O melhor é que ele aceite o conselho de Michelle.
Deve ser uma manobra diversionista para que o nome do ex-presidente não saia da boca do povo. A cada semana, ou menos do que isso, um dos filhos de Bolsonaro diz que ele está pronto para voltar. Ou o contrário: que deverá ficar mais algum tempo nos Estados Unidos, onde se refugiou desde o fim do seu governo.
Michelle Bolsonaro, a ex-primeira dama, foi vista, ontem, com a filha Laura, de 11 anos, em um shopping em Brasília. Abordada pela repórter Samanta Salum, disse que Bolsonaro não deveria voltar tão cedo. Segundo ela, o marido nunca esteve tão cansado. Melhor que descanse mais um pouco. Nada de pressa.
Ela é um radar confiável para o marido. Voltou antes por causa de Laura, que teria de se matricular em outra escola. E está vendo de perto o cerco fechar-se em torno de Bolsonaro. No governo Lula, a temporada de caça a bolsonaristas foi aberta e não tem data para acabar. Estão sendo todos despejados dos seus cargos.
O Tribunal Superior Eleitoral corre contra o relógio para tornar Bolsonaro inelegível até o fim de maio. Por que até lá? Porque o ministro Ricardo Lewandowski, que completará 75 anos, terá de se aposentar. E seu substituto, o ministro Nunes Marques, seria uma pedra no caminho da inelegibilidade de Bolsonaro.
Ali, e no Supremo Tribunal Federal, não se faz mais segredo: Bolsonaro será condenado em um dos muitos processos a que responde e não poderá disputar eleições pelos próximos oito anos. Preso não será. Pelo menos não agora. Para que seja, no mínimo se passariam quatro ou cinco anos, a cumprirem-se os prazos.
Bem, mas nada impede que um juiz de primeira instância, tão logo ele ponha os pés no Brasil, mande prendê-lo. O ex-presidente Michel Temer foi preso assim, e, depois de quatro dias, solto por ordem do Supremo. Aconteceria a mesma coisa com Bolsonaro. Na primeira instância, há muitas ações contra ele.
Por unanimidade, os ministros do Tribunal de Contas da União aprovaram o pedido feito pela Comissão de Fiscalização Financeira e Controle da Câmara dos Deputados para que sejam investigados os gastos de Bolsonaro com o cartão corporativo da Presidência da República. Os gastos cresceram durante a campanha eleitoral.
O montante de gastos com despesas sigilosas do cartão somava, até 8 de novembro do ano passado, R$ 22.751.636,53. Entre agosto e outubro, as despesas atingiram R$ 9.188.642,20, o que corresponderia a uma média mensal de gastos de R$ 3.062.880,73, aumento de 108% em relação à média mensal de gastos de 2021.
A Controladoria-Geral da União adiou a quebra de sigilo de dados do cartão de vacinação de Bolsonaro. Ele sempre negou que tenha se vacinado, o que reforçou sua autoridade para pregar contra a vacinação obrigatória. E se vier a ser descoberto que ele se vacinou enquanto prescrevia cloroquina contra a Covid-19? Já pensou?
Para Bolsonaro, o mar não é de almirante.
*Noblat/Metrópoles
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