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Governo Lula apura denúncias de crianças Yanomamis retiradas dos pais

Conselho Indígena enviou ofício a autoridades, após ser informado de que adoções ilegais de Yanomamis estariam ocorrendo em Roraima.

O ministro dos Direitos Humanos e Cidadania (MDHC), Silvio Almeida, declarou nesta sexta-feira (3/2) que a pasta investiga as denúncias de que crianças Yanomamis estariam sendo retiradas dos pais. O Conselho Indígena de Roraima (CIR) enviou um ofício a autoridades, no início da semana, questionando os processos de adoção de indígenas no estado.

No documento, o CIR diz ter recebido informações de que crianças indígenas da comunidade, ao chegarem às cidades em busca de atendimento médico, estariam sendo separadas das famílias e encaminhadas para abrigos. O órgão questiona se tais medidas estão ocorrendo em conformidade com a lei.

Segundo o ministro, a Secretaria Nacional que cuida do tema teve uma reunião com autoridades judiciárias para saber o estado desses processos. “Se não for legal, não é adoção, é sequestro. A gente precisa entender o que está acontecendo”, frisou.

O ofício do Conselho Indígena foi enviado na segunda-feira (30/1) para Funai, Ministério Público, Vara da Infância, secretarias de Saúde e do Trabalho de Roraima, ao Conselho Tutelar do estado, a um hospital e abrigos infantis.

Silvio Almeida emendou que historicamente “não é incomum” esse tipo de situação ocorra com a “fragilidade das comunidades”.

“Aconteceu na ditadura. Ou seja, situações de fragilidade sociopolíticas fazem com que a família seja profundamente afetada. Não se pode ser defensor da família e se calar diante disso”, prosseguiu.

Processo de adoção

Ao Metrópoles, o coordenador do departamento jurídico do CIR, Junior Nicácio, explicou que a associação foi informada por comunidades indígenas de que meninas e meninos da etnia Yanomami estariam abandonadas em abrigos, aguardando uma família adotante.

“Recebemos denúncias de que crianças indígenas foram retiradas das suas famílias para adoção. Entre eles, o caso de uma menina indígena, que os pais estão há 4 meses em Roraima tentando entender porque ela foi retirada da aldeia e do vínculo familiar”, explica Nicacio.

De acordo com ele, o CIR foi informado que, no momento, duas crianças estão em processo de adoção, e cinco se encontram em acolhimento em instituições de Boa Vista. “Queremos entender se esse processo de adoção levou em consideração o direito de povos indígenas, e se o processo respeitou as normas para ocorrer legalmente”, explica.

Relatório

O Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania (MDHC) divulgou, na segunda-feira (30/1), o levantamento inicial das omissões do Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, pasta do governo de Jair Bolsonaro (PL) que era ligada à área. Foram identificados sete processos administrativos sem resposta.

O levantamento foi encaminhado ao Ministério da Justiça e Segurança Pública a fim de que os fatos sejam investigados. A iniciativa também implicará na responsabilização de agentes que promoveram ações deliberadas contra a dignidade humana na gestão passada.

O Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania aponta que o MMFDH ignorou a denúncia de primeira morte por Covid-19 entre os Yanomami, sugeriu veto à obrigação do fornecimento de água e equipamentos básicos durante a pandemia além de ter negado planejamento assistencial em favor de crianças e adolescentes indígenas.

Entre os processos levantados pelo MDHC constam, ainda, negativa de assistência humanitária ao governador do Estado de Roraima e a suspensão de policiamento ostensivo em favor do indígena Davi Kopenawa, integrante do Programa de Proteção aos Defensores de Direitos Humanos da pasta, expondo-o a atentado em novembro de 2022.

*Com Metrópoles

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Opinião

Depois de uma frase fascista com ameaça a Lula, Wallace diz que não é fascista

Os fascistas do futuro chamarão a si mesmos de antifascistas.

Essa frase de um desconhecido é a própria cara do bolsonarismo, que vende uma ingenuidade caricatural quando confrontado com uma reação contrária de muita repercussão.

Foi exatamente assim que agiu o jogador de vôlei, Wallace de Souza, que quis sublinhar que era contra a sua própria frase, enquete, publicada um dia antes.

Na verdade, a fuga pela tangente de Wallace o aproxima ainda mais de sua matriz filosófica, que é a de Bolsonaro, de Olavo de Carvalho e, consequentemente, da milícia.

O jogador disse que a frase foi infeliz, mas que jamais colocaria algo assim em prática, quando sugere dar um tiro na cara do presidente Lula, dizendo que nunca faria isso com ninguém, muito menos contra o presidente. Segundo ele, foi isso que o esporte lhe ensinou, pena que ele aprendeu.

Esse fato ocorreu no mesmo dia em que Regina Duarte tratou as crianças yanomamis,  como “essa gente”, frase que certamente assombraria até Hitler e Mussolini.

Mas é nessa paisagem e nesse ambiente que vive o bolsonarismo, que pode ser chamado de fascismo tropical.

No caso de Regina Duarte, sequer se deu ao trabalho de buscar um malabarismo engenhoso para tentar se redimir da perversidade diante de um  ódio armazenado nas figuras sem alma que não aceitam a democracia a partir de uma  simples derrota eleitoral.

Nisso, não há nada de novo, pois é da natureza do fascismo que expoentes dessa doutrina demoníaca adquiram formas monstruosas para impor sua amargura como numa incontinência verborrágica. Porque a ideia central do fascismo é essa mesmo, o ódio ao invés do argumento; a praga no lugar do esclarecimento; e a fuga covarde da própria luz.

Wallace e Regina Duarte têm no ódio ativo a resultante da materialização do que existe de pior nos instintos selvagens de alguns seres humanos.

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Saúde

Crianças Yanomamis com desnutrição severa e malária são resgatadas em estado grave

Ministério da Saúde tem resgatado crianças Yanomamis com quadros de desnutrição severa e malária em comunidades indígenas.

Técnicos do Ministério da Saúde (MS) já resgataram oito crianças em estado grave que vivem na terra Yanomami – a maior reserva indígena do país. Os pacientes, incluindo um recém-nascido, foram resgatados com quadros de desnutrição severa e malária.

A equipe técnica da pasta faz atendimentos na região desde segunda-feira (16/1), e encaminha as crianças para tratamento na capital Boa Vista (RR).

Segundo informações do MS, o paciente mais novo, de 18 dias de vida, foi levado ao hospital com quadro de pneumonia, e chegou a ter cinco paradas cardíacas. A mãe da criança percorreu três horas até chegar à Unidade Básica de Saúde Indígena (UBSI) no polo-base de Surucucu.

“Um dado público é que nos últimos 4 anos, 570 pessoas Yanomami morreram decorrente da contaminação por mercúrio por conta do garimpo ilegal. Agora, na casa de atenção à saúde indígena, tem 715 indígenas yanomami em desnutrição absurda”, disse Sônia Guajajara, ministra dos Povos Originários.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou, nesta sexta-feira (20/1), que visitará o estado neste final de semana para tratar de questões relacionadas à desnutrição de crianças indígenas do povo Yanomami.

“Recebemos informações sobre a absurda situação de desnutrição de crianças Yanomami em Roraima. Amanhã viajarei ao Estado para oferecer o suporte do governo federal e, junto com nossos ministros, atuaremos pela garantia da vida de crianças Yanomami”, disse o presidente nas redes sociais.

O presidente estará acompanhado dos ministros da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino; da Defesa, José Múcio; do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome, Wellington Dias; da Saúde, Nísia Trindade; dos Direitos Humanos e Cidadania, Silvio Almeida; da Secretaria-Geral, Márcio Macedo; dos Povos Indígenas, Sonia Guajajara; e do Gabinete de Segurança Institucional, general Gonçalves Dias.

O intuito do Ministério da Saúde é realizar uma missão para oferecer serviços de saúde aos mais de 30,4 mil indígenas que vivem no local.

“Nos últimos anos, a população Yanomami passou por desassistência e dificuldade de acesso aos atendimentos de saúde. Casos de desnutrição e insegurança alimentar, principalmente entre as mais de 5 mil crianças da região, foram registrados”, disse o Ministério da Saúde.

O ex-presidente Lula discursa em acampamento indígena Terra Livre, em Brasilia, cercado por lideranças de diferentes etnias. Ele segura um microfone e gesticula - Metrópoles

Saúde dos Yanomamis

Em razão da grave precarização das condições de vida do povo Yanomami, também em decorrência do garimpo ilegal, a população vive uma grande crise sanitária. Apesar de a atividade provocar assassinatos de indígenas, nos últimos meses também foram registradas diversas mortes por desnutrição.

A exploração ilegal do garimpo faz com que ocorra a incidência de doenças infecciosas. A falta de assistência em saúde também contribui para o quadro.

Na última quarta-feira (18/1), uma equipe do Ministério da Saúde foi enviada ao estado de Roraima para fazer um diagnóstico da situação. Em nota, a pasta informou que a expectativa é que, após o levantamento, sejam definidas “ações imediatas para superar a crise sanitária” pela qual passa a população local.

*Com Metrópoles

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