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Vídeo: Discurso histórico sobre herança africana no Brasil: “Devemos o que somos”

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva abriu nesta segunda-feira (19), no Palácio Itamaraty, em Brasília, o II Diálogo Brasil-África sobre Segurança Alimentar, Combate à Fome e Desenvolvimento Rural. Reunindo ministros da Agricultura de mais de 40 países africanos, o evento busca transformar o combate à fome em prioridade global, com base na troca de tecnologias sustentáveis e políticas públicas eficazes.

“Precisamos produzir alimentos e sensibilizar o resto do mundo, criando um processo de indignação na mente das pessoas. Não é possível a gente se conformar que, na primeira metade do século 21, existam 730 milhões de pessoas passando fome”, declarou Lula em discurso enfático aos ministros da Agricultura da União Africana presentes ao evento.

Solidariedade Sul-Sul
Com o objetivo de fortalecer a agricultura familiar e a produção alimentar local na África, o Brasil aposta no compartilhamento de políticas bem-sucedidas, como o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) e o Programa Nacional de Alimentação Escolar (Pnae), além da transferência de tecnologias desenvolvidas pela Embrapa.

Lula lembrou que a fome, muitas vezes, decorre da negligência de quem governa. “Temos condições de mudar isso e determinar uma prioridade: para quem eu quero governar, quem eu preciso atender, a quem o Estado deve servir? Essa é uma decisão que somente nós, governantes, precisamos tomar”, afirmou.

Ele também criticou os gastos militares: “É triste saber que o mundo gastou US$ 2,4 trilhões em armamentos, no ano passado, e não teve a coragem de gastar isso ensinando as pessoas a acabar com a fome”.

Dívida histórica com a África
O petista voltou a lembrar que o Brasil detém uma “dívida histórica” para com a África. “Nós devemos ao continente africano o que nós somos. A nossa cor, a nossa arte, a nossa cultura, o nosso jeito de ser, nós devemos há 350 anos que este país explorou uma grande parte do povo africano”, esclareceu, antes de reconhecer que essa dívida “não é mensurável em dinheiro”.

“O Brasil pode pagar em solidariedade, em transferência de tecnologia, para que vocês possam produzir parte daquilo que nós produzimos. Eu, há muito tempo, tenho interesse no continente africano, há muito tempo. Foi o continente que eu mais visitei”, prosseguiu.

“Devemos o que nós somos, a nossa cor, a nossa arte, a nossa cultura, o nosso jeito de ser, ao continente africano. O Brasil não pode pagar isso em dinheiro, isso não pode ser mensurado em dinheiro. Mas podemos pagar em solidariedade e em transferência de tecnologia”, disse Lula, reforçando o compromisso do país com a reparação histórica por meio da cooperação.

*PT

Por Celeste Silveira

Produtora cultural

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