de economia da atenção. Para atrair a atenção, ampliar as visualizações, os engajamentos e clicks nas plataformas digitais, vale tudo: usar a violência verbal, mentir, enganar e prometer sucesso financeiro. Quanto maior o engajamento, maior o lucro de Pablo Marçal.

Fora das redes sociais, nos debates de televisão, ao desafiar Datena e receber uma cadeirada, ao ofender Ricardo Nunes e ser expulso com direito a cenas de pugilato, Marçal conseguiu o que queria: manter-se no centro das atenções. Suas bravatas nos debates e as lacrações em postagens na internet, ajudam o coach a se manter em evidência, garantindo um lugar no grupo de candidatos com chances de ir para o segundo turno na maior cidade do país.

Como sabemos, nas redes sociais não existem fronteiras geográficas ou sociais. Os seguidores pertencem a verdadeiras seitas ideológicas. Nesse universo distópico, onde as leis eleitorais não conseguem alcançar, fica fácil para os influenciadores terem sucesso em eleições para os mais diferentes cargos políticos da república. Por sua expertise no uso das redes sociais, Marçal não é hoje apenas uma ameaça a Bolsonaro, é uma ameaça concreta contra ao próprio Estado Democrático de Direito.

Marçal tem força própria junto ao eleitor de extrema direita, se comportando como um verdadeiro líder de sua seita, uma espécie de pastor de uma nova religião. Usa e abusa do nome de Deus para atrair seus seguidores e encorpar a horda de fanáticos que o incensam. Essa estratégia proporcionou autonomia ao coach, ao ponto de desprezar intermediações dos mercadores da fé, que se multiplicam nas mais diferentes igrejas do país.

Na terça-feira (24/9), a presidente do STF, condenou os repetidos episódios de violência na campanha eleitoral de São Paulo. Pediu rapidez nas punições e alertou que a Justiça eleitoral não deve, em hipótese nenhuma, tolerar casos de agressão. Disse a ministra Carmen Lúcia: “…estou encaminhando ofício à Polícia Federal, ao Ministério Público Federal e aos presidentes dos tribunais regionais eleitorais, para que deem celeridade, efetividade e prioridade às funções que exercem de investigação, acusação e julgamento de todos os que cometem atos contrários ao direito eleitoral e que sejam agressivos à cidadania, casos de violência da mais variada deformação, que se vem repetindo durante esse processo eleitoral.”

Não tenho muita fé de que a Justiça eleitoral será mais ágil nas punições aos candidatos transgressores em suas campanhas eleitorais nas redes sociais. Principalmente por falta de regulamentação e de uma legislação específica para a internet. Estamos perdendo muito tempo para conter o avanço da extrema-direita e seu projeto de destruição do país. Vide a impunidade daqueles que chegaram ao poder se utilizando de mentiras, discursos de ódio e que ao perder a eleição de 2022 planejaram e colocaram em andamento uma tentativa de golpe de estado que fracassou em 8 de janeiro de 2022. É necessária uma ação dura e imediata contra a instrumentalização dessas plataformas sociais como instrumento de destruição do ambiente social e democrático. Coisa que não aconteceu em 2018, e deu no que deu.

*Florestan Fernandes Jr/247

Enquanto massacra os palestinos e bombardeia o Líbano, Netanyahu ameaça o Irã e é vaiado na ONU

Primeiro-ministro de Israel discursou nesta sexta-feira na ONU e foi vaiado durante sua fala.

O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, ameaçou o Irã nesta sexta-feira (27), em discurso na Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), informa o jornal O Globo. Netanyahu culpou o país vizinho pela escalada na região e disse que responderá com fogo em caso de novos ataques em território israelense. Ele também justificou os massacres cometidos por Israel em Gaza e no Líbano.

“As milícias do Irã na Síria e no Iraque bombardearam Israel dezenas de vezes no último ano. Abastecidos pelo Irã, terroristas palestinos na Judeia e Samaria [como Israel chama a Cisjordânia] perpetraram vários ataques lá e por Israel. Pela primeira vez, o Irã atacou diretamente Israel a partir do seu próprio território, disparando 300 drones, mísseis de cruzeiro e balísticos contra nós. Eu tenho uma mensagem para os tiranos em Teerã: se vocês nos atacarem, nós vamos atacar vocês. Não há um lugar no Irã que Israel não possa atingir”, disparou Netanyahu.

O discurso do primeiro-ministro israelense foi boicotado por delegações de diferentes países presentes na Assembleia Geral da ONU. O presidente da sessão precisou pedir silêncio para as pessoas que vaiavam Netanyahu. Ele afirmou que nem pretendia comparecer ao evento, mas que precisava “esclarecer” as coisas.

“Eu não pretendia vir aqui neste ano. Meu país está em guerra, lutando pela sua vida. Mas após ouvir as mentiras e calúnias levantadas por muitos dos porta-vozes neste púlpito, eu decidi vir aqui e esclarecer as coisas. E aqui está a verdade: Israel busca a paz (…).Israel fez a paz e vai fazer a paz de novo”, disse Netanyahu, enquanto seu país continuava atacando pontos no Oriente Médio. As Forças Armadas de Israel (FDI) voltaram a bombardear alvos no Líbano e na Síria na manhã desta sexta-feira.

Guerra se expande e capital de Israel é atacada por mísseis do Iêmen

Exército de Israel confirmou ataque contra áreas centrais do país, incluindo a capital Tel Aviv, nesta quinta-feira (26/9).

Envolvido na guerra da Faixa de Gaza e ameaçando iniciar um novo conflito contra o Hezbollah, no Líbano, Israel foi alvo de um ataque de mísseis disparados do Iêmen, nesta quinta-feira (26/9).

Segundo as Forças de Defesa de Israel (FDI), os projéteis tiveram como alvo áreas centrais do país, como a capital Tel Aviv. O exército, no entanto, disse ter identificado apenas um projétil, que foi interceptado pelo sistema de defesa aéreo israelense.

Autoridades de Israel ainda não deram maiores detalhes sobre o caso. A mídia do país, no entanto, afirma que ao menos 17 pessoas ficaram feridas no ataque.

Até o momento, os Houthis – que controlam parte do Iêmen – ainda não reivindicaram o ataque. A ofensiva contra o território israelense, no entanto, aconteceu horas após o líder do grupo, Sayyed Abdul-Malik Badreddin al-Houthi, anunciar apoio ao Hezbollah em meio à intensificação dos bombardeios de Israel no Líbano.

No último dia 15 de setembro, o grupo iemenita já havia atacado Israel com um míssil supersônico, sem deixar vítimas fatais.

Os Houthis, junto de grupos que fazem parte do chamado eixo da resistência, têm realizado uma série de ofensivas contra Israel em apoio ao Hamas desde o início da guerra na Faixa de Gaza. A organização do Iêmen tem atuado, principalmente, em ataques contra embarcações no Mar Vermelho.

Moraes aguarda documentos finais para decidir sobre pedido de desbloqueio do X

O ministro do STF pediu novas informações da Receita Federal e do Banco Central.

O ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal), aguarda informações complementares sobre a rede social X (antigo Twitter) para decidir se irá revogar a decisão que barrou o acesso à plataforma no Brasil.

As informações que ainda não chegaram ao Supremo, porém, são de órgãos públicos, e não da própria empresa de Elon Musk.

Os advogados da rede social protocolaram nesta quinta-feira (26) um documento no qual apresentaram documentos solicitados pelo ministro em decisão tomada no último sábado (21) e pediram o seu desbloqueio.

Como mostrou a coluna de Mônica Bergamo, da Folha de S. Paulo, no ofício enviado a Moraes o X afirma que “adotou todas as providências indicadas por Vossa Excelência como necessárias ao restabelecimento do funcionamento da plataforma no Brasil”.

X formalizou representante legal
A plataforma enviou procurações e alterações contratuais que oficializam a advogada Rachel de Oliveira Villa Nova Conceição como sua representante no Brasil. Ela já havia sido representante do X anteriormente.
Diz ainda que Rachel de Oliveira vai despachar em “escritório físico em endereço conhecido”, onde “poderá receber citações e intimações”.

“Tendo em vista o integral cumprimento das determinações estabelecidas por vossa excelência (…), o X Brasil requer que seja autorizado o restabelecimento da plataforma X para acesso dos seus usuários em território nacional, com a consequente expedição de ofício à Anatel, para que cesse as medidas de bloqueio anteriormente adotadas”, diz o pedido da plataforma.

Pessoas ligadas ao X afirmaram à Folha, sob reserva, que há expectativa de que a plataforma volte a funcionar no Brasil no início da próxima semana. Representantes da empresa apostam que os sinais de colaboração dados na última semana prepararam o Supremo para o momento atual.

A mudança de postura da plataforma se deu após a Starlink, empresa de satélites de Elon Musk, começar a sofrer problemas operacionais no Brasil com o bloqueio de suas contas por decisão do STF.

Os impactos à Starlink e a pressão de acionistas são apontados por pessoas ligadas ao X como os principais motivos que explicam o recuo de Musk no embate com Moraes.

No último sábado, Moraes havia pedido mais informações para a plataforma, além de um cálculo atualizado das multas aplicadas a ela, antes de decidir sobre a suspensão. Ele solicitou as procurações societárias originais outorgadas pela empresa a Villa Nova, notorizadas e consularizadas.

Moraes solicitou informações à Receita
Determinou ainda que seja apresentada ficha da Junta Comercial de São Paulo comprovando a indicação dela ao posto. Além disso, Moraes solicitou à Receita Federal a situação legal do X no Brasil e, à Anatel e à PF (Polícia Federal), relatórios sobre acessos irregulares à plataforma. Esses relatórios foram entregues na quarta-feira (25).

Mas, além desses documentos, o ministro também solicitou à Receita Federal e ao Banco Central que informem a atual situação legal da representação da rede no Brasil.

A rede social X saiu do ar no Brasil no fim de agosto, após a decisão de Moraes que suspendeu as atividades da plataforma por a empresa não indicar um representante legal. Moraes determinou a derrubada “imediata, completa e integral” do funcionamento da rede no dia 30 de agosto.

Na ocasião, o ministro determinava que Musk indicasse em 24 horas “nome e qualificação do novo representante legal da X Brasil, em território nacional, devidamente comprovados junto à Jucesp [Junta Comercial do Estado de São Paulo]”.

Na semana passada, o ministro também mandou que a PF monitore quem tem feito o “uso extremado” do X no Brasil desde que a plataforma foi bloqueada no país.

O pedido tinha sido feito pelo procurador-geral da República, Paulo Gonet. No entendimento dele, há necessidade de identificar casos que fraudam a decisão de Moraes com insistência em discursos de ódio.
Gonet também afirmava que pode haver divulgação de informações inverídicas na plataforma durante as eleições municipais.

Apelos de Lula, Petro e Guterres na ONU lembram que oligarquias são a raiz do desastre global

“Aqueles que têm o poder de destruir a vida não nos escutam […] ainda que representemos a grande maioria”, declarou Gustavo Petro durante discurso na ONU.

O mundo está à beira do desastre, mas ninguém assume a responsabilidade por isso, pareceu ser a conclusão do primeiro dia do chamado “debate geral” da Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas.

Talvez por isso, o secretário-geral, António Guterres, condenou o que chamou de “impunidade” global, ao abrir, nesta terça-feira (24), a sessão inicial do debate geral, junto com “a desigualdade” e “a incerteza”, um trio que está levando a civilização à beira de desastres, e essa rota é insustentável. “Estamos nos aproximando do inimaginável, um barril de pólvora que está envolvendo o mundo inteiro”, advertiu Guterres, e assinalou que as guerras, a mudança climática e a desigualdade estão piores do que nunca. Ao mesmo tempo, convidou aos participantes: “os desafios que enfrentamos podem ser resolvidos”.

Ele ressaltou a impunidade, onde “as violações e abusos ameaçam o próprio alicerce do direito internacional e da Carta da ONU”. Acrescentou que “o nível de impunidade no mundo é politicamente indefensável e moralmente intolerável”, onde governos acreditam que podem violar as convenções internacionais e a Carta da ONU, “invadir outro país ou destruir sociedades inteiras” sem consequências. Assinalou os casos da Ucrânia e de Gaza, aos quais chamou “um pesadelo sem fim que ameaça levar toda uma região”; condenou os atos do Hamas, mas afirmou que “nada pode justificar o castigo coletivo do povo palestino”, que incluiu também a morte de mais de 200 funcionários da ONU. Guterres detalhou as injustiças da desigualdade econômica e também da mudança climática, insistindo que a única solução é multilateral e urgente. E que não há muito tempo.

Lula na ONU
O desfile anual de mandatários e altos representantes dos 193 países membros começou, por tradição, com o presidente do Brasil. Luiz Inácio Lula da Silva, uma das vozes mais poderosas do Sul Global, elevou o alerta sobre o rumo atual do planeta.

Lula falou sobre os esforços do Brasil para impulsionar um acordo para frear as guerras em Gaza e na Ucrânia, e advertiu que esses conflitos demonstram o fracasso da comunidade internacional.

Da mesma forma, deplorou um sistema econômico internacional que se “converteu em um Plano Marshall ao contrário, onde os mais pobres financiam os mais ricos”. Os mais ricos, afirmou, duplicaram suas fortunas e pagam menos impostos que os pobres, proporcionalmente 60% da humanidade é agora mais pobre — ante o qual o Brasil está promovendo uma proposta para estabelecer normas mínimas de impostos globais.

Outras vozes do Sul Global
O presidente da Colômbia, Gustavo Petro, acusou, com um discurso lírico, que nesse fórum da ONU “aqueles que têm o poder de destruir a vida não nos escutam”, [não escutam] os que não têm armas de destruição em massa ou grande quantidade de dinheiro, “ainda que representemos a grande maioria”.

Ele advertiu ainda que “a floresta amazônica está queimando” e isso implica o fim do mundo. Acusou que, “quando Gaza morrer, toda a humanidade morrerá”, pois as crianças palestinas “são o povo escolhido de Deus”. O que ele chamou de “oligarquia mundial” da mudança climática, das guerras, das punições econômicas contra países desobedientes como Cuba, e concluiu que a pergunta agora para o mundo é: a vida ou a ganância? Indicou que chegou a hora de pôr fim à oligarquia mundial e substituí-la por uma democracia dos povos. Que já não se precisa ouvir os Biden, Xi, Putin e os europeus, mas sim os povos.

*Diálogos do Sul

Apostas matam: a história da mãe que tirou a própria vida e deixou dívida de R$ 500 mil

Ângela chegou a pedir ajuda a influenciadores que divulgam as bets – ninguém respondeu; e deixou recado no grupo de apostas Blaze avisando que ia se matar.

Por Heloisa Villela – ICL

Ângela Maria Camilo da Paz tinha 39 anos quando decidiu que não podia mais resolver as dívidas que acumulou nas bets. Apostas matam. Ela se suicidou no dia 12 de dezembro e deixou três filhos: um de 9, outro de 11 e um de 18. A criança de nove anos volta e meia pergunta por que a mãe não a levou também. O menino foi visto no cemitério do Cariri, no Ceará, com água e um pacote de bolacha, conversando com o túmulo da mãe, preocupado que ela não comia nem bebia água há muitos dias.

Irmã de Ângela, Jéssica Lobo não fazia ideia do que estava acontecendo. Ela mora em São Paulo, onde tem um salão de beleza, e diz que Ângela era a pessoa que cuidava das contas da família. Super responsável, super centrada, nunca deu sinais de que estava envolvida com apostas on-line. Mas, depois da morte da irmã, Jéssica foi descobrindo aos poucos o tamanho do problema. O terreno da família e a casa da mãe já estavam vendidos, sem falar nos vários cartões e dívidas que Ângela contraiu em nome da mãe, analfabeta.

apostas matam

Dívida com apostas é de mais de R$ 500 mil
Ao todo, a dívida acumulada é de mais de R$ 500 mil e ela ainda não sabe quem é a pessoa que comprou a casa que a Ângela nem poderia vender, já que não era a proprietária. Dois dias depois do suicídio, um homem telefonou dizendo que tinha comprado o imóvel e não podia perder o dinheiro que investiu na transação. Jessica ainda não sabe como vai resolver esse problema, os empréstimos que a irmão pediu para nove pessoas diferentes e os cartões da mãe no vermelho.

Desde que perdeu a irmã e descobriu todos os problemas financeiros da família, Jessica expôs tudo nas mídias sociais. Depois das postagens, acabou entrando em contato com pessoas que estão passando por problemas graves por causa das apostas. Ela hoje administra nove grupos de whatsapp com um total de 3.832 pessoas.

Em cada grupo, um psicólogo voluntário dá apoio a elas. São brasileiros do Maranhão, do Ceará, de São Paulo e do sul do país. Ou seja, de todos os lugares. “A gente acha que está em uma situação difícil, que não pode ter nada pior, mas tem”, disse Jessica ao ICL. “Uma mãe de Roraima foi ameaçada por um agiota que tirou foto, na porta da escola, apontando uma arma para a cabeça da filha dela. Ela chegou em casa, pegou a filha e fugiu. Caiu no mundo”, contou.

Ângela reclamava dos jogos de apostas
Quando Jessica conseguiu acessar a conta que a irmã usava para os jogos, encontrou depósitos que datavam de dois anos atrás. Um deles no valor de R$ 100 mil. “Pronto, vendeu a casa”, pensou. Uma pessoa que emprestou dinheiro à Ângela contou que sabia do problema. “Então por que não contou pra gente enquanto era tempo?”, perguntou Jessica. Ela hoje vê que é preciso alertar as famílias para esse problema quase sempre invisível. A pessoa joga no celular, no computador, e ninguém em casa se dá conta.

Jessica recuperou as conversas da irmã no grupo batizado de “vip” na empresa de apostas Blaze. Os diálogos mostram como Ângela reclamava dos jogos, dizia que não ganhava nunca e pedia mudança no limite de depósitos para poder fazer saques. Em uma das trocas de mensagens, ela fala em sair, que não tinha mais condições de continuar e pergunta sobre ofertas de prêmios, um deles no valor de R$ 50 mil reais. São diferentes métodos para manter a pessoa envolvida com os jogos.

Ângela chegou a pedir ajuda a pessoas desconhecidas – influenciadores que divulgam as bets. Ninguém respondeu. “Para a gente, da família, ela nunca disse nada”. Ela também deixou recado gravado no grupo de apostas Blaze avisando que ia se matar. “A única resposta deles foi aconselhar minha irmã a dar uma parada nos jogos”, conta Ângela, indignada.

A resposta, por escrito, na chamada sala vip, recomenda que ela reveja os gastos com os jogos se estiver tendo dificuldades financeiras. “Então o traficante te vende droga por meses depois vem na sua casa e diz pra você parar um pouquinho de consumir?”, pergunta. Ela acha que o Brasil precisa adotar leis para enfrentar o problema.