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Com medo de ser preso, Bolsonaro terceiriza ataques a Moraes neste 7 de setembro

Nos bastidores, o ex-mandatário cobra maior articulação de seus aliados no Congresso pelo impeachment do ministro do STF.

Em um momento de tensão crescente com o Supremo Tribunal Federal (STF), Jair Bolsonaro (PL) intensificou a pressão sobre seus aliados no Congresso para acelerar o processo de impeachment do ministro Alexandre de Moraes, relata Malu Gaspar, do jornal O Globo. Durante uma reunião na sede do Partido Liberal (PL) com deputados e senadores, Bolsonaro expressou descontentamento com a morosidade na coleta de assinaturas para o pedido de impeachment, que já conta com mais de cem adesões. A expectativa de Bolsonaro é que seus aliados, incluindo seu filho, o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), coordenem melhor o movimento.

Temendo repercussões legais, Bolsonaro tem adotado uma postura cautelosa nos atos públicos. Ele está sob investigação em inquéritos conduzidos por Moraes e busca evitar declarações que possam ser consideradas antidemocráticas e, potencialmente, levá-lo à prisão em flagrante. Em recente entrevista, Bolsonaro fez um apelo a Moraes para “abaixar a guarda” e pediu que o ministro “tire esse coração de maldade da tua frente”.

Por outro lado, durante um evento em Juiz de Fora (MG), na véspera do 7 de setembro, Bolsonaro chamou o ministro de “ditador” e declarou que “aquele ministro do STF não dá mais”. Flávio Bolsonaro reforçou a defesa do impeachment.

A estratégia bolsonarista é que apenas civis e deputados assinem a petição de impeachment, que deve ser protocolada no Senado na próxima segunda-feira. Isso visa preservar os senadores, que terão a responsabilidade de avaliar o pedido, de possíveis acusações de antecipação de voto. A petição popular já ultrapassa 1,3 milhão de assinaturas.

Nos bastidores, Bolsonaro tenta manter distância das ações mais contundentes contra Moraes, delegando a seus aliados a linha de frente dos ataques. Essa abordagem busca evitar desgaste político para o ex-mandatário, ao mesmo tempo em que mantém a pressão sobre o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), para que instaure o processo de impeachment, apesar das declarações de que não pretende fazê-lo.

O pastor e empresário Silas Malafaia, um dos convocadores do ato na Avenida Paulista, deve ser o porta-voz mais incisivo durante o evento. A equipe de Bolsonaro está apreensiva com o tom que o religioso adotará, dado seu histórico de declarações inflamadas contra o STF.

Apesar do esforço de Bolsonaro e seus aliados, a viabilidade de um impeachment de Moraes ainda é incerta. Senadores moderados afirmam que, atualmente, a bancada conservadora não possui os votos necessários para aprovar o processo, o que exige maioria simples (41 votos) para abertura e dois terços (54 votos) para cassação. Contudo, mesmo uma derrota no plenário seria vista como um recado simbólico ao ministro e ao Supremo

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O covardão poderá fugir a qualquer momento com medo de ser preso

Todo cuidado com ele é pouco

É mais simples do que parece o que Bolsonaro conseguiu ao entrar na Embaixada da Hungria, no Brasil, às 21h37 da segunda-feira de Carnaval em fevereiro último. Até sair de lá, 48 horas depois, espontaneamente ou enxotado, Bolsonaro tornou-se intocável. Com ele ninguém poderia mexer.

Saiu de lá porque quis, ou porque foi convencido de fora a sair, ou de dentro pelo embaixador. Enquanto não saiu, esteve a salvo das leis e da Justiça brasileira – afinal, a Convenção de Viena de 1961 diz que embaixadas e consulados são territórios protegidos e invioláveis.

Quem está dentro pode sair a hora que quiser, e ainda goza de imunidade. Não pode ser preso, por exemplo, a não ser em flagrante. Mas quem está fora só pode entrar se tiver permissão. O primeiro-ministro da Hungria, Viktor Orbán, que se diz amigo de Bolsonaro, autorizou a entrada.

Em janeiro de 2019, Orbán participou da posse do seu colega de extrema direita, em Brasília. Bolsonaro retribuiu a visita na volta da viagem que fez à Rússia em fevereiro de 2022 para solidarizar-se com o presidente Vladimir Putin às vésperas da invasão da Ucrânia. Não, Putin não é comunista.

Bolsonaro é investigado pela Polícia Federal por ter atentado contra a democracia ao longo do seu governo. Seu passaporte foi apreendido para impedir que ele deixe o país. Está proibido de se comunicar com pessoas alvos da mesma suspeita. Vive sendo convocado a dar explicações.

Foi um asilado temporário de Orbán. Burlou as restrições que a Justiça brasileira lhe impôs. Cometeu um crime por isso? Não é crime pedir asilo. Não é crime conceder asilo. Bolsonaro quis reforçar aos olhos dos que lhe dão fé sua condição de perseguido político. É assim que se apresenta.

Naquele mesmo dia, horas antes de entrar na embaixada, Bolsonaro avisara aos seus seguidores que faria um comício, no dia 22 de fevereiro, na Avenida Paulista para tirar uma foto com eles e defender-se das acusações que pesam sobre seus ombros. O comício foi um sucesso, mas nada mudou.

Qualquer pessoa em apuros com a Justiça, sem argumento convincente para brandir a seu favor, pode se dizer perseguida. Provas e fortes evidências reunidas até agora indicam que Bolsonaro é tudo menos um perseguido. Mas ele repete que é e tem gente que acredita. É seu direito.

É direito do presidente do inquérito sobre as ameaças à democracia, o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, pedir satisfações a Bolsonaro. Moraes deu-lhe um prazo de 48 horas para responder porque refugiou-se na embaixada da Hungria, e com qual intenção.

Bolsonaro antecipou-se à pergunta e, em nota postada, ontem à tarde, nas redes sociais, afirmou que sua estada na embaixada foi apenas para atualizar “os cenários políticos das duas nações”. Poderia ter atualizado por telefone, e-mail, ou chamar o embaixador ao seu encontro. Ele iria.

Mas não. Preferiu ir ao encontro dele acompanhado por dois agentes de segurança, carregando malas de roupa. Mandou comprar um pedaço de pizza e providenciar uma cafeteira. E não se sabe o que fez mais por lá. O embaixador entende português, Bolsonaro não entende húngaro.

*Blog do Noblat

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Medo de ser preso e ficar só faz Bolsonaro vestir fantasia de cordeiro

O imbrochável brochou.

Uma velha raposa da política, que pensava já ter visto tudo, mas que não perdeu a capacidade de se surpreender, sugere aos murmúrios no Congresso que Bolsonaro providencie um evento para que Michelle, a primeira-dama, reapareça ao seu lado.

A essa altura, só faltava ser verdade que os dois romperam relações, seja temporariamente, seja para valer, como insinuam línguas pérfidas que conhecem bem o casal. O momento seria especialmente péssimo para Bolsonaro, um homem arrasado.

Duplamente arrasado. Primeiro, porque perdeu e não se conforma. Segundo, porque está com medo de ser preso depois que perder a imunidade. Quando isso acontecer, os processos a que responde em tribunais superiores cairão para a primeira instância.

Então, ele ficará sujeito a decisões de juízes em busca de notoriedade ou interessados em fazer justiça. Assim ganhou fama Sergio Moro, eleito senador, que prendeu e condenou Lula. E Marcelo Bretas aumentou a sua ao mandar prender Michel Temer.

É por isso que vencido o estupor das primeiras 45 horas, aconselhado por amigos e assessores, Bolsonaro começou a berrar como um cordeirinho. Por duas vezes, pediu aos baderneiros que parassem a baderna, tirando o seu da reta e deixando só o deles.

E ao dar ouvidos ao cardeal de Brasília, finalmente acenou para Lula reunindo-se com Geraldo Alckmin, o vice-presidente eleito e chefe da equipe de transição do novo governo. A Alckmin, em breve conversa, disse ainda não estar preparado para receber Lula.

No futuro, quem sabe? Bolsonaro deixou a porta aberta, embora planeje sair pelas portas do fundo do Palácio do Planalto para não passar a Lula a faixa presidencial. Só não quer é mais encrencas com a Justiça, ele pretende preservar os filhos de constrangimentos e ir pescar.

Amarga sozinho o embaraço de ser abandonado pelos antigos aliados mais rapidamente do que supunha. Está aberta a temporada de adesão em massa ao futuro governo; e sob a bênção dos pastores evangélicos que antes oravam por Bolsonaro.

O bispo Edir Macedo, dono da Igreja Universal, da Rede Record de Televisão, do Partido Republicanos e de outros negócios lucrativos, anunciou da Suíça, onde se encontrava em retiro espiritual:

“Eu orei, ‘ó, Deus, quero que Bolsonaro ganhe’. Mas seja feita Vossa vontade, sobretudo, porque o Senhor é quem manda. Então, o que é que eu vou fazer agora? Tocar a vida para frente”.

O pastor que garante uma vaga no céu à ovelha que lhe entregue suas economias perdeu muito dinheiro em Angola, onde tinha investimentos. Suplicou ajuda a Bolsonaro, que, como nunca visitou Angola, não o ajudou. Quem sabe Lula não o ajudará?

O PP de Arthur Lira e de Ciro Nogueira, chefe da Casa Civil de Bolsonaro, já negocia com Lula. Lira quer mais dois anos como presidente da Câmara, o PP quer cargos, e Nogueira finge que não quer nada. O entendimento avança.

De repente, o União-Brasil do deputado Luciano Bivar descobriu que “tem uma dívida com a esquerda”. Que dívida? Segredo. O PSD de Gilberto Kassab, que não é de direita, nem de esquerda, nem de centro, governará com Lula, é só eles se afinarem.

Sem maioria no Congresso, Lula não fará o que pretende. E não é só aprovar os projetos do governo, mas isolar a extrema direita, que não deixará de existir mesmo que Bolsonaro se apague. Portanto, vamos à dança. O imbrochável brochou e recolheu-se.

*Noblat/Metrópoles

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