Com enorme rejeição no sudeste e nordeste, reeleição de Bolsonaro virou quimera

Não é sem motivos que o Palácio do Planalto entrou no modo desespero. Bolsonaro perde altitude de forma acelerada e, consequentemente, a corrosão da economia provocará um esvaziamento ainda maior em sua campanha em 2022.

A desaprovação a Bolsonaro é maior no Sudeste e Nordeste do que em outras regiões do país, aponta pesquisa Exame/Ideia. De acordo com o estudo, 66% dos eleitores nordestinos desaprovam a atual gestão do chefe do Executivo. No levantamento anterior, realizado em janeiro, este índice era de 40%. No Sudeste, a reprovação alcança 54%, ante 35% da pesquisa anterior.

Ou seja, a crise chegou fortemente na classe média brasileira.

Isso não significa que a candidatura de Bolsonaro está morta, se ele não terá  diploma de gestor, como bem lembrou Lula, ainda tem uma fresta na porta porque tem a caneta na mão e um orçamento que amplia suas conversas políticas.

Lógico que essas bobagens graúdas como a cretina farsa da facada sendo requentada, mostram que Bolsonaro não tem como montar algo parecido com o projeto de 2018. Para se chegar a essa conclusão, não é preciso decifrar nenhum mistério, Bolsonaro berra sozinho por sua reeleição.

Aquele homem rude que comia com faca, baforava no copo, chupava os dentes para se fingir de pai dos burros, perdeu essa pífia “excelência”. Falsear outra vez a facada terá resultado de um espirro que não modificará nada, nem mesmo a sobremesa do banquete de lambanças que será apresentado pelos demais candidatos contra seu governo.

Bolsonaro não consegue nem sorrir em meio a um banho de água fria que dobra de intensidade a cada dia sobre sua reeleição.

Na verdade, sua imagem não tem estar mais saturada, ele está de fato na grota funda afogado em diversas crises, a sanitária, que matou mais de 614 mil brasileiros, a econômica, que está num poço três palmos abaixo do fundo sem tubo de respiração. e a moral, em que a samambaia já dobrou os seus cabelos revelando a cascata de crimes que envolvem todo o clã familiar.

Mas na realidade, a matéria que lhe trará fumo forte na asa será o preço do combustível e a política criminosa da Petrobras iniciada por Temer e continuada por Bolsonaro que, em última análise, é o que está devolvendo o Brasil à condição de roça, ou seja, abaixo da condição de fazendão.

Nada adianta o cabresto eleitoral que a bancada BBB, (bala, bíblia e boi). Isso é o mesmo que coçar cabeça de milho, porque não se vê nem toucinho baixar de preço, ao contrário, o brasileiro vive um inferno, muitos sobrevivendo de quebra galho, disputando com morcegos o esterco da coruja.

O Palácio do Planalto hoje é um palhão de milho seco e nada vale os argumentos que Bolsonaro tem gravado. Nesse sujeito, para a população, tudo fede a enxofre. E se para ser salvo do barranco que se enfiou, precisa repetir que não vai se opor ao mercado, mantendo a pornográfica política de preços da Petrobras, colocando-se como o próprio pai da tragédia brasileira.

Assim, sua candidatura à reeleição, se não pode ser considerada falecida, é por obra da cautela que se deve ter com o “já perdeu”. Mas a degradação de sua imagem é proporcional ao aumento dos preços das coisas, sobretudo dos alimentos.

Claro, sem dizer que, durante seus três anos de governo, o Brasil não ficou parado, andou para trás em velocidade máxima, principalmente no que diz respeito a desemprego, bico, miséria e fome, fazendo com que a palavra de Bolsonaro tenha tanto valor quanto a moeda brasileira diante do dólar.

Todos sabem que, em política, a palavra acaso não existe. Bolsonaro só foi eleito em 2018 através de uma trama macabra de dois punguistas, ele e Moro, que combinaram de encarcerar Lula para Bolsonaro vencer a eleição e Moro ser ministro e, em seguida, candidato à presidência.

Desta vez o atirador de plantão que, de tocaia, operou contra Lula, não está escondido, não é mais juiz e, para piorar, ainda é candidato.

Diante de toda essa mistura, não há general, que bufe golpe na boca da onça contra Lula. Bolsonaro está atolado até o pescoço e, quanto mais mexe, mais fede e afunda.

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Por Carlos Henrique Machado

Compositor, bandolinista e pesquisador da música brasileira

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