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EUA, Venezuela e Colômbia no Centro das Tensões Regionais

‘Doutrina Monroe 2.0’: Após Venezuela, EUA ameaçam Colômbia e aprofundam tensão com a América Latina. Ela captura o escalonamento de uma crise diplomática e militar que vem se intensificando desde agosto de 2025, sob a administração de Donald Trump, com foco no combate ao narcotráfico como pretexto para ações unilaterais. Vou explicar o que está acontecendo, baseado em fontes jornalísticas e análises recentes, destacando os principais atores, eventos e implicações.

 O Ponto de Partida
Escalada Inicial (Agosto-Setembro 2025): Trump assinou uma diretiva secreta autorizando o uso de forças militares contra cartéis de drogas na América Latina, classificando-os como “combatentes ilegais” e “terroristas”. Isso levou ao envio de navios de guerra, submarinos e aviões espiões (como P-8 e B-52) para o Caribe, próximo à Venezuela e Colômbia. A justificativa oficial é combater o narcotráfico, mas analistas veem nisso uma estratégia para pressionar o regime de Nicolás Maduro, revivendo acusações antigas de que ele lidera o “Cartel de los Soles”.

Ataques Militares: Desde setembro, os EUA realizaram pelo menos quatro ataques aéreos contra barcos no Caribe, alegadamente ligados a traficantes venezuelanos, matando pelo menos 21 pessoas. Um incidente em 17 de outubro envolveu um barco ligado à guerrilha colombiana ELN (Exército de Libertação Nacional), suspeito de transportar drogas. Maduro declarou estado de emergência, ativou milícias civis e denunciou os ataques como “assassinatos” e violações ao direito internacional, invocando a “Zona de Paz” da Celac (Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos).

Reações Regionais: O presidente colombiano Gustavo Petro alertou que uma invasão à Venezuela poderia arrastar a Colômbia para um “cenário como a Síria”, com riscos de instabilidade em toda a região. Líderes como Lula (Brasil) e Claudia Sheinbaum (México) condenaram as ações, com Lula criticando “intervenções estrangeiras” que causam “maior dano do que o pretendido”. A ONU pediu moderação, alertando para riscos à paz regional.

A Ameaça Direta à Colômbia: De Aliada a Alvo
Declarações de Trump (Outubro 2025): Em 19 de outubro, após Petro acusar os EUA de “assassinato” em um dos ataques (que teria matado um pescador colombiano), Trump retaliou chamando o presidente colombiano de “traficante de drogas ilegal” e anunciando o corte imediato de ajuda financeira (cerca de US$ 500 milhões anuais) e novas tarifas sobre exportações colombianas.

Trump também insinuou operações da CIA em território colombiano para “esmagar cartéis”, revivendo temores de intervenções como as da era da “Guerra às Drogas” nos anos 1980.

Resposta Colombiana: Petro convocou o embaixador em Washington para consultas e acusou conselheiros de Trump de “manipulá-lo”. O ministro do Interior, Armando Benedetti, falou em “ameaça real de invasão ou ação militar terrestre”, incluindo possível uso de glifosato para pulverização de plantações de coca, o que violaria a soberania colombiana.

Incidentes Envolvendo Colombianos: Pelo menos um dos barcos bombardeados pelos EUA tinha cidadãos colombianos a bordo, segundo Petro e relatórios da CNN. Isso ampliou a percepção de que as ações americanas são “contra toda a América Latina”, não só contra Maduro.

Implicações para a América Latina: Uma “Doutrina Monroe 2.0?

A reportagem do *O Globo* compara as ações de Trump à Doutrina Monroe (1823), que justificava intervenções dos EUA na América Latina para “proteger” a região de influências externas. Hoje, analistas como os do Stimson Center veem uma “versão 2.0”: foco em narcotráfico, migração e contenção da China/Rússia, mas com risco de spillover caótico.

Um colapso na Venezuela poderia gerar 7,7 milhões de refugiados adicionais (já são 7,7 milhões desde 2014, segundo a ACNUR), sobrecarregando Brasil e Colômbia.

Riscos Econômicos e Geopolíticos: Cortes de ajuda e tarifas podem desestabilizar economias frágeis. Há temores de que Trump expanda para México ou Brasil, usando migração como alavanca. A China, que expandiu influência na região (investimentos em infraestrutura), ganha com o desgaste dos EUA. Estudos do Wola (Escritório de Washington para a América Latina) questionam a eficácia: apenas 7% da cocaína passa pela Venezuela, e intervenções unilateriais reacendem antiamericanismo.

Cenários Possíveis
1. Escalada Militar: Trump cogita ataques terrestres na Venezuela; Maduro mobiliza 15 mil tropas na fronteira. Colômbia reforça 25 mil soldados na divisa.

2. Diplomacia: Brasil e Colômbia buscam coalizão regional; ONU pode mediar. Eleições em 2026 (Chile, Colômbia) podem alterar o tabuleiro.

3. Desescalada: Pressão interna nos EUA (eleições de meio de mandato em 2026) ou sanções da OEA.

Essa crise reflete uma América Latina polarizada, onde o “MAGA” de Trump colide com soberanias nacionais.


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Por Celeste Silveira

Produtora cultural

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