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Vídeo: Nós batemos na porta da empresa de Singapura que pediu US$ 45 milhões adiantados pela Covaxin

Uma mulher disse que ali, num prédio sem qualquer sinalização da empresa, a Madison Biotech está registrada.

The Intercept – Nos últimos dias, um endereço localizado na movimentada zona central de Singapura se tornou o epicentro da mais nova crise política do governo Jair Bolsonaro. No local, entre cafés da moda e startups, está registrada a empresa Madison Biotech, que, segundo denúncia do deputado federal Luis Miranda e de seu irmão, o servidor do Ministério da Saúde Luis Ricardo Miranda, mandou uma nota fiscal ao ministério cobrando 45 milhões de dólares adiantados pela venda da vacina indiana Covaxin. Os irmãos levaram a denúncia pessoalmente ao presidente Jair Bolsonaro, que prometeu encaminhar à Polícia Federal. A PF não encontrou registro da denúncia.

Na avaliação preliminar dos senadores que coordenam a CPI da Pandemia, a Madison seria uma empresa de fachada usada para ocultar transações irregulares do contrato de R$ 1,6 bilhão para compra do imunizante fabricado pelo laboratório Bharat Biotech. Um expediente típico de paraísos fiscais, como Singapura. Este tipo de operação depende de escritórios que apenas fazem o registro de empresas em países conhecidos por cobrar baixos impostos e permitir pouca transparência em transações comerciais – um ambiente ideal para quem precisa ocultar dinheiro ilegal. São como buracos negros bancários: o dinheiro que cai nesses lugares, com frequência, desaparece do radar das autoridades. Para entidades globais de combate à fome, paraísos fiscais como Singapura aprofundam de maneira abissal a desigualdade no mundo.

O endereço da Madison é de especial importância hoje porque o chefe de importação do Ministério da Saúde, Luís Ricardo Miranda, disse que foi pressionado pelo alto escalão da pasta a assinar uma licença de importação da Covaxin que autorizaria um pagamento antecipado de US$ 45 milhões para a empresa. Miranda se recusou, dizendo que o pagamento não estava previsto em contrato e que a operação era suspeita, e levou o caso para o conhecimento de Bolsonaro.

Na mais nova versão de defesa do governo sobre o assunto, Bolsonaro não levou a denúncia à PF porque teria alertado o ex-ministro Eduardo Pazuello sobre a possível irregularidade. Se ficar comprovado que Bolsonaro foi informado de indícios de corrupção e nada fez, pode ter cometido crime de prevaricação, isto é, deixar de fazer seu trabalho enquanto funcionário público. No caso, a tarefa era encaminhar uma investigação.

Nós batemos na porta da Madison com o auxílio de dois repórteres locais.

Na ensolarada manhã de Singapura, uma mulher chegou ao número 31 da rua Cantonment, endereço registrado da Madison, por volta das 9 da manhã, no horário local (22h no Brasil). Ela confirmou ao repórter Matthew Aslett que o escritório da empresa era ali.

Do lado de fora do prédio, não há qualquer sinalização comercial da Madison. Na porta, apenas uma placa escrito Sashi Kala Devi Associates.

A mulher, que se identificou apenas pelo primeiro nome, Sashi, disse não ser a dona da Madison e que era apenas uma “provedora de serviços” e que, por isso, não poderia fornecer mais informações. Ela informou que o local serve apenas como endereço fiscal da empresa e pediu que o repórter voltasse no horário do almoço, quando poderia conectá-lo com as pessoas certas. Sashi confirmou as suspeitas da CPI: a Madison Biotech não funciona no local.

Mais tarde, o repórter George South encontrou Sashi. Ela deu o telefone que estava salvo no seu celular como de “Srinivas Bharat Biotech”. A mulher também disse que a Bharat Biotech é dona da Madison Biotech. Na quarta-feira, quando tentou explicar o enrosco da Covaxin, o ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Onyx Lorenzoni, também afirmou que a Madison Biotech era uma subsidiária da Bharat Biotech.

Entrei em contato com “Srinivas Bharat Biotech”, que respondeu dizendo que qualquer dúvida seria esclarecida pela assessoria de imprensa. Enviei seis perguntas sobre a Madison, a cobrança antecipada de 45 milhões de dólares e a relação da empresa com Bahrat. Sigo aguardando resposta.

Confira:

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Jamil Chade: Carta ao apresentador Ratinho

Caro senhor Ratinho,

Espero que essa mensagem em forma de coluna encontre o senhor com saúde. Li com muita preocupação suas declarações sobre um eventual caminho que foi sugerido ao Brasil tomar, seguindo os passos de Singapura. Não apenas uma declaração propondo uma intervenção militar é um ataque à Constituição que garante nossos direitos. Mas também uma sinalização alarmante, diante da dimensão do alcance de sua voz.

Pelo que eu li, o senhor afirmou:

“Eu sei que o que vou falar aqui pode até chocar, mas está na hora de fazer igual fez em Singapura. Entrou um general, consertou o país e, um ano depois, fez eleições. Mas primeiro consertou, chamou todos denunciados e disse: ‘vocês têm 24 horas para deixar o país ou serão fuzilados’. Limpou Singapura”.

Sim, Lee Kuan Yew, chamado de “o pai da nação”, estabeleceu o voto. Mas jamais a democracia e muito menos a liberdade de expressão. Eleições ocorrem a cada seis anos. Mas as regras são estabelecidas de uma forma que impedem que a oposição jamais forme um governo. Mesmo quando deixou o poder, Lee ganhou um cargo de “ministro”. No início do século 21, foi seu filho, Lee Hsien Loong, quem assumiu o cargo de primeiro-ministro e deu ao pai o posto de “ministro mentor”.

Mas é sobre nossos colegas jornalistas que eu queria falar. Nessas eleições que o senhor mencionou, a imprensa praticamente não concede espaço para partidos menores ou para vozes discordantes. Não por acaso, o mesmo partido praticamente venceu todas as eleições desde a independência do país.

Mais recentemente, a entidade Repórteres Sem Fronteira (RSF) alertou que Lee, o filho, é sempre muito ágil em abrir processos legais contra jornalistas, ou simplesmente pedir que emissoras e jornais demitam seus profissionais. Alguns, inclusive, são forçados a deixar o país.

Esse mesmo governo elogiado pelo senhor criou a Autoridade do Desenvolvimento da Imprensa, estabelecida com o objetivo de censurar todo e qualquer artigo que seja veiculado no país.

Não é raro que julgamentos contra jornalistas sejam acompanhados por pedidos de prisão de 21 anos. De acordo com a entidade RSF, as autoridades do país asiático enviam emails ameaçando jornalistas com penas de 20 anos de prisão se eles não retirarem histórias do ar.

Leis ainda já foram aprovadas permitindo ao governo controlar a escolha de editores de certos jornais. Cabe também ao governo decidir quais jornais estrangeiros podem ser distribuídos no país. Jornalistas que promovam “hostilidade” ou um “sentimento” de desconforto também podem ser punidos. Fico me perguntando: desconforto para quem?

Nos últimos anos, o mesmo governo elogiado pelo senhor adotou leis para supostamente dar um basta à desinformação. Com uma espécie de Ministério da Verdade, o governo exige que a imprensa divulgue correções quando ele próprio avalia que uma notícia é incorreta.

Em 2019, um blogueiro foi denunciado pelo primeiro-ministro. Motivo: ele compartilhou em suas redes sociais um artigo de um jornal da Malásia que insinuava que o chefe-de-governo de Singapura poderia estar envolvido num esquema de corrupção. Obviamente, uma mentira inaceitável e impensável! Afinal, como o senhor disse, Singapura é “limpa”.

Num ranking de 180 países, a RSF coloca Singapura na 158ª posição em termos de liberdade de imprensa e numa situação mais vergonhosa que a Venezuela de Nicolas Maduro e seus crimes.

Há muito mais que poderíamos tratar. Por exemplo, um casal de amigos meus que vivia por lá optou por deixar o país e seus empregos com altos salários. Não aguentavam mais ter de esconder que se amavam e que sua relação – homossexual – era inaceitável. Mas isso podemos deixar para uma outra carta.

Enfim, esse é o país que o senhor citou como exemplo. Achei que poderia interessa-lo. Confesso que fiquei pensando, enquanto escrevia essa carta, que eu dificilmente poderia fazê-la chegar ao senhor se estivéssemos em Singapura. E, se ela fosse publicada, provavelmente enfrentaria uma pena de prisão.

Saudações democráticas.

*Jamil Chade/Uol

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Saúde

Atenção que não é só febre e tosse: Coronavírus pode silenciosamente se transformar numa pandemia

O surto da doença já deixou 80 mortos e mais de 2.700 infectados em todo o gigante asiático. Vírus está paulatinamente se disseminando pelo mundo.

Os médicos do Hospital Universitário de Wuhan, na província chinesa de Hubei, alertaram na sexta-feira (25) que os primeiros sintomas do coronavírus, chamado 2019-nCoV, não são necessariamente semelhantes aos de um resfriado ou gripe, como pensado anteriormente.

A doença pode começar a se manifestar também sob a forma de problemas no sistema digestivo ou nervoso, relata a agência de notícias oficial chinesa Xinhua.

Diarreia, náuseas, dores de cabeça e fadiga completam o rol referido pelos médicos chineses como sendo os primeiros sinais do coronavírus em muitos pacientes.

Especialistas advertem que sendo estes sintomas tão comuns a outras doenças, dificultam o diagnóstico, confundem com outras enfermidades e levam a uma maior propagação da doença por dificuldades em associar os sintomas diretamente ao coronavírus.

É preocupante o coronavírus poder infectar o portador vários dias antes que se manifestem os primeiros sintomas, o que pode conduzir a um “silencioso” alastramento e a uma pandemia.

Espalhamento do vírus

Na China, segundo os últimos dados, já há 80 mortos e mais de 2.700 infectados. O presidente chinês Xi Jinping admitiu que a “situação é grave” e que a ” propagação do coronavírus” está acelerando.

Além disso, foram confirmados casos da doença em países como Tailândia, Austrália, Singapura, França, Malásia, Japão, Coreia do Sul, Taiwan, Estados Unidos, Vietnã, e Nepal.

Em muitos outros países estão surgindo suspeitas de casos em viajantes que chegam da China. Uma pandemia já pode estar em curso. Os receios com a doença têm levado a um crescimento de receios dos pesquisadores e provocado a queda das bolsas de valores e do petróleo.

 

 

*Com informações do Sputnik