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Quanto mais fala sobre as joias, mais Bolsonaro se enrola ou mente

Agora, ele diz que já foi hóspede de um sheik que tinha três mulheres.

Bolsonaro pede de joelhos aos brasileiros que acreditem em tudo o que ele disse às primeiras horas do seu retorno ao país, depois de 89 dias de um confortável exílio auto imposto nos Estados Unidos. Só com hospedagem e alimentação dos seus seguranças, o exílio custou aos cofres públicos mais de 600 mil reais.

A primeira coisa que Bolsonaro contou:

“Um grupo de joias, em 2021, ficou retido na Alfandega. Eu fiquei sabendo, a minha esposa também, pela imprensa.”

O tal “grupo de joias”, no valor estimado em quase 17 milhões de reais, foi apreendido pela Receita Federal em agosto de 2021 no aeroporto de Guarulhos por não ter sido declarado. Só foi noticiado pela imprensa no último dia 3. Bolsonaro quer que acreditemos que ele passou 19 meses sem saber da apreensão.

Mas ao longo desse período, segundo o jornal O Estado de S. Paulo, ele fez oito tentativas de resgatar as joias enviadas para Michelle pela ditadura da Arábia Saudita. Na última, no final de dezembro passado, o emissário, um militar, voou a Guarulhos em avião da Força Aérea Brasileira e voltou de mãos abanando.

Um segundo pacote com joias, e um terceiro, entraram ilegalmente no Brasil na mesma data em que o pacote para Michelle foi barrado. O segundo e o terceiro eram para Bolsonaro, e ele os recebeu, ficando com eles. Devolveu o segundo pacote porque a Justiça, que não sabia da existência do terceiro, obrigou-o. Agora, devolverá o que falta.

Ainda a propósito das joias, ele disse:

São joias caras? Sim, caríssimas, até pela relação de amizade que eu tive com o mundo árabe. Eles têm dinheiro. É o prazer deles dar presente. Têm uma vida, eles são muito bem sucedidos.”

“O mundo árabe é apaixonado por nós. […] O meu relacionamento com ele foi excepcional. Estão aí os presentes que deram para o chefe de Estado ou que mandaram entregar ao chefe de Estado.”

Se as joias, tanto as de Michelle quanto as dele, foram presentes dados para entregar “ao chefe de Estado”, deveriam ter sido incorporadas ao acervo da presidência, como determina a lei. Se declaradas à Receita, seriam liberadas. Mas Bolsonaro levou as dele, e, sem sucesso, tentou levar as de Michelle, mais valiosas.
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“São joias caras? Sim, caríssimas, até pela relação de amizade que eu tive com o mundo árabe. Eles têm dinheiro. É o prazer deles dar presente. Têm uma vida, eles são muito bem sucedidos.”

É tudo tão claro! E à medida que o próprio Bolsonaro narra o escândalo ao seu modo, admite que praticou um crime, ou mais de um. O que não está claro e precisa ser investigado é outra revelação feita espontaneamente por Bolsonaro sobre o remetente das joias. Ele disse em entrevista à emissora amiga Jovem Pan:

“Esse sheik me convidou, eu fui na casa dele, fiquei na casa dele. Ele tem coisas que nós não temos: três esposas, por exemplo. São bem sucedidos, e procuram agradar as pessoas.”

*Noblat/Metrópoles

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Mário Scheffer: Programa de Bolsonaro registrado no TSE mente sobre as mortes pela covid e até erra o nome do SUS

Programa de Bolsonaro registrado no TSE erra o nome do SUS e diz ter evitado um milhão de mortes por COVID.

Por Mário Scheffer, no Estadão – Blog Política & Saúde

Diferentemente de 2018, quando a imagem de Bolsonaro em uma cama de hospital passava a ideia da condição frágil do candidato vítima de atentado, a ordem agora é mostrar o vigor físico, o “histórico de atleta” que o livrou da covid, a disposição em participar de motociatas e pilotar jet sky.

Doente é o outro, motivo de zombaria, quando o presidente imita paciente de covid com falta de ar ou insinua que o cidadão que pretende se vacinar contra monkeypox (a varíola dos macacos) é homossexual.

A saúde do presidente vai bem mas a saúde da população ficou pior.

Nos últimos três anos e meio, a rede pública do SUS encolheu, a cobertura vacinal diminuiu, a mortalidade materna aumentou, e a combinação do trio desigualdade, pobreza e fome determinou mais adoecimentos e mortes.

A realidade contrasta com o capítulo da saúde das diretrizes de governo registradas no TSE pela chapa Bolsonaro/Braga Netto.

O documento mistura autocongratulações com respostas aos ataques que virão de adversários nas próximas semanas.

Antes de desfiar uma lista de glórias do governo federal, a plataforma da coligação “Pelo Bem do Brasil” adverte: “a problemática da saúde é extremamente complexa e com inúmeras variáveis intervenientes”.

O estilo empolado pouco lembra o deboche rasgado do power point depositado no TSE na eleição de 2018.

Quem lê o texto, dessa vez um programa eleitoral tradicional, se depara com linguagem que esconde rarefação de conteúdo e mentiras.

A desastrosa condução do combate à covid, que resultou na perda de mais de 680 mil vidas, virou “marcas invejáveis durante a pandemia”.

Houve de fato a distribuição de 519 milhões de doses de vacinas, conforme destacado no documento.

Já a afirmativa de que “a vacinação evitou cerca de um milhão de mortes no Brasil” é um falso axioma.

O programa se refere a um estudo internacional sobre 185 países, Brasil entre eles, que considerou as mortes evitadas em cada país no período de um ano após o início da imunização.

Existem fartas evidências de que dezenas de milhares de mortes evitáveis já haviam ocorrido no Brasil antes da primeira dose da Coronavac ser aplicada em 17 de janeiro de 2021 em São Paulo.

Ao propor indiciamentos, a CPI da Covid registrou que o governo federal demorou a comprar vacinas, minimizou a pandemia, desacreditou orientações científicas e jogou contra medidas para conter a transmissão do vírus.

No rol de realizações, o programa exalta a “eficiência e ampliação de serviços de saúde às comunidades indígenas”.

Durante a pandemia ocorreu o contrário, os povos indígenas tiveram menor chance de ter diagnóstico precoce, tratamento no tempo certo, um leito de UTI, um respirador.

O indigenista Bruno Araújo e o jornalista Dom Philips, assassinados, dedicaram parte de suas vidas justamente demonstrando que as aldeias têm precárias redes de comunicação, transporte, serviços de saúde e poucas oportunidades de geração de renda.

E que a presença de invasores e a violência associada à ocupação predatória da Amazônia amplificam as doenças transmissíveis na região.

Foram recicladas propostas de 2018, não implantadas até hoje. É o caso do Cartão Nacional de Saúde e da inclusão de profissionais de educação física nas equipes de saúde da família.

Não se toca mais no assunto do “credenciamento universal” e da “carreira de Estado” de médicos. Curioso notar que esses pontos do programa de 2018, largados para lá durante o governo, não prejudicaram a fidelização canina de entidades médicas, que fecham com Bolsonaro em 2022.

Está mantido o silêncio, não há uma linha sequer sobre o subfinanciamento do SUS ou o aumento das mensalidades de planos de saúde, que bateu recorde na atual gestão federal.

Passagens chutadas entregam o desleixo: “os serviços de saúde de qualidade aumentam as possibilidades de desfrutar (sic) de uma vida saudável”, “a boa alimentação inibe o aparecimento de doenças”, “15% do total de internações pelo SUS é atribuído à falta de exercícios físicos”.

Em ato falho, em dado momento do texto, o SUS, batizado há 38 anos na Constituição Federal, muda de nome, é apresentado como “ Sistema Nacional Único de Saúde”, algo “coordenado e dirigido pelo Ministério da Saúde”.

Ora, por lei, a direção do SUS é única, exercida em cada esfera de governo. Nos Estados e municípios quem coordena e dirige o SUS são as secretarias de saúde, tantas vezes desprezadas pelo Ministério da Saúde nos últimos tempos.

Consta na plataforma de Bolsonaro um desenho para o “Caminho da Prosperidade”, baseado na família coesa e empreendedora.

No esquema linear, que liga emprego à riqueza, instituições públicas ficaram de fora.

Ciência, problemas de saúde, pessoas com deficiências, diversidade étnica e cultural, identidades de gênero, não cabem no diagrama.

Antes ilegível, a expressão do que pretende Bolsonaro se eleito por mais quatro anos é apavorante.

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