Categorias
Mundo

Após bombardeio em hospital, ministro do Irã pede ‘embargo completo’ e expulsão de embaixadores de Israel: ‘O tempo acabou’

Hossein Amir Abdollahian apela por formação de equipe de advogados islâmicos para analisar possíveis crimes de guerra cometidos em Gaza.

O ministro das Relações Exteriores do Irã disse que “o tempo acabou” para Israel após o bombardeio em um hospital de Gaza deixar centenas de mortos, nesta terça-feira. Em uma postagem na rede social X (antigo Twitter), Hossein Amir Abdollahian culpou as forças de Tel Aviv pelo “massacre de mulheres e crianças inocentes” na unidade de saúde al-Ahli.

O Ministério da Saúde de Gaza, administrado pelo Hamas, culpou Israel pelo ataque ao hospital e afirmou que ao menos 500 pessoas morreram durante o bombardeio — números apresentados por outras autoridades palestinas citam até 870 vítimas. Já as Forças Armadas israelenses culparam outro grupo armado palestino, a Jihad Islâmica, pelo bombardeio, chegando a publicar um vídeo institucional demonstrando o porquê de o ataque ter sido conduzido pelo grupo. A peça foi posteriormente apaga. A Jihad Islâmica nega envolvimento, segundo O Globo.

“Chegou a hora da unidade global da humanidade contra este falso regime mais odiado que o Isis [Estado Islâmico, na sigla em inglês] e a sua máquina de matar”, afirmou o ministro iraniano.

Nesta quarta-feira, Amirabdollahian afirmou que os membros da Organização para a Cooperação Islâmica (OCI) deveriam impor um embargo ao petróleo e expulsar todos os embaixadores israelenses. Uma reunião urgente do grupo foi convocada na cidade de Jeddah para discutir a escalada do conflito, deflagrado a partir do ataque terrorista do Hamas contra Israel em 7 de outubro.

“O ministro das Relações Exteriores [do Irã] pede um embargo imediato e completo a Israel por parte dos países islâmicos, incluindo sanções ao petróleo, além de expulsar os embaixadores israelenses se as relações com o regime sionista tiverem sido estabelecidas”, afirmou o ministério, em comunicado.

Abdollahian também pressiona pela formação de uma equipe de advogados islâmicos para documentar e analisar possíveis crimes de guerra cometidos por Israel em Gaza.

Na segunda-feira, ao voltar de viagem para se reunir com líderes do Hamas, do Hezbollah e da Síria, Abdollahian havia alertado que múltiplas frentes seriam abertas contra Israel se os ataques do país continuassem a matar civis.

A versão de Israel não convence países árabes, como destaca o colunista do GLOBO Guga Chacra. Como consequência imediata do ataque no hospital, foram cancelados o encontro de líderes árabes com o presidente americano, Joe Biden, na Jordânia, e a reunião do Conselho de Segurança da ONU que iria votar uma resolução patrocinada pelo Brasil sobre o conflito e a ajuda humanitária a Gaza. Biden desembarcou nesta quarta em Tel Aviv para demonstrar apoio ao aliado israelense e endossou a narrativa israelense sobre o bombardeio no al-Ahli.

— Fiquei profundamente triste e indignado com a explosão ontem no hospital em Gaza. E com base no que vi, parece que foi feito pelo outro time, não por vocês — disse Biden, em um pronunciamento a jornalistas no hotel Kempinski, ao lado de Netanyahu.

Por Celeste Silveira

Produtora cultural

Comente