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Presidente da Turquia ameaça invadir Israel em apoio à Palestina

O presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, ameaçou invadir Israel em retaliação contra a ofensiva liderada por Netanyahu em Gaza.

O presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, ameaçou invadir Israel em resposta à ofensiva liderada por Benjamin Netanyahu na Faixa de Gaza, que já dura mais de nove meses. A fala do líder turco aconteceu nesse domingo (29/7).

“Nós temos que ser muito duros para que Israel não faça essas coisas ridículas com a Palestina”, alertou Erdogan. “Assim como entramos em Karabakh, assim como entramos na Líbia, podemos fazer algo similar com eles. Não existem razões para não fazermos isso”.

Erdogan se referia as intervenções militares turcas realizadas no enclave armeno de Nagorno Karabakh, no fim da década de 80, e de quando a Turquia enviou tropas para a Líbia, em 2020, para apoiar o governo do então primeiro-ministro Adbul Hamid Dbeibah.

Desde o início da guerra na Faixa de Gaza entre Israel e Hamas, Erdogan tem se destacado como um dos líderes do Oriente Médio com a retórica mais inflamada contra a ofensiva israelense no território palestino.

Apesar de a Turquia ser membro da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), o presidente turco condenou de forma firme as ações israelenses em Gaza sob o comando de Netanyahu.

o início do conflito, Erdogan chegou a afirmar que o Hamas não é uma organização terrorista, mas sim um grupo de “libertação”. Além disso, o presidente da Turquia comparou Netanyahu a Hitler algumas vezes.

Após a ameaça de Erdogan, o ministro das Relações Exteriores de Israel disse que o presidente turco está seguindo os passos de do ex-presidente do Iraque Saddam Hussein.

“Erdogan segue os passos de Saddam Hussein e ameaça atacar Israel”, escreveu Israel Katz em uma publicação no X, antigo Twitter. “Apenas deixe-o lembrar o que aconteceu lá e como terminou”, disse o chanceler fazendo referência a captura do ex-presidente iraquiano por forças dos Estados Unidos, em 2023, que acabou executado posteriormente.

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Maduro denuncia nova tentativa de golpe de Estado na Venezuela diante dos resultados eleitorais

“Eu poderia chamar isso de uma espécie de Guaidó 2.0”, afirmou o presidente venezuelano.

O presidente venezuelano, Nicolás Maduro, afirmou nesta segunda-feira (29) que há uma tentativa em curso na Venezuela de impor um novo golpe de Estado em decorrência dos resultados das eleições presidenciais do país.

“Há uma tentativa de impor novamente um golpe de Estado na Venezuela, de natureza fascista e contrarrevolucionária, eu poderia chamar isso de uma espécie de Guaidó 2.0”, disse Maduro.

Nesta segunda-feira, Maduro foi proclamado pelo Conselho Nacional Eleitoral da Venezuela (CNE) como presidente reeleito para o período de 2025-2031.

“O Conselho Nacional da Venezuela, de acordo com suas atribuições, confirma que o cidadão Nicolás Maduro é o presidente eleito para um período de seis anos nas eleições presidenciais realizadas em 28 de julho, de acordo com a constituição do país”, declarou o presidente do CNE, Elvis Amoroso.

Maduro afirmou que recebe com “humildade” a credencial do CNE que o proclama presidente reeleito para os próximos seis anos.

“Recebo esta credencial constitucional e legal do poder encarregado de tratar das questões eleitorais da Venezuela, que emitiu uma decisão que recebo com humildade […] e assumo o mandato do povo para ser seu presidente e liderar nosso país para a paz e a prosperidade, para a unidade nacional através do diálogo”, disse Maduro na sede da CNE em Caracas.

As eleições venezuelanas ocorreram no último domingo (28). Segundo o resultado divulgado pelo CNE, Maduro obteve 51,2% dos votos expressos, enquanto o adversário Edmundo González ficou em segundo lugar com 44,2%.

*Sputnik

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Pesquisas apontam vitória de Nicolás Maduro na Venezuela

Dados das agências Hinterlaces e Lewis & Thompson indicam que candidato chavista terá entre 54% a 55% dos votos.

A agência de inteligência venezuelana Hinterlaces publicou mais cedo neste domingo (28) uma pesquisa que aponta vitória de Nicolás Maduro, candidato progressista do Grande Polo Democrático, nas eleições presidenciais que ocorrem no país.

Segundo a Hinterlaces, o atual presidente aparece com 54,57% dos votos, o que lhe garante a conquista para o terceiro mandato. Vale recordar que o mandatário do país é eleito através de um pleito direto e de turno único, ganha quem tiver o maior número de votos. Não há segundo turno.

Além disso, a Constituição venezuelana não impõe um limite de reeleições ao cargo de Chefe de Estado.

De acordo com a Hinterlaces, Edmundo González Urrutia, candidato da oposição pelo Plataforma Unitária, ficará em segundo lugar, com 42,82%.

A pesquisa também indicou que a participação popular no pleito será em torno de 61,5%. Na Venezuela, para votar, é preciso ter ao menos 18 anos e o voto não é obrigatório.

Por sua vez, a agência de análise de dados norte-americana Lewis & Thompson, em seu recorte até o meio dia deste domingo (horário local), indicou também vitória de Maduro com 55% contra 34% de Urrutia.

Respeito ao resultado
Maduro votou neste domingo em uma escola no centro de Caracas e disse estar confiante em sua vitória e do chavismo, enfatizando que “esta eleição está acontecendo em clima de paz e confiamos que seguirá assim até o final da jornada”.

Perguntado sobre a possibilidade de vitória eleitoral da oposição, Maduro afirmou que em um hipotético triunfo do candidato opositor Edmundo González, ele entregará o poder.

Na declaração, ele acrescentou uma provocação à oposição, ao lembrar que ele e outros sete candidatos assinaram o documento solicitado do Conselho Nacional Eleitoral (CNE) se comprometendo em reconhecer o resultado da apuração oficial, e que González Urrutia foi um dos dois candidatos que não assinou esse documento.

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Vídeo: Mesmo com voto facultativo, venezuelanos fazem filas para votar

Urnas estarão abertas até as 18h (19h, no horário de Brasília) deste domingo; cerca de 21 milhões de venezuelanos estão registrados.

Os eleitores venezuelanos estão fazendo filas nos centros de votação do país nas primeiras horas deste domingo (28/7), segundo vídeos divulgados nas redes sociais. Nas imagens, homens e mulheres aparecem cantando o hino nacional, Gloria al Bravo Pueblo (Glória ao Bravo Povo), enquanto esperam para votar. O comparecimento às urnas é facultativo no país.

A votação ocorre no dia em que o ex-presidente Hugo Chávez faria aniversário de 70 anos. Há cerca de 21 milhões de venezuelanos registrados para votar, distribuídos em mais de 15 mil centros eleitorais em todo o país. O presidente e candidato à reeleição, Nicolás Maduro, já votou. A votação se encerra às 18h.

A expectativa é que o resultado seja divulgado ainda neste domingo ou no mais tardar na madrugada de segunda (29/7).

https://twitter.com/i/status/1817535234138595416

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Em clima tenso, eleitores da Venezuela vão às urnas para votação presidencial

Quase 21 milhões de pessoas estão registradas para votar em uma população de 30 milhões.

Os locais de votação na Venezuela abriram as portas neste domingo às 6H00 (7H00 de Brasília) para as eleições presidenciais nas quais o atual chefe de Estado, Nicolás Maduro, que aspira um terceiro mandato de seis anos, enfrenta o diplomata Edmundo González Urrutia.

Quase 21 milhões de pessoas estão registradas para votar em uma população de 30 milhões, embora analistas calculem que poderão comparecer às urnas apenas 17 milhões que estão no país e não migraram devido à dura crise da última década.

Os locais de votação devem permanecer abertos até 18H00 (19H00 de Brasília), com possibilidade de ampliação do horário em caso de necessidade.

Os candidatos
Dez candidatos concorrem em um sistema de votação única, mas apenas dois têm relevância nas pesquisas.

Por um lado, Maduro, de 61 anos, sucessor do falecido líder socialista Hugo Chávez, busca um novo mandato que o levaria a 18 anos no poder. Ele sobreviveu a uma crise econômica monumental e protestos da oposição que resultaram em centenas de mortes, em meio a denúncias de violações dos direitos humanos.

Do outro, González Urrutia, um diplomata de 74 anos, foi postulado de última hora pela aliança Plataforma Unitária para representar a ex-deputada liberal María Corina Machado, que está impedida de ocupar cargos públicos e tem sido a força motriz por trás da campanha da oposição.

Os números
Estão registradas para votar 21 milhões de pessoas, em uma população de 30 milhões, distribuídas em mais de 30 mil mesas de votação.

No entanto, especialistas estimam que cerca de 17 milhões de eleitores que estão na Venezuela participarão do pleito. Embora os venezuelanos no exterior tenham direito ao voto, muito poucos poderão exercê-lo, pois menos de 70 mil estão registrados nos consulados.

Nos últimos anos, a Venezuela enfrentou uma migração em massa devido a uma crise que reduziu seu PIB em 80% entre 2013 e 2020. Mais de 7 milhões de pessoas deixaram o país na última década, segundo a ONU.

O salário médio no setor privado é de cerca de 150 dólares por mês, enquanto o mínimo é de apenas 4 dólares mensais, com bonificações adicionais que o elevam para cerca de 130 dólares. Analistas temem que uma vitória de Maduro possa desencadear uma nova onda migratória.

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Vídeo: Interrompido por torcedor sionista durante entrevista, jovem dá invertida: “Palestina livre”

.Com a camiseta da seleção brasileira, jovem comentava a partida entre Israel e Mali quando foi interrompido por um sionista.

Um vídeo que circula nas redes sociais mostra um jovem comentando a partida de futebol masculino entre Israel e Mali, na última quarta-feira (24), pelos Jogos Olímpicos de Paris.

“O que você acha do jogo?”, perguntou a repórter. “Achei que foi um bom jogo. No início, pensei que Israel era melhor, mas agora o Mali está a destruí-los”, disse o jovem, que estava vestindo a camisa da seleção brasileira de futebol.

Neste momento, um torcedor israelense interrompe a entrevista e, com o dedo em riste, diz para não falar de política.

“Só estou falando de futebol”, disse o jovem, que em seguida falou: “Palestina livre, livre, uma Palestina livre, livre, livre, livre”.

Irritado, o sionista começou a proferir palavrões juntamente com a sua esposa contra o jovem e outros que também manifestaram apoio à Palestina. Foram contidos pelos seguranças.

https://twitter.com/i/status/1817193521339675111

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Olimpíadas: “ataque massivo” a trens na França assusta e afeta 800 mil

Ataque ao sistema de trens de alta velocidade prejudicou as principais linhas que conectam Paris ao resto da França e a países vizinhos.

O ataque ao sistema francês de Trens de Alta Velocidade (TGV), que prejudicou as principais linhas que conectam Paris ao resto da França e a países vizinhos nesta sexta-feira (26/7), afetou cerca de 800 mil pessoas, de acordo com o presidente da companhia ferroviária SNCF, Jean-Pierre Farandou. As investidas incluíram incêndios criminosos.

“Este ataque massivo à rede ferroviária de alta velocidade causará perturbações pelo menos até o fim do fim de semana”, informou o presidente da SNCF.

Segundo a Eurostar, o serviço ferroviário pelo Canal da Mancha, entre Londres e Paris, foi interrompido, e “os trens de alta velocidade para e de Paris estão sendo desviados pela linha clássica”.

A ministra dos Esportes da França, Amélie Oudéa-Casteram, condenou o ataque ao sistema ferroviário e pontuou que trabalha a fim de garantir transporte de delegações para os locais de competição. Em declarações à televisão BFM, disse que “jogar contra os Jogos (Olímpicos) é jogar contra a França”.

Apesar do ataque ao sistema francês de TGV, a cerimônia de abertura das Olimpíadas de Paris está mantida, garantem as autoridades do país. A abertura será às 14h (horário de Brasília) no Rio Sena, noite em Paris.

Conforme as autoridades, são mais de 45 mil policiais, 10 mil soldados e 2 mil agentes de segurança privada destacados. Atiradores de elite estão posicionados em prédios e telhados, e drones vigiam o local.

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Pesquisa aponta que Kamala Harris assumiu a liderança na corrida pela Casa Branca

Pesquisa Reuters/Ipsos aponta que Kamala Harris possui 44% das intenções de voto, ante 42% de Donald Trump. A diferença está dentro da margem de erro.

A vice-presidente dos Estados Unidos, Kamala Harris, abriu uma vantagem de dois pontos percentuais sobre o ex-presidente Donald Trump, segundo pesquisa divulgada pela Reuters/Ipsos nesta terça-feira (23), diz a CNN. Este resultado surge após o presidente Joe Biden anunciar sua desistência da campanha de reeleição,

O levantamento, conduzido na segunda e terça-feira, revelou que Kamala Harris possui 44% das intenções de voto, em comparação aos 42% de Donald Trump. A diferença, embora pequena, está dentro da margem de erro de três pontos percentuais.

A saída de Biden da corrida eleitoral e a aceitação formal da nomeação de Trump pelo Partido Republicano têm sido eventos recentes e significativos que moldaram o cenário político atual. Na pesquisa realizada entre 15 e 16 de julho, Harris e Trump estavam empatados com 44% dos votos. Anteriormente, na pesquisa feita entre os dias 1 e 2 de julho, Trump liderava com uma vantagem de um ponto percentual, também dentro da margem de erro.

Além das intenções de voto, a pesquisa mais recente destacou percepções sobre a capacidade mental dos candidatos. Um total de 56% dos eleitores registrados acreditam que Kamala Harris é “mentalmente capaz de lidar com desafios”, enquanto apenas 49% disseram o mesmo sobre Trump, que tem 78 anos. Biden, por outro lado, foi avaliado positivamente por apenas 22% dos eleitores nesse quesito.

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EUA: Kamala Harris cresce na disputa presidencial contra Trump

Enquanto doações alavancaram, pesquisas mostram potencial de Kamala e outros candidatos democratas saem da disputa.

A vice-presidente Kamala Harris avança na consolidação de seu nome para disputar a Presidência dos Estados Unidos pelo Partido Democrata, um dia após Joe Biden abandonar a disputa e anunciar que apoiaria a vice para enfrentar o ex-presidente Donald Trump.

Assim, esta segunda-feira foi marcada pelo primeiro dia de campanha de Harris à disputa presidencial, já movimentando mais de US$ 45 milhões de doações de empresários em menos de 24 horas do anúncio de saída de Biden.

Os números são da arrecadação do Partido Democrata ainda na noite deste domingo (21), somente horas depois do anúncio do atual presidente de desistir da reeleição e endossar a candidatura de sua vice, Kamala Harris.

Segundo a plataforma ActBlue, foi “o maior dia de captação de recursos do ciclo de 2024”, com o recorde de US$ 46,7 milhões no único dia. E os valores continuam crescendo.

De perfil moderado, mais caracterizada como “centro-esquerda” para os padrões da Califórnia, seu estado natal, Harris é uma promotora de Justiça formada pelos valores mais convencionais das políticas de Estado contra o crime dos anos 90, ao mesmo tempo que defende as medidas progressistas democratas.

Por seu perfil, pesquisas que sondaram opções quando a imagem de Biden começou a ruir, após o enfático debate junho, já indicavam que Harris estaria empatada com Trump em uma hipotética disputa.

A pesquisa New York Times/Siena College, que sondou os estados de Pensilvânia e Virgínia, indicavam maiores chances de Kamala do que Biden contra Trump, com 47% das intenções contra 48% de Trump no primeiro estado e 49% contra 44% de Trump, derrotando o ex-presidente em Virgínia.

Dados da CNN/SSRS mostravam também que Kamala estava empatada tecnicamente com Trump, com 45% contra 47% das intenções, quando sequer se mostrava candidata ou iniciava campanha própria.

Agora, além de Biden, Harris conta com a apoio de correligionários Bill e Hillary Clinton, dos quais já publicaram uma carta para “apoiar Kamala Harris e lutar com tudo o que temos para elegê-la”. Ainda que não confirmado o seu nome, a disputa parece estar garantida para ela.

Isso porque outros potenciais candidatos democratas, como é o caso do governador da Califórnia, Gavin Newsom, nome forte do partido e visto como opção de sucessão a Biden, também já afirmaram apoiar Harris.

“Com a nossa democracia e futuro por um fio, não há ninguém melhor para levar adiante [a disputa] contra a visão sombria de Donald Trump e guiar nosso país a um caminho mais saudável do que a vice-presidente dos Estados Unidos da América, @KamalaHarris”, disse Newson, nas redes sociais.

Fizeram o mesmo os governadores JB Pritzker de Illinois, Gretchen Whitmer de Michigan, Andy Beshear de Kentucky, Wes Moore de Maryland, Tim Walz de Minnesota e Tony Evers de Wisconsin – vários apontados como possibilidades para uma chapa presidencial.

Assim, em poucas horas, a vice-presidente se estabeleceu como a favorita do Partido Democrata para enfrentar Trump, o que virou de cabeça para baixo a disputa presidencial do país, diminuída em pouco mais de 100 dias.

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A globalização sucumbe ao fracasso neoliberal

A possível vitória de Trump certamente acelerará uma nova divisão do mundo capitalista, desta vez de cunho ideológico, diz o colunista Florestan Fernandes Jr.

Com o avanço da extrema-direita no mundo e sua pauta supremacista, antidemocrática e ultranacionalista, estamos dando adeus à cultura da globalização, que vigeu desde os anos 90.

A possível vitória de Donald Trump na eleição estadunidense que se avizinha, certamente acelerará uma nova divisão do mundo capitalista, desta vez de cunho nitidamente ideológico. De um lado, os autocratas fascistas comandando grupos fanatizados e violentos; de outro, aqueles que defendem a preservação das liberdades democráticas de credo, de gênero, de manifestação cultural e de igualdade de raças.

A percepção dessa iminente divisão e os efeitos dela sobre a vida das pessoas foi constatada em recente pesquisa realizada pela Ipsos-Reuters.

Segundo a pesquisa, 80% dos eleitores dos Estados Unidos disseram que o país está “saindo do controle”. Tanto eleitores de Biden como de Trump estão profundamente preocupados com a violência e a disrupção.

Outro dado da pesquisa aponta que 84% do eleitorado está preocupado com atos extremistas após as eleições.

O mais curioso em meio a esses números é que boa parte dos que estão preocupados com o avanço da violência, se diz eleitor do ex-presidente Donald Trump que, com seu perfil belicoso e extremista, há anos incita o ódio e a perseguição dos “inimigos” da vez. O mesmo Trump que no dia 6 de janeiro 2021 convocou uma multidão para invadir o Capitólio, numa tentativa clara de golpe de Estado. O mesmo Trump que defendeu os seus apoiadores que pediam o enforcamento do então vice-presidente, Mike Pence.

Aqui no Brasil, a exemplo de outros tantos países ocidentais, surgiu, na última década, uma extrema direita organizada e alinhada com as mesmas ideias elitistas, racistas e odiosas. Sob a cartilha de Steve Bannon, se implantou no país uma verdadeira guerra cultural e política, com violência virulenta jamais vista. Uma sociedade dividida, onde os adversários políticos foram transformados em inimigos a serem eliminados e os pilares do estado democrático de direito, erodidos.

Tudo isso se refletiu fortemente na política externa, que nos anos do (des)governo bolsonarista buscou aproximação com líderes de extrema-direita, afastando o país de seus parceiros comerciais históricos, inclusive promovendo crises com países como Alemanha, Espanha, França, Chile e tantos outros.

No léxico da extrema-direita internacional se destaca a negação de todo e qualquer sistema, ideia ou regime que não seja espelho de si. Chegamos ao ponto de quase romper com o Acordo de Paris, simplesmente porque o ex-presidente, do abismo de seu terraplanismo ambiental, não acreditava no aquecimento global. Nossa vizinha Argentina, sob Milei, segue no mesmo rumo do Brasil de Bolsonaro. O presidente ofende líderes de esquerda e até da direita convencional, esnoba o Mercosul, rechaça a entrada nos BRICS, enquanto seu povo amarga índices galopantes de pobreza e miséria. Nos EUA, Trump avança, com o mesmo discurso de ódio e fake News, e tem chances reais de vitória, sob o manto de um partido Republicano rendido ao trumpismo que o engoliu. Provas da proeminência do trumpismo são a escolha de um candidato a vice-presidente à imagem e semelhança de Trump; além do fato de que nenhum dos nomes históricos do Partido Republicano apareceu na convenção realizada nesta semana, que consolidou o nome de Trump como candidato do partido.

Tudo o que acompanhamos é o inverso do mundo globalizado que vimos até aqui e que sucumbe ao fracasso do neoliberalismo. Surgem no horizonte do século 21, as sobras revigoradas de tudo o que de pior o século 20 produziu – o fascismo, a intolerância e o ódio. Vivemos uma crise de confiança nas democracias, que atinge em cheio as instituições e até mesmo os avanços do conhecimento e da ciência são vitimados pelo negacionismo e terraplanismo trazido a reboque pela extrema-direita que se alastra.

É desse desalento e sentimento de incapacidade diante da vida e do mundo que emergem os líderes autoritários. É a partir dos discursos messiânicos que esses líderes inflamam os afetos e exploram a violência e intolerância que eles próprios exercem e fomentam em seus seguidores fanatizados.

É esse o caos em que estamos imersos e é nesse contexto que somos chamados a resistir e lutar pela preservação da democracia. Como disseram Marx e Engels no livro O Manifesto Comunista: “O capitalismo gera o seu próprio coveiro”.

*Florestan Fernandes Jr./247