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PSL quer punir Eduardo Bolsonaro e mais 18, colocando mais gasolina na fogueira da crise do partido

Intrigas, traições, vazamento de gravações e troca de ofensas têm marcado a relação entre parlamentares da sigla.

Há duas semanas, dia sim, dia também, a crise entre o PSL de Luciano Bivar e a ala bolsonarista do partido não dá trégua. Desde o último dia 8 de outubro, quando um vídeo em que o presidente Jair Bolsonaro recomenda a um apoiador que “esqueça” a legenda viralizou, deputados, líderes e dirigentes vivem um clima de UFC entre gravações, áudios e guerras de listas que pode acabar em punição ou até mesmo expulsão de Eduardo Bolsonaro e outros 18 parlamentares da sigla.

Nesta terça-feira pela manhã , em novo capítulo da confronto, o Diretório Nacional inicia o processo para eleger os membros do Conselho de Ética que vão analisar o comportamento dos bolsonaristas em mais um contra-ataque do grupo bivarista, após uma nova batalha de listas para o cargo de líder. O GLOBO faz aqui uma cronologia da crise que parece estar longe do fim:

‘Ele está queimado’ – 8 de outubro

A um apoiador na entrada do Palácio da Alvorada, o presidente disse para esquecer o PSL e que o presidente da legenda, Luciano Bivar (PE), está “queimado para caramba”. Em resposta, Bivar disse que Bolsonaro já estava afastado da sigla: “A fala dele foi terminal, ele já está afastado. Não disse para esquecer o partido? Está esquecido”.

Guerra dos tronos : entenda a briga entre Bolsonaro e o PSL

O partido chegou a convocar uma reunião emergencial na Câmara com deputados e senadores para avaliar os desgastes após a declaração do presidente Bolsonaro. Aliados do presidente também começaram a se articular para a criação de um novo partido.

Punição a deputados – 10 de outubro

O PSL puniu quatro deputados após o começo da crise entre Jair Bolsonaro e Luciano Bivar , presidente do partido. Estavam na mira os 19 parlamentares que assinaram uma carta declarando solidariedade ao presidente da República. Carlos Jordy (RJ), Filipe Barros (PR), Alê Silva (MG) e Aline Sleutjes (PR) perderam suas titularidades em comissões e cargos nas lideranças do partido.

Auditoria nas contas do PSL – 11 de outubro

Em seguida, Bolsonaro, junto de um de seus filhos, o senador Flávio Bolsonaro, e mais 20 deputados pediram a Luciano Bivar que abra todas as contas partidárias dos últimos cinco anos. No documento dirigido ao presidente do PSL, os advogados Karina Kufa e Marcello Dias de Paula, que assinam o texto, afirmam que submeterão as contas do PSL a uma auditoria “externa” e “independente”. Em entrevista ao GLOBO, dias depois, Karina disse que Bolsonaro conversa com cinco partidos como opção para sair do PSL.

Bivar é alvo da PF – 15 de outubro

Luciano Bivar foi alvo de uma operação da Polícia Federal (PF) que investiga o lançamento de candidaturas laranjas pelo partido no estado de Pernambuco. Os agentes vasculharam endereços ligados a ele, entre eles a sua residência e uma gráfica usada na campanha de 2018. A operação foi deflagrada pelo Tribunal Regional Eleitoral de Pernambuco (TRE-PE).

Cronologia da crise : das denúncias de candidaturas laranjas à operação da PF que mirou Bivar.

Primeira lista – Eduardo x Waldir – 16 de outubro

Uma disputa entre os grupos do presidente Jair Bolsonaro e do presidente da sigla, Luciano Bivar, em torno da destituição do líder do partido na Câmara, delegado Waldir (GO) deu início a uma guerra de listas. Os ligados a Jair Bolsonaro formalizaram um pedido para tirar Delegado Waldir (GO) do posto – a ideia era que Eduardo Bolsonaro (SP) fosse o novo líder. Os aliados de Bivar, porém, reagiram logo com um segundo pedido , mantendo o atual líder no cargo.

Troca de chumbo – 17 de outubro

Em crise com o presidente Jair Bolsonaro, o então líder do PSL na Câmara, Delegado Waldir (GO), retirou cinco deputados bolsonaristas da vice-liderança da legenda. Daniel Silveira (RJ), Cabo Junio Amaral (MG), Caroline de Toni (SC), Filipe Barros (PR) e Chris Tonietto (RJ) perderam seus postos como vice-líderes. Com isso, eles perderam o direito também a assessores da liderança, que tinham antes.

No mesmo dia, Bolsonaro resolveu retirar a deputada federal Joice Hasselmann (PSL-SP) da liderança do governo no Congresso e colocou no cargo o senador Eduardo Gomes (MDB-TO).

Suspensão, processos e acusações – 18 de setembro

A Executiva do PSL suspende cinco deputados federais : Carla Zambelli (SP), Bibo Nunes (RS), Carlos Jordy (RJ), Filipe Barros (PR) e Alê Silva (MG). Segundo o líder da legenda na Câmara, Delegado Waldir (GO), eles não poderão participar de qualquer atividade partidária. Isso inclui a possibilidade de assinar qualquer lista para a troca de liderança da sigla.

O presidente Jair Bolsonaro (PSL) acionou a Advocacia-Geral da União ( AGU ) para processar criminalmente o líder do próprio partido na Câmara dos Deputados, Delegado Waldir (PSL-GO). A iniciativa foi motivada pelas revelação de declarações do parlamentar de que ele iria “implodir” Bolsonaro, o que teria sido visto como uma ameaça pelo Planalto. Também pesou na decisão a fala de Waldir chamando o presidente de “vagabundo”.

O líder do PSL na Câmara, Delegado Waldir (GO) diz, em entrevista ao GLOBO, que o presidente Jair Bolsonaro tentou comprar com cargos votos na disputa interna do partido para eleger Eduardo Bolsonaro para o seu lugar. Ele disse também que a legenda vai pedir a cassação do mandato de seis deputados federais do partido que estão no grupo dos bolsonaristas.

Guerra de listas – 21 de outubro

Em meio à disputa entre o grupo do presidente Jair Bolsonaro e do presidente do PSL, Luciano Bivar (PE), o líder do governo na Câmara, deputado Vitor Hugo (PSL-GO) apresentou, nesta segunda-feira, mais uma lista com pedido de alteração na liderança do partido na Casa. Mais uma vez, ele encabeça um movimento para tornar o deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) líder da legenda.

No mesmo dia, aliados do deputado Delegado Waldir (GO) preparam uma nova lista para tentar retomar a liderança do PSL . A assessoria de Waldir divulgou um vídeo no qual ele reconhece que há um novo líder do partido na Câmara. A gravação, porém, foi feita sem que seu grupo soubesse da lista pró Eduardo Bolsonaro. O vídeo era dentro de um acordo no qual um terceiro nome fosse alçado à liderança.

Em nova queda de braço, a ala do PSL ligada ao presidente Jair Bolsonaro deflagrou nova guerra de listas para a liderança do PSL na Câmara ao apresentar uma terceira lista à Secretaria Geral da Mesa para manter Eduardo Bolsonaro (SP) na liderança do PSL na Casa. Se as assinaturas forem confirmadas, ela vai se sobrepor à segunda relação, que pedia para o Delegado Waldir (GO) retomar o posto. Para o jurídico da Câmara, a liderança é definida pela lista mais recente.

Como foi a segunda-feira no partido do presidente

08h : Ministro Luiz Eduardo Ramos telefona para Luciano Bivar e, segundo deputados, negocia um acordo entre os grupos.

9h30 : Deputado Major Vitor Hugo protocola primeira lista para tornar Eduardo líder do PSL.

10h45 : Eduardo é confirmado pela Câmara como novo líder do PSL.

11h38 : Delegado Waldir divulga vídeo em que abdica da liderança. Ele abria mão em nome de um terceiro indicado para líder, e gravou o vídeo antes de o grupo ligado a Eduardo protocolar a lista com seu nome.

12h30 : Como reação a Eduardo, bivaristas protocolam nova lista para reconduzir Waldir à liderança. A lista ainda não foi referendada pela Câmara.

13h : Comando do PSL notifica 19 deputados bolsonaristas, entre eles o próprio Eduardo, para se defender de supostas “infrações disciplinares”.

14h27 : Cinco deputados protocolam no Supremo um mandado de segurança para impedir que sejam suspensos pelo PSL

15h : Apoiadores de Eduardo protocolam nova lista, na Câmara, a terceira do dia, para o caso de a lista pró-Waldir ser aceita.

16h30 : Tornado líder, Eduardo Bolsonaro destitui os 12 vice-líderes da bancada do PSL, a maioria deles ligada a Luciano Bivar.

 

 

*Do Globo

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“Não sabia que Moro era tão covarde”, diz Glauber Braga em entrevista à Veja

Deputado fluminense conta que pegou emprestado vocabulário das arquibancadas de futebol para chamar o ministro de ‘juiz ladrão’

Leia a entrevista:

O senhor não acha que exagerou ao chamar o ministro Sergio Moro de juiz ladrão?

Não retiro uma palavra do que eu disse. Eu fiz uma analogia com o jogo de futebol, em que você tem um juiz que se corrompe, passa integrar um dos times e recebe uma recompensa por causa disso. O nome disso é corrupção e, na linguagem popular, se chama de juiz ladrão.

Então houve incompreensão em relação ao contexto?

Eu não estou preocupado com a forma como a bancada do PSL compreende o que eu digo. Estou me lixando para eles. Eu estou preocupado com a maioria do povo brasileiro, que entende o que tem que ser dito e que a gente não pode deixar de dizer.

A reação do ministro o surpreendeu?

Me surpreendeu o grau de covardia. O ministro não aguentou o primeiro embate quando confrontando com a verdade e saiu. Não sabia que ele era tão covarde como se apresentou ontem.

O senhor também já chamou o deputado Eduardo Cunha de “gângster”.

Ele tentou me processar, mas os fatos e a história demonstraram o que é a realidade e é uma coisa que eu tenho a certeza que vai acontecer com o Moro.

Não teme responder também por este episódio?

Não temo responder a nenhum tipo de processo e não vejo nenhuma motivação para os deputados bolsonaristas fazerem este pedido no Conselho de Ética. Mas, se acontecer e for admitido, será mais uma oportunidade de demonstrar a verdade e produzir provas para demonstrar que Moro é um juiz ladrão.

 

*Da Veja