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Senadores batem boca na CPI após governista exibir vídeo antigo de Drauzio

Senadores governistas e de oposição bateram boca na CPI da Covid após o senador Marcos Rogério (DEM-RO) exibir um vídeo antigo do médico Drauzio Varella em que ele dizia que os brasileiros não precisavam mudar sua rotina por causa do coronavírus.

A declaração é de janeiro de 2020 —antes da chegada do vírus ao Brasil—, e já em março de 2020 —quando foi declarada a pandemia— Drauzio havia mudado sua recomendação. Em participação no UOL Entrevista, em abril do ano passado, o médico reconheceu que “subestimou” gravidade a pandemia no início.

Rogério, que integra a tropa de choque do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) na CPI, foi interrompido pelo senador Alessandro Vieira (Cidadania-SE), que acusou o governista de usar o vídeo sem a devida contextualizção —sobre a data e a posterior retratação de Drauzio.

“O senhor vem desinformar. Não cansa de passar vergonha”, disse Vieira.

Em seguida, a senadora Eliziane Gama (Cidadania-MA), integrante da bancada feminina, também entrou na discussão para defender que Drauzio pediu desculpas pelo vídeo.

Rogério, então atacou os senadores da oposição e os acusou de tentar atropelar a sua fala.

“Veja a estratégia da oposição… Atenta bem, Brasil. É assim que eles agem. É assim”, afirmou.

Ao retomar seu discurso, Rogério voltou a atacar os senadores de oposição chamando-os de “aloprados”.

“Um homem altamente capacitado, influente, com exposição de âmbito nacional, que não acertou em todas as suas previsões feitas logo no começo da pandemia —foi em 30 de janeiro de 2020—, mas já sei o que se dirá acerca dele. E nem precisou eu dizer aqui, já vieram aqui os aloprados dizerem: ‘era o começo da pandemia'”, declarou.

O governista foi novamente interrompido pelos senadores. O vice-presidente da comissão, Randolfe Rodrigues (Rede-AP), que exercia a presidência da CPI naquele momento, chegou a pedir à secretaria que retirasse o termo “aloprados” da transcrição da sessão.

Questionado por Randolfe se desejava manter na transcrição o termo dito por ele, Rogério aceitou que fosse retirado.

“Eu não tenho problema nenhum em retirar, se alguém se sentiu ofendido… Mas esta CPI já teve xingamentos aqui de coisas que, olha, vão muito além de aloprado. Mas não tem problema, se se ofenderam com ‘aloprado’, eu retiro”, afirmou.

*Com informações do Uol

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Vídeo: Contra o ódio bolsonarista, O Brasil vai de Drauzio Varella

A televisão, de forma geral, há muito perdeu sua capacidade de cumprir uma programação que abarque o sentimento nacional. Com isso, o programa de Drauzio Varella, no Fantástico do último domingo, com a rotina de 700 mulheres trans presas em presídios masculinos, tocou profundamente as pessoas e as redes sociais refletiram isso.

A atitude humana de uma figura como Drauzio Varella, tratando com tanto afeto e respeito humano as entrevistadas, mostrando seus dramas sem apelos emocionais, trouxe dois dados fundamentais, a sociedade brasileira como um todo é muito maior do que o julgamento que fazem dela.

Mas algo nesse programa, que tanto emocionou as pessoas, diz muito mais.

A adesão ao discurso do ódio homofóbico disseminado por Bolsonaro e seus acéfalos profissionais não encontra verdadeiramente eco na sociedade.

E é nesse ponto que precisamos focar a nossa atenção e não confundir barulho preconceituoso com um sentimento coletivo.

A produção do discurso de ódio de Bolsonaro é uma coisa, passou a vida como um subpolítico que viveu de restos do baixo clero, adulando policiais, militares e milicianos, em muitos casos, como sabemos, isso acaba se confundindo pela própria relação estreita que sempre tiveram. No entanto, o Bolsonaro candidato e, agora, presidente, não atua mais como aquele idiota psicopata, movido por um caldo de rancor, complexo de inferioridade e muita frustração pessoal e não perguntem por que, mas isso está explícito na personalidade do ogro.

O Bolsonaro de agora nada tem a ver com aquele. Seu personagem atual é profissional, lógico, dentro do limite intelectual do sujeito que, como sabemos, tem a elasticidade de um concreto.

Mas ele segue à risca uma cartilha só que diz ser conservadora, mas de conservadora nada tem. É uma cartilha de oportunistas eleitorais que trabalha com o senso comum de uma parcela restrita e muito bem definida da sociedade, onde se misturam religiosos, homofóbicos, reacionários, misóginos e etc. Mas são pessoas que, normalmente, no cotidiano são malvistas, por serem incapacitadas de viver em civilização, pouco importando a sua condição social.

O ódio dessa gente é uma entidade psicológica, pois ela vive viu nesse discurso a oportunidade de por pra fora o orgulho de ser o que é, sobretudo quando se une ao bando ou ao gado, como queiram. Aí a histeria coletiva fala mais alto e ganha um diapasão para dar a impressão de grandeza.

Mas como se observa hoje nas redes sociais, os milhares de elogios que o programa do Fantástico com Drauzio Varella recebeu, percebemos que, no conjunto da obra, o Brasil, na verdade, defende-se do ódio bolsonarista com o coração de Drauzio Varella.