Partido de aliado de Netanyahu pede dissolução do parlamento e convocação de eleições

Eleições antecipadas podem retirar o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu do poder.

Sputnik – Em meio à crescente pressão internacional pelo fim da guerra na Faixa de Gaza e operações trágicas como que a deixou 45 palestinos mortos em um campo de refugiados em Rafah, o partido de Benny Gantz, membro do gabinete de guerra e aliado de Netanyahu, apresentou um pedido para dissolver o parlamento do país.

Com isso, a sigla quer convocar eleições antecipadas, o que pode retirar o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu do poder. O premiê enfrenta uma onda de protestos em Israel e questionamentos da população sobre o fracasso nas negociações com o Hamas para o resgate dos reféns mantidos em Gaza desde o dia 7 de outubro.

Conforme a AFP, o comunicado do partido União Nacional (centro-direita) “apresentou proposta de lei de dissolução do 25.º Knesset (Parlamento), dando seguimento ao pedido do líder do partido, Benny Gants. O pedido foi feito como parte de um amplo acordo, tendo em vista realizar eleições antes de outubro, um ano após o massacre” praticado pelo Hamas. Na época, cerca de 1,2 mil pessoas morreram em meio ao bombardeio sem precedentes contra o sul de Israel.

Porém, a reação do país no enclave palestino tem sido classificada pela comunidade internacional como desproporcional e há até acusações de genocídio pelo governo israelense. Até o momento, mais de 36,2 mil pessoas, a maioria crianças e mulheres, foram mortos na Faixa de Gaza durante as operações e quase 82 mil ficaram feridas.

Coreia do Sul alerta para chegada de novos balões de lixo norte-coreanos neste final de semana

O Estado-Maior Conjunto da Coreia do Sul alertou a população nesta sexta-feira (31/05) sobre a previsão de mais uma remessa de balões contendo fezes e lixo provenientes de Pyongyang. A expectativa, de acordo com o órgão, é de que os objetos flutuantes sejam registrados no dia seguinte (01/06), considerando as condições climáticas favoráveis para o lançamento.

“São previstos ventos do norte, nesse sentido se espera o lançamento de balões com lixo para o sul. Estamos monitorando de perto os movimentos dos militares norte-coreanos e anunciaremos à mídia se os balões com sujeira forem liberados”, afirmou um funcionário do organismo, acrescentando que o governo está trabalhando no endurecimento de medidas de segurança pública contra as “provocações” do líder Kim Jong Un.

Por sua vez, em comunicado, o Ministério da Unificação sul-coreano declarou que “nunca ficará de braços cruzados”.

“Expressamos nosso forte pesar que a Coreia do Norte continue realizando provocações sem sentido e irracionais contra nosso lado, como o lançamento de um grande número de balões imundos, ataques destinados ao bloqueio de GPS e ameaças de mísseis balísticos nesta semana”, disse a pasta, alegando que as ações norte-coreanas retratam suas “frustrações políticas” e que, ao mesmo tempo, “confessam ao mundo da verdadeira natureza e nível do regime norte-coreano”.

Na terça-feira (28/05), o Estado-Maior Conjunto sul-coreano anunciou ter registrado aproximadamente 260 balões carregando “sacos de lixo, bitucas de cigarro e esterco”, provenientes do território de Pyongyang. O governo de Kim já havia alertado sobre essa ação dois dias antes, e afirmou que eram “presentes” em resposta aos balões propagandistas antes lançados contra o norte por ativistas do sul.

Com a previsão de uma nova remessa em 1º de junho, o Estado-Maior Conjunto alertou a população para que, em caso de registro, “não toque no objeto, mas denuncie”.

“Do que pudemos analisar até agora, tudo continha lixo. Quando [os balões] estão no ar, é difícil determinar se são prejudiciais ou não”, relatou um funcionário do órgão, revelando que os militares foram orientados a não interceptar os objetos flutuantes, apenas a recolhê-los.

Contínuas ameaças dos EUA e da Coreia do Sul
A Agência de Notícias norte-coreana (KCNA) informou nesta sexta-feira que um avião espião da Força Aérea dos Estados Unidos, identificado como RC-135U, “voltou a cometer espionagem contra a Coreia do Norte” perto de sua fronteira no sul.

Segundo o veículo, outras aeronaves norte-americanas e da força aérea “fantoche” da Coreia do Sul, incluindo U-2S e RQ-4B, seguem monitorando Pyongyang de forma “ininterrupta, violando seriamente sua soberania e segurança”, o que se trata de um “ato hostil e perigoso porque ultrapassou a linha vermelha”.

*Opera Mundi

Fuzileiro naval stalker é preso por ameaçar família de Moraes

Integrante da Marinha do Brasil foi surpreendido pela PF em casa, na região da Ilha do Governador (RJ). Outro foi preso em São Paulo.

O fuzileiro naval Raul Fonseca de Oliveira, de 42 anos, foi preso pela Polícia Federal (PF) na manhã desta sexta-feira (31/5) por suspeita de ter feito ameaças violentas contra a família do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes.

O irmão do fuzileiro, identificado como Oliverino de Oliveira Júnior, foi preso pela mesma situação em São Paulo (SP). Os mandados de prisão foram solicitados pela Procuradoria-Geral da República (PGR).

Raul, que é segundo-sargento da Marinha da ativa, estava em sua residência, na região da Ilha do Governador, no Rio de Janeiro (RJ), quando foi detido por uma equipe da PF. Integrantes da Marinha do Brasil também acompanharam os cumprimentos dos mandados.

Ainda segundo informações apuradas pela coluna, o fuzileiro naval e o seu irmão mandaram e-mails para os familiares do ministro durante uma semana, detalhando a rotina deles. Por causa disso, eles são investigados pelos crimes de ameaça e perseguição (stalking).

Além dos dois mandados de prisão preventiva, são cumpridos cinco mandados de busca e apreensão em São Paulo e Rio.

Apoiadores de Trump convocam revolta e despertam medo de guerra civil

Em um país de população fortemente armada, apoiadores de Trump falam em “guerra civil” e “insurreição armada” após a condenação do ex-presidente na Justiça.

Reuters – Apoiadores do ex-presidente Donald Trump, enfurecidos por sua condenação em 34 acusações criminais por um júri de Nova York, inundaram sites pró-Trump com chamados para motins, revolução e retribuição violenta.

Após Trump se tornar o primeiro presidente dos EUA a ser condenado por um crime, seus apoiadores responderam com dezenas de postagens violentas online, segundo uma análise da Reuters sobre comentários em três sites alinhados a Trump: a própria plataforma Truth Social do ex-presidente, Patriots.Win e Gateway Pundit.

Alguns clamaram por ataques aos jurados, execução do juiz, Juan Merchan, ou até mesmo guerra civil e insurreição armada. “Alguém em NY sem nada a perder precisa cuidar de Merchan,” escreveu um comentarista no Patriots.Win. “Espero que ele seja encontrado por ilegais com um facão,” dizia a postagem em referência a imigrantes ilegais.

No Gateway Pundit, um usuário sugeriu atirar em liberais após o veredicto. “Hora de começar a atirar em alguns esquerdistas,” dizia a postagem. “Isso não pode ser resolvido votando”.

Ameaças de violência e retórica intimidadora aumentaram após Trump perder a eleição de 2020 e alegar falsamente que o voto foi roubado. Enquanto ele faz campanha para um segundo mandato na Casa Branca, Trump tem, sem base, retratado os juízes e promotores em seus julgamentos como ferramentas corruptas da administração Biden, com a intenção de sabotar sua candidatura. Seus seguidores responderam com uma campanha de ameaças e intimidação direcionada a juízes e oficiais do tribunal.

“Isso foi uma desgraça, foi um julgamento manipulado por um juiz em conflito e corrupto”, Trump disse aos repórteres depois, ecoando comentários que ele frequentemente fez durante o julgamento.

Muralha Paulista: Tarcísio mira a distopia

Governador contrata uma empresa relacionada ao bolsonarismo e pretende implementar um sistema de vigilância considerável. Até promete prever crimes usando espionagem e reconhecimento facial. É o projeto-vitrine da gestão que tem o maior número de mortes policiais.

Nas últimas semanas, vários artigos abordaram a proposta do governo do estado de São Paulo de um programa de segurança pública de alta tecnologia chamado Muralha Paulista, que tem como objetivo diminuir os índices de criminalidade nas cidades paulistas.

A gestão Tarcísio tem feito uma megaestrutura de espionagem em massa da população do estado em parceria com uma empresa militar estrangeira, ignorando direitos constitucionais e leis de proteção de dados. Além disso, ignora a eficácia e o custo, priorizando uma proposta de alto custo.

160 postos médicos destruídos: Israel devasta sistema de saúde palestino para acelerar extermínio

O estado ocupante continua a atacar o setor de saúde palestino à medida que a guerra de extermínio na Faixa de Gaza adentra o seu 9º mês consecutivo, causando a morte de cerca de 130 mil pessoas, mais de 70% delas crianças e mulheres. O número de mártires chegou a cerca de 36 mil, enquanto o número de feridos é de aproximadamente 81 mil, e o número de desaparecidos é de cerca de 13 mil. Além disso, as forças ocupantes continuam a aplicar políticas de desaparecimento forçado contra o povo palestino na Faixa de Gaza, especialmente contra equipes médicas e jornalistas.

É evidente que a destruição do sistema de saúde palestino se tornou um objetivo estratégico para o regime ocupante na guerra de extermínio contínua na Faixa de Gaza desde o passado 7 de outubro, sob alegações de que os ataques a hospitais em Gaza foram por necessidades operacionais militares. Isso foi desmentido por fatos de campo, fontes jornalísticas, médicas e organizações de direitos humanos, que documentaram cerca de 90 incidentes de ataque ao setor de saúde em Gaza.

Refutando as alegações e falsidades do estado ocupante, o jornal Washington Post confirmou que as evidências não sustentam as alegações de que a resistência palestina usou hospitais para fins militares. O jornal norte-americano relatou que 32 dos 36 hospitais na Faixa de Gaza foram danificados ou ficaram fora de serviço devido à guerra de extermínio.

Ataque sistemático
O estado genocida tem sistematicamente atacado o setor de saúde na Faixa de Gaza, com fontes oficiais palestinas relatando a morte de cerca de 496 profissionais de saúde e especialistas médicos, a prisão de cerca de 310, incluindo diretores de hospitais, e ferindo cerca de 1.500 profissionais médicos. Além disso, cerca de 33 hospitais e 55 centros médicos foram colocados fora de serviço, 160 instituições ou pontos médicos foram atacados e cerca de 130 ambulâncias foram destruídas. Os hospitais Mártires de Al-Aqsa e Nasser estão em risco de parar de funcionar devido à proibição de entrada de combustível pelas forças ocupantes, ameaçando a vida de feridos, pacientes e bebês prematuros. O hospital kuwaitiano em Rafah também está em risco de parar devido aos ataques e invasões israelenses.

A taxa de ocupação de leitos em vários hospitais que ainda funcionam parcialmente está em cerca de 250%, e as equipes médicas enfrentam uma grande carga devido à superlotação de feridos e doentes, especialmente pacientes com câncer, problemas renais, cardíacos, hepatite e desnutrição, sem poder fornecer os serviços médicos necessários, colocando suas vidas em risco. Cerca de 11 mil feridos correm risco de morrer devido ao fechamento da passagem de Rafah e à proibição de tratamento no exterior.

Observadores afirmam que as forças ocupantes utilizam a política de assassinato, destruição e deslocamento como objetivo estratégico em toda incursão ou invasão de qualquer cidade, campo ou área geográfica, com o ataque sistemático a hospitais e centros médicos sendo uma clara evidência disso. Durante a invasão do campo de Jabalia, ao norte da Faixa de Gaza, as forças ocupantes cercaram o Hospital Al-Awda, em Tel al-Zaatar, forçando as equipes médicas a evacuarem o hospital para áreas a oeste da cidade de Gaza, levando dezenas de feridos e pacientes, e deixando apenas alguns enfermeiros e pacientes. As forças ocupantes também atacaram o Hospital Kamal Adwan, no norte da Faixa, atirando em qualquer pessoa que se movesse no hospital.

*Opera Mundi

Impunidade perfumada: Clã Bolsonaro faz bundalelê na cara da justiça

A justiça no Brasil, todos conhecem, afrouxa para os ricos e arrocha os pobres. São as árvores velhas da escravidão que mantêm um horizonte de impunidade para uns e, para outros, a segregação e castigo.

É uma espécie de molecagem jurídica, mas, com tudo o que já se sabe, a tragédia provocada por Bolsonaro no governo, seja o genocídio de 700 mil pessoas, uma fileira de casos, para lá de provados, de corrupção, é algo de que não se tem notícia na história desse país.

O cinismo é tanto, que os bolsonaristas reproduzem com gosto o discurso de Bolsonaro sobre esses dois pilares que se destacam num governo sem qualificação.

Isso é tão verdade que essa choldra acaba de lançar uma marca de perfume, como se esse país não tivesse constituição e, consequentemente, justiça.

Aqui nem se fala de golpe de Estado, comandado por essa mesma escória miliciana e, por mais que se tente acreditar que a justiça no Brasil se move para um processo evolutivo, esse bundalelê que os Bolsonaro fazem com a calça frouxa, por não serem realmente punidos por coisa nenhuma, dá uma enorme desesperança do sistema de justiça.

Governo Lula aciona Petrobras para socorrer Javier Milei e evita colapso energético na Argentina

Pedido de auxílio do governo do ultradireitista Javier Milei para aquisição de gás natural de forma emergencial mobilizou chanceler e ministro de Minas e Energia do Brasil.

Em meio à crise de gás natural na Argentina, o governo brasileiro interveio rapidamente para evitar um colapso energético no país vizinho entre os dois principais membros do Mercosul, apesar da ausência de diálogo direto entre os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o ultradireitista Javier Milei.

Segundo a CNN Brasil, no dia 22 de maio, a Argentina contratou emergencialmente um navio com 44 milhões de metros cúbicos (m³) de gás natural liquefeito (GNL) da Petrobras em meio a um consumo atípico devido a um frio extremo não registrado há décadas, às vésperas do inverno, quando a demanda por gás para calefação aumenta drasticamente.

Ainda conforme a reportagem, a escassez de gás já começava a paralisar a atividade industrial e provocar filas e fechamentos de postos de combustíveis. Na tarde de terça-feira (28), a embarcação da Petrobras chegou às águas argentinas, conectando-se a um barco regaseificador, pronto para o descarregamento do GNL. No entanto, a Petrobras recusou a carta de crédito do Banco de la Nación apresentada pela Enarsa, estatal de energia da Argentina, exigindo um novo documento.

Com a situação se agravando, a diplomacia brasileira foi acionada. O presidente da Enarsa entrou em contato com o embaixador brasileiro em Buenos Aires, Julio Bitelli, e a chanceler argentina Diana Mondino buscou ajuda do ministro das Relações Exteriores do Brasil, Mauro Vieira. O chanceler vrailseiro foi alertado sobre o impasse. durante um jantar comemorativo dos 200 anos das relações diplomáticas entre o Brasil e os Estados Unidos.

Segundo a reportagem, o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, foi acionado por Vieira e tratou pessoalmente do caso, coordenando com a Petrobras para resolver a questão da carta de crédito. Após intensa comunicação e negociação, a Enarsa emitiu uma nova carta de crédito na manhã de quarta-feira e o abastecimento começou imediatamente, aliviando a crise enregética no país vizinho.

A Petrobras afirmou, em nota, que “a operação de venda de GNL entre a Petrobras e a Enarsa ocorreu conforme acordado em contrato. Ambas as empresas atuaram para viabilizar o início de fornecimento, que já está acontecendo, no menor prazo possível”.

Ataques em Rafah se intensificam após Israel ter tomado corredor estratégico entre Gaza e Egito

Autoridades egípcias disseram que tomada do corredor poderia violar acordo de paz histórico dos dois países de 1979.

Moradores de Rafah, no extremo sul de Gaza, relataram intensos bombardeios de artilharia e tiros na quinta-feira (30/05), depois que Israel disse ter tomado um corredor estratégico na fronteira do território palestino com o Egito. Na Faixa de Gaza, testemunhas relataram combates no centro e oeste de Rafah.

Testemunhas também disseram que as forças israelenses demoliram vários edifícios nas zonas orientais da cidade, onde a incursão israelense começou em 7 de maio, concentrando-se inicialmente na passagem fronteiriça de Rafah, um ponto de entrada fundamental para a ajuda humanitária.

Israel, que prometeu repetidamente destruir o Hamas depois que o grupo palestino atacou o sul de Israel em 7 de outubro, disse na quarta-feira (29/05) que suas forças assumiram o controle do corredor de 14 quilômetros, na fronteira entre Gaza e Egito. As forças israelenses suspeitavam que o local era usado para contrabando de armas pelo Hamas.

O porta-voz militar, contra-almirante Daniel Hagari, anunciou que Israel assumiu o “controle operacional” da estreita área fronteiriça, onde disse que as tropas “descobriram cerca de 20 túneis”

O Egito, um mediador de longa data no conflito, que se tornou cada vez mais veemente nas críticas à operação israelense, rejeitou as alegações da existência desses túneis. “Israel usa essas alegações para justificar a continuação da operação na cidade palestina de Rafah e prolongar a guerra para fins políticos”, disse uma fonte egípcia de alto nível, citada pelo Al-Qahera News, ligado ao Estado.

Autoridades egípcias disseram que uma potencial tomada do corredor por Israel poderia violar o acordo de paz histórico dos dois países de 1979, embora não tenha havido nenhum comentário oficial do governo egípcio.

Egito pede mais ajuda humanitária
Numa visita a Pequim, o presidente egípcio, Abdel Fattah al-Sisi, pediu mais assistência humanitária à Gaza sitiada e reiterou a oposição de longa data do seu país a “qualquer tentativa de forçar os palestinos a deixar suas terras”. Enquanto isso, o líder chinês Xi Jinping, ao receber líderes árabes, pediu na quinta-feira uma “conferência de paz internacional ampla, confiável e eficaz” para abordar a guerra.

Os militares israelenses lançaram a incursão em Rafah no início de maio, apesar das objeções internacionais sobre o destino dos civis palestinos ali abrigados.

Um ataque no fim de semana que iniciou um incêndio e matou dezenas de pessoas num campo de deslocados provocou uma onda de novas condenações internacionais, incluindo uma campanha nas redes sociais com o slogan “Todos os olhos em Rafah”, que foi compartilhado por milhões de internautas.

*Opera Mundi

Randolfe pede maior mobilização do campo democrático e progressista no debate de todos os temas para conter pautas extremistas

‘Este é o Congresso que saiu das urnas. Ele tem forte presença conservadora e contundente ação reacionária de uma bancada identificada com o bolsonarismo’, disse o senador.

As derrotas impostas pelo Congresso ao governo Lula nas votações da última terça-feira mostraram que a bancada democrática e progressista deve ampliar o engajamento e corrigir rumos para frear o avanço de pautas extremistas, afirmou o senador Randolfe Rodrigues (sem partido-AP) em entrevista ao UOL News nesta quinta (30).

– O campo democrático-progressista, que não é majoritário no Congresso, tem uma identificação histórica com agendas como a necessidade do combate a fake news. Precisamos que esta bancada se mobilize e se engaje mais. É um problema da circunstância histórica que enfrentamos. Temos uma escalada de uma ofensiva local, mas também global, da extrema-direita e de pautas extremistas, que dialogam com o fascismo em alguns aspectos. Há um recuo e uma ausência de reação que acaba se expressando no parlamento também no campo democrático-progressista. Essa é uma correção de rumo que precisa ser feita – Randolfe Rodrigues, senador (sem partido-AP) e líder do governo no Congresso.

Para Randolfe, a bancada progressista precisa refletir sobre o momento atual, com um Congresso predominantemente composto por parlamentares conservadores e se debruçar na defesa de pautas com as quais se identificam historicamente.

– Este é o Congresso que saiu das urnas. Temos que nos relacionar com ele e respeitar o resultado das urnas. Ele tem uma forte presença conservadora e uma contundente ação reacionária de uma bancada identificada com o bolsonarismo, que tensiona a relação a partir de uma realidade dos tempos que vivemos, com o domínio das redes sociais que eles têm. Isso é uma circunstância. É uma reflexão que precisamos ter. Para o campo democrático e progressista, é necessário maior engajamento, mobilização e presença no debate de todos os temas. Não podemos entregar de graça algumas questões, como o combate a fake news. Precisamos de engajamento maior em temas caros para nossa tradição política – continuou Randolfe.

– Não podemos aceitar passivamente uma ofensiva de natureza fascista e concordar que ela seja normal. Isso é uma tarefa do Parlamento e da sociedade.

O senador avalia que as derrotas sofridas pelo governo Lula não foram causadas por problemas na articulação política. Para Randolfe, mesmo com lideranças diferentes não haveria alteração no resultado das votações por conta do perfil do Congresso Nacional.

– Alguém imagina que o resultado seria outro se os líderes fossem diferentes? Com o Congresso que temos e a relação com ele, herdada do período passado, se Rodrigo Pacheco [presidente do Senado] fosse líder do governo e Arthur Lira [presidente da Câmara], secretário de Relações Institucionais, o resultado da votação teria sido o mesmo – afirma.

– Não se trata de articulação política em relação a temas como esse, mas de uma posição estabelecida, consolidada. Uma das fotos que é o significado do resultado da sessão do Congresso Nacional é a selfie de vários parlamentares comunicando por suas redes sociais o resultado daquela votação. É diagnóstico do tempo que tivemos – prossegue.

Rodrigues atribui as críticas que recebeu após o resultado das votações da última terça à cobiça pelo cargo de líder do governo no Congresso.

– Se eu estivesse filiado ao PT, a crítica seria ‘mais um líder do PT’. Se fosse do PSB, seria ‘é um líder de um partido minoritário no Congresso e não consegue liderar’. É porque há muita cobiça pelo cargo. Afinal de contas, há sempre outros interesses por trás desta cobiça, sobretudo em um momento atual em que parte do orçamento é conduzido pelo próprio Congresso- disse o senador.