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Com 13 votos a favor, Conselho de Segurança da ONU aprova resolução sobre Gaza

Resolução apoia mais ajuda aos palestinos após quatro votações adiadas; apenas Estados Unidos e Rússia se abstiveram.

Os membros do Conselho de Segurança da ONU votaram e aprovaram nesta sexta-feira (22/12)o novo projeto de resolução para a entrada de ajuda humanitária em Gaza.

A resolução teve 13 votos a favor: Albânia, Brasil, Equador, Gabão, Gana, Japão, Malta, Moçambique, Suiça, Emirados Árabes Unidos, China, França e Reino Unido. Apenas Estados Unidos e Rússia se abtiveram. Nenhum voto contra.

A embaixadora dos Estados Unidos na ONU, Linda Thomas-Greenfield, declarou antes da votação que os Estados Unidos estavam prontos para votar uma resolução no Conselho, já que o país tinha dado indícios de uma aprovação.

Os Estados Unidos vetaram o último projeto analisado pelo órgão que continha apelos por um cessar-fogo imediato na guerra em Gaza travada por Israel e, no início deste mês, vetaram uma resolução no Conselho de Segurança da ONU que incluía a palavra “cessar-fogo” no texto.

O vice-embaixador norte-americano na ONU, Robert Wood, pontuou ao Conselho de Segurança que o veto se devia ao fato de não haver menção aos ataques do Hamas de 7 de outubro. Como os EUA são um dos cinco membros permanentes do Conselho, uma resolução vetada pelo país não seria aprovada.

O Conselho votou medidas urgentes para permitir um corredor humanitário em Gaza após as advertências de que a guerra entre Israel e Hamas está arrastando a população palestina para um cenário de fome extrema e deterioração das condições de vida do povo árabe na região de conflito.

O que foi alterado?
O texto original foi apresentado pelos Emirados Árabes Unidos (EAU) na ONU na semana passada e apelava por um cessar-fogo imediato e um corredor humanitário de ajuda para a Faixa de Gaza. O rascunho afirmava também que a ONU deveria monitorar a entrada da ajuda humanitária na região através de rotas seguras provenientes de países que não participam do conflito.

Atualmente, Israel monitora as entregas de ajuda a Gaza através da passagem de Rafah com o Egito e da passagem de Karem Abu Salem. Além disso, o texto apelava para “libertação imediata e incondicional de todos os reféns”. Também havia uma alteração propondo que as entradas de comboios de ajuda chegassem por “todas as rotas disponíveis”, o que permite a Israel manter o controle sobre o acesso a todas as entregas de ajuda aos 2,3 milhões de pessoas em Gaza.

No projeto original protagonizado pelos EAU, que mencionava a “cessar-fogo”, foi alterado para “suspensão urgente das hostilidades para permitir o acesso humanitário seguro e sem entraves”. As alterações dos EUA elimina todas as referências a um cessar-fogo na região.

O que foi aprovado na nova resolução?
Após uma semana de disputas, o texto final da resolução do Conselho de Segurança exige que todas as partes “facilitem e permitam a entrega imediata, segura e desimpedida de assistência humanitária” diretamente aos civis palestinos. Pede também que as partes “criem as condições para uma suspensão das hostilidades”.

Uma versão inicial pedia o cessar-fogo, enquanto uma segunda falava em uma “suspensão” dos combates para permitir a entrada de ajuda. O texto também exige que as partes “facilitem o uso de todas as rotas disponíveis para e em toda a Faixa de Gaza”. No que tange a entrega de ajuda, solicita que o chefe da ONU nomeie um funcionário para supervisionar o fornecimento da ajuda e que esse funcionário crie um mecanismo da organização para acelerar o processo.

O texto demanda ainda a libertação de prisioneiros e que seja permitida a entrada de combustível suficiente em Gaza para atender às necessidades humanitárias.

Segundo o jornal catari Al Jazeera, algumas nações queriam um texto mais forte que inclua cessar-fogo. Dadas as mudanças significativas no texto, muitos países disseram que precisavam consultar as suas capitais antes da votação, que aconteceu nesta sexta.

O Ministério da Saúde de Gaza, anunciou que 20.057 palestinos foram mortos e 53.320 feridos em ataques israelenses desde 7 de outubro, quando eclodiu o atual conflito.

*Opera Mundi

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Lula chora ao falar de Gaza e volta a defender mudanças no Conselho de Segurança da ONU

Presidente criticou ‘insensibilidade dos governantes’ e afirmou que trégua seria antecipada se a resolução brasileira não fosse vetada, mas não lembrou que EUA foram responsáveis por único voto contrário.

“Às vezes tenho a impressão de que estamos deixando de ser humanistas, de que estamos abrindo mão da fraternidade, abrindo mão da solidariedade, esquecendo que o ser humano nasceu para viver em paz”, foram as palavras de Lula enquanto continha as lágrimas, durante a cerimônia de declaração conjunta de intenções e acordos com a Alemanha, em Berlim, nesta segunda-feira (04/12).

Atendendo a questionamentos da imprensa, o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), voltou a se pronunciar a respeito do conflito entre Israel e Gaza, intensificado desde 7 de outubro, quando Hamas lançou a primeira ofensiva contra o território israelense.

Comparado às últimas declarações a respeito do cenário, concedidas em entrevista à emissora catari Al Jazeera, desta vez, seu discurso teve um tom mais passivo e emotivo. O líder derramou lágrimas quando mencionou a falta de “fraternidade” e “solidariedade” entre governantes, princípios tidos como básicos para o petista: “Sou de um país com uma grande comunidade judaica e árabe. E a gente fica em paz. É esse modelo de paz que gostaria que tivesse em Israel”.

Lula reforçou que a posição do Brasil é, primordialmente, do respeito à Carta das Nações Unidas, que consiste que “nenhum país tem o direito de invadir a integridade territorial do outro”.

‘Ser do Conselho de Segurança da ONU não é um privilégio de apenas cinco países’
Embora tenha confirmado ter conversado com pelo menos 12 líderes do mundo sobre o cenário na Faixa de Gaza e reforçado que todas os países devem respeitar integralmente as Nações Unidas, voltou a criticar o próprio sistema do órgão ao citar a resolução que o Brasil apresentou enquanto presidia o Conselho da ONU, no mês de outubro, mas que acabou sendo vetada:

“A ONU deveria intervir para que encontrasse uma solução. O Brasil era presidente do Conselho de Segurança, o Brasil apresentou uma proposta para que houvesse uma trégua humanitária, para que poupasse tempo, para que retirasse as crianças”, disse Lula, lembrando que a decisão apresentada pelo Itamaraty contou com 12 votos a favor, duas abstenções (Reino Unido e Rússia) e um voto contra, sendo este último dos Estados Unidos – um país com poder de veto.

“Quem sabe se tivesse votado na posição do Brasil teria tido uma trégua bem antes, morrido bem menos gente”, lamentou o presidente, sem citar diretamente os Estados Unidos, acrescentando que o órgão tem que “mudar sua representação” com a entrada de outras nações, como Alemanha, Japão, Índia, países da África e da América Latina.

“Ser do Conselho de Segurança da ONU não é um privilégio de apenas cinco países. A geopolítica de 1945 não é a geopolítica de 2023”, ressaltou Lula.

102 brasileiros na Faixa de Gaza
Lula lembrou que o Brasil logrou a repatriação de 34 brasileiros e afirmou brevemente que o país ainda está atrás de 102 cidadãos que permanecem na Faixa de Gaza.

Com relação a uma possível solução para a guerra, o líder voltou a defender a consolidação de duas nações: “Respeito a posição de cada país e continuo defendendo historicamente desde que assumi algum entendimento. Tenho certeza que a única solução é a consolidação de dois países para viver pacificamente e harmonicamente”.

O que na prática parece estar “longe do fim”, de acordo com o petista, uma vez que confirmou ter se reunido e discutido com autoridades israelenses e palestinas, mas que “parece que tem gente que não quer paz”.

Pelo fim do discurso, o presidente declarou que o conflito entre Israel e a Palestina será uma pauta discutida na reunião do G20: “A gente não pode abrir mão de assuntos assim”.

*Opera Mundi