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O general que falta no quebra-cabeça do golpe

Todas as atenções estão voltadas ao ex-comandante do Exército Marco Antonio Freire Gomes, que deu um depoimento de 8 horas à Polícia Federal na semana passada.

Embora o interrogatório com 250 perguntas seja em tese sigiloso, já vazou que o general confirmou que esteve em uma reunião com o então presidente Jair Bolsonaro, na qual foi discutida a minuta golpista. A versão conhecida é que Freire Gomes se opôs às intenções disruptivas do ex-chefe.

O fato de Freire Gomes ter corroborado várias hipóteses das investigações motivou a PF a requisitar mais um depoimento do tenente-coronel Mauro Cid.

O ex-ajudante de ordens de Bolsonaro chegou a ser preso e acabou fazendo delação premiada. É a partir de seus relatos e de provas obtidas com ele, como mensagens trocadas no seu celular, que as investigações avançaram.

Toda essa apuração é fundamental para que o enredo golpista seja conhecido, e seus autores, responsabilizados.

Mas tem uma peça nesse quebra-cabeça que até agora foi poupada. Trata-se de Júlio Cesar Arruda, o general que comandava o Exército no 8 de janeiro de 2023, diz Thais Bilenky, Uol.

Freire Gomes comandou a Força de março a dezembro de 2022. Arruda assumiu no dia 30 de dezembro.

Após o 8 de janeiro e com os indícios de, no mínimo, inação do Exército diante da invasão dos palácios em Brasília, a situação de Arruda ficou insustentável. Depois de três semanas no cargo, ele foi demitido. O ministro da Defesa, José Múcio Monteiro, afirmou que houve uma “fratura no nível de confiança” da relação do governo com o Exército.

Mas teve mais um componente na queda de Arruda. Ele se recusava a barrar a promoção de Mauro Cid, no Exército, ao comando do 1º Batalhão de Ações de Comandos, em Goiânia.

Segundo um relato da Veja na época, Arruda também tentou barrar uma operação da PF contra Mauro Cid, que morava no mesmo condomínio que ele.

A suposta proteção de Julio Cesar Arruda a Mauro Cid já causava desconfiança. Agora, à luz de tudo o que já se sabe —e do papel central de Mauro Cid na organização das tentativas de golpe—, essa relação fica ainda mais importante de ser desnudada.

Na decisão do Supremo que autorizou a megaoperação da PF contra Bolsonaro, generais e políticos supostamente envolvidos na trama golpista, há citações ao ex-comandante.

Aponta o documento que, no dia 2 de janeiro de 2023, já efetuada a transição de governo, Mauro Cid encaminhou uma reportagem ao general Estevam Teophilo, que integrava o Alto Comando do Exército e chefiava as Operações Terrestres em 2022. Segundo as investigações, Teophilo teria consentido com a adesão ao golpe, desde que Bolsonaro assinasse o documento instalando-o.

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Dedo na cara e ameaça: comandante demitido peitou Flávio Dino

General Júlio César de Arruda impediu a prisão de golpistas acampados em frente ao quartel-general no 8 de janeiro e encarou Flávio Dino.

Segundo Guilherme Amado, Metrópoles, o general Júlio César de Arruda, demitido do comando do Exército neste sábado (21/1) por Lula, teve duras discussões na noite do dia 8 de janeiro com o ministro da Justiça, Flávio Dino. Começou ali o enredo que levou a sua exoneração.

Naquela noite, o comandante militar do Planalto, general Gustavo Henrique Dutra de Menezes, teve uma dura discussão com o interventor Ricardo Cappelli. O clima esquentou quando o secretário, liderando a tropa da Polícia Militar, chegou ao Setor Militar Urbano e anunciou que prenderia os golpistas acampados em frente ao quartel-general. O general afirmou que a tropa da PM não passaria dali.

Na sequência, o comandante do Exército e Cappelli reuniram-se, no Comando Militar do Planalto. Deu-se, então, a primeira discussão tensa de Arruda naquela noite, quando chegou a colocar o dedo na cara de Cappelli e do então comandante da PM, coronel Fábio Augusto Vieira.

O policial, preso por determinação de Alexandre de Moraes, afirmou em seu depoimento à polícia que o Exército havia proibido que as prisões fossem feitas. Em dado momento, Arruda dirigiu-se para o policial, também com o dedo em riste. “O senhor sabe que a minha tropa é um pouco maior que a sua, né?”, disse, em tom de ameaça, referindo-se às tropas da PMDF e do Exército.

Discussão com Flávio Dino

Mas a noite ainda estava longe de terminar. Os ministros Flávio Dino, José Múcio (Defesa) e Rui Costa (Casa Civil) chegaram e os três reuniram-se com o general Arruda a sós. Neste momento, a temperatura entre Dino e Arruda subiu.

O general exigiu que os ônibus dos golpistas, que haviam sido apreendidos pela Polícia Militar por ordem de Dino, fossem devolvidos. Dino afirmou que não devolveria porque era prova do cometimento de um crime e assim seria tratados.

O general, subindo o tom de voz, insistia que ninguém seria preso no acampamento, conforme relatou a repórter Marina Dias. Dino também alteou a voz e manteve que a ordem dele seria cumprida e todos seriam presos.

Neste momento, os dois já estavam em pé e o clima prenunciava uma briga ainda mais dura.

Rui Costa interveio e conduziu a conversa para uma conciliação. Ficou acordado que as prisões não seriam naquela hora, mas sim no dia seguinte de manhã.

A resistência em demitir Cid

A demissão de Arruda foi sacramentada quando chegou a Lula a informação de que Arruda não demitiria o tenente-coronel Mauro Cid.

Cid era o principal ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, e hoje está lotado no 1º Batalhão de Ações e Comandos, em Goiânia (GO). Trata-se de uma das unidades do Comando de Operações Especiais do Exército, e, por estar nos arredores de Brasília, passível de ter que ser acionada para garantir a segurança da capital.

Uma reportagem da coluna de Rodrigo Rangel, no Metrópoles, revelou detalhes de uma investigação autorizada pelo STF que apontou que Cid manejou recursos em espécie sacados de cartões corporativos. O dinheiro, de acordo com o inquérito, foi usado até para pagar contas pessoais da ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro e de familiares dela.

*Com Metrópoles

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Política

Vídeo: Novo comandante do Exército, Tomás Miguel Ribeiro Paiva; veja quem é

General Tomás Miguel Ribeiro Paiva estava à frente do Comando Militar do Sudeste e substitui Júlio César de Arruda, exonerado por Lula.

O general Tomás Miguel Ribeiro Paiva, de 62 anos, foi anunciado neste sábado (21/1) pelo presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT) como novo comandante do Exército. Paulistano, iniciou a carreira militar em 1975 ao entrar na Escola Preparatória de Cadetes do Exército, em Campinas, no interior de São Paulo.

Tomás Paiva substituirá o general Júlio César de Arruda, demitido por Lula também neste sábado. O general Tomás Miguel Ribeiro Paiva estava à frente do Comando Militar do Sudeste, atuou em missão do Exército no Haiti e foi comandante da Força de Pacificação da Operação Arcanjo VI, no Complexo da Penha e do Alemão, no Rio de Janeiro, em 2012.

O novo comandante do Exército também foi ajudante de Ordens do Presidente da República e Assessor Militar do Brasil junto ao Exército do Equador; e chefiou o Gabinete do Comandante do Exército, em Brasília, e comandou a 5ª Divisão de Exército, em Curitiba, no Paraná.

Ribeiro Paiva ganhou projeção e se tornou um nome a ser considerado dentro do novo governo após discurso incisivo em defesa da lisura do processo eleitoral brasileiro e do resultado das eleições que asseguraram o petista na Presidência da República.

Defesa da democracia

Como noticiado pela coluna do Guilherme Amado, do Metrópoles, em cerimônia que homenageou os militares mortos no Haiti, na quarta-feira (18/1), Paiva afirmou que o Brasil enfrenta um “terremoto político” que está “tentando matar a coesão, hierarquia, disciplina e profissionalismo” do Exército e que afeta o “respeito e o orgulho que temos de vestir essa farda”.

“Ser militar é ser profissional, respeitar a hierarquia e a disciplina. É ser coeso, íntegro, ter espírito de corpo e defender a pátria. É ser uma instituição de Estado, apolítica e apartidária. Não interessa quem está no comando, a gente vai cumprir a missão do mesmo jeito”, afirmou Paiva.

Então comandante militar do Sudeste, Paiva disse que é papel dos militares defenderem a democracia, e que o regime político pressupõe “liberdade, garantias individuais, políticas e públicas”.

“Também é o regime do povo. Alternância de poder. É o voto, e quando a gente vota, tem que respeitar o resultado da urna. Não interessa. Tem que respeitar. É essa a convicção que a gente tem que ter, mesmo que a gente não goste. Nem sempre a gente gosta, nem sempre é o que a gente queria. Não interessa. Esse é o papel da instituição de Estado, da instituição que respeita os valores da pátria. Somos Estado”, afirmou.

Na oportunidade, o militar disse, ainda, que militares não podem aderir a correntes políticas. “Isso não significa que o cara não seja um cidadão, que o cara não possa expressar seu direito de ter uma opinião. Ele pode ter, mas não pode manifestar. Ele pode ouvir muita coisa, muita gente falando para ele fazer isso ou aquilo, mas ele fará o que é correto, mesmo que o correto seja impopular”.

Veja o discurso do comandante no dia 18/01

 

*Com Metrópoles

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Posse de Lula

Exército troca comando antes da posse de Lula para acabar com acampamento com terroristas

Em depoimento, bolsonarista George Washington, que armou bomba próximo ao aeroporto de Brasília, afirmou ter contatado um “importante general do Exército”.

De acordo com a Forum, o futuro ministro da Defesa, José Múcio Monteiro, acertou com o atual titular do cargo, o general Paulo Sérgio Nogueira, a antecipação na troca de comando do Exército para acabar com a mobilização de grupos terroristas infiltrados entre apoiadores golpistas de Jair Bolsonaro (PL) que estão acampados em frente ao quartel-general da força em Brasília.

Assim, na sexta-feira (30), antevéspera da posse de Lula (PT), o general Julio Cesar de Arruda assumirá o comando do Exército no lugar de Marco Antônio Freire Gomes, nomeado por Bolsonaro.

Arruda assume com a tarefa de desmobilizar o que resta dos atos em frente ao QG de Brasília e também em cidades por todo o Brasil, onde bolsonaristas que não aceitam a derrota na eleição montaram barracas para pedir intervenção militar enquanto o clã Bolsonaro curte os últimos dias no poder.

Múcio também acertou a antecipação na troca de comando da Marinha, que deve ocorrer entre quarta (28) e quinta-feira (29). Marcos Sampaio Olsen assume no lugar do almirante Almir Garnier.

Somente na Aeronáutica a troca será feita após a posse de Lula. No dia 2 de janeiro, o brigadeiro Baptista Junior, considerado o mais bolsonarista dos comandantes das forças, dará lugar a Marcelo Kanitz Damasceno.

Em conversa com os futuros comandantes das Forças Armadas, Lula pediu que ainda em janeiro eles entreguem um diagnóstico sobre o aparelhamento feito por Bolsonaro entre os militares da ativa.

Contato com general

Em depoimento Polícia Civil do Distrito Federal na noite do último domingo (25), George Washington de Oliveira Sousa, que confessou ter armado a bomba próximo ao aeroporto da capital federal, afirmou ter contatado um “importante general do Exército” e que, após desdobramento do plano original, poderia ocorrer um “banho de sangue” – leia depoimento na íntegra.

Ao chegar à capital federal, hospedou-se no Econotel e, em seguida, alugou dois apartamentos no Sudoeste da cidade através do site Airbnb. Ele conta que nos acampamentos suspeitou da presença de “petistas infiltrados” entre os ambulantes, que estariam vendendo água e comida intoxicada aos presentes.

“Em posse dessas informações, há 3 semanas eu entrei em contato com um importante general do Exército e reportei a ele tudo sobre os infiltrados petistas no acampamento e disse que em breve poderia haver um grande derramamento de sangue se nada fosse feito. No dia seguinte, os militares do exército expulsaram todos os ambulantes do acampamento”, declarou.

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