É certo que, da noite para o dia, o SUS passou de patinho feio a grife, sobretudo porque está estampado no colete do ministro Mandetta.
O SUS, que há décadas, vem sofrendo uma perseguição implacável da grande mídia, mas principalmente da Globo, que apoiou e apoiará sempre cortes de verbas da saúde pública do país, obriga seus detratores a baixarem o tom da crítica e muitas vezes, como é o caso aqui, ter que elogiar um sistema que tem sim problemas e, por isso mesmo precisa de investimento e apoio, mas que é extremamente exitoso naquilo a que se propõe como ferramenta de cidadania que permite que milhões de brasileiros sejam assistidos como cidadãos.
Isso é muito num país que tem a escravidão como herança civilizatória. Portanto, qualquer homenagem ao SUS nesse momento de pandemia, ainda é muito pouco, porque o SUS nada contra a corrente de uma democracia de mercado em que o fundamentalismo é o consumo e, consequentemente o lucro. E a saúde é uma dessas fontes que a ganância tem como uma das joias da coroa a ser conquistada.
Certamente, depois da pandemia, a discussão sobre saúde pública no Brasil vai ganhar a exata dimensão que ela merece. E o SUS será o grande alvo de investimentos públicos, já que sofreu pesados cortes tanto de Temer quanto de Bolsonaro, e com apoio da Globo e congêneres, para atender aos interesses dos mercenários da saúde que tratam as pessoas como clientes e não como pacientes.
Que esta nota de Roberto Irineu Marinho seja devidamente arquivada e apresentada à população todas as vezes em que a Globo fizer seus ataques baixos ao Sistema Único de Saúde do Brasil.
Leia a nota publicada por Roberto Irineu Marinho:
“Dia 23 de março passei por um transplante de fígado realizado pela equipe do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP e que opera também no Hospital Sírio Libanês de SP. Eu tinha uma cirrose hepática não alcoólica devido à gordura depositada no fígado e também ao estresse acumulado durante alguns anos.
Decidi fazer o transplante com os médicos brasileiros inscritos no Sistema Nacional de Transplantes e na Central de Transplantes da Secretaria de Saúde do Estado de São Paulo, que administra a doação e a alocação de órgãos neste estado.
Fiquei na fila por quatro semanas esperando que meu índice MELD (no Brasil se transplanta usando-se o critério de gravidade) subisse para me tornar o próximo candidato. Na segunda-feira dia 23 de março, recebi um telefonema me informando que tinham achado um fígado compatível e que eu era o próximo por ter cumprido todas as exigências da gravidade.
A operação foi um sucesso apesar das dificuldades que uma operação desse porte traz. Já tive alta hospitalar, estou em plena recuperação e só posso agradecer a todos da espetacular equipe de transplantes de fígado do Hospital das Clínicas de SP liderada pelo Prof. Dr. Luiz Carneiro de Albuquerque.
Roberto Irineu Marinho”
*Com informações do 247