Mês: março 2023

Racismo religioso cresce no país, prejudica negros, corrói democracia

Agência Senado — É provável que as religiões de matriz africana nunca tenham aparecido tanto na imprensa brasileira quanto nas últimas três semanas. As notícias, porém, foram todas negativas.

Uma adolescente de 14 anos sofreu a humilhação de ser barrada na entrada da escola, em Sobradinho (DF), porque usava um colar ritualístico da umbanda. A modelo Letticia Muniz, por sua vez, foi xingada nas redes sociais e perdeu 5 mil seguidores depois de postar um vídeo do seu batismo na mesma religião.

A mãe de uma criança de um colégio de Salvador escreveu diversos ataques às religiões afro-brasileiras num exemplar do livro infantil Amoras, do rapper Emicida, que passou de mão em mão na sala de aula. Nas páginas que tratam dos orixás, ela acusou o autor de disseminar “blasfêmia” e “ideologia” de “religiões anticristãs”.

Na notícia mais rumorosa de todas, três participantes brancos do programa Big Brother Brasil, da TV Globo, ficaram aterrorizados ao ver o colega negro Fred Nicácio fazendo, antes de dormir e em silêncio, as orações do culto de Ifá. Um deles avisou que abandonaria o reality show caso Nicácio insistisse nas rezas.

Esse quatro exemplos recentes de comportamento atendem pelo mesmo nome: racismo religioso. Trata-se do ataque a pessoas negras pelo simples fato de seguirem a umbanda, o culto de Ifá ou qualquer outra religião afro-brasileira, como o candomblé, o batuque, a encantaria, a jurema, o nagô-vodun, o tambor de Mina, o terecó, o xangô e o xambá.

A violência pode se materializar de maneiras ainda mais explícitas e cruéis. Não são raros os casos de pessoas insultadas e atacadas na rua e terreiros fechados pela hostilidade da vizinhança, expulsos de favelas pelo fuzil dos narcotraficantes ou milicianos e até reduzidos a cinzas por incêndios criminosos.

O racismo religioso continuará protagonizando o noticiário nos próximos dias, já que 21 de março acaba de se transformar, por força de lei (Lei 14.519), no Dia Nacional das Tradições das Raízes de Matrizes Africanas e Nações do Candomblé. A ideia é que a data comemorativa motive a cada ano debates, esclarecimentos e propostas de solução.

Os pesquisadores que se debruçam sobre o racismo religioso explicam que ele é um dos tentáculos do racismo estrutural, a complexa engrenagem política, econômica e social que faz dos negros brasileiros uma minoria em termos de poder, embora sejam a maioria numérica (56% da população nacional).

É por força do racismo estrutural que esse grupo tem a renda mais baixa, ocupa os piores postos de trabalho, assume poucos cargos políticos, é a maior vítima da violência, ocupa grande parte das vagas dos presídios, tem menos escolaridade, mora nos bairros mais precários, morre mais cedo etc.

Mas de que forma chamar alguém pejorativamente de “macumbeiro” ou agir sutil ou explicitamente para que sua religião desapareça ajuda a prender os negros como um todo aos degraus mais baixos da sociedade? Para responder, o babalorixá (pai de santo) Sidnei Barreto Nogueira, doutor em linguística e semiótica e finalista do Prêmio Jabuti com o livro Intolerância Religiosa (Editora Jandaíra), recorre à história do Brasil:

“As origens do racismo estão no período colonial. Para justificar a escravização e a transferência forçada dos africanos para o Brasil, os europeus criaram uma hierarquia no mundo. Tudo que caracterizasse os pretos seria inferior, da cor da pele à organização social, do comportamento à produção cultural. Foi uma forma deliberada de desumanizá-los, coisificá-los. Sendo reles coisas, os pretos puderam ser escravizados à vontade, sem que os brancos carregassem o peso da culpa. Como parte desse processo, também as crenças foram hierarquizadas. A religião dos pretos, assim, não passaria de magia, superstição, idolatria, bruxaria.”

De acordo com Nogueira, o sincretismo religioso típico dos escravizados não foi algo natural. Tratou-se, na realidade, de uma estratégia de sobrevivência cultural. Eles decidiram inserir elementos da crença católica nas religiões africanas de modo a não serem reprimidos e, ao mesmo tempo, manterem algo de suas culturas ancestrais. É por isso que a umbanda e o candomblé, embora tenham inúmeras características africanas, não existem na África.

O babalorixá explica que a Lei Áurea, de 1888, acabou com a separação do Brasil entre senhores e escravizados, mas não foi suficiente para eliminar a hierarquização racial:

“O racismo estrutural se adaptou aos novos tempos. Os pretos continuaram sendo tratados como não humanos e sustentando aquilo que hoje se conhece como “privilégio branco”. Livraram-se dos grilhões, mas não da exploração. É por essa razão que muita gente, deliberada ou inconscientemente, enxerga as religiões de matriz africana como inferiores às religiões hegemônicas. É isso que explica hoje o racismo religioso”.

A historiadora Valquíria Velasco, que nos próximos dias defenderá uma tese doutorado na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) sobre o racismo religioso e oferecerá um curso on-line na Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) sobre como combatê-lo, explica que a grande acusação que recai sobre as religiões de matriz africana é a de que idolatram o demônio e praticam o mal:

“A demonização dessas religiões é algo que vem desde os tempos da colonização. O estigma colou. Na realidade, não há nada mais manipulador e falso. O demônio é uma figura que não existe nas religiões afro-brasileiras. Da mesma forma que inúmeras outras religiões, incluindo a católica, as umbandas e os candomblés acreditam em Deus, são monoteístas, pregam o amor, defendem valores morais e sociais, contam com orações, cânticos, danças e oferendas e têm sacerdotes que vestem roupas especiais e celebram cultos.”

Há, contudo, uma diferença importante. De acordo com a historiadora, as religiões de matriz africana não se julgam superiores, são tolerantes à diferença, não acusam as demais crenças de serem erradas e não têm o arrebanhamento do maior número possível de novos seguidores como missão.

Em sua dissertação de mestrado, também produzida na UFRJ, Velasco estudou a perseguição religiosa nas primeiras décadas da República brasileira. Ela encontrou em jornais e inquéritos policiais da época inúmeros relatos sobre terreiros que foram fechados e sobre sacerdotes e seguidores que foram mandados para trás das grades.

O Código Penal de 1890 enquadrava quem praticava “o espiritismo, a magia e seus sortilégios” e usava de “talismãs e cartomancias para despertar sentimentos de ódio ou amor”, com pena de multa e até seis meses de prisão. Era o que bastava para transformar pais e mães de santo em bandidos.

“No início do século passado, não era barato tirar fotografia. Mesmo assim, sempre que havia uma batida policial num terreiro, os jornais faziam questão de publicar alguma foto daquelas pessoas com roupas e instrumentos ritualísticos — continua a historiadora. — Tanto o poder público quanto a imprensa ajudaram a reforçar o estigma, que sobreviveu ao tempo. Hoje em dia, quando um negro aparece vestido de branco, ele é imediatamente tachado de “macumbeiro”. Quando é um sujeito de pele clara, é visto como médico.”

Reportagem publicada em 1918 na Gazeta de Notícias noticia batida policial em terreiro no Rio de Janeiro Biblioteca Nacional Digital

Quando se paramentam assim e saem em público, os religiosos costumam sentir uma mistura de orgulho e medo. Em 2015, uma menina de 11 anos foi parar no hospital depois de levar uma pedrada na cabeça quando caminhava na rua, no bairro da Vila da Penha, no Rio de Janeiro. O ataque foi motivado por sua vestimenta: um vestido longo branco, um turbante da mesma cor e fios de contas no pescoço e nos braços. A jovem saía de um terreiro de candomblé. Os agressores, de um culto evangélico. Era domingo. Antes de apedrejá-la, eles levantaram suas bíblias, bradaram “Jesus está voltando” e a chamaram de “diabo”.

Valquíria Velasco discorda de quem tenta justificar o racismo religioso alegando, como atenuante, que os brasileiros têm “medo do desconhecido”. A historiadora compara:

“Quando viajam para o exterior, os brasileiros adoram tirar fotos de mesquitas, sinagogas e templos xintoístas ou budistas. Ficam maravilhados. A verdade é que essas religiões também são desconhecidas da maioria dos brasileiros, mas não provocam medo. Isso significa que no Brasil, quando se trata das religiões de matriz africana, o que de fato desperta aversão e ódio é, sem dúvida, a pele preta dos devotos.”

Ela entende que a perseguição religiosa vem sendo mais discutida nos últimos tempos no Brasil por causa da reação dos movimentos negros ao governo Jair Bolsonaro, que negava a existência de discriminação racial no país, e em razão dos debates internacionais em torno do racismo estrutural levantados pelo assassinato do negro americano George Floyd em 2020. Outro fator importante, segundo a historiadora, foi a adoção da Lei de Cotas (Lei 12.711) em 2012, que levou mais negros às universidades públicas e, por tabela, ampliou os estudos científicos sobre o racismo.

De acordo com o Censo de 2010, apenas 0,3% da população brasileira diz seguir alguma religião de matriz africana. Uma pesquisa mais recente, feita pelo Datafolha em 2020, encontrou um índice maior, ainda assim baixo, de 2%. Nos próximos meses, os resultados do Censo de 2022 serão divulgados com os dados mais atuais.

Para os pesquisadores da questão, não importa o número apresentado pelas pesquisas, ele sempre será inferior à realidade. Justamente por temer o racismo religioso e suas violências, muitos negros adeptos das religiões afro-brasileiras preferem não se identificar como tais. Além disso, outros tantos têm vontade de seguir a crença de seus antepassados, mas decidem não fazê-lo em nome da própria segurança.

Um levantamento realizado pela instituição Ilê Omolu Oxum e pela Rede Nacional de Religiões Afro-Brasileiras e Saúde (Renafro) com 255 pais e mães de santo em todo o país em 2022 mostrou que 60% dos terreiros sofreram pelo menos um ataque nos dois anos anteriores. Além disso, 80% dos líderes entrevistados relataram que pessoas de suas comunidades já sofreram algum tipo de violência motivada por racismo religioso.

Fred Nicácio, vítima de racismo religioso no programa Big Brother Brasil – Instagram/Fred Nicácio

Em 2015, no Paranoá (DF), o terreiro de candomblé conduzido pela ialorixá (mãe de santo) Mãe Baiana foi devastado por um incêndio criminoso. Ela, que hoje tem 70 anos, lembra que até mesmo os representantes do poder público que deveriam ajudá-la agiram de forma racista na ocasião:

“Quando um dos bombeiros soube que era um terreiro, ele logo anunciou que a causa do fogo foi um curto-circuito. Nem investigação fez. Esse oficial era evangélico. Eu sei disso porque ele citou Jesus várias vezes e conversou comigo mantendo distância. Toda vez que me aproximava, ele dava um passo para trás, como se eu fosse um bicho. Também tive problemas com a polícia. Uma delegacia não quis fazer o boletim de ocorrência alegando que o terreiro não ficava na sua área e me mandou para outra delegacia, que também me dispensou usando o mesmo argumento. Precisei agir com firmeza para enfim ser atendida.”

O terreiro de Mãe Baiana foi reconstruído com dinheiro doado pelos seus 40 filhos de santo e por outros terreiros. Mesmo em situações corriqueiras, o poder público evita o local. Ela conta que os agentes de saúde encarregados de vistoriar os imóveis em busca de focos do mosquito aedes aegypti simplesmente ignoram o terreiro porque imaginam que lá vão “dar de cara com o capeta”.

“Eu sou obrigada a morar no terreiro”, ela continua. “Preciso estar aqui o tempo todo. Sei que, se eu sair e deixá-lo sozinho por dez minutos, o terreiro vai estar apedrejado quando eu voltar. É difícil entender por que há tanta perseguição, já que somos uma religião que só prega o amor e a paz. Se fôssemos uma religião de brancos, tenho certeza que não se incomodariam conosco.”

A antropóloga Ana Paula Miranda, que é professora na Universidade Federal Fluminense (UFF) e há 15 anos estuda o ataque às religiões de matriz africana, compara o racismo religioso a um iceberg, do qual a pequena ponta que emerge da água e pode ser vista a olho nu é o preconceito religioso e a grande massa que fica submersa e é não pode ser enxergada com facilidade é o racismo.

“No ataque às religiões de matriz africana, mesmo que o agressor não explicite o seu racismo, ele está lá. À primeira vista, a motivação é religiosa, mas o que está por trás é a discriminação racial. Quem pratica o racismo religioso, portanto, de alguma forma age para que o outro não exista. Nas discussões internacionais, entende-se esse tipo de ação como crime de ódio, uma classificação que surgiu motivada pelo Holocausto judaico.”

Atualmente, como parte de suas pesquisas, ela está viajando pelo país para visitar terreiros de dez capitais. Nos arredores de Brasília, o que mais lhe chamou a atenção foi a violência policial em 2021, quando vários terreiros foram revirados e até depredados na caçada do serial killer Lázaro Barbosa. Os policiais suspeitavam que ele praticasse “magia negra” e, por preconceito, associaram-no automaticamente às religiões afro-brasileiras.

Em cima, a ialorixá Mãe Baiana hoje em seu terreiro, no Paranoá (DF); embaixo, ela no mesmo terreiro em 2015, destruído por um incêndio criminoso – Pillar Pedreira/Agência Senado e Valter Campanato/Agência Brasil

Miranda lembra que a expressão que antes se usava era “intolerância religiosa” e que só bem recentemente, em meados da década de 2010, os pesquisadores se deram conta de que “racismo religioso” seria o termo mais apropriado.

“Quando digo que eu “tolero” uma religião, é como se eu agisse com benevolência e permitisse a existência de algo que não deveria ou mereceria existir. E “tolerar”, do ponto de vista político, não implica a garantia de direitos. Ao mesmo tempo, “intolerância religiosa” é um eufemismo para um problema grave, uma forma de suavizar ou até esconder o racismo. A história do Brasil foi construída em cima da negação do racismo, incluindo a mentirosa ideia de que somos uma democracia racial. É por essa razão que por muito tempo não se conseguiu enxergar o racismo religioso com clareza.”

De acordo com a antropóloga da UFF, a expressão “intolerância religiosa” pode ser utilizada para descrever ataques às religiões cristãs, por exemplo, cujos seguidores não se caracterizam por pertencer a nenhum grupo étnico-racial específico.

Ana Paula Miranda acrescenta que a criação de um termo para descrever uma prática que existiu por muito tempo sem nome é importante também para o Estado, que enfim consegue mapear o problema e destinar-lhe políticas públicas específicas. Foi o mesmo raciocínio que levou à adoção de termos como “trabalho análogo à escravidão”, “homofobia” e “feminicídio”.

De acordo com os especialistas, o combate ao racismo religioso precisa ser dividido em três frentes. A primeira frente é a da educação, a partir das escolas. Deve-se ensinar às crianças o respeito às diferenças e também a história da África e a cultura afro-brasileira, de modo que essas religiões sejam conhecidas e desmistificadas. Isso já é obrigatório nos colégios desde 2003 (Lei 10.639).

A segunda frente é a da representatividade. Os cultos de matriz africana precisam aparecer no noticiário, nas novelas e nos filmes com mais frequência e sem carga negativa, da mesma forma que aparecem as missas e as cerimônias católicas de casamento, por exemplo.

A terceira frente é a jurídica. Pela legislação brasileira, o racismo é crime e como tal deve ser sempre tratado. No início deste ano, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva assinou uma lei que equipara a injúria racial ao crime de racismo e cita especificamente o racismo religioso (Lei 14.532). O criminoso pode ser condenado a cinco anos de prisão.

Tanto a lei que transformou o 21 de março no Dia Nacional das Tradições das Raízes de Matrizes Africanas quanto a que tornou mais dura a repressão ao racismo religioso foram aprovadas pelo Congresso Nacional. No Senado, o relator dos dois projetos de lei foi o senador Paulo Paim (PT-RS), defensor histórico da causa negra.

“Aprovar e reconhecer a importância de leis como essas é uma forma de educar e orientar a nossa sociedade para um convívio ecumênico. É disso que precisamos. Não podemos tolerar mais o terrorismo religioso”, diz o senador.

Senador Paulo Paim (à esq.) em audiência pública na Comissão de Direitos Humanos do Senado em 2015 com representantes de religiões de matriz africana – Geraldo Magela/Agência Senado

Paim aponta como importante na luta antirracista a recente criação do Ministério da Igualdade Racial, encabeçado por Anniele Franco. O novo ministério anunciou que criará na semana que vem, Dia Nacional das Tradições das Raízes de Matrizes Africanas, um grupo de trabalho com representantes do governo, das religiões e de entidades da sociedade civil dedicado exclusivamente a elaborar políticas públicas de combate ao racismo religioso.

Os estudiosos advertem que, quando o racismo religioso é tolerado e prevalece, a democracia se enfraquece e corre o risco de ruir.

“Às vezes me acusam de ser militante com o intuito de proteger a minha própria religião. Isso não é verdade”, diz o babalorixá Sidnei Nogueira. “O que eu defendo é a liberdade de religião que está prevista na Constituição. Os brasileiros precisam poder exercer o direito de ter qualquer crença ou até mesmo crença nenhuma. Não podem deixar de professar uma fé por causa do medo. A religião não deveria ser um marcador de exclusão social.”

“Quando não age contra o racismo religioso, o Estado contribui para que certas religiões sejam perseguidas e outras sejam impostas às pessoas. Há quem justifique isso alegando que a democracia é o regime em que a maioria manda. Isso é uma deturpação. Na realidade, a maioria apenas elege um grupo político, que precisa governar também para a minoria e garantir os seus direitos. Isso, sim, é democracia”, acrescenta a antropóloga Ana Paula Miranda.

“A sociedade que é racista e não abre espaço para a diversidade é necessariamente violenta. Os indivíduos que assistem passivos à perseguição de minorias podem imaginar que aquilo não os afeta. Esse ambiente, no entanto, torna-se propício à perseguição de vários outros grupos no futuro, e inclusive aqueles que se acham blindados podem de uma hora para a hora se tornar o novo alvo. Numa sociedade excludente, todos são potencialmente vulneráveis — conclui a historiadora Valquíria Velasco.

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Repórter demitido pela Globo pede R$ 5,5 milhões na Justiça

Com 57 anos de idade, dos quais 32 de serviços prestados à emissora, o repórter Fernando Rêgo Barros foi demitido pela Globo. Ele ingressou com uma ação na Justiça para reivindicar direitos trabalhistas que, somados, atingem R$ 5,5 milhões em indenizações.

Segundo a Forum, a audiência de instrução, momento em que pode ser costurado um acordo entre as partes, não foi marcada. Nascido no Recife (PE), o jornalista atuou na Globo local, em São Paulo e em Brasília.

Entre os pedidos que constam na ação, que o Notícias da TV, no UOL, teve acesso, Rêgo Barros pede reconhecimento de vínculo empregatício durante o período em que foi contratado como Pessoa Jurídica (PJ). A Globo assinou sua carteira de trabalho somente em 2019.

Rêgo Barros solicita, ainda, verba indenizatória maior de adicional noturno pelo tempo em que trabalhou para o Jornal da Globo, comandado por Renata Lo Prete.

Confira alguns dos jornalistas demitidos pela Globo depois de 2021

A onda de demissões de jornalistas da Globo teve início em 2021 e atingiu nomes famosos, como Marcos Uchôa, Renato Machado, Francisco José, Alberto Gaspar, Chico Pinheiro, Carlos Tramontina, Ernesto Paglia, Ari Peixoto, José Hamilton Ribeiro, Eduardo Faustini, Isabela Assumpção, entre outros.

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O maior defensor da ivermectina contra a Covid morre por doença causada por excesso de… ivermectina

Agenda do Poder – Na última década, o influenciador Danny Lemoi tomou uma dose diária de ivermectina veterinária, um vermífugo projetado para ser usado em animais grandes como cavalos e vacas.

O medicamento, na versão humana, foi defendido por negacionistas e pelo governo Bolsonaro contra a Covid19.

Em 2021, quando isso aconteceu, Danny lançou o que se tornou um dos maiores canais do Telegram dedicados a promover seu uso, incluindo instruções sobre como administrar ivermectina a crianças.

Na manhã do dia 3 de março, ele postou uma atualização em seu imensamente popular grupo pró-ivermectina no Telegram, Dirt Road Discussions: “Feliz sexta-feira a todos vocês sobreviventes que comem pasta de cavalo venenoso!”. Horas depois, Danny estava morto.

Mas, apesar de sua morte, os administradores de seu canal no Telegram estão promovendo sua desinformação, mesmo quando seus seguidores compartilham seus próprios efeitos colaterais preocupantes de tomar ivermectina e alguns questionam a segurança da droga.

No canal do Telegram, os administradores deram a notícia de sua morte a seus seguidores. “Embora fosse óbvio que Danny tinha o maior coração, não sabia que seu coração estava literalmente trabalhando demais e crescendo além de sua capacidade, quase dobrando de tamanho do que deveria ter sido.”

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Dono do arroz Prato Fino financiou campanha de deputado que propôs criação de CPI do MST

Empresário doou R$ 60 mil à campanha de Tenente Coronel Zucco (Republicanos-RS), que também recebeu de CEO da Gerdau.

Brasil de Fato – O empresário gaúcho Celso Rigo, dono da indústria de beneficiamento de arroz Pirahy Alimentos, fez a maior doação individual à campanha do deputado federal Tenente Coronel Zucco (Republicanos-RS), nas eleições de 2022. O montante de R$ 60 mil foi destinado à campanha do congressista, que é o autor do pedido de criação da CPI do MST.

A doação de Rigo chama a atenção, já que o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) ganhou destaque nos últimos anos por ser o maior produtor de arroz orgânico da América Latina. O fato foi tema de discussões na campanha eleitoral, inclusive em debates presidenciais e entrevistas concedidas pelo então candidato presidencial Lula (PT).

De acordo com Instituto Rio Grandense do Arroz (Irga), o MST é o maior produtor de arroz orgânico da América Latina há mais de 10 anos. Comandada por Rigo, a Pirahy Alimentos é dona da marca de arroz Prato Fino e terceira maior beneficiadora do grão no Rio Grande do Sul.

Além do empresário do ramo do arroz, André Gerdau, CEO da Gerdau, maior empresa brasileira produtora de aço, também doou R$ 25 mil à campanha de Zucco. A relação do MST com a Gerdau tem episódios marcantes, como quando, em 2016, uma fábrica da Gerdau/Açonorte, em Recife (PE), amanheceu fechada por cerca de 200 militantes sem-terra.

As doações individuais são permitidas por lei e não configuram uma ilegalidade. Os montantes doados por Rigo e Gerdau foram registrados no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e estão disponíveis para consulta na plataforma DivulgaCandContas, administrada pela Corte.

A criação da CPI do MST foi proposta por Zucco e pelos também deputados federais Kim Kataguiri (UB-SP) e Ricardo Salles (PL-SP) com o objetivo de criminalizar ocupações de terra feitas pelo movimento. Na quarta-feira (15), alcançou o número mínimo de assinaturas para ser instalada, em uma ação coordenada pela bancada ruralista.

O requerimento de abertura já foi protocolado no sistema da Câmara dos Deputados depois que os defensores do pedido decidiram não esperar por nenhuma nova assinatura além do mínimo exigido (172 deputados federais).

O Brasil de Fato tentou entrar em contato com o gabinete do deputado federal Tenente Coronel Zucco, com a indústria de beneficiamento de arroz Pirahy Alimentos e com a Gerdau. Até o momento, nenhuma das partes envolvidas respondeu aos contatos. O espaço segue aberto para manifestações.

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‘Lesa Pátria’: empresária e mecânico que sentou na cadeira do Alexandre de Moraes são presos

Preso em Penápolis, Fábio Alexandre de Oliveira foi gravado enquanto estava sentado na cadeira do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF). Já Kátia Graceli foi encontrada em uma casa de São José do Rio Preto (SP) após publicar vídeos nos atos golpistas.

O mecânico que sentou na cadeira do ministro do Supremo Tribunal Federal, Alexandre de Moraes, foi preso na manhã desta sexta-feira (17) durante a oitava fase da operação “Lesa Pátria”, que busca alvos dos atos golpistas que devastaram os prédios dos Três Poderes, em Brasilia, em 8 de janeiro. Além dele, uma empresária e um ex-servidor municipal também foram apreendidos na operação no noroeste paulista.

Ao todo, são cumpridos pelos policiais federais 46 mandados de busca e apreensão e 32 mandados de prisão em 10 estados.

Erlon Paliota Ferrite foi chefe do Serviço de Transporte de Ambulância de Penápolis e já foi candidato a vereador pelo Partido Verde (PV) em 2012 e 2016.

No dia 8 de janeiro, ele gravou um vídeo com Fábio. Nas imagens, o mecânico aparece sentado na cadeira do ministro Alexandre de Moraes.

No vídeo gravado, o mecânico aparece sentado e debochando da situação: “Cadeira do Xandão agora com irmão Fábio, já era”.

Erlon também divulgou vídeos nas redes sociais onde aparece participando das invasões aos prédios dos três Poderes e destruindo bustos de Victor Nunes Leal e Pedro Lessa. Ele foi exonerado do cargo que ocupava no dia 20 de janeiro.

Prisão em Rio Preto

Já a empresária Kátia Graceli foi encontrada dentro de casa, no bairro Jardim Maracanã, em São José do Rio Preto (SP). Um celular, um computador e diversos documentos também foram apreendidos.

Kátia tem um sítio em Tanabi (SP) e trabalha com o cultivo de pitaia junto com a família. Ela também é dona de uma empresa de produção artística.

Por meio das redes sociais, Kátia chegou a fazer postagens durante os atos, mas excluiu após o começo das investigações. Um vídeo da empresária um dia antes dos ataques repercutiu negativamente. Nele, ela agradece um grupo de pessoas por terem a ajudado na ida para Brasília (veja abaixo).

*Com G1

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Se o clã não tem nada a ver com a morte de Marielle, por que Bolsonaro mandou Moro pressionar o porteiro do condomínio?

Ao menos quatro delegados foram trocados durante as investigações do caso sem qualquer explicação à família de Marielle Franco.

Até o momento, o que se sabe sobre o assassinato de Marielle e Anderson é que ambos foram executados pelo vizinho de Jair e Carlos Bolsonaro no condomínio Vivendas da Barra, Ronnie Lessa.

O fato é que, junto com esse troca troca de delegados que, segundo a então PGR, Raquel Dodge, era fruto de interferência superior, quem até hoje não disse absolutamente nada sobre sua participação nesse imbricado caso, foi o então ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro.

Duas coisas chamam atenção, a primeira é que não se tem notícia do interesse de Moro na investigação sobre tráfico internacional de armas, já que foram encontrados 117 fuzis importados na casa de Ronnie Lessa, o que seria da alçada de Sergio Moro, já que, além ministro da Justiça, era o todo-poderoso da Segurança Pública. Neste caso, a investigação era sim de responsabilidade federal.

Outro caso que causa ainda mais espanto, foi que, a mando direto de Bolsonaro, Moro montou uma operação que desembocou na mudança de versão do depoimento do porteiro do Vivendas da Barra sem qualquer explicação plausível.

Detalhe, a imprensa brasileira, que sempre teve acesso fácil a Moro, jamais colocou em questão esse episódio sem ao menos perguntar para o ex-juiz, como aconteceu essa mudança de versão do porteiro que havia afirmado que a ordem para a entrada de Élcio de Queiroz veio da casa 58 do Seu Jair. Mais que isso, não há qualquer imagem ou gravação do depoimento.

Sergio Moro jamais comentou o caso, mesmo quando fez críticas a Bolsonaro afirmando que o então presidente da República interferiu na PF para salvar os filhos, o que faz parecer que existe entre Moro e Bolsonaro um pacto de silêncio.

Moro deveria ser cobrado na tribuna do Senado, como fez, de maneira exemplar, Glauber Braga, na Câmara, tratorando Eduardo Bolsonaro, quando este, numa atitude extremamente suspeita, para dizer o mínimo, do nada, atacou o ministro da Justiça, Flávio Dino, no mesmo momento  em que Flávio Dino aprofunda as investigações do caso Marielle.

Ou seja, se for na linha de que uma coisa puxa outra, esse crime poderia ter sido solucionado e os prováveis mandantes da dupla execução já estariam na cadeia, o que, convenhamos, há muita coincidência nesse fato que desemboca sempre no nome dos Bolsonaro.

Trocando em miúdos, todos os caminhos da morte de Marielle levam ao clã, que só uma investigação pode ou não provar que tudo não passou de uma grande coincidência.

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Mulher recebe transplante de células-tronco do cordão umbilical e é curada do HIV

Mulher recebe um transplante de células-tronco do cordão umbilical e está livre do vírus há dois anos e meio. Os outros três casos anteriores à “paciente de Nova York” também tinham leucemia, mas foram tratados com material coletado de adultos.

Pela primeira vez, uma pessoa com HIV entrou em remissão da doença após receber um transplante de células-tronco do cordão umbilical. Trata-se de uma mulher, a “paciente de Nova York”, que está livre do vírus e sem medicação há 30 meses. Descrito ontem em um artigo publicado na revista Cell, o caso havia sido divulgado no ano passado, durante uma conferência médica. Agora, os pesquisadores de universidades norte-americanas detalharam o procedimento.

Em uma coletiva de imprensa transmitida on-line, os cientistas destacaram que preferem não falar em “cura definitiva”, mas “cura possível”. “Basicamente, estamos esperando por um período mais longo de acompanhamento”, afirmou Yvonne Byrson, diretora do Consórcio de Aids Los Angeles-Brasil da Universidade da Califórnia, em Los Angeles, e um dos médicos que acompanharam o caso. Ela também ressalta que o procedimento não é para todos: além de HIV, a paciente tinha leucemia, condição que justificava o transplante, considerado de altíssimo risco.

“Neste momento, não há distinção oficial entre estar curado ou em remissão de longo prazo”, complementou Deborah Persaud, infectologista pediatra da Universidade Johns Hopkins, que também supervisionou o caso. “Embora o prognóstico da paciente de Nova York seja ótimo, acho que relutamos em dizer, agora, que está curada.” Nos dois anos e meio de acompanhamento, desde que a mulher parou de tomar os medicamentos antivirais, não houve rebote do HIV, ressaltou.

Três outras pessoas que também tinham leucemia foram consideradas livres do HIV graças ao transplante de medula óssea com células-tronco, mas, nesses casos, o material foi coletado de adultos. Os doadores portavam duas cópias de uma rara mutação genética, a CCR5 delta 32, que bloqueia a entrada do vírus nas células. Ao serem transplantadas para o receptor, elas assumem o controle do sistema imunológico do paciente, substituindo as antigas células, suscetíveis ao vírus, por aquelas mais resistentes a ele.

Porém, a mutação, além de rara — 1% dos caucasianos são portadores —, é praticamente inexistente em outras populações, caso da paciente de Nova York, com ascendência africana. “Os transplantes de células-tronco exigem uma compatibilidade muito forte, e isso limita os procedimentos. Essa mulher é miscigenada. Teria sido muito difícil encontrar uma correspondência usando células adultas”, relatou Byrson.

Químio e cirurgia

Como parte de um ensaio clínico dos Institutos Nacionais de Saúde dos Estados Unidos, os cientistas tiveram acesso a um banco de células do cordão umbilical, já identificadas como tendo a mutação CCR5 delta 32. Assim como os outros pacientes em remissão, a de Nova York passou por quimioterapia para retirar o máximo possível das estruturas doentes e, em 2017, fez a cirurgia. Os médicos transplantaram para a medula óssea da mulher uma infusão contendo as células-tronco do cordão umbilical, resistentes ao HIV, e células adicionais de um parente compatível, para estimular o sistema imunológico.

A paciente continuou na terapia antiviral até que, há dois anos e meio, parou de usar os medicamentos. “As células resistentes ao vírus assumiram o controle do sistema imunológico dela. A mulher está livre do câncer e, até agora, do HIV: mesmo técnicas muito sensíveis não detectaram o vírus em sua corrente sanguínea”, contou Byrson. Embora, por enquanto, o procedimento seja indicado somente para pessoas que, além de câncer, têm HIV, a cientista acredita haver potencial de adaptar o método por meio de novas técnicas e terapia genética, para beneficiar outros pacientes.

“Apesar de o transplante não ser uma opção para a maioria das pessoas com HIV, os casos relatados, até agora, são interessantes, inspiradores e iluminam o caminho da cura”, acredita Sharon Lewin, especialista em doenças infecciosas da Universidade de Melbourne, que não participou da pesquisa. “Atualmente, existem estudos extensos tentando descobrir se você pode manipular ou modificar as próprias células de uma pessoa para ter essa mutação”, disse Koen Van Besian, especialista em transplante células-tronco na Universidade de Cornell e coautor do artigo. Segundo o médico, embora ainda falte muito para que isso aconteça, na prática, é uma abordagem realista, que merece ser investigada mais a fundo.

Mais chance de doadores

“Quando nascemos, as células progenitoras são mais adaptáveis a diferentes contextos genéticos. Um transplante de medula de células-tronco adultas requer uma identidade genética 100% completa em vários genes. No entanto, para as células do cordão umbilical, 50% de identidade é suficiente. A doação de células dessa fonte é, portanto, uma excelente estratégia para ultrapassar esse obstáculo. Trata-se de mais um caso de cura por transplante de medula óssea em paciente com câncer hematológico, é interessante porque o uso do sangue de cordão aumenta as chances de encontrar um doador compatível. Mas não devemos dar falsas esperanças: esse tratamento não é possível, viável ou desejável para a grande maioria dos pacientes vivendo com HIV, para quem a medicação antiviral convencional permite uma vida longa e com excelente qualidade.”

José Alcami, virologista do Instituto de Saúde Carlos III, na Espanha

Esconderijos no cérebro

Um dos motivos pelos quais a infecção por HIV é considerada uma doença incurável para a maioria das pessoas é porque o vírus fica dormente por muito tempo no genoma das células infectadas. Isso o torna invisível e inacessível ao sistema imunológico e aos medicamentos antivirais. Agora, pesquisadores da Alemanha conseguiram desenvolver modelos da enfermidade em culturas de células da micróglia humana, um dos locais onde o microrganismo pode “dormir”.

Os caminhos que o HIV segue para permanecer oculto no genoma da célula hospedeira foram estudados principalmente nas células T CD4 do sangue — as principais células-alvo do vírus. No entanto, ele pode infectar outras células imunes em diferentes órgãos, onde estabelece reservatórios estáveis. Um desses santuários virais é o cérebro, onde o vírus infecta principalmente as células imunes da micróglia, muitas vezes causando neuroinflamação e sintomas de transtorno neurocognitivo associado ao HIV.

Questões relacionadas à infecção e à replicação do HIV no cérebro têm sido muito difíceis de resolver porque os estudos em pacientes são limitados em sua capacidade de monitorar o vírus no órgão. A equipe internacional liderada por Marina Lusic, do Hospital Universitário de Heidelberg, porém, conseguiu desenvolver um modelo que reproduz a ação do micro-organismo em células da micróglia. A inserção genômica resulta no silenciamento do genoma viral, levando às características funcionais do chamado “vírus adormecido”.

Com o modelo, os cientistas identificaram uma correlação forte entre uma proteína chamada CTCF e o estado latente do HIV no cérebro. “Esses estudos em modelos de cultura de células são extremamente importantes para entender como o vírus pode ser direcionado a diferentes partes do corpo, onde pode permanecer oculto ou causar distúrbios neurológicos mesmo sob os regimes terapêuticos atuais”, conclui Lusic. Os resultados foram publicados na revista Cell.

*Com CorreioBraziliense

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Continência para Lula, inelegibilidade para Bolsonaro

Corações dilacerados.

Deve ter doído fundo no coração dos bolsonaristas, e dos golpistas em particular, a imagem de Lula passando em revista tropas da Marinha e recebendo continência. Em breve, cena igual deverá se repetir em dependências do Exército e da Aeronáutica.

Lula acumula acenos às Forças Armadas que sempre o detestaram, ajudaram Bolsonaro a se eleger em 2018, a governar e a tentar se reeleger no ano passado. Havia até um plano mal costurado para sustentar a extrema-direita no Poder por algo como 20 anos.

Mas Bolsonaro perdeu, embora por uma diferença ínfima de votos, e embora tenha usado o aparelho estatal como jamais o fez um presidente desde o fim da ditadura de 64. Vida que segue, pois. Os militares terão que engolir Lula por 4 anos; talvez mais.

Terão que engolir também o que o destino determinar para Bolsonaro; o destino, não, o Tribunal Superior Eleitoral, do ministro Alexandre de Moraes. As condições estão criadas para tornar Bolsonaro inelegível. E ele parece conformado com isso.

Mas Bolsonaro perdeu, embora por uma diferença ínfima de votos, e embora tenha usado o aparelho estatal como jamais o fez um presidente desde o fim da ditadura de 64. Vida que segue, pois. Os militares terão que engolir Lula por 4 anos; talvez mais.

Terão que engolir também o que o destino determinar para Bolsonaro; o destino, não, o Tribunal Superior Eleitoral, do ministro Alexandre de Moraes. As condições estão criadas para tornar Bolsonaro inelegível. E ele parece conformado com isso.

Só não quer ser preso, é natural. Foi o que ele mesmo insinuou diante de uma plateia de empreendedores brasileiros durante um evento, esta semana, nos Estados Unidos:

“Infelizmente, em alguns casos no Brasil, você não precisa ter culpa para ser condenado. Então, existe a possibilidade de inelegibilidade, sim. A inelegibilidade é porque o cara que está lá, até pela idade, não vai ter longa vida na política.”

O “cara” é Lula. Quanto à prisão:

“A prisão, só se for uma arbitrariedade. Não participei de quebra-quebra, só respeitei o pessoal em frente aos quartéis porque era direito dele se manifestar publicamente”.

Pedir intervenção militar para anular o resultado de eleições consideradas limpas pela Justiça é crime contra o Estado de Direito Democrático, sujeito a punição. Bolsonaro sabe. Finge ignorar. Ninguém pode governar desconhecendo as leis.

Bolsonaro não seria quem é se perdesse a chance de espalhar mais uma notícia falsa: a de que a tentativa fracassada de golpe em 8 de janeiro foi uma armação do governo Lula. Então, disse:

“As informações que temos é que o pessoal de dentro [dos prédios do Palácio do Planalto, Congresso e Supremo Tribunal Federal] estava esperando o pessoal chegar com tudo quebrado já”.

“A gente torce muito para que saia essa CPI que a esquerda não quer. Eles não querem porque a verdade, realmente, é o que nós sabemos o que aconteceu”.

Por fim, indiretamente, confessou o que o levou a fugir do país no final de dezembro último:

“Se eu tivesse no Brasil… Mas eu vim para cá dia 30 de dezembro. Eu entendo que se eu tivesse no Brasil iria ter problemas. Mas que golpe é esse? Quem é o golpista? Cadê a tropa? Já que eles tomaram os Três Poderes, quem assumiu?”

O destino de Michelle foi decidido pelo marido:

“Conheci minha mulher falando o ano passado naquela convenção. Não sabia que ela tinha aquela capacidade. E fala muito bem, foi fantástica. Ajudou na campanha, bastante, tem essa veia política. Mas não é candidata a cargo no Executivo”.

Não seria o caso de deixar Michelle escolher se quer disputar um cargo no Executivo? Ou será na base do “manda quem pode, obedece quem tem juízo”, coisa ensinada na caserna?

*Noblat/Metrópoles

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Torres tenta livrar a cara de Bolsonaro e a sua. Será que livrou? Respondo

Reinaldo Azevedo*

Anderson Torres, ex-ministro da Justiça, depôs nesta quinta, por videoconferência, em ação que tramita no Tribunal Superior Eleitoral que apura a reunião que Jair Bolsonaro, então presidente, promoveu com embaixadores estrangeiros para acusar a fragilidade do sistema eleitoral brasileiro e apontar falsas evidências de fraudes em pleitos anteriores. A intenção da patuscada era segredo de Polichinelo: o biltre ora homiziado em Orlando testava, vamos dizer assim, o terreno internacional para o caso de um ato de força caso o resultado não lhe fosse favorável. Em uma palavra: golpe. Se isso era ou não possível, bem, esses são outros quinhentos. A questão, no caso, é saber se o crime foi tentado. E foi. E por iniciativa do próprio presidente.

O que Torres tem com isso? Num mandado de busca e apreensão que se sucedeu aos ataques de 8 de janeiro — ele era o secretário de Segurança do DF que tinha acabado de assumir o cargo e de sair de férias ao mesmo tempo —, foi encontrada em sua casa a minuta de um decreto de estado de defesa, que valeria apenas para o Tribunal Superior Eleitoral, o que é uma excrescência estúpida. Tal medida, com efeito, pode abranger áreas do país, mas nunca o prédio de uma instituição e seus braços. No caso, a Justiça Eleitoral estaria sob intervenção.

Nos termos do documento, os ministros seriam destituídos de suas funções, e uma “Comissão de Regularidade Eleitoral”, sob o comando do Ministério da Defesa, passaria a cuidar do processo. O grupo contaria com 17 membros, sete nomeados pela Defesa. Os ministros teriam seus respectivos sigilos telefônico e telemático quebrados. O espaço físico do TSE seria tomado por forças militares, nos seguintes termos: “Todas as dependências onde houve tramitação de documentos, petições e decisões acerca do processo eleitoral presidencial de 2022, bem como o tratamento de dados telemáticos específicos de registro, contabilização e apuração dos votos coletados por urnas eletrônicas em todas as zonas e seções disponibilizadas em território nacional e no exterior”. Mimetizando o AI-5, como escrevi quando esse texto foi descoberto, a minuta vetava a contestação na Justiça de decisões da tal Comissão.

O que essa minuta tem a ver com aquela reunião com embaixadores? Tudo. E não só com ela. Há 16 processos contra Bolsonaro ou a sua chapa no TSE. Essa, relacionada aos diplomatas, movida pelo PDT, atende pelo nome de Ação de Investigação Judicial Eleitoral (Aije). Em caso de condenação, a pena é a perda de mandato e a inelegibilidade. No caso, o ex-presidente estaria submetido à segunda punição. Insista-se: por que incorporar a minuta a essa Aije? Ora, porque ela expõe o que seria o desdobramento prático daquilo que o presidente golpista anunciou aos embaixadores. Afinal, se ele assegurou que o sistema eleitoral não era seguro e que havia evidências de fraudes em pleitos anteriores — e tudo era mentira —, seria inescapável que tentasse, então, segundo o seu discurso, resgatar a legalidade. Esse é o mecanismo a que recorre todo golpista. É muito raro que o sujeito diga: “É golpe mesmo, e daí?”

TORRES, O TODO-PURO

No depoimento, orientado por sua defesa — e esta cumpre sua nobre missão na democracia: defender! –, Torres classificou o documento de “lixo” e disse ser um texto “folclórico”. Mais: jamais teria tratado do assunto com o então presidente da República e, obviamente, não se lembra de quem lhe entregou a estrovenga.

Sei, sei… Vamos supor que assim seja, isto é: que ele nem se lembre de quem lhe passou o papel porque considerou aquilo “folclórico”. Sua memória certamente teria recebido o devido amparo se, então, ao tomar conhecimento daquele “lixo”, tivesse cumprido o seu dever: ou chamar a PF para dar voz de prisão a quem o convidava para cometer um crime ou, numa ação mais suave, cobrar que a PF abrisse imediatamente um inquérito para investigar o autor do texto.

Afinal, ninguém menos do que o ministro da Justiça — cujo papel é cuidar da harmonia entre os Três Poderes no que concerne à ordem legal — estava sendo convidado para um golpe de Estado. E ele se calou? Não fez nada? Limitou-se a acomodar o “”lixo folclórico” numa pasta? E não numa pasta qualquer. Como apontou o procurador Carlos Frederico Santos, “ao contrário do que o investigado já tentou justificar, não se trata de documento que seria jogado fora, estando, ao revés, muito bem guardado em uma pasta do Governo Federal e junto a outros itens de especial singularidade, como fotos de família e imagem religiosa”.

Torres certamente não é o tipo de monstro moral que junta lixo a fotos de familiares e imagens da boa e tradicional família cristã. E, claro!, negou que tenha tratado daquele assunto com Jair Bolsonaro, o chefe da pregação golpista. Pergunta: alguma chance de ele dizer o contrário?

CONFESSAR?

Sejamos objetivos: ninguém esperava que Torres contasse a origem da minuta golpista ou que dissesse que o texto era parte da urdidura para melar as eleições. Vale o óbvio: não havendo explicação convincente ou álibi, cumpre negar até o fim. A menos que seja oferecida alguma compensação pela verdade, como acontece no caso de delações premiadas. Sem isso, a defesa sempre aposta que uma dúvida razoável contará a favor do réu. Cabe indagar: há dúvida razoável no caso?

Fosse Torres um auxiliar qualquer de Bolsonaro, sem nenhuma vinculação com o aparato jurídico do Estado nem fosse o responsável pela relação com os outros Poderes nessa área, até se poderia emprestar à sua palavra um fiapo de credibilidade. Mas pergunto: quem acredita que um ministro da Justiça recebe uma minuta com os passos para um golpe de Estado, guarda o documento entre pertences que lhe são caros e não tem a menor noção de sua origem? Mais: na condição de um dos escudeiros mais fiéis de Bolsonaro, soa crível que o chefe, principal beneficiário do crime exposto naquele papel, de nada soubesse?

Assim define o Código de Processo Penal, no Artigo 239, a prova indiciária: “Considera-se indício a circunstância conhecida e provada, que, tendo relação com o fato, autorize, por indução, concluir-se a existência de outra ou outras circunstâncias.”

Aplica-se ou não ao caso no que diz respeito ao processo que corre contra Bolsonaro no TSE?

E, no que respeita a Torres, dizer o quê? No mínimo, parece estar caracterizado um caso claro de prevaricação. Ele já é investigado, note-se, em um inquérito que apura a tentativa de golpe daquele 8 de janeiro. A prevaricação, a depender da investigação, pode ser a imputação mais leve.

*Uol

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Vídeo: Flávio Bolsonaro é confrontado em avião: “e as joias, Flávio Rachadinha?” (vídeo)

O sindicalista e radialista Leonel Querino, conhecido como “Leonel de Esquerda”, enquadrou o senador Flávio Bolsonaro durante um voo e o vídeo viralizou nas redes sociais nesta quinta-feira (16).

Nas imagens, Leonel faz diversos comentários incômodos que deixaram o senador visivelmente irritado.

“E as joias, Flávio Rachadinha?” , indagou, referindo-se às peças multimilionárias que Jair Bolsonaro tentou adquirir quando retornou da Arábia Saudita, que teriam como destino correto o acervo da Presidência da República.

Em um certo momento, um homem que aparenta ser o segurança de Flávio, supostamente faz um sinal para Leonel sair do corredor.

Leonel então “se despede”: “Valeu, Flávio rachadinha!

Flávio passou vergonha recentemente ao anunciar, empolgado, o retorno de seu pai ao Brasil e logo na sequência apagar a postagem. “Peço desculpas pela postagem anterior….Na verdade a data de retorno do nosso líder @jairbolsonaro no dia 15/março (quarta-feira) era provável, mas não confirmada ainda”.

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