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Zucolotto conversava com Deltan e mandava pra mim, diz Tacla Duran, que promete adiantar provas

O advogado Rodrigo Tacla Duran afirmou nesta segunda-feira (19) que tem provas da comunicação entre o advogado Carlos Zucolotto, compadre de Sergio Moro, e os ex-procuradores da Lava Jato, onde eles teriam negociado um acordo de delação premiada em que se exigia a cobrança de 5 milhões de dólares por fora, para que Tacla Duran pudesse se livrar de denúncias.

A Câmara dos Deputados convidou Tacla Duran para contar como sofreu uma suposta tentativa de extorsão por parte dos expoentes da Lava Jato nesta segunda (19), mas o advogado está com o passaporte retido por autoridades na Espanha graças a uma ação de Sergio Moro. Por conta disso, não conseguiu viajar a Brasília.

Nesta manhã, Tacla Duran falou ao jornalista Joaquim de Carvalho sobre as provas que pretende apresentar contra Moro, Zucolotto, Dallagnol e companhia. O advogado também deve lançar um livro chamado “Testemunho”, em que narrará os bastidores do seu caso, que chacoalhou a República de Curitiba quando Moro ainda era juiz.

Para não me ferrar, eu tinha que fazer um acordo. E, para fazer o acordo, tinha que pagar o valor proposto por Zucolotto. De fato, houve essa situação e conversa entre eles. Isso eu tenho como comprovar. Rodrigo Tacla Duran

Revelações comprometedoras
No livro, Tacla Duran narra que teve encontro com procuradores então liderados por Deltan Dallagnol e, depois disso, recebeu mensagem de Carlos Zucolotto se oferecendo para intermediar o acordo de delação com a Lava Jato.

Nas mensagens, Zucolotto dizia que precisava conversar com DD (Deltan Dallagnol) para acertar os detalhes do acordo que estava propondo. “Eles conversavam sobre o assunto. Vocês vão saber como eles conversaram no momento apropriado. Ele conversava com o Deltan e mandava para mim”, diz Tacla Duran.

Questionado se tem como comprovar que havia elo direto entre Zucolotto e os procuradores de Curitiba, Tacla Duran respondeu que “sim”.

Tacla Duran ainda disse que, à luz de uma recente decisão tomada pela Suprema Corte [leia mais abaixo], ele está analisando os documentos para verificar o que poderá adiantar como provas, antes de depor à Câmara dos Deputados.

“Espero, antes de comparecer pessoalmente, poder adiantar uma série de coisas.”

Outro caminho para se defender
Na entrevista a Joaquim de Carvalho, Tacla Duran contou que quando decidiu não sucumbir à pressão e tentativa de extorsão em Curitiba, ele procurou um advogado para se defender.

“Eles continuaram insatisfeitos e me perseguindo, e eu procurei o Marlus Arns, por indicação de outra pessoa, para tentar abrir um novo caminho para que parassem de me prejudicar.”

Tacla Duran confirmou ao canal Brasil 247 que “quem me apresentou o Marlus foi uma pessoa que já vinha trabalhando com ele. Não tem relação com Zucolotto“, que além de compadre, é sócio de Rosangela Moro em um escritório de advocacia.

O advogado Marlus Arns de Oliveira trabalhava na APAE (Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais) de Curitiba, em contato direto com a então diretora jurídica Rosângela Moro.

Em artigo publicado em maio, o jornalista Luis Nassif revelou que foi o doleiro Wu Yu Sheng quem indicou Marlus Arns para Tacla Duran. Veja o artigo aqui.

Em depoimento à 13ª Vara, Tacla Duran disse, segundo a apuração de Nassif, que “Wu Yu teria relatado que ele também participou das operações de pagamento de taxa de proteção [a advogados]. Depois, Wu teria pago 500 mil dólares ao próprio Marlus Arns para não ser processado em Curitiba. (…) Disse que a operação vinha desde o Banestado, por conta da atuação do então procurador Carlos Fernando Santos Lima e seu pai. Segundo Tacla Duran, o pagamento era feito ao próprio Carlos Fernando.”

Decisão de Toffoli
Ainda na entrevista, Rodrigo Tacla Duran celebrou a recente decisão do ministro Dias Toffoli, do Supremo Tribunal Federal, que na semana passada suspendeu duas ações penais que tramitavam em Curitiba, admitindo que usaram contra Duran uma série de provas nulas obtidas a partir do acordo de leniência da Odebrecht.

“Na verdade, em 2017, quando eu fui na CPMI, eu apresentei evidências de que o sistema Drousys havia sido manipulado. Para mim, é gratificante porque é demonstração de que o que eu disse 5 anos atrás é a realidade dos fatos. O Supremo já havia reconhecido a manipulação das provas para outros réus; e, agora, para mim, reconheceu a nulidade das provas.”

*GGN

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Novas mensagens da Vaza Jato apontam que Dallagnol alertou Moro sobre amizade com Zucolotto

Por Florestan Fernandes Jr, 247 – Uma conversa informal entre dois bons e íntimos amigos num aplicativo de mensagens, em agosto de 2017, auge da operação Lava Jato:

“[Dallagnol para Moro]: Urgente. Acabei de ver agora no facebook que Vcs são amigos no face. O que mais me preocupa é que isso tem um potencial de um escândalo por causa dessa sunguinha “V” que está usando.

Moro: O Zucoloto é um bom amigo e Tacla mente.

Da sunga, era outra época. Conseguiu isso no Facebook de quem? Meu?

Deltan: do facebook dele, e isso que não sou nem amigo dele no face rs… tá lá aberto… o maior risco é a G Magazine descobrir rs”

Esses são apenas alguns dos trechos da conversa que o Brasil 247 teve acesso e que desnuda um diálogo nada republicano, entre o então juiz da 13.ª vara da Lava Jato, Sergio Moro e o seu fiel “escudeiro”, o procurador da República, Deltan Dallagnol.

Os dois comentam as denúncias feitas pelo advogado de Tacla Duran. A conversa revela que o alinhamento espúrio de condutas e estratégias não acontecia apenas nos autos dos processos, mas também nos discursos e respostas que dariam à imprensa.

A dupla combinava, na troca de mensagens, a resposta que daria à jornalista Mônica Bergamo, sobre a denúncia de Rodrigo Tacla Duran, de que o advogado Carlos Zucolotto atuava na melhoria das condições de acordos junto à Força Tarefa de Curitiba e que havia lhe cobrado valores por essa intermediação.

Carlos Zucolotto era sócio da “conje”, Rosangela Moro, em um escritório de advocacia, além de ser padrinho de casamento do casal Moro. Mas a relação próxima não era apenas com o então “juiz universal” da lavajato. Zucolotto foi também advogado do procurador Carlos Fernando dos Santos, este, coordenador da Lavajato em Curitiba. Ou seja, se tratava de um advogado com amplo e irrestrito acesso à “República de Curitiba” e, segundo Tacla Duran, vendia essas facilidades.

Logo depois das denúncias do Tacla Duran, Zucolotto renunciou ao mandato (procuração) no processo em que era advogado do procurador Carlos Fernando. Esse processo tramitava no STJ, onde o procurador da Lavajato buscava o ressarcimento de diárias.

Essas ligações entre Zucolotto e a Força tarefa de Curitiba são muito fortes. Relações de proximidade, sociedade e compadrio, hoje já conhecidas de todos nós. A tal “república de Curitiba”, que de republicana, nada tinha.

O que chama a atenção nessa conversa, agora revelada, é a referência da dupla Moro/Dallagnol a um fato da maior relevância e sobre o qual tentavam combinar uma resposta à imprensa: que a minuta do acordo que Tacla Duran faria com o MPF de Curitiba estava de acordo com as condições indicadas e “negociadas” com Zucolotto. Ou seja, todas as condições do acordo que Zucolotto expôs a Tacla Duran, inclusive a redução da multa, se repetiram na minuta enviada pelos procuradores Júlio Noronha e Roberto Pozzobon. E mais: na conversa, mencionam o fato de que Tacla Duran guardou cópia dos dois arquivos.

A conversa segue com referências à relação íntima entre Moro e Zucolotto, inclusive com fotografias de ambos juntos no Facebook, e à tentativa de desqualificar as denúncias de tráfico de influência e propina. Muito claro que os fatos incomodaram a dupla de juiz e procurador, que na época posavam de justiceiros, detentores exclusivos da verdade e da justiça.

As muitas ilegalidades e o efeito perverso do consórcio Moro/Dallagnol ainda darão muita notícia. Todos estamos ansiosos pelo desenrolar dessa história e, reconheço, com uma pitada de curiosidade sobre a tal foto falada na conversa, da sunga em “v”. Segue o trecho completo que o Brasil 247 teve acesso:

14:33:25 Deltan Caro, ninguém aqui conhece esse advogado. Pesquisamos na internet e apareceu o nome da Rosangela. Vamos fazer uma resposta para a Monica Bergamo, mas queremos saber que relações podem existir para não errar nas informações.

14:33:25 Deltan 1. Rodrigo Duran Tacla diz que, entre março e abril de 2016, ele tratou dos problemas que tinha na Operação Lava Jato com o advogado Carlos Zucolotto Junior, que era seu correspondente em Curitiba. 2. Duran Tacla diz que, quando procurou Zucolotto, outros advogados que o representavam oficialmente já tratavam com os procuradores. E que o procurador Roberson Pozzobon tinha proposto como acordo, por meio desses profissionais, que ele pagasse uma multa de US$ 15 milhões, além de cumprir pena de prisão. 3. Zucolotto, segundo relato de Duran Tacla, disse que poderia fazer uma negociação “paralela” com a Lava Jato para melhorar a proposta do Ministério Público Federal. E que, para isso, teria que receber por fora para “cuidar das pessoas que ajudariam” na missão. 4. Sempre de acordo com o depoimento de Duran Tacla, Zucolotto disse ainda que seu “contato” no MPF poderia conseguir que “DD [Deltal Dallagnol] entre na negociação”. 5. Ainda conforme o depoimento, depois da oferta de Zucolotto, os procuradores Julio Noronha e Roberson Pozzobon enviaram a Duran Tacla, por correio eletrônico, um modelo de acordo com as condições alteradas, iguais àquelas indicadas por Zucolotto em mensagens enviadas a Duran Tacla. Ele diz ter cópia das mensagens de Zucolotto e dessa proposta. 5. Essas condições eram: prisão domiciliar e multa menor. Este é o relato. Eu gostaria de perguntar se: 1. O advogado Zucolotto em algum momento entrou em contato com procuradores da força-tarefa ou com algum interlocutor destes para interferir pelo investigado Rodrigo Duran Tacla. 2. O advogado Zucolotto ainda é advogado do procurador Carlos Fernando dos Santos Lima, como consta em ação trabalhista movida por este para receber diferenças de diárias correspondentes ao ano de 2005. E se Zucolotto o procurou ou o abordou em algum momento para falar sobre o caso de Duran Tacla.

14:33:29 Deltan URGENTE

14:37:14 Deltan Acabei de ver agora no facebook que Vcs são amigos no face

14:39:20 Deltan

15:19:21 Deltan O que mais me preocupa é que isso tem um potencial de um escândalo por causa dessa sunguinha “V” que está usando.

15:19:38 Deltan (tentando manter o bom humor)

15:35:30 Deltan achei o “rascunho cibernético” do livro do Tacla onde ele cita o Zucolotto: http://webcache.googleusercontent.com/search?q=cache:iscl2TFHvW0J:testimonioduran.es/wp-content/uploads/2016/05/rodrigo-duran-tacla-testimonios.pdf+&cd=14&hl=pt-BR&ct=clnk&gl=br

18:05:28 OK. Já falei com Lima e Januário e respondi Bergamo.

18:05:57 O Zucoloto é um bom amigo e Tacla mente.

18:38:29 Da sunga, era outra época. Conseguiu isso no Facebook de quem? Meu?

21:01:14 Deltan

21:02:33 Deltan Tacla mente e muito. Meu receio é o potencial danoso da mentira. Se for contra Vc, é mais fraca (e por isso é esse advogado), mas se for contra mim, não tenho a mesma credibilidade pública que Vc tem, então tenho preocupações com o desgaste. Com outros ataques acostumei, mas esse é muito baixo

21:03:00 Deltan do facebook dele, e isso que não sou nem amigo dele no face rs… tá lá aberto… o maior risco é a G Magazine descobrir rs

21:19:15 Esse negócio do Zucoloto é uma completa mentira. Ele é um amigo próximo e só atua na área trabalhista. Se ele tiver documentos, é porque forjou mas duvido que tenha.

21:20:02 Da foto realmente, tem que tirar do Facebook… O peixe é bonito pelo menos

21:21:04 Deltan rs… acho conveniente, até pela sunguinha “v”

21:22:29 Deltan Eu acho que foi proposital. Queria ‘construir’ a história de modo a o reporter poder contribuir. Então me vinculou ao cara, como se ele me vendesse, apesar de eu não conhecer, e apontou um “amigo” comum, quando ele é amigo seu. Ele quer é nos afastar do caso dele. Até fez o paralelo com o caso do Gilmar.

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