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Carlos Fernando Boquinha, o pato que posou de gavião

Carlos Fernando dos Santos Lima, e não Dallagnol, sempre foi o cabeça das operações do MPF do Paraná em todas as tacadas de Moro.

Boquinha era o braço direito do proprietário da Lava Jato.

Antes, porém, foi o principal homem de Moro no caso escabroso do Banestado.

Pois bem, num corisco de segundos, após Moro e, em seguida, Dallagnol anunciarem suas candidaturas para qualquer coisa em 2022, sai na mídia íntima de Carlos Fernando, que ele também será candidato a uma vaga no legislativo.

Como se sabe, onça não late, isso é coisa de cão de guarda como Dallagnol.

Carlos Fernando não era chegado a holofotes, usava estrategicamente a mídia, sobretudo as coletivas após os espetáculos policialescos para dizer com os olhos o que a boca não dizia, que estava arquitetando a prisão de Lula sem provas de crime.

Explicava sempre a um repórter de prontidão que perguntava sobre uma possível investigação contra Lula, e ele sempre repetia o ramerrão, de que não investigava pessoas, mas os fatos e os tais fatos levavam às pessoas.

Lógico que ele dava na pinta que era um pato que posava de gavião.

Sentado sempre no meio da mesa da coletiva, o procurador não enganava ninguém quando proferia sua maçaroca conceitual.

Lula era o seu alvo principal, pois era o grande troféu de Moro. Daí que a falsa harmonia entre o que dizia e o que fazia ficava evidente.

Boquinha seguia passos cadenciados em busca de uma fantasia que não fizesse Moro gaguejar na hora de explicar a prisão de Lula, sem provas de crime, mas não conseguiu. Moro teve que partir para o superlativo, arreganhando a incompetência do gavião-pato.

Carlos Fernando Boquinha, sempre foi o contrarregra de Moro. Quem comeu milho grosso foi ele. Ele era o presidente do júri.

Carlos Fernando é quem estava com Moro no dia do depoimento de Lula e afinou feio quando viu o ex-presidente engolindo Moro com casca e tudo. Sua boquinha ficou ainda mais minúscula.

A baioneta reservada pra Lula que ele havia prometido para os filhos de Januário, como revelou a Vaza Jato, nem mascou, pipocou ou falhou. Ele simplesmente não se fez presente, escondeu-se debaixo da mesa junto com seu bacamarte.

É possível que ele tenha se tocado que o realejo da justiça curitibana ia prender o cara errado que viraria o grande pesadelo pra Moro e sua turma, como virou.

Primeiro que o grande temor de todos da Lava Jato se deu em tamanho e intensidade muito maior, Moro virou pó e não sobrou nem um cadico de viço daquele juiz sonso que foi rapidamente abatido por Lula.

Imagino que ali, de frente pra Lula, Carlos Fernando viu como aquela gleba de provincianos era uma monte de nada perto da força política de Lula no mundo, e que ele trazia no seu olhar, nos gestos e, sobretudo, na fala, faltando só Moro chamá-lo de Meritíssimo.

Foi nesse momento certamente que Carlos Fernando sacou que ele, diante de Lula, era um mero pato que até ali tinha bancado o gavião.

Quando Lula foi preso, Boquinha, sentindo-se seguro, empinou o nariz e bateu asas para o setor privado para vender a nova xaropada moralistoide do capitalismo, a tal compliance.

Moro, Dallagnol e Carlos Fernando, entre outras porcarias da República de Curitiba, no começo de tudo, quando arquitetaram a tomada de poder pela Lava Jato, através das eleições, apostaram que suas candidaturas causariam estupor, mas causaram vômito.

 

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