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Se o clã não tem nada a ver com a morte de Marielle, por que Bolsonaro mandou Moro pressionar o porteiro do condomínio?

Ao menos quatro delegados foram trocados durante as investigações do caso sem qualquer explicação à família de Marielle Franco.

Até o momento, o que se sabe sobre o assassinato de Marielle e Anderson é que ambos foram executados pelo vizinho de Jair e Carlos Bolsonaro no condomínio Vivendas da Barra, Ronnie Lessa.

O fato é que, junto com esse troca troca de delegados que, segundo a então PGR, Raquel Dodge, era fruto de interferência superior, quem até hoje não disse absolutamente nada sobre sua participação nesse imbricado caso, foi o então ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro.

Duas coisas chamam atenção, a primeira é que não se tem notícia do interesse de Moro na investigação sobre tráfico internacional de armas, já que foram encontrados 117 fuzis importados na casa de Ronnie Lessa, o que seria da alçada de Sergio Moro, já que, além ministro da Justiça, era o todo-poderoso da Segurança Pública. Neste caso, a investigação era sim de responsabilidade federal.

Outro caso que causa ainda mais espanto, foi que, a mando direto de Bolsonaro, Moro montou uma operação que desembocou na mudança de versão do depoimento do porteiro do Vivendas da Barra sem qualquer explicação plausível.

Detalhe, a imprensa brasileira, que sempre teve acesso fácil a Moro, jamais colocou em questão esse episódio sem ao menos perguntar para o ex-juiz, como aconteceu essa mudança de versão do porteiro que havia afirmado que a ordem para a entrada de Élcio de Queiroz veio da casa 58 do Seu Jair. Mais que isso, não há qualquer imagem ou gravação do depoimento.

Sergio Moro jamais comentou o caso, mesmo quando fez críticas a Bolsonaro afirmando que o então presidente da República interferiu na PF para salvar os filhos, o que faz parecer que existe entre Moro e Bolsonaro um pacto de silêncio.

Moro deveria ser cobrado na tribuna do Senado, como fez, de maneira exemplar, Glauber Braga, na Câmara, tratorando Eduardo Bolsonaro, quando este, numa atitude extremamente suspeita, para dizer o mínimo, do nada, atacou o ministro da Justiça, Flávio Dino, no mesmo momento  em que Flávio Dino aprofunda as investigações do caso Marielle.

Ou seja, se for na linha de que uma coisa puxa outra, esse crime poderia ter sido solucionado e os prováveis mandantes da dupla execução já estariam na cadeia, o que, convenhamos, há muita coincidência nesse fato que desemboca sempre no nome dos Bolsonaro.

Trocando em miúdos, todos os caminhos da morte de Marielle levam ao clã, que só uma investigação pode ou não provar que tudo não passou de uma grande coincidência.

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Por Carlos Henrique Machado

Compositor, bandolinista e pesquisador da música brasileira

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