Ano: 2019

Flip, a feira de indústria de livros, terá Bolsonaro na abertura e escritora americana entusiasta do golpe de 1964

Enfim, cai a máscara da indústria livreira. A Flip nunca foi feira literária coisa nenhuma, sempre foi mercantilista, elitista e rasa.

Na verdade, a Flip sempre foi a cara das excrescências chamadas “leis de incentivo à cultura”. E ganhou muito dinheiro com isso.

Se alguém quer entender o que é projeto de cultura neoliberal, estude o sistema montado pela Flip em todos esses anos.

O convescote de Paraty não resistiu ao charme sangrento da milícia bolsonarista.

Isso seria fatal.

Essa gente nunca teve compromisso com literatura, sempre trabalhou com a cabeça em best-seller.

E não me venham falar dos escritores brasileiros medalhonados que ela “promoveu”.

Eles sempre promoveram a indústria do livro e não o oposto.

Por isso, a grana que vai entrar para os produtores do evento e para a indústria do livro com Bolsonaro sendo o paraninfo, não será pouca não, porque será marcada pela abertura de um idiota de fama mundial e dará destaque ao panfleto fascista da estadunidense Elizabeth Bishop, que já descreveu o golpe militar de 1964 no Brasil como “uma revolução rápida e bonita”

A coisa será nesse nível.

A figura que terá papel de destaque na Flip, diz que a suspensão dos direitos no Brasil, a cassação de boa parte do Congresso, torturas e assassinatos produzidos pelo golpe de 1964, segundo a esperta, “tinha de ser feito, por mais sinistro que pareça”

Espero que o banquete bolsonarista signifique o fim daquele piquenique “cultural” feito com grana pública há anos para encher as burras do mercado privado do livro e produzir furúnculos conceituais e outras futilidades.

 

*Carlos Henrique Machado Freitas

Best seller às avessas: livro de Dallagnol encalha e é vendido a menos de 10 reais

“A Luta Contra a Corrupção – A Lava Jato e o Futuro de um País Marcado pela Corrupção”, de autoria do procurador e lançado em 2017, parece que perdeu seu valor de mercado.

Esquecido pela mídia e sem nenhuma credibilidade depois que a Vaza Jato mostrou que ele agia em conluio com Sérgio Moro para prender o ex-presidente Lula a todo custo, o procurador Deltan Dallagnol tem mais um motivo para se decepcionar em 2019. Seu livro “A Luta Contra a Corrupção – A Laja Jato e o Futuro de um País Marcado pela Corrupção”, lançado em 2017, também perdeu seu valor de mercado.

A publicação que chegou a ser vendida por R$ 49,90, hoje custa menos de dez reais. Quem postou a queda vertiginosa do valor do livro de Dallagnol foi o deputado Paulo Teixeira (PT-SP).

 

 

*Com informações da Forum

STF dá 15 dias para PGR se manifestar sobre obstrução de justiça de Carlos e Jair Bolsonaro no caso Marielle

O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), deu um prazo de 15 dias para que a Procuradoria-Geral da República (PGR) se manifeste em dois pedidos para que o presidente Jair Bolsonaro e o filho dele, o vereador no Rio de Janeiro Carlos Bolsonaro (PSC), sejam investigados por suposta obstrução de Justiça nas investigações a respeito do assassinato da vereadora Marielle Franco (PSOL) no ano passado.

“Abra-se vista à Procuradoria-Geral da República para que se manifeste no prazo de 15 dias”, disse Moraes em despacho publicado nesta terça.

Os pedidos apresentados pela Associação Brasileira de Imprensa e pelo PT têm como base o fato de Carlos Bolsonaro ter dito que acessou as gravações da portaria no condomínio Vivendas da Barra, no Rio de Janeiro, onde mora um dos acusados do assassinato da vereadora.

Um porteiro do condomínio — onde Bolsonaro e seu filho também têm casa — disse inicialmente à Polícia Civil que “seu Jair” autorizou, no dia 14 de março de 2018, a entrada do ex-policial militar Élcio de Queiroz no local.

Élcio e o policial reformado Ronnie Lessa, também morador do condomínio, respondem pelo assassinato da vereadora.

 

*Ricardo Brito – Reuters

Chile: polícia chilena comete abusos sexuais e outras violações graves, relatório da Human Rights Watch

Aumentam as denúncias de violência contra mulheres, LGBTs e manifestantes por parte das forças de segurança de Sebastian Piñera nos protestos contra as políticas neoliberais no Chile. Entretanto, ontem (25), o senador aliado do presidente e ex-ministro de Defesa Andrés Allamand afirmou que os casos são justificáveis para “restabelecer a ordem”. “Sem violações dos direitos humanos, é impossível normalizar o país”, disse em entrevista a um canal mexicano.

Nesta terça-feira (26), a Human Rights Watch se reuniu com o presidente chileno para apresentar um relatório sobre os caso protagonizados por carabineros (a polícia chilena) e pelas Forças Armadas. Segundo a organização, foram cometidas graves violações dos direitos humanos, que incluem uso excessivo de força nas ruas e abusos na detenção.

O relatório aponta que os policiais forçam mais mulheres e meninas a se despir do que homens. Uma advogada chilena de direitos humanos contou à entidade um caso em que, apesar de homens e mulheres terem sido presos nas mesmas circunstâncias, policiais forçaram apenas as mulheres a se despir. Também mencionou outros casos em que policiais tocaram os órgãos genitais femininos depois de forçá-las a tirar a roupa.

As manifestações, que ocorrem há mais de um mês, são pacíficas, mas a resposta das autoridades chilenas é desproporcional, o que já foi reconhecido por Piñera ao afirmar que os militares usam força excessiva para conter os protestos. O presidente chileno também já anunciou a intenção de aumentar o número de agentes da polícia nas ruas e de dar novos poderes às Forças Armadas. Ao todo, já foram registrado 26 mortos e mais de 2.300 feridos, segundo o Instituto Nacional de Direitos Humanos (INDH).

O Movimento de Integração e Libertação Homossexual (Movilh), do Chile, já denunciou 16 casos de supostos abusos cometidos por agentes do Estado. De acordo com o INDH, de 17 de outubro até ontem já foram registradas 396 queixas de tortura e maus-tratos pela polícia de Piñera, além de 79 denúncias de violência sexual, incluindo estupro.

Em nota, a Anistia Internacional afirma que a intenção da repressão promovida pelo governo é ferir manifestantes para desencorajar protestos. “A intenção das forças de segurança chilenas é clara: ferir aqueles que demonstram desencorajar o protesto, chegando ao extremo de usar tortura e violência sexual contra manifestantes. Em vez de tomar medidas para conter a grave crise de direitos humanos, as autoridades sob o comando do presidente Sebastián Piñera mantêm sua política de punições por mais de um mês, fazendo com que mais pessoas se juntem ao grande número de vítimas que continua a aumentar até hoje ”, disse Erika Guevara Rosas, diretora das Américas da Anistia Internacional.

 

 

*Com informações da Rede Brasil Atual

 

 

Zeca Dirceu a Guedes: Além de Tchutchuca de banqueiro, Paulo Guedes se mostra um canalha irresponsável

Em abril, Zeca Dirceu foi protagonista de um debate que desestruturou emocionalmente o ministro durante audiência na CCJ da Câmara. Ao ser chamado de “tchutchuca” dos banqueiros, Guedes reagiu com ira: “Tchutchuca é a mãe, tchutchuca é a vó”.

Protagonista de um embate que desestruturou emocionalmente o ministro da Economia de Jair Bolsonaro durante audiência na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara em abril, o deputado federal Zeca Dirceu (PT-PR) comentou as declarações de Paulo Guedes, que defendeu a implementação de um novo AI-5 diante dos discursos do ex-presidente Lula, nesta terça-feira (26) no Twitter.

“O @PauloGuedesReal além de Tchutchuca de banqueiro, agora se mostra um canalha irresponsável. Direto dos EUA, ameaça novamente o país com um novo AI5 e estimula infiltrados, para realizar “quebrar tudo” em manifestações nossas, que sempre foram pacíficas”, tuitou Zeca.

Em abril, a participação de Paulo Guedes em audiência na CCJ foi encerrada após mais de seis horas de duração depois de uma confusão que se formou quando o Zeca Dirceu afirmou que o ministro age como “tigrão” em relação a aposentados, idosos e pessoas com deficiência, mas como “tchutchuca” em relação à “turma mais privilegiada do nosso país”.

“Você não falte com o respeito comigo. Tchutchuca é a mãe, tchutchuca é a vó”, disse Paulo Guedes, profundamente irritado.

 

 

*Com informações da Forum

Urgente!: Dólar chegou a R$ 4,26, mesmo com a intervenção do Banco Central

Os “cidadãos de bem” estão inconformados com a deflagração de um torpedo contra o sono dos “patriotas”. Uma cadeia cíclica de desastres econômicos paira na cabeça de Bolsonaro, promovendo um barata voa no governo.

Aqueles que cultuaram Bolsonaro estão tentando entender uma situação sem solução. Com a disparada do dólar, mesmo com a intervenção do Banco Central, chegando a R$ 4,26, bolsa despenca e juros futuros disparam, afetando, certamente, a totalidade da população brasileira, inclusive dos fanáticos bolsonaristas.

Para piorar, Guedes conseguiu, em poucas horas, criar um pânico no mercado, pois, no primeiro momento, quando o dólar chegou a R$ 4,22, ele disse que não tinha problema nenhum o câmbio subir e que era bom as pessoas se acostumarem, mas, em seguida, o dólar dispara para R$ 4, 26. E o que faz Guedes que acabara de dizer que não tinha problema nenhum o aumento do dólar? Manda o Banco Central intervir, gerando um efeito contrário ao esperado, o dólar teve leve baixa, mas voltou ao patamar anterior.

Nessa gangorra emocional é que o país se encontra agora. Depois de prometerem diuturnamente que o dólar despencaria após a reforma da Previdência.

É nítido que o governo só tem uma saída, usar as reservas de aproximadamente R$ 380 bi deixados pelos governos do PT que Guedes diz que quebraram o Brasil.

 

*Carlos Henrique Machado Freitas

Guedes ameaça o povo com AI5, passa recibo de incompetência, dólar acorda enfezado e chega a R$ 4,25

A torre de marfim de Guedes, que já estava em decomposição depois do fracassado leilão do pré-sal em que os investidores internacionais deram-lhe um toco, desabou pela própria boca do boquirroto em Washington.

Isso, depois que, irritado com o sumiço dos investidores internacionais, o dólar havia chegado nesta segunda (25) a R$ 4,22. Guedes, acuado, passa recibo de que a economia brasileira está mais bêbada do que nunca, trocando as pernas, ameaça a população brasileira com AI5 se alguém reclamar de sua lambança arrogante na economia.

Para quem achava que isso era tudo, não sabe de nada.

A coluna de Lauro Jardim nesta terça-feira (26), mostra uma pesquisa que avaliou que a imagem internacional do Brasil, que já está em frangalhos por conta do governo Bolsonaro, piorou ainda mais. O que significa mais insegurança para o investidor externo e, consequentemente, a disparada do dólar aqui dentro.

O resultado não poderia ser outro, o dólar abre hoje com a cotação de R$ 4,25, com caixa para uma goleada ainda maior. Mas a coisa não para aí. Os juros futuros disparam, como revelou o jornal Valor Econômico.

Tudo isso acontecendo por conta da ameaça de AI5 de Guedes. E o que faz o gênio Bolsonaro? Põe panos quentes? Não. O idiota, borrando-se de medo do Brasil ser contagiado pelas manifestações na América Latina, justifica a ameaça de AI5 como diminuição de crimes comuns. Ou seja, Bolsonaro avaliza o recibo de incompetência de Guedes em lidar com a crise gerada pelo ultraneoliberalismo miliciano que vive o Brasil.

A tentativa tosca de Paulo Guedes enfiar Lula na história chega ao ridículo, quando diz que Lula está insuflando as pessoas a irem para as ruas, quando não tem uma viva alma levantando uma cartolinazinha contra Bolsonaro.

Para piorar, o Chicago boy rococó diz que Lula tem que ter paciência e esperar as eleições para quebrar novamente o Brasil, quando, na realidade, até o Sardenberg, no Jornal da Globo, foi categórico em afirmar que o Brasil ainda está de pé porque lula e Dilma deixaram quase R$ 400 bilhões de reservas internacionais.

Guedes e Bolsonaro caminham numa areia movediça, se ficam calados com esse estado de coisa, a economia afunda, se abrem a boca, afunda de vez e o dólar dispara, como já disparou.

 

*Carlos Henrique Machado Freitas

Guedes põe as baionetas pra fora: novo AI-5 e mentira sobre Eduardo e Lula

Reinaldo Azevedo – O ministro da Economia, Paulo Guedes — e ninguém que o conheça está surpreso com isto — evidenciou que não tem pela democracia mais apreço do que a família Bolsonaro. Em entrevista em Washington, acompanhada por agências de notícias, flertou gostosamente com um novo AI-5 e ainda incorreu numa mentira miserável.

Referindo-se a Lula, disse o ministro: “Chamar o povo para rua é de uma irresponsabilidade. Chamar o povo para rua para dizer que tem o poder, para tomar. Tomar como? Aí o filho do presidente fala em AI5, aí todo mundo assusta, fala o que que é? (…) Aí bate mais no outro. É isso o jogo? É isso o que a gente quer? Eu acho uma insanidade chamar o povo para rua para fazer bagunça. Acho uma insanidade.”.

Então vamos botar ordem na bagunça feita pelo ministro.

Eduardo Bolsonaro especulou sobre a edição de um novo AI-5 numa entrevista concedida a um canal de Youtube no dia 29 de setembro, que foi ao ar apenas no dia 31.

Lula deixou a cadeia apenas no dia 8 de novembro — oito dias depois de a entrevista ir ao ar e 10 dias depois de ser concedida. Logo, não havia como Eduardo estar reagindo ao petista se este fez seu primeiro discurso depois da boçalidade dita pelo deputado.

Ademais, desde que dentro das regras legais, qualquer um pode chamar o povo para ir às ruas. Nestes 10 meses de governo, os bolsonaristas já fizeram isso quatro vezes. Ou o ministro é do tipo que só admite protesto a favor?

Guedes se esforça para exibir certo lustro, mas não esconde uma concepção de poder que não guarda intimidade nenhuma com a democracia. Povo na rua, se ele não gosta da pauta, é bagunça. O ministro Abraham Weintraub prefere a palavra “baderna”.

E Guedes insistiu na mentira factual: “Assim que ele [Lula] chamou para a confusão, veio logo o outro lado e disse é, ‘sai para a rua’, vamos botar um excludente de ilicitude, vamos botar o AI-5, vamos fazer isso, vamos fazer aquilo. Que coisa boa, né? Que clima bom!”

Fica, assim, claro que, para o ministro, a condição para que não se ameace com o AI-5 é não haver protesto. Mais: nas palavras de Guedes, excludente de ilicitude é mesmo uma forma de conter oponentes políticos.

Seja pela mentira factual — Eduardo Bolsonaro falou sobre AI-5 antes de Lula discursar —, seja pelo flerte explícito com a ditadura, porque é disso que se trata ao falar de AI-5, a fala do ministro da Economia é um escândalo.

Ele abusa do fato de setores influentes da sociedade, e com razão, apostarem suas fichas na estabilidade da economia e verem com bons olhos um princípio, ainda que modesto, de retomada do crescimento.

O discípulo do Chile de Augusto Pinochet, no entanto, parece que não sabe mesmo conviver com a democracia. Não sei se Lula e o PT ainda vão fazer um chamamento para sair por quebrando tudo. Duvido. Porque, por óbvio, não têm o grau de estupidez que seus adversários gostariam que tivessem. O fato é que isso, até agora, não aconteceu.

Leio na Folha: “O ministro admitiu que o ritmo das reformas desacelerou no Congresso após a aprovação das mudanças na Previdência e disse que, quando as pessoas começam a ir para as ruas “sem motivo aparente”, é preciso “entender o que está acontecendo” e avaliar se é possível prosseguir com a agenda liberal. “Qualquer país democrático, quando vê o povo saindo para a rua, se pergunta se vale a pena fazer tantas reformas ao mesmo tempo.”

Acompanho política desde os 14 anos. Estou com 58. Nunca vi governo nenhum, em nenhum lugar do mundo, admitir que o povo tem motivos para ir às ruas. Para quem está no poder, será sempre “sem motivo aparente”.

Quando ainda candidato à Presidência, já tendo Paulo Guedes como seu braço direito em economia, Jair Bolsonaro deu apoio incondicional à greve dos caminhoneiros. Não lhe ocorreu chamá-la, então, de terrorismo. Guedes, por óbvio, também ficou de bico calado. Aquele movimento custou perto de um ponto percentual ao PIB brasileiro.

Indagado se Bolsonaro havia desacelerado as reformas por medo de Lula, Guedes respondeu: “Aparentemente digo que não (Bolsonaro não está com medo do Lula). Ele só pediu o excludente de ilicitude. Não está com medo nenhum, coloca um excludente de ilicitude. Vam’bora.”

Epa! Excludente de ilicitude é sinônimo de atirar para matar. Em nome das reformas?

Perguntaram a Guedes se ele acha o AI-5 concebível em alguma circunstância. O ministro foi irônico e agressivo, como de hábito: “É inconcebível, a democracia brasileira jamais admitiria, mesmo que a esquerda pegue as armas, invada tudo, quebre e derrube à força o Palácio do Planalto, jamais apoiaria o AI-5, isso é inconcebível. Não aceitaria jamais isso. Está satisfeita?”.

Vale dizer: ele acha, sim, concebível. E aí decidiu passar uma mensagem ao Brasil: “É irresponsável chamar alguém para rua agora para fazer quebradeira. Para dizer que tem que tomar o poder. Se você acredita numa democracia, quem acredita numa democracia espera vencer e ser eleito. Não chama ninguém para quebrar nada na rua. Este é o recado para quem está ao vivo no Brasil inteiro”.

Quem falou em quebradeira, ministro? Quanto a tomar o poder, eis o objetivo de qualquer partido. Lula, em algum momento, falou em tomar o poder pelas armas? E aí veio o flerte explícito de Guedes com a ditadura: “Sejam responsáveis, pratiquem a democracia. Ou democracia é só quando o seu lado ganha? Quando o outro lado ganha, com dez meses você já chama todo mundo para quebrar a rua? Que responsabilidade é essa? Não se assustem então se alguém pedir o AI-5. Já não aconteceu uma vez? Ou foi diferente? Levando o povo para rua para quebrar tudo. Isso é estúpido, é burro, não está à altura da nossa tradição democrática.”.

É isso. Ou se pratica a democracia segundo a entende Paulo Guedes — e, claro!, Bolsonaro — ou, então, vem o AI-5. É uma fala duplamente asquerosa: ameaça os contemporâneos com uma nova ditadura e justifica o regime dos porões, que censurou, torturou e matou.

Guedes está disposto a modernizar o Brasil a qualquer custo, não é mesmo?

As referências explícitas de Paulo Guedes a excludente de ilicitude e ao AI-5 evidenciam que estamos lidando com um governo que considera, sim, sob certas circunstâncias, a imposição de medidas de exceção, também chamadas de “golpe de estado”.

Para tanto, basta culpar os esquerdistas de sempre. Como faz Guedes, o modernizador.

 

*Reinaldo Azevedo/Uol

Contra ameaça de ditadura, Lewandowski se manifesta: Bolsonaro pode sofrer impeachment

O emprego das Forças Armadas em operações para garantia da lei e da ordem pode “prestar-se a sufocar franquias democráticas”, alerta o ministro do Supremo Tribunal Federal Ricardo Lewandowski. Segundo ele, Jair Bolsonaro “sujeita-se a processo de impeachment caso venha a atentar contra o exercício dos direitos políticos, individuais ou sociais”.

O ministro do Supremo Tribunal Federal Ricardo Lewandowski criticou as ameaças à volta de práticas ditatoriais por parte do governo Jair Bolsonaro, que enviou ao Congresso Nacional um projeto com o chamado um excludente de ilicitude em ações do Garantia da Lei e da Ordem (GLO). De acordo com Lewandowski, Bolsonaro sujeita-se a processo de impeachment “caso venha a atentar contra o exercício dos direitos políticos, individuais ou sociais, extrapolando os rigorosos parâmetros que norteiam a atuação presidencial naquelas situações”.

“Nem se imagine que a intervenção federal, o emprego das Forças Armadas em operações para garantia da lei e da ordem ou a decretação do estado de defesa e de sítio —estes concebidos para enfrentar graves comoções internas, calamidades públicas de grandes proporções e agressões armadas externas, dentre outras crises— podem prestar-se a sufocar franquias democráticas”, disse o ministro em texto publicado no jornal Folha de S.Paulo.

“É que tais medidas extremas não só estão estritamente balizadas no texto constitucional como também se encontram submetidas ao controle parlamentar e judiciário quanto à legalidade, razoabilidade, proporcionalidade, demarcação espacial e limitação temporal”, complementou.

 

 

*Com informações do 247

 

Lava Jato trouxe insegurança jurídica e moldou quadro político, concluem especialistas

Há cinco anos do início da operação “lava jato”, operadores de direito e políticos apontam que o saldo final pode ser mais negativo do que positivo.

O criminalista Pierpaolo Bottini, no evento “Impactos da lava jato”, realizado nesta segunda-feira (25/11) e São Paulo, opinou que a omissão do Supremo Tribunal Federal em coibir os abusos da força-tarefa foi responsável por parte dos pontos negativos da operação.

“O STF não questionou conduções coercitivas e uma série de coisas que foram fazendo o Ministério Público Federal se sentir cada vez mais confiante a cometer excessos”, comenta.

“Agora os tribunais começaram a combater esses excessos. Um movimento que é fundamental para manter a integridade do Estado de Direito”, diz.

Bottini explicou que um dos efeitos mais negativos da “lava jato” é a polarização dos tribunais e uma “insegurança jurídica brutal”. “Precisamos voltar ao sistema em que um advogado pode exercer seu trabalho e garantir os direitos de seus clientes sem que isso seja visto como uma ofensa brutal”, diz.

Para o especialista em Direito Empresarial Walfrido Jorge Warde Junior, a operação praticamente inviabilizou muitas empreiteiras. “Em dado momento, as empreiteiras não tinham mais capacidade de captar dinheiro e de participar de licitações. Quando uma empresa como a Odebrecht vai se inviabilizando, ela afeta toda uma cadeia produtiva”, diz.

Segundo ele, o impacto econômico da “lava jato” foi desastroso. Sobretudo para o setor de infraestrutura. “Não tivemos capacidade de salvar essas empresas e punir seus dirigentes”, resume.

Walfrido também pondera que o instituto dos acordos de leniência não foi pensado para salvar 29 empresas. “Tivemos um setor inteiro envolvido na “lava jato”. Um setor fundamental para o desenvolvimento do país”, comenta.

O advogado também condenou a busca de protagonismo institucional por parte de alguns membros do Ministério Público. “As empresas foram destruídas e seus dirigentes seguiram ricos. Tivemos juízes de 1ª grau fazendo política”, resumiu.

Impacto político

Líder do MTST e candidato à presidência pelo PSol em 2018, Guilherme Boulos fez uma análise histórica do impacto da “lava jato” no quadro político brasileiro.

“A força-tarefa foi decisiva do ponto de vista político para explicar aonde chegamos atualmente. O seu impacto político não foi criado apenas pelo Moro. O discurso dos apoiadores da “lava jato” é uma reedição do discurso do udenismo. Aquela coisa do Carlos Lacerda de usar o combate à corrupção como instrumento para ataques políticos contra líderes populares.”

Ele também citou coincidências históricas nas acusações dos ex-presidentes Juscelino Kubitschek e Lula. “Os dois foram acusados de serem donos de um tríplex e impedidos de disputar a eleição em que eram favoritos”, comenta.

Já para o jornalista e comentarista político Reinaldo Azevedo, um dos pontos negativos da “lava jato” é o culto a personalidade do ex-juiz e atual ministro da Justiça de Bolsonaro, Sergio Moro. “Ele foi beatificado pela imprensa. A imprensa adotou uma dinâmica de servidão voluntária em relação a essa operação que eu sempre me coloquei contra”, diz.

O jornalista lembra que, antes do escândalo da “vaza jato”, criticar a força-tarefa de Curitiba era um verdadeiro tabu. “Criticar a “lava jato” virou ser sinônimo de ser a favor da corrupção. Toda crítica a essa operação passou a ser atacada”, diz.

Azevedo também criticou o uso do instituto da delação premiada pelo MPF. “Uma lei que dá a Sérgio Cabral a chance de decidir a eleição no Rio de janeiro. Precisa ser revista”, argumenta.

 

 

*Com informações do Conjur