A televisão, de forma geral, há muito perdeu sua capacidade de cumprir uma programação que abarque o sentimento nacional. Com isso, o programa de Drauzio Varella, no Fantástico do último domingo, com a rotina de 700 mulheres trans presas em presídios masculinos, tocou profundamente as pessoas e as redes sociais refletiram isso.
A atitude humana de uma figura como Drauzio Varella, tratando com tanto afeto e respeito humano as entrevistadas, mostrando seus dramas sem apelos emocionais, trouxe dois dados fundamentais, a sociedade brasileira como um todo é muito maior do que o julgamento que fazem dela.
Mas algo nesse programa, que tanto emocionou as pessoas, diz muito mais.
A adesão ao discurso do ódio homofóbico disseminado por Bolsonaro e seus acéfalos profissionais não encontra verdadeiramente eco na sociedade.
E é nesse ponto que precisamos focar a nossa atenção e não confundir barulho preconceituoso com um sentimento coletivo.
A produção do discurso de ódio de Bolsonaro é uma coisa, passou a vida como um subpolítico que viveu de restos do baixo clero, adulando policiais, militares e milicianos, em muitos casos, como sabemos, isso acaba se confundindo pela própria relação estreita que sempre tiveram. No entanto, o Bolsonaro candidato e, agora, presidente, não atua mais como aquele idiota psicopata, movido por um caldo de rancor, complexo de inferioridade e muita frustração pessoal e não perguntem por que, mas isso está explícito na personalidade do ogro.
O Bolsonaro de agora nada tem a ver com aquele. Seu personagem atual é profissional, lógico, dentro do limite intelectual do sujeito que, como sabemos, tem a elasticidade de um concreto.
Mas ele segue à risca uma cartilha só que diz ser conservadora, mas de conservadora nada tem. É uma cartilha de oportunistas eleitorais que trabalha com o senso comum de uma parcela restrita e muito bem definida da sociedade, onde se misturam religiosos, homofóbicos, reacionários, misóginos e etc. Mas são pessoas que, normalmente, no cotidiano são malvistas, por serem incapacitadas de viver em civilização, pouco importando a sua condição social.
O ódio dessa gente é uma entidade psicológica, pois ela vive viu nesse discurso a oportunidade de por pra fora o orgulho de ser o que é, sobretudo quando se une ao bando ou ao gado, como queiram. Aí a histeria coletiva fala mais alto e ganha um diapasão para dar a impressão de grandeza.
Mas como se observa hoje nas redes sociais, os milhares de elogios que o programa do Fantástico com Drauzio Varella recebeu, percebemos que, no conjunto da obra, o Brasil, na verdade, defende-se do ódio bolsonarista com o coração de Drauzio Varella.
Essa reportagem do Drauzio Varella sobre a rotina das mulheres trans presas foi tão pesada, mas ao mesmo tempo foda e necessaria
tenho muito respeito por esse vovô pic.twitter.com/r0d4wrDoUR
— renato (@renatordsj) March 2, 2020
2 respostas em “Vídeo: Contra o ódio bolsonarista, O Brasil vai de Drauzio Varella”
Parabéns, querida Celeste, pela oportuna matéria e postagem do vídeo!
Acompanho Você há anos no “A Postagem”, e mais recentemente em seu portal, o “Antropofagista”, que já compartilhei em meu arremedo de blogue chamado “O caminho se faz ao caminhar” (schabibhany.blogspot.com).
Além da peculiar sensibilidade e profunda humanidade na abordagem do tema, Você, em sua coerente análise política, tem o dom de nos fazer despertar para a Vida, que não se resume ao muitas vezes estéril debate ideológico.
Muito obrigada pelo carinho Schabib. Agradeço imensamente. Um carinhoso abraço.