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Chefe da Receita fez menção a dados falsos para liberar diamantes para Bolsonaro

O ex-secretário da Receita Federal, Julio Cesar Vieira Gomes, tentou ludibriar servidores do órgão na tentativa de apressar a liberação do kit de joias femininas de diamante. Segundo investigação da Polícia Federal (PF), informações falsas foram incluídas em um ofício — que solicitava a liberação dos bens apreendidos — enviado à Receita em 28 de dezembro de 2022. A pressa na liberação das joias ocorreu pois o ex-presidente Jair Bolsonaro estava prestes a viajar para os Estados Unidos, nos últimos dias de seu mandato, e pretendia levar o kit, que seria incorporado ao seu acervo privado.

De acordo com a PF, na operação de subtração das joias milionárias que deveriam ser incorporadas ao patrimônio público, Mauro Cid encaminhou ofício à Receita solicitando a incorporação dos itens ao próprio gabinete da Ajudância de Ordens, comandado por ele, e não para o Gabinete de Documentação Histórica (GADH). Pela legislação, os bens deveriam passar pelo GADH para o devido tratamento e catalogação do acervo da União.

O ofício fazia referência a documentos comprobatórios, que teriam sido exigidos pela Receita Federal para a liberação dos itens, e dizia que esses documentos estavam sendo enviados em anexo, o que não aconteceu.

A PF afirma ainda que além dos tais documentos não terem sido anexados ao ofício, nenhum outro foi produzido ou obtido com o intuito de sanar as exigências legais, segundo o ICL.

O ponto foi observado pelos servidores da Receita Federal que receberam o ofício. O superintendente do órgão na 8ª Região Fiscal, onde os itens estavam, notificou o Secretário Julio Cesar Vieira Gomes sobre a ausência da documentação comprobatória que deveria ter sido encaminhada em anexo. Em resposta, Gomes encaminhou outros documentos que já constavam no processo, justificando com uma mensagem: “na pressa, esqueceram”.

Para a PF, não houve esquecimento e sim ação deliberada para tentar “ludibriar”, com informações falsas, os servidores da Receita que atuavam no processo.

Cid: Ofício foi redigido pelo próprio secretário da Receita
Além da tentativa de confundir os servidores para recuperar os itens milionários, o texto do ofício enviado à Receita no final de 2022, de acordo com Mauro Cid, teria sido escrito pelo próprio chefe da Receita, Julio Cesar Vieira Gomes.

Segundo as investigações, Gomes atuou de forma ativa para tentar liberar as joias. Cid relatou à PF que as instruções sobre o pedido de incorporação foram passadas pelo então Secretário da Receita.

A PF conclui que a assinatura do ofício, que teria sido redigido por Gomes, assinado por Mauro Cid, e posteriormente protocolado na Receita foi endereçado ao próprio Júlio, foi uma estratégia criada por ele para acelerar a retiradas das joias e facilitar a entrega dos bens diretamente ao então presidente Jair Bolsonaro, que as levaria para o exterior.

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Deputado federal investigado por dados falsos de vacinação tinha cartão com 3ª dose aplicada antes da 1ª

Documento com erros foi apreendido na residência do parlamentar Gutemberg Reis (MDB-RJ). Polícia também identificou problemas nos dados de lote de outra das doses registradas.

deputado federal Gutemberg Reis (MDB-RJ) tinha um cartão físico de vacinação contra a Covid-19 com registro da segunda dose da vacina aplicada antes da primeira, além de dados incompatíveis entre os registros físicos e os feitos no sistema do Ministério da Saúde.

A Polícia Federal (PF) indiciou o parlamentar por inserção de dados falsos em sistema de informações públicas e associação criminosa. O deputado disse que não irá se manifestar até que sua defesa tenha acesso integral ao processo.

As informações constam de relatório final do inquérito que investiga Além de Gutemberg, foram indiciados o ex-presidente Jair Bolsonaro, o ex-ajudante de ordens da Presidência Mauro Cid e outras 14 pessoas.

Mensagens
A PF identificou o cartão com dados errados em conversas entre Cláudia Helena Acosta, servidora da prefeitura de Duque de Caxias, e Célia Serrano, então funcionária da Secretaria Municipal de Saúde e eventualmente secretária. Ambas também foram indiciadas pela PF.

Nas mensagens de 18 de novembro de 2022, Serrano envia a Cláudia Helena uma foto do cartão físico de vacinação de Gutemberg com o que a PF chama de um “erro crasso”. Os investigadores destacam que:

“A data de aplicação da 2ª dose da vacina da fabricante Janssen é anterior à data inserida no documento como sendo de aplicação da 1ª dose da mesma fabricante”; e
“é possível observar o registro do que seria uma terceira dose da fabricante Pfizer anotada fora do local adequado, de forma amadora.”

Imagem do cartão de vacinação do deputado Gutemberg Reis (MDB-RJ), apreendido pela PF. — Foto: Reprodução

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Auditor do TCU confessa que pai militar repassou dados falsos a Bolsonaro e deve ser afastado

Tribunal investiga como presidente divulgou informação de que o órgão questionava mortes por Covid no Brasil, o que é mentira.

O auditor Alexandre Figueiredo Costa e Silva confessou à sua chefia imediata no TCU (Tribunal de Contas da União) que foi ele o autor das análises que levaram o presidente Jair Bolsonaro a divulgar a notícia falsa de que o órgão questionava as mortes por Covid-19 no Brasil.

De acordo com informações preliminares já encaminhadas à corregedoria do tribunal, o auditor relatou que comentou o teor de suas opiniões com o pai, que é militar e amigo pessoal de Bolsonaro.

O pai, segundo o auditor disse a seus chefes, teria enviado o texto ao presidente.

A corregedoria, comandada pelo ministro Bruno Dantas, encaminhará um relatório à presidente do TCU, Ana Arraes, propondo a abertura de um processo disciplinar contra Costa e Silva. A investigação será então aprofundada, com a tomada de depoimentos dos envolvidos.

Costa e Silva deve ser afastado cautelarmente do cargo de auditor pela presidente, para poder assim responder ao processo. Ele já foi retirado da equipe que analisa atos de gestão relativos ao combate à Covid-19.

As famílias de Costa e Silva e de Bolsonaro seriam tão próximas que o auditor chegou a ser indicado para uma diretoria do BNDES em 2019. Sua posse foi barrada pelo próprio TCU por conflito de interesses, já que o tribunal fiscaliza o banco.

A confusão envolvendo o tribunal começou na segunda (7), quando o presidente Jair Bolsonaro afirmou a apoiadores que o TCU questionava as mortes por Covid-19 no país –o que é mentira.

“Em primeira mão aí para vocês. Não é meu. É do tal de Tribunal de Contas da União. Questionando o número de óbitos no ano passado por Covid. E ali o relatório final não é conclusivo, mas em torno de 50% dos óbitos por Covid ano passado não foram por Covid, segundo o Tribunal de Contas da União”, diz Bolsonaro na conversa com apoiadores.

“Esse relatório saiu há alguns dias. Lógico que a imprensa não vai divulgar. Eu tenho três jornalistas que eu converso, não vou falar o nome deles, que são pessoas sérias, né. E já passei para eles. E devo divulgar hoje à tarde. E como é do Tribunal de Contas da União, ninguém queira me criticar por causa disso”.

Em seguida, o portal R7, da Igreja Universal do Reino de Deus, divulgou que “apenas quatro em cada dez óbitos (41%) registrados por complicações da doença seriam efetivamente resultado da contaminação do vírus”. E creditou a informação, que é falsa, ao suposto relatório do TCU citado por Bolsonaro. O portal da igreja afirmou ainda que recebeu o documento de uma fonte do Palácio do Planalto.

Desmentido pelo TCU, o presidente da República reconheceu na terça (8) que a informação que passou ao público não era verdadeira. E afirmou ser ele mesmo o autor de uma tabela que foi divulgada questionando as mortes, com base em um “acórdão” do TCU.

As análises de Costa e Silva nunca chegaram a integrar qualquer relatório do TCU. Elas foram apenas postadas em um sistema de comunicação interno dos auditores –e prontamente recusadas, por falta de solidez técnica.

O auditor argumentava que, como os repasses de recursos pelo Ministério da Saúde aos estados para o combate à Covid-19 era feito com base no número de óbitos, poderia haver um superdimensionamento dos dados. Governadores e prefeitos inflariam as mortes artificialmente para receber mais dinheiro.

As notificações de óbitos, no entanto, são feitas por médicos e unidades de saúde que atestam a morte. Para inflar os dados, governantes precisariam ter a cumplicidade de milhares de profissionais da área.

O TCU, assim, nunca questionou os dados de óbitos por Covid-19 no Brasil, que já fez 479.792 vítimas.

*Mônica Bergamo/Folha

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