Release e vídeo desmentem tese de Pazuello sobre hacker

Ministro da Saúde terceiriza culpa sobre aplicativo que indicava cloroquina, mas registros mostram que TrateCov buscava estimular o “tratamento precoce”.

O ministro da Saúde, o general da ativa Eduardo Pazuello, afirma que o aplicativo TrateCOV, que indicava o uso de medicamentos sem eficácia científica comprovada contra a covid-19, foi invadido e lançado de maneira antecipada.

Contudo, uma pesquisa simples mostra que não foi bem assim. No dia 13 de janeiro, o próprio Ministério da Saúde publicou um release oficial anunciando o lançamento do TrateCov, o anunciando como um “aplicativo para auxiliar os profissionais de saúde na coleta de sintomas e sinais de pacientes visando aprimorar e agilizar os diagnósticos da Covid-19”.

“Seja presencialmente ou por tele consulta, a plataforma traz autonomia aos profissionais de saúde habilitados para encaminhar o atendimento e resposta adequados para o paciente de acordo com cada caso. Assim, o diagnóstico sai mais rápido e o tratamento tem início precocemente, contribuindo na redução de internações e óbitos por Covid-19”.

“Diante de um fato epidemiológico como é a Covid-19, que você já tem sintomas e sinais muito bem definidos para caracterizar a doença, a adoção do protocolo é segura. Para muitas doenças em todo o mundo, a gente adota protocolo. Se o paciente preenche três critérios para a doença, ele tem a doença. Estamos apenas validando um protocolo científico, mostrando que ele é um forte indicador da doença, que ele pode ser usado para tomada de decisão”, destacou a secretária de Gestão do Trabalho e da Educação em Saúde da pasta, Mayra Pinheiro, no release divulgado.

Confira abaixo as imagens do release em questão, divulgado no dia 13 de janeiro no site do Ministério da Saúde.

Na verdade, o aplicativo TrateCOV exigia que o paciente efetuasse o preenchimento de um formulário com os sintomas apresentados, e sugeria a prescrição de medicamentos como hidroxicloroquina, cloroquina, ivermectina, azitromicina e doxiciclina em qualquer idade, seja para covid-19 ou para outras doenças, o que gerou reação de entidades médicas inclusive mais alinhadas ao governo Jair Bolsonaro.

Um detalhe a ser mencionado: a secretária Mayra Pinheiro ficou famosa por hostilizar a chegada de médicos cubanos ao Ceará em 2013, onde chegou a mandar os profissionais “voltarem para a senzala”. E a secretaria que ela atua no ministério é justamente responsável pelo programa Mais Médicos.

Outra prova que contraria o discurso de Pazuello é um vídeo que está em circulação nas redes sociais, onde o ministro – que diz que o sistema foi lançado de forma antecipada – participa de cerimônia realizada em 11 de janeiro para o lançamento do aplicativo. E, inclusive, fala sobre o funcionamento do mesmo.

“Hoje, a gente lança aqui em primeira mão, o Estado do Amazonas é o primeiro Estado do Brasil que recebe o aplicativo TrateCov. Nós estamos apresentando para a sociedade um aplicativo que permite, como eu disse, com forte valor preditivo, dizer se o doente diante das suas manifestações clínicas tem ou não covid-19. E assim nós podemos, em um período de cinco minutos com a utilização desse aplicativo, que já pode ser através das páginas do Ministério da Saúde, nós poderemos ofertar imediatamente, para milhões de brasileiros, o tratamento precoce”, disse a secretária Mayra Pinheiro, em cerimônia que foi aberta pelo próprio ministro da Saúde, o general da ativa Eduardo Pazuello.

“Hoje (11 de janeiro) vai ser lançado (sic) uma plataforma (…) que vai permitir que o próprio prefeito cobre o protocolo de atendimento”, diz Pazuello. “A medicação… ela pode e deve começar antes desses exames complementares. Caso o exame lá na frente, por alguma razão, dê negativo, ele reduz a medicação e está ótimo. Não vai matar ninguém, pelo contrário”. Confira o vídeo abaixo:

Três dias após o lançamento do aplicativo, o sistema público de saúde de Manaus entrou em colapso e pessoas morreram sufocadas por falta de oxigênio.

*Com informações do GGN

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Vídeo: Pazuello mente ao dizer que Saúde nunca indicou remédios contra a covid-19

O ministro da Saúde, general Eduardo Pazuello, mentiu hoje ao dizer que a pasta nunca indicou nenhum medicamento para o tratamento da covid-19. Logo depois de sua posse, em 20 de maio, o ministério lançou um protocolo que sugeria a prescrição de hidroxicloroquina e cloroquina aos infectados, ainda que não haja nenhuma comprovação da eficácia desses remédios contra o coronavírus.

“A senhora nunca me viu receitar, dizer, colocar para as pessoas tomarem este ou aquele remédio. Nunca. Não aceito a sua posição. Eu nunca indiquei medicamentos a ninguém, nunca autorizei o Ministério da Saúde a fazer protocolos indicando medicamentos”, disse o ministro a uma jornalista durante coletiva no Palácio do Planalto.

O protocolo divulgado em maio, porém, orienta o uso de cloroquina, hidroxicloroquina e outros medicamentos, bem como a dosagem recomendada (abaixo rasuradas) para cada um deles.

Protocolo do MS - Reprodução - Reprodução

Assim como o presidente Jair Bolsonaro (sem partido), Pazuello já defendeu o uso de cloroquina contra a covid-19 em diversas oportunidades. Em 21 de julho, por exemplo, o ministro citou o antimalárico e a ivermectina, que também não tem eficácia comprovada contra a doença, quando falava sobre “tratamento precoce”.

À época, apesar da existência do protocolo, Pazuello disse que era apenas uma “orientação”, não uma diretriz. Segundo ele, o Ministério da Saúde apenas apresentou quais medicamentos estão sendo usados, quais estão dando resultados e qual a melhor dosagem e momento de uso.

“Temos a hidroxicloroquina, ivermectina e azitromicina listadas, e cabe ao médico prescrever qual é o medicamento adequado naquela fase e para aquele paciente”, afirmou ele durante visita ao Rio Grande do Sul.

Depois, ao lado de Bolsonaro, ele voltou a recomendar o uso de cloroquina no tratamento da covid-19. A declaração foi feita em transmissão ao vivo em 22 de outubro (assista abaixo), um dia depois de Pazuello ser diagnosticado com a doença. Tanto ele como o presidente, que também já foi infectado, apareceram sem máscara.

*Com informações do Uol

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